Lisa estava sentada sobre uma cadeira dentro do grande fosso de pedras brancas, acariciando o pescoço de Sunlight enquanto roçava o nariz no focinho quente dele.
— Eu ganhei um monte de coisas que nem sei como usar, Sunlight. Foi muito bom. E tinha um doce muito gostoso. Se você comesse doces traria para você. — Relatou Lisa.
Lisa analisou achando graça o Imperador entrando no local, mas mantendo uma distância segura, contudo parecendo uma criança ao contemplar Sunlight. Notou que os olhos dourados do Imperador brilhavam ao constatar a beleza magnânima de Sunlight.
O imperador a estudou de repente, desviou o olhar, parecendo um tanto desajeitado por ter sido pego ali.
— Desculpa, eu só vim vê-lo, no intervalo de minhas obrigações. Não sabia que estava aqui.
— Quer passar a mão nele, Vossa majestade? — Ofertou Lisa, realmente grata pelo modo que Sunlight era tratado.
— Ele parece bem calmo. — Murmurou o imperador. Analisou a nova vestimenta dela, um elegante vestido com corpete e todo fechado. — Esse vestido ficou bonito em você.
— Obrigada. Sou grata pelas novas vestimentas que o Império me cedeu.
— É a nossa princesa. — Respondeu o imperador. — Quanto a querer tocá-lo, eu gostaria, mas não vamos abusar de sua bondade, meu toque é frio, poderia incomodá-lo e causá-lo muito desconforto.
Lisa abriu um sorriso pela sensibilidade dele em se importar em machucar Sunlight ou incomodá-lo.
— Ele é calmo, se não tentar usar as sombras, o seu toque frio não importará muito, acho mais que ele queimaria vossa mão. Só ataca quando me sente em perigo. Nem quando passava fome em Thorn nunca atacou os tratadores humanos. Não se preocupe. Ele só ataca, se sente-se ameaçado ou tentam forçá-lo com as sombras. Ele tem trauma das sombras.
— Como assim, ele passava fome? — Perguntou o Imperador, fechando as mãos em punho. — Uma criatura majestosa e com esse porte … Ele é um dos dragões mais lindos que já vi, já vi muitos ao longo dos dois mil anos que caminho por esse mundo. Ele deveria ser a joia do reino de Thorn e não aquele brutamontes chamado Vampire Slayer. Horrível. Se usassem seu dragão na campanha de guerra, tenho certeza que ganhariam mais fundo de Iliais para ajudar.
Lisa percebeu que falou muito do passado sem querer. Ela coçou o pescoço cheio de hematomas e mordidas de Dante, desconfortável.
O dragão ficou batendo a cabeça nela, pedindo carinho e Lisa voltou a acariciar a cabeça dele cuja couraça dourada com escamas tinha a textura de uma cobra. O Imperador estava impressionado com a docilidade daquele ser perante a domadora dele.
— Desculpe, vossa majestade, eu não devia ter falado do passado. Foi tolice.
— Ele nunca vai passar fome aqui. — Se pronunciou o imperador mirando o dragão com dor no coração. — Mesmo que não lute por nós nas guerras e se mantenha apenas aqui só para ser cuidado, mimado e visto pelas crianças das gerações futuras, ele nunca passará fome aqui.
Que tipo de louco deixa uma criatura magnífica dessas passar fome? — Raiou o imperador, furioso, os olhos dele ficaram vermelho sangue, ele virou o rosto para Lisa não ver.
— Obrigada, majestade. Escutar isso significa muito para mim…
O Imperador depois de calmo, fazendo os olhos voltarem à cor dourada original que era como a dos olhos de Dante, observou a moça humana e o grandioso dragão dela que parecia um cachorrinho de estimação meigo nas mãos dela. Os achou adoráveis, mas sabia que podiam ser perigosos. Sabia que ela era algo diferente, uma humana que não tinha nenhuma magia das sombras e brilhava como o sol, além da aparência sombria e superficial da carne. Havia lendas que os deuses solares reencarnaram em humanos para proteger a humanidade, mesmo que sem todo o esplendor e com meros fragmentos dos poderes antigos. Adramelec acreditava nos mitos, assim como Vernir. Eles dois eram antigos e respeitavam os mitos dos deuses do sol, tanto quanto os dos deuses das sombras.
Ele via o que Vernir havia descrito na humana. Uma nobreza, honra e lealdade que era luz e fogo num mundo que se tornou apenas sombras.
