capítulo 9

Clara,

Após o almoço, Klaus foi o primeiro a terminar a refeição. Porém, em vez de se levantar, ele permaneceu sentado à mesa, me olhando, como se desconfiasse de mim. Ele até está certo, mas não pode provar nada. Eu adoro isso.

— Você não tem que voltar para a empresa, Klaus, ou vai deixar seu irmão trabalhar sozinho? — A mãe dele pergunta, enquanto colocar a colher na boca.

— Hoje não irei, tenho outros problemas para resolver, e o Kalel pode cuidar da empresa sozinho, já que eu cuido do outro assunto só. — Eu até sei qual é esses outros problemas. Dou um sorriso e olho para o meu prato, pois eu sei a vida de cada um aqui, mas ninguém sabe da minha. Irônico né?

— Todas as vezes você inventa essa desculpa, eu não fiz divisão de trabalho, vocês três tem que trabalhar unidos, e não separados.

— Eu sei, mas eu quero ficar mais um pouco aqui, e cada um é melhor em uma área que a senhora tem, então, cada um fica onde mais lhe convém, e o mundo todo fica feliz. — Ele fala em um tom irônico, e ao olhar para a mãe dele, vejo seus olhos serrados. Mas no final ela sorrir balançando a cabeça.

— Você não tem jeito, Klaus. — diz a mãe, com um sorriso nos lábios. — Maitê, Se você quiser ficar aqui com a gente, a Kiara te mostra onde é o quarto de hóspedes para você, não precisa ficar no hotel, aqui é mais aconchegante.

Klaus, por sua vez, não parece muito satisfeito com a ideia de eu ficar aqui. Ele retruca as palavras da Marisol. E eu estou me divertindo muito com isso, pois como eu disse, ele não gosta de ser contrariado.

— Mãe, a senhora nem conhece ela, e já deixa ela ficar aqui em casa? E se ela for uma espiã, ou alguma inimiga da nossa família?

A mãe o encara, surpresa com a resposta do filho, como se perguntasse o que ele tem a ver com a decisão dela. Klaus a olha como se esperasse uma resposta, mas ela não dá, apenas o olha sem palavras. Ele bufa, revira os olhos com desprezo e volta a me olhar.

E eu, como uma espectadora dessa discussão de mãe e filho, olho para cada um deles, tentando captar qualquer coisa, esperando que eles revelem nem que seja uma coisinha para que eu possa usar isso contra eles. Mas ao olhar para o Klaus, um arrepio subiu do meu cóccix, até o meu pescoço.

— Eu prefiro não incomodar, senhora. Seu filho acha que sou alguma golpista, é melhor eu voltar para o hotel. — Me faço de vítima, e ele debocha. Ele parece ser o mais esperto aqui, pois não confia em mim em nada.

— Klaus desconfia até dele mesmo, Maitê. Vem, vou te mostrar o seu quarto, e depois vamos atrás da sua moto. Já até imagino quem foi que pegou ela de você. — Ela se levanta e pega na minha mão para que eu a acompanhe, antes que eu saia da sala de jantar, jogo um olhar de vitória em cima de Klaus, que serra os olhos para mim.

Se ele morrer de infarte, eu não serei culpada pela sua morte, e o mundo terá um monstro a menos. Acho que essa tática é a melhor agora. Vai que ele tenha o coração fraco né?

Enquanto seguimos para o seu quarto, eu não posso deixar de notar algumas semelhanças com a casa da minha mãe, sei lá, é como se eu estivesse em um lugar familiar, ou como se eu já tivesse vindo aqui. Mas eu não me lembro de entrar nessa casa antes.

Ao entrar no quarto que ela diz que será o meu, ela me mostra cada detalhe, onde está cada coisa, abre as portas e se senta na cama dando pulinhos, para mostrar que a cama é macia.

— Olha, bem melhor que cama de hotel não acha? — Me aproximo dela e me sento ao seu lado, e damos pulinhos sentadas como duas adolescentes. — O meu quarto fica aqui do lado, e do Klaus fica de frente. Mas não se preocupe, nem sempre ele dorme aqui, dorme no apartamento dele.

Droga, eu não sabia desse apartamento dele, ele deve levar as coisas importantes para lá, mas, ele desconfiando de mim, nunca vai me convidar para conhecer seu apartamento. Espero que ele tenha deixado alguma coisa aqui, para facilitar a minha vida.

— Ele mora lá, e porque estava aqui?

— Casa de mãe, a gente tenta desapegar, mas não consegue. Ele comprou para ser livre, mas vive preso nas asas dos meus pais.

— Você tem namorado, Kiara?

— Não, eu sou prometida a um homem, negócios de família sabe? Ainda vamos fazer o jantar de noivado e marcar a data. Espero que você esteja aqui para participar.

— E você aceita assim, sem reclamar?

— Bom, sim, meu pai é... É um homem de negócios, por isso já escolheu o meu como marido. Eu não ligo muito para isso não, se ele me desrespeitar, eu quebro ele na porrada.

Máfia, quando elas se juntam dá nisso, igual meu tio Luan fez com a Luna e o Lucas. O Liam foi o único que se livrou de um casamento por contrato, graças sua perca de memória e a Duda.

— E o que aconteceu com o seu namorado? Você ficou triste quando te perguntei na mesa sobre ele, por quê?

Sinto um aperto no peito ao ouvir a pergunta sobre o Léo. A tristeza se espalha por meu rosto, revelando a dor que ainda carrego em meu coração. Respiro fundo antes de falar a trágica história que marcou minha vida.

Fecho meus olhos e respiro fundo, posso contar a verdade para ela, ou inventar uma história qualquer. Mas vou contar a verdade, em partes, assim quando ela ver o irmãozinho sendo preso, eu vou falar para ela que a história é verdadeira, e que ele era sócio do infeliz, assim ela vai ficar com raiva dele também, e Klaus vai ficar sozinho na prisão.

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Comments

kelll

kelll

Eu acho que a mãe dele já conhece a Ana deve ser uma de suas meninas 🤔

2024-02-13

78

Ingrid Natassia Nascimento de Brito

Ingrid Natassia Nascimento de Brito

como ela não sabia se deixou um bilhete lá com o porteiro?

2024-04-23

0

Rosa Hosana Santos

Rosa Hosana Santos

a família se conhece eles provavelmente já tiveram aí quando criança aí não dá para lembrar

2024-04-17

0

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