Conversas tarde da noite sem lua( madrugada)

Dante percebeu a achando fofa que ela estava irritada ainda pelo chá das damas e também por ser acordada.

— Se quiser você pode dormir no quarto que mamãe preparou para você… É todo rosa e cheio de flores bonitas e móveis brancos. Eu vi… é bem lindo. E mamãe não é de gastar muito, mas quando se trata de quem ama…

— Gosto de dormir com você. Se for só isso, vamos dormir. — Respondeu ela, irritada.

Notou que ele continuou a analisando como se quisesse conversar.  Ela se sentou na  cama fazendo uma careta pelas chicotadas, pelas nádegas feridas roçando na parte bordada do lençol, massageando as têmporas, coçando os olhos e se espreguiçando erguendo os braços para trás e bocejando como se tentasse afastar o sono, mas foi inútil.

Dante notou o corpo bonito dela agora que ganhava peso e músculos pelos treinos com Marius e lambeu os lábios, excitado. O lençol deslizou e ele viu os seios  diminutos dela, cheios de feridas também e o pescoço com marcas de dedo roxas

— Já quer se livrar de mim, marido? — Soltou Lisa quando tentou chamar de volta sua alma para seu corpo.

Ele apenas respirou fundo. Era justamente o contrário.

— Não. Apenas não acho que esse quarto seja algo bom para você. A mãe não quer mais que durma aqui e acho que concordo com ela. — Argumentou. Ele não se referia especificamente ao quarto.

— É o nosso quarto. Sério que quer discutir isso agora? São o que? — Ela mirou o relógio das horas sem lua, na cabeceira e viu que os ponteiros diziam 06:00s.l. A expressão neutra dela, virou uma assassina.  — Porra, Dante. São seis horas sem lua.  — Rosnou ela, apontando para um dos relógios que tinha sobre a mesa de cabeceira, que marcava o horário sem lua e o outro relógio o horário com lua, indignada. — Seis horas!  Em duas horas temos que levantar. Eu tenho treino com Marius amanhã e o maldito é um tirano quando se trata do treinamento de assassino. Pelo inferno do mar da serpente. Vamos dormir. —  Protestou ela, indignada. O longo cabelo escuro, cobrindo os seios.

— Lisa, não percebe o quão doentio é dormir no quarto que te torturo

— Eu gosto daqui e gosto de dormir com você. Porra. Assunto encerrado? Vamos só dormir. — Resmungou ela, tentada só a pegar uma almofada, cobrir os ouvidos e ignorá-lo. — Por que você sempre gosta de complicar tudo e tem que ser tão tarde da noite sem lua?

— Você acorda mal humorada então é? — Provocou ele, rindo dela. Sem notar que conseguia ter conversas normais com ela, sem ela o chamando de mestre a todo instante.

— Uma cama macia dessas seria desperdício não apreciar.  Ah, sinto muito se prezo pelo meu sono, idiota. — Retorquiu ela arisca e revirando os olhos. — Anda, querido mestre. Dorme. Eu quero dormir também. — Tentou soar aduladora, mas a personalidade forte e bruta dela estava surgindo cada vez mais. Dante gostava, porque tornava a submissão ainda mais deliciosa e rara ao notar quem ela era.  — Só consigo dormir, se estiver relaxado também… eu sinto quando tem algo errado. Meu coração dói, amor. Dói. É só um maldito quarto. Por que se preocupar tanto? Eu dormia no chão de um calabouço antes. Isso aqui é um quarto na morada dos deuses sombrios comparado aquilo.

Dante a estudou. Ele a abraçou. Quer dizer, passou o braço pela cintura dela e depositou a cabeça no colo dela. Lisa estranhou o afeto do nada, mas apenas tocou o cabelo dele e o beijou na testa castamente.

— Dorme, amor. — Pediu ela mais docemente, mexendo no cabelo dele. — Não se preocupe com essas coisas e uma hora dessas ainda. Acho que você me castiga fisicamente, mas é quem mais se tortura mentalmente.

Dante afundou o nariz na barriga agora dura e não apenas magra dela. Cheirava aos sais de banho de frutas vermelhas, que ele gostava. O corpo dela estava ficando mais firme, ganhando massa muscular e peso. Apreciou a rigidez do antebraço dela, notou as veias surgindo nas mãos dela e a barriga começando a ficar trincada.

— O que foi…

Ele se negou a dizer que ela estava ficando exatamente o tipo ideal dele. Só se manteve com o rosto no meio das pernas dela.

— Lisa…

— Oi…

—  Te incomoda que eu não treine? O seu estilo de homem é como o Marius ou o meu pai? Eu sei que sou…

— Eu gosto do seu estilo. Será que a gente pode dormir agora ou você tirou essa noite sem lua para ser insuportável?

— Mentirosa… — Falou ele perigoso e revoltado.

Que tipo de mulher ia querer um ser frágil e afeminado como ele?

Ele ergueu os olhos, irritado. Segurou o queixo dela.  Deixou-os encontrar os de Lisa propositalmente agora, com a intenção de hipnotizá-la realmente  porque queria saber…

— Eu gosto da sua aparência feminina, assim eu não tenho que ser feminina e eu não fico com medo de você. —  Respondeu ela, com a voz rouca e cansada. Mas as pupilas dilatadas, — Eu odeio me sentir frágil e indefesa. Você gosta dessa aparência e te acho o mais lindo e gostoso de todos os homens que já vi. Tipos físicos  guerreiros como o de seu irmão e seu pai… me assustam, porque eles têm o tipo físico de Ethan. Ethan abusou de mim. Ele não me penetrou, mas me fez fazer coisas piores em troca de comida. Eu gosto de como você se parece… me excita e não me faz sentir medo. Mesmo que me torture, eu gosto porque sei que é porque precisa disso e não porque realmente quer me fazer sentir um lixo só por respirar nesse mundo. E eu quero dormir, porra. Será que dá para parar de drama agora?

Ele desviou o olhar dos olhos dela.

— Vamos dormir. — Decidiu ele.

A soltou.

— Finalmente. Apaga essa maldita luz, antes que eu quebre esse maldito abajur na sua cabeça. — Resmungou ela, se ajeitando de novo na cama.

Dante a analisou encolhida, o mais longe possível dele.

— Lisa…

— Hm…

— Me abraça. Mas não toque em mim…

Ela se virou para ele, de olhos fechados e passou o braço suavemente por cima do peito dele. Beijou o cabelo dele, ainda de olhos fechados e murmurou:

— Durma, mestre. Te amo.

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