Capítulo 19

Clara,

Assim que entro na casa, percebo que é o melhor momento para pegar tudo que preciso, mas quando entro, vejo que tem alguns soldados andando pela casa, o que vai me atrapalhar muito. Tomara que eles voltem para casa, pois durante o horário noturno, eles ficam mais do lado de fora.

Subo para o quarto só para pegar a chave da minha moto, vou até ela e sigo para o hotel. Pego minhas coisas, coloco tudo na mochila e fico aqui até anoitecer. Assim que vejo que já está na hora de ir embora, pago a conta do hotel e volto para a mansão dos Carrillos.

Mas dou de cara com um carro piscando a luz para mim e já imagino quem seja. Mas, para não dar brecha, dou a volta no quarteirão e paro ao lado do carro. Dito e feito, está minha família ali. Mas, sem nenhuma prova, não tem como voltar para casa ou mesmo mandar algo para eles, então peço que esperem em Roma até que eu consiga todas as provas.

Assim que eles vão embora, entro na mansão e vou direto para o meu quarto. Visto minha roupa toda preta para não chamar atenção de ninguém. Desço as escadas devagar e percebo que a casa está mais vazia. Tem algumas funcionárias que andam arrumando as coisas, mas vou me escondendo até ter a oportunidade certa de chegar no escritório deles.

Enfim, com muito esforço, consigo chegar. Começo a vasculhar cada gaveta, cada porta, cada livro, tudo. Fico entre procurar pelas pistas e olhar para ver se tem alguém vindo. Abro o notebook dele e está pedindo a senha.

Seria difícil demais se eu não tivesse aprendido tudo com a minha mãe. Com alguns segundos, o notebook está aberto para mim, igual a um livro.

"É Klaus, precisa ser mais esperto que eu. Vamos ver o que temos aqui."

Começo a vasculhar nas pastas que têm zíper, pois ele, como mafioso, não iria deixar nada tão fácil, e lá está. Todo o esquema de prostituição.

"Se eu tinha alguma dúvida de que você fazia parte disso, foi por água abaixo agora, senhor Monserrat." Mando todo o arquivo para o email do Júnior, tudo que tem sobre o esquema da organização. Agora, é questão de tempo para ele ser preso, já que não posso matá-lo.

Apago todos os meus vestígios, não sou tão amadora assim. E quando termino, desligo o notebook e volto para o meu quarto, com o mesmo cuidado com que vim para cá.

Coloco tudo na minha bolsa e sigo para o meu banho. Agora sim, posso ir embora daqui, não tem nada que me prenda nessa mansão. Bom, foi o que pensei até de manhã, quando me deparo com eles chegando em casa.

Mesmo não tendo culpa pelo acidente, me senti mal em deixar a Marisol nesse estado, e com a Kiara insistindo para que eu fique, não tive outra alternativa. Seguimos para o quarto dela, e assim que os dois saem, eu fico sozinha com a Marisol.

— Quero agradecer mais uma vez, Maitê. Aqueles homens poderiam até nos levar para sermos traficadas.

— Acho que não, já que parecia que eles queriam nos matar mesmo. — Ela parece ser uma boa pessoa, mas não sei se ela também está envolvida nesse caso de tráfico de mulheres. Se caso ela estiver, está jogando sujo comigo, já que ela tem um centro de treinamento igual ao da minha mãe.

— Nunca se sabe, para eles seria mais vantajoso nos vender, não acha?

— Quanto eles ganham em cada mulher vendida? — Jogo o Verde, para ver se ela cai. Se ela cair, significa que ela está envolvida.

— Não sei, mas deve ser um bom dinheiro, já que eles fazem muito isso. É só ligar a televisão que você vê as pessoas que somem sem ninguém saber o que aconteceu. Mas acredito que se juntar a polícia com alguns mafiosos que buscam a justiça, acabariam com todos eles fácil.

Tá, essa conversa foi bem estranha, é como se ela soubesse que a máfia se juntou ao Júnior para acabar com uma organização. Mas, cada vez mais fico confusa se ela faz parte ou não dessa merda toda.

— Maitê, se eu te pedir uma coisa, você faz por mim?

— Claro que sim, é só pedir.

— Eu tinha que ir amanhã na França pegar uns documentos, mas o médico não liberou a minha viagem. A Kiara também não pode ir, você não poderia ir por mim lá? É só pegar e trazer, eu juro.

— São importantes? — Já ativou a minha curiosidade de investigadora, e quando sua resposta vem com um sim, já fico mais animada. Agora sim vou ver se ela faz parte, e se fizer, já mando mais provas para o Júnior. — Então eu vou sim, que horas tenho que ir?

— Vou confirmar e te aviso, está bem?

— Agora descansa, a senhora está em recuperação. — Ela sorri para mim e fecha os olhos. Eu saio devagar do seu quarto e sigo para o meu.

Bom, como ela disse que eu só tenho que pegar os papéis e vir embora, eu não vou fazer nenhuma mala. Só levar meus documentos mesmo e está certo. Não saio do quarto até que a Kiara me chama e dá o recado da mãe dela, que o jatinho particular vai sair às 10:00 da manhã.

Tomo meu banho e me deito. Acordo às 8:00, sem o despertador tocar. Faço a minha higiene e já me troco para ir para a França. Encontro a Kiara e a Marisol saindo de seus quartos e seguimos para a mesa de café da manhã.

Klaus também está aqui, mas ele rapidamente sai da mesa falando para a mãe que vai resolver os problemas antes da sua viagem. Viagem? Ele também vai?

Antes que eu pergunte, Larissa já me responde que ele vai para o México, em outro jatinho da família. Saio da casa às 9:30, sigo para o jatinho. Me sento mais afastada, para não ter conversa com os funcionários da Marisol. Eles levam cerca de 10 minutos para avisar que vão levantar voo.

E assim que o avião está no ar, decido ir até o banheiro para jogar água no meu rosto. E aí, quando escuto uma voz que eu não queria escutar nessa viagem.

— Que merdä você está fazendo aqui?

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