| Eu preciso falar com vocês

...• Serena Miller...

O que eu poderia dizer? Não é que eu nunca andei de moto, eu nunca andei com outra pessoa que não fosse meu pai, o Will ou o Landon, e eu não sou uma boa garupa, eu sempre fico com medo. E eu seguro ele com tanta força, quase solto ele de vez quando o mesmo reclama de estar quase sem conseguir respirar.

Peço que ele pare antes de chegar em casa, ele me ajudou e não seria justo deixar ele ser interrogado pelo meu pai. Trocamos algumas palavras, olho no relógio do pulso dele me lembrando que meu pai já devia estar surtando em casa.

— Tem um bom gancho.

Bruno elogia, com um belo sorriso nos lábios.

— Aprendi com meu pai.

Falo, com um sorriso orgulhoso, quando fui me despedir dele, sem querer ao invés de um beijo na bochecha encostei muito próximo aos lábios dele, eu fiquei vermelha de vergonha, meu Deus! Eu só queria um buraco para me enfiar, ele no entanto deu um sorrisinho de canto me deixando hipnotizada.

Sabe aqueles segundos que parecem uma eternidade? Como o frame de um dorama? Eu jamais imaginava o que viria a seguir, estava olhando para ele, ainda processando o que tinha feito, Bruno me puxou para ele e me beijou, me deixando completamente sem reação. Era o meu primeiro beijo, eu imaginava que daria esse primeiro beijo no baile, no entanto aqui estávamos, no susto me afastei e dei um tapa na cara dele, o que só me fez sentir ainda mais vergonha.

— Eu... eu...

Comecei a gaguejar, ainda sentindo borboletas no meu estômago, e sentindo algo que nunca senti, toda a minha pele estava arrepiada, ele me puxou pela cintura, estava apoiado na sua moto, e eu confesso que queria mais do que havia sentido à pouco. Estávamos tão perto, e dessa vez fui eu que me aproximei e o beijei novamente, passei a mão em torno do pescoço dele, seu beijo era molhado, sua pegada intensa, senti algo pulsar não era seu peito, era mais em baixo. As mãos dele adentraram pelos meus cabelos, e Bruno finalizou o beijo com uma mordida nos lábios que me fez gemer, me deixando muito atordoada, eu não queria que aquilo encerrasse, eu realmente queria mais, isso era loucura?

Estava prestes falar, quando Landon surgiu do nada, em sua moto, ele podia ser mais novo, porém não parecia, e se aproveitava disso para pegar as universitárias. Landon tinha o mesmo instinto de proteção que meu pai, então imaginem cara do mesmo ao me ver próximo a um desconhecido de moto, com os cabelos desgrenhado, o pescoço sangrando e o vestido desarrumado?

— Serena?!

— Landon.

— Nosso pai esta surtando, aonde esteve? Bruno? Porr*a, Serena o que é isso no teu pescoço?

Ele encarou o Bruno, já com os punhos cerrados.

— Eu fui assaltada. Bruno me ajudou, e me trouxe.

— Vamos para casa. Atrapalhou meu rolê Serena.

— Ah sim, vou me lembrar de ser assaltada quando não ter nenhum compromisso.

Ele encara o Bruno novamente, conheço o meu irmão, iria perguntar o que estávamos fazendo ali, por que ele não me deixou em casa.

 — Bruno, obrigada por hoje.

— Disponha.

Sua voz saiu um pouco mais grave, sensual e delirante. Subi na garupa do Landon, sentindo seu olhar em mim.

— Vamos Landon.

Ainda olhei para trás algumas vezes, estavamos quase virando a esquina quando ele colocou o capacete e subiu na moto.

Quando entrei em casa, fui abraçada pela minha mãe.

— Meu Deus serena! onde estava? O que aconteceu?

— Isso é um corte?

Meu pai perguntou preocupado. Mas eu só pensava no que tinha acontecido agora a pouco. Ainda sentia os lábios dele nos meus, tão quente, seu toque avassalador.

— Serena, fala comigo. O que aconteceu?

— Eu fui assaltada, reagi e fugi. Foi isso.

— Foi isso? Por Deus Serena! Você fugiu do baile, depois de quase cegar o segurança.

— Por que você me sufocou pai.

— Eu só queria te proteger.