— Desculpe a loucura de meu filho, aquele pirralho imprudente. Eu realmente estou tentando o possível para acabar com as guerras. Já me tomaram muito, a mãe de Dante, Luna. Já tomaram muito de minha Vernir: Um marido e uma filha. Acho que tomaram muito dos dois lados. E os dois lados já mostraram suas piores capacidades, agora podemos tentar nossas melhores qualidades. — Respondeu o Imperador sábio. — Entendo que humanos querem sua liberdade e poder. Estou fazendo o possível para chegar a um consenso do que é o melhor para todos, mas ainda entendo que sou tirânico…
— Percebo seu esforço. Comove o meu coração. Obrigada por tentar. Guerras são horríveis. — Comentou Lisa com um sorriso tranquilizador ao sogro.
— O que uma criança, como você saberia de guerras? — Sondou o Imperador, angustiado e um tanto com medo da resposta.
— Eu lutei nas duas últimas, a que fizemos o tratado e a anterior cinco anos antes.
— Pelos deuses sombrios. — Deixou escapar o imperador. — Isso é impensável. É só uma criança. Na primeira guerra tinha quantos anos?
— Tinha treze. Bem, eu sei que as guerras podem ser horríveis. — Murmurou Lisa, tímida, pela reação dele. — Quanto aos gostos do príncipe, ele e eu estamos de comum acordo, contudo, compreendo que não seja prudente que eu ande por aí cheia de marcas, quando o tratado é justamente para manter a paz entre humanos e vampiros. Vou ser mais cuidadosa agora que tenho vestimentas mais apropriadas. Mas majestade, perdoe meu atrevimento… Eu achei que me casaria com o príncipe Marius…
— Eu pensei melhor sobre isso. — Respondeu o imperador. — Vernir me aconselhou que seria mais poderoso para a paz que tanto anseio como em Iliais, se eu casasse a princesa humana com o príncipe herdeiro e os filhos deles fossem o melhor dos dois mundos. Aquela minha amada é muito sábia como Luna era. Amo meus filhos igualmente, mas Dante é mais velho. Ele deve ser meu predecessor e você reinará ao lado dele, quando eu for para a morada imortal com os deuses das sombras além do mar da serpente. Está chegando o tempo da minha partida para as terras imortais. — Explicou o Imperador. — Quero ter para a história um ato de bondade, depois de minha juventude extravagante e sanguinária.
— E a aliança vermelha com certeza ficará para a história. — Confortou Lisa. — Antes eu odiava isso, mas agora percebo que suas intenções eram puras e fico feliz por ser parte disso.
O imperador apenas a mirou grato.
— Você tem um coração bondoso e puro como Vernir disse, claro que se revoltaria com seu povo sendo escravizado e contrabandeado para cá. — O imperador constatou educado e muito respeitoso. — Entendo porque seu dragão fez um voto de fidelidade a você e te deu um tempo de vida além dos estimado aos humanos. Pelo que entendi, você vive o quanto ele vive e os dragões vivem muito…
Lisa confirmou, analisando Sunlight.
— Eu nunca senti que merecia a dádiva que ele me deu. — Confessou Lisa, emotiva, acariciando e abraçando o pescoço de Sunlight. — Ele é tudo o que eu tenho de mais precioso no mundo.
O imperador a estudou.
— Eu conheci alguns da realeza humana quando vieram ao Império assinar os papéis da aliança. Que agora é o tratado… Nunca esperei que a princesa com quem meu filho se casaria fosse grande coisa e sempre achei que só serviria ao meu propósito, mas acho que me enganei como você se enganou sobre minhas intenções… — Respondeu o imperador. — Por favor, saiba que você e seu dragão serão muito bem tratados aqui. Você é minha filha agora, o sangue de meu filho e as nossas sombras correm em suas veias. Eu vou honrar isso, se você permitir. Vernir já gosta muito de você e geralmente, minha amada odeia humanos pelo que tiraram dela. Por isso, eu confio muito no julgamento dela.
Lisa ganhou cor nas bochechas.
— Obrigada pelas palavras, imperador.
— Pode deixar que vou conversar com o meu filho imprudente sobre os tratamentos perversos dele com você.
Lisa quis dizer que gostava dos caprichos do príncipe, mas se manteve calada, com medo de isso horrorizar seu, surpreendente e decente sogro.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Rosária 234 Fonseca
essa eu quero ver kkk ela é louca pelas loucuras dele
2024-03-25
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