Irmãos

Vernir respirou aliviada sem perceber que Dante os assistia do alto do parapeito de seu quarto, bem no alto do castelo e escutava toda a conversa.

— Meu filho, seu irmão é alguém complicado, mas é só uma criança indefesa contra seu tio. O seu tio o causa horror puro, eu sei. Ele fica tenso sempre que Damien nos visita. Por favor, proteja-o. Eu te treinei para sempre proteger o seu irmão. Já ouviu as histórias do que seu tio fez com ele e como ele voltou abalado das terras a Oeste? É por isso que ele odeia ser tocado e é tão fissurado em tortura humana.

— Não vou deixar o tio se aproximar dele, mamãe. Eu vou proteger o idiota, por mais que a gente compita entre si e implique um com o outro. — Respondeu Marius solene.

— Agradeço, criança.  Seu irmão é um bom menino. Ele é apenas destroçado. Vamos sempre ajudá-lo. Desculpe colocar esse fardo tão grande sobre você, mas é que...

— Eu sei o quanto o ama, o quanto ama papai e me ama. — Respondeu Marius com um sorriso meigo. —  Não tem que se desculpar, mãe. Te amo muito.

Dante parou de escutar a conversa, voltando para o aposento dele com lágrimas de sangue nos olhos.

 Dante estudou Marius sorrindo debochado, enquanto ele treinava os homens. Marius perdeu a paciência, notando o idiota pomposo lá. Contudo, estava escutando incomodado o burburinho maldoso do exército pelo modo que o irmão se vestia com trajes tipicamente femininos e a túnica vermelha elegante, apesar de assexuada, o fazia muito delicado. Ele sondou Dante se sentindo culpado que ele escutasse aquelas besteiras.

Gritou a ordem:

— Calem a maldita boca. Soldados, o treinamento terminou. Podem ir para o alojamento.

Marius caminhou até Dante, que se mantinha com as mãos atrás das costas. O príncipe caçula semicerrou os olhos verdes avaliando o irmão mais velho.

—  O que é praga? Não vê que está atrapalhando o treino dos meus soldados? — Repreendeu Marius. — Você pode ser ocioso, mas outros têm que trabalhar. Não pode se vestir de forma menos chamativa?

— Isso lá é jeito de falar com seu irmão mais velho, pirralho desbocado?

— É você que tem o palavreado de uma cortesã vampira de um bordel. — Retorquiu provocativo. — E quando destrata sua esposa e ameaça tudo o que papai construiu... é sim jeito de tratar, idiota. — Resmungou Marius.

Dante sorriu abertamente.

— Preciso de escolta até a cidade. Pode vir comigo? — Pediu Dante.

Marius ficou sério.

— Quantos soldados, precisa, irmão? Tem algo incomodando você? É a visita do tio para o aniversário da morte da Imperatriz Luna?

— Acho que só você basta. É o melhor assassino do Império...

— A nossa mãe é. — Respondeu Marius humilde, distraído e sincero, desamarrando a parte de metal do braço que compunha armadura prateada. — Nosso pai o segundo. Eu acho que ficaria com o terceiro no posto. Você só mata com bestialidade, não conta de maneira nenhuma como algo elegante e habilidade. Te daria o décimo lugar.

Dante engoliu em seco. Sabia que nem deveria estar no ranking. Era um monstro até para os monstros.

— O aniversário da nossa mãe está chegando. Temos que escolher um presente juntos. Ela ia gostar disso. — Inventou o príncipe herdeiro rápido pelo seu desejo de ficar perto do irmão mais novo.

Marius apenas assentiu.

— Ela ia gostar mesmo. Olha só, você consegue pensar em algo útil que não seja torturar e foder? Pode esperar eu me arrumar? Não acho prudente andar com o sabre por aí perante nosso povo, mas vou levar algumas armas escondidas nos trajes para te proteger caso haja algum ataque dos rebeldes.

— Espero. — Respondeu Dante.  — Mas se apresse, pirralho ou eu te largo aqui e escolho sem você.

Marius resmungou algo como “ sou mais novo que você, mas tenho mais juízo, tolo pomposo e arrogante. ”, revirando os olhos verdes e indo até a parte oposta do palácio onde ficavam os alojamentos dos soldados.

Enquanto passeavam juntos pela cidadela, foram ao centro comercial de compras. Caminharam juntos pelas lojas.

— Jóias nem pensar. — Resmungou Marius, analisando a vitrine da loja. — Caso a gente compre uma, ela vai nos dar um esporro e dizer como uma jóia dessas alimenta crianças de um orfanato por meses igual fez com nosso pai.

Dante riu.

— Sim, ela vai.

Dante se mantinha quieto ao lado de Marius, que era mais musculoso. Dante era mais alto que o irmão mais novo, mas parecia uma mulher ao lado dele.

—  Você parece inquieto. Tem algo te incomodando? É a visita do tio? —  Exigiu Marius cauteloso.

— Nossa mãe pode não ter a candura da minha ao governar, mas ela é amada pelo povo e tem o respeito deles pela guerreira poderosa que é. — Falou Dante de repente. — Nunca poderia ser algo fútil como uma joia.

— É, eu sei, babaca. Foi o que eu disse. Você só fez soar uma observação inteligente. — Resmungou Marius.

Dante fechou as mãos em punho e mirou a Marius.

— Quando eu me tornar imperador, quero que seja meu conselheiro, irmão. —  Conseguiu dizer Dante finalmente.

— Eu ja ia ser, sem você pedir. — Resmungou Marius, dando de ombros e fingindo não se importar com aquelas palavras, mas sentiu muita felicidade pelo convite.. — Mas agradeço o convite, idiota. Vem, vamos logo escolher o presente. Devem estar nos esperando para o jantar principal. Sabe como nossa mãe gosta de comer no jantar com todos nós reunidos.

Dante concordou com a cabeça.

Lisandra, junto da Imperatriz Vernir e do imperador Adramelec,  analisou Dante e Marius surgirem no salão de jantar juntos, curiosos, com aquela cena de união. Porque até Lisa que estava há três noites inteiras com e sem lua na corte vampírica sabia que era incomum. Lisa achou que eles não se suportavam.

Ela teve um irmão, ele morreu na guerra e foi morto por Dante, desmembrado de forma tão horrenda que não conseguiram nem juntar os pedaços dele para o funeral. Ethan não era bem irmão de sangue dela, os irmãos não faziam as coisas que Ethan fazia com ela. Ele alimentava Lisa indo contra as ordens do rei de Thorn, Efraim, verdade, mas em troca ele a tocava de formas nojentas. Lisa estremeceu ao se dar conta de que era abusada e não era amor.

Se deu conta que era abuso quando ela ficou adulta e o interesse de Ethan se desfez e ele passou a brincar com outras crianças como fazia com ela, as oferecendo doces em troca de … o estômago dela embrulhou.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***