— Era o meu baile. Me formei um semestre antes de todos da minha idade. Tudo o que eu queria era ser a garota normal no baile. Mas você não poderia permitir isso não é?

— Desculpa pequena, eu sei que esta crescendo, e eu realmente queria que fosse minha menininha para sempre.

— Eu sempre vou ser sua princesa pai. Mas precisa me deixar andar com as minhas próprias pernas, e ainda assim eu sei que sempre vou poder correr para você quando estiver com medo. É o meu heroi grandão, o super modesto lembra?

Ele me abraçou com força. E depois de todo aquele sermão eu segui para o quarto, encho a banheira e entro enquanto continuo pensando nele, será que eu voltaria a vê-lo? Ele fez a minha noite arruinada se tornar algo melhor do que eu imaginava.

— Não seja boba, Serena. Um homem como ele? Tem qualquer mulher aos pés dele.

Me repudio.

— Mas não da para negar o quanto foi bom.

Mergulho na banheira, enquanto penso no momento em que o senti pulsar, cada parte de mim, estremeceu e esquentou, e só em pensar é como se estivesse vivenciando tudo de novo.

Balanço a cabeça voltando a minha realidade, e saio do banho me convencendo que o que aconteceu é uma daquelas coisas que não costumam se repetir. Não demoro a dormir, todo o stress desse dia ao menos corroborou para isso.

Desço as escadas, eles já estavam na mesa, eu sento do lado do Landon que apenas cochicha no meu ouvido que sabia de tudo. Encaro ele sem saber se ele estava falando da Universidade ou do que aconteceu ontem.

— Bom dia meu amor.

— Bom dia mãe, bom dia pai.

— Bom dia para você também.

Landon diz.

— Bom dia, pior irmão do mundo.

Ele dá risada.

— Sabe Serena, agora que se formou, pensei que pode começar a se dedicar mais ao trabalho na Collins.

— E depois do que aconteceu ontem, acho que deveria reforçar sua segurança.

— Eu preciso falar com vocês.

— O tempo fechou, eu vou cair fora antes que sobre para mim.

Landon diz, roubando o sanduíche que tinha terminado de fazer, e sai sem olhar para trás.

— Landon, seu otário!

— O que quer falar meu amor?

A minha mãe pergunta.

— Não quero trabalhar na Collins.

— Como assim, Serena? Se preparou todos esses anos para isso.

— Não mãe, você me preparou. Teve um tempo em que eu pensava ser isso o que queria. Mas não é.

— Serena...

— Eu vou para Londres!

Falo mais alto do que deveria.

— Londres?

Dessa vez meu pai e mãe falam juntos e totalmente surpresos.

— Eu fui aceita.

Mostro o email da faculdade.

— Por que não nos contou? Não pode ir para Londres, Serena.

— Por que eu não sabia como seria a reação de vocês. Eu trabalhei muito por isso, pai. E por que eu não posso ir para Londres?

— Por que seu lugar é aqui. Com a sua família.

— Sim, onde você pode vigiar cada passo que eu dou, onde faz as escolhas por mim sem perguntar se é isso que de fato eu quero.

Levanto a voz.

— Não levante o tom de voz para mim Serena. Eu só quero...

— Me proteger? Meu Deus pai! Eu sei disso, mas você já parou para pensar em como me sinto? Você sempre diz que devemos amadurecer com os nossos erros, crescer quando os momentos difíceis chegam. Mas você quer enfrentar tudo por mim, e isso é sufocante.

A discussão se torna acalorada, eles se mostram irredutíveis na postura de não me deixar ir para Londres, só me fazendo ter mais certeza de que é exatamente devo fazer. Mas quando meu pai bate na mesa nervoso como eu nunca vi, levanto e sigo para o meu quarto, magoada por que em nenhum momento eles se sentiram orgulhosos de ter conquistado uma vaga na maior e mais conceituada Universidade de Londres.

— Serena, vamos conversar?

Ele bate na porta pedindo desculpa mas eu não respondo nada. Me arrumo e desço as escadas esbarrando no Will, e antes que comecem as perguntas eu saio de casa sem olhar para trás, já tinha chamado um táxi. Meu pai surge na porta com uma expressão preocupada e eu apenas peço para que o motorista dê partida.

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