Capítulo 16

Clara,

Com cuidado, retiro minha adaga de dentro do esconderijo entre meus peitøs. A adrenalina corre pelo meu corpo enquanto observo o caos ao meu redor. O carro em que estávamos capotou violentamente, mas milagrosamente não ficou de cabeça para baixo, o que me dá uma vantagem crucial. Com mãos trêmulas, corto o cinto de segurança o mais rápido que posso, liberando-me da prisão metálica.

Meus olhos se fixam na arma da Marisol, presa entre sua cintura por dentro da calça, e o cinto. Um raio de esperança surge em meio à destruição ao meu redor. Com um movimento rápido, puxo a arma, sentindo seu peso familiar em minha mão. Ela será nossa salvação, nossa única chance de sobreviver a essa situação desesperadora.

Enquanto isso, os motoqueiros param suas máquinas em frente ao carro, descem rápido sem desligar elas. Eles permanecem com os capacetes encaixados em seus rostos, para ocultar suas identidades ou para verificar se o trabalho foi concluído. Mas não há tempo para hesitar. Com uma mira afiada e nervos de aço, disparo dois tiros certeiros, visando diretamente as viseiras dos capacetes. O som ensurdecedor dos disparos ecoa pelo ar, enquanto os motoqueiros caem no chão, mortos pelos meus tiros precisos.

Meus olhos se fixam na retaguarda do carro que está se distanciando rapidamente. Uma mistura de raiva e ódio toma conta de mim enquanto gravo mentalmente a placa do veículo. Não importa o quão longe ele vá, eu farei de tudo para alcançá-lo, mesmo que seja necessário descer aos confins do inferno.

Com um nó na garganta, chamo pelo nome da Marisol, esperando desesperadamente que ela desperte. Mas o silêncio persiste, até mesmo a via não passa um carro se quer, o que ferra tudo mais ainda. Meu coração acelera quando percebo que tenho que agir rapidamente para encontrar uma solução. Começo a vasculhar a bolsa da Marisol em busca de seu celular, já que nem sei onde foi parar o meu.

Finalmente, meus dedos encontram o aparelho. Ligo para Kiara, e cada toque do telefone, sem que ela atenda, parece uma eternidade. Mas enfim ela atende, pensando ser a mãe dela.

— Oi mãe...

— Kiara, sofremos um atentado, sua mãe está aqui desmaiada, precisamos de ajuda.

— Como? Onde vocês estão? — Olho para fora e encontro uma placa de rua. Passo o endereço para ela, e logo ela chega com o Klaus.

Devido ao amassado causado pelo impacto, fico presa dentro do carro, incapaz de sair. Embora não tenha sofrido nenhum osso quebrado, sinto dores intensas pelo corpo, resultado do impacto violento do capotamento.

Klaus puxa a porta do lado da mãe dele com toda a força. Nossos olhares se encontram, e eu digo para tirar a mãe dele primeiro, pois ela sofreu uma pancada na cabeça. Klaus começa a procurar por algo que possa cortar o cinto de segurança.

Com um gesto rápido, entrego minha adaga para ele. Ele segura a adaga com firmeza, e vejo suas mãos tremendo enquanto corta o cinto da Marisol. Ele a pega no colo e a leva até o carro em que eles vieram, e da ordens para Kiara.

— Kiara, a leva para o hospital da... Você sabe, leva ela direto para lá sem parar em nenhum lugar entendeu? — Ela apenas concorda com a cabeça, e sai desse caos todo cantando pneus.

Klaus se aproxima do meu lado do carro e se esforça para abrir a porta com todas as suas forças. Cada músculo de seu corpo parece estar sendo utilizado nesse esforço hercúleo. O metal retorcido resiste, mas Klaus não desiste.

Após uma luta intensa, a porta finalmente cede, abrindo-se com um rangido agudo. Klaus percebe que minha perna está presa entre as ferragens do painel. Ele parece pensar no que fazer, mas olha para mim, e me pergunta:

— Você sente suas pernas, Maitê?

— Sim, não quebrou nada, apenas está presa, e machucada. Posso sentir elas.

— Quem matou os caras que estão jogados ali na rua, se a minha mãe estava desmaiada? — Abaixo o meu olhar, me entreguei legal agora. Ou não, penso rápido e respondo:

— Eu fiz aulas de tiro em Nova York, lá tem muitos assaltos sabe? E eu precisava aprender a me defender, né?

— Você foi roubada a uns dias atras e não se defendeu, porque agora o fez? — Ele faz uma cara de desconfiado, o que não me deixa confortável para mentir. Então, tento mudar de assunto.

— Pode me tirar daqui, acho que essa conversa pode esperar não?

— Não, vai depender da sua resposta se eu te salvo, ou atiro no tanque e deixo você morrer aí. — Olho para ele indignada, mas ele mantém a seriedade. Bem provável que ele me mate mesmo.

— Eu não tenho armas, não poderia me defender lá. Aqui eu só consegui porque usei a arma da sua mãe. Está satisfeito?

— Não, mas é uma mentira convincente. — Com alguns esforço, ele consegue colocar a mão por debaixo do banco, e puxar ele para trás, liberando assim as minhas pernas.

Passo as mãos nelas, e estico para ter certeza que não quebrou mesmo. Assim que me certifico que estou bem, e vou sair do carro, sinto seus braços me envolvendo me pegando no colo.

— Não precisa disso, eu posso andar. — Ele me coloca no chão, e apesar do trauma da pancada ter me deixado com o corpo um pouco trêmulo, eu consigo me firmar no chão, mas apoiando nele.

— Você vai sobreviver.

— Eu decorei a placa do carro. — Explico para ele tudo o que aconteceu enquanto caminhando até o carro, e anoto a placa num papel que ele me entrega. Ele parece está sério, sem dizer nenhuma palavra, seguimos para a mansão Monserrat.

— Quer ir para o hospital, ou ficar aqui na minha casa?

— Estou bem, eu quero ficar aqui.

— Então desce, eu tenho um problema para resolver, e é melhor você ficar.

— Não acha que eu possa te ajudar?

— Não, o que eu vou fazer não será bom que você veja. Então, melhor ficar aqui.

— Quem é você de verdade, senhor Monserrat?

— Me diga quem é você, que eu digo quem eu sou. — Fico calada, até porque eu sei que ele é, ele é quem não sabe quem eu sou. Sorrio para ele, e abro a porta do carro e desço. Ele sai contando os pneus, sumindo no meio da estrada. Para onde será que ele vai? Ja sei, vai correndo pedir socorro para sua máfia, como todos os Mafiosos fazem, covarde.

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Comments

Marcia Cristina Carneiro

Marcia Cristina Carneiro

Ele vai descobrir tudo sobre ela e vai falar que ó namorado não prestava

2024-04-29

1

Rosa Hosana Santos

Rosa Hosana Santos

caramba você precisa descobrir a verdade

2024-04-17

0

Daniela Ferreira

Daniela Ferreira

madri vai ficar pequeno

2024-04-11

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