| Isso é demais

...• Serena Miller...

Encaro o email, com a aprovação que tanto queria, e que tem sido o motivo de me fazer perder o sono, eu me esforcei muito por isso, não quero seguir os passos da minha mãe, mesmo que todos esperem que eu faça exatamente isso, eu quero fazer algo diferente com a minha vida. É por isso que quero ir para Londres.

— Serena?

— Oi mãe.

Fecho o notebook, quando ela entra no quarto.

— Você vai se atrasar para o baile.

— Tanto faz mãe. Não estou animada para ir.

— Mas deveria meu amor, estou orgulhosa de você sabia?

— Will está lá em baixo?

— Esta até de terno.

Reviro os olhos, não acredito que Will realmente vai me fazer passar por isso. Não sei dizer o que é pior, não ter sido convidada por ninguém, ou ir ao baile com o meu padrinho.

Se eu tinha a chance de ser convidada, certamente foi pelo ralo quando eles decidiram aparecer na escola com uma faixa enorme, interrompendo o jogo apenas para me parabenizar por terminar os estudos antes do tempo.

Eu amo o fato de que eles fariam tudo por mim, meu pai é o meu melhor amigo, mas as vezes passa do limite com todo esse cuidado, ele ainda me vê como uma garotinha e se recusa a aceitar que eu cresci.

— Eu desço em meia hora.

Sigo para o banheiro, e começo a me arrumar, minha mãe deixa o vestido em cima da cama, o vestido rose, com brilho exagerado e de alta costura, desenhado exclusivamente para mim. Eu tinha bastante expectativas para esse baile, mas agora eu só tenho uma certeza, que vou ser piada.

Minha mãe entra no quarto, e me ajuda com maquiagem e o cabelo.

— Esta linda meu amor! Divirta-se.

— Com o Will bancando o cão de guarda? Duvido.

Pego a bolsa em cima da cama e desço as escadas, meu pai estava me esperando com um sorriso enorme e orgulhoso nos lábios.

— Esta linda mini mimadinha. Colocou o spray de pimenta na bolsa?

— Coloquei Pai.

Will se aproxima deixando um beijo na minha mão, e me entregando o corsage, em um tom rosa claro.

— É lindo padrinho.

— Eu tenho bom gosto. Vamos?

— Vamos.

E no momento em que entramos no salão, roubamos toda a atenção. Principalmente de todas as garotas, que olham embabascadas para o Will.

E elas não perdem oportunidade de se atirar para cima dele, o convidando descaradamente para dançar, e como o farrista que ele é, me deixa no meio do salão para se aventurar na pista de dança.

— Ele é seu padrinho não é? Serena, por favor me passa o telefone dele!

Hanna praticamente implora, pego o celular e dígito um número qualquer. E não foi a única, até mesmo uma das minha professoras o elogiou.

Nesse exato momento, estou sentada em uma das mesas, enquanto penso que tudo isso é um pouco demais, dessa vez eles foram longe demais.

Eles conseguiram arruinar o meu baile, eu estou com tanta raiva. Will retorna para a mesa, o colarinho Branco agora tinha uma marca de batom vermelho.

— Will, eu vou embora.

— Serena, o baile só esta começando.

Ele disse descontraído. Começando? Para ele só se for.

— Então aproveite você.

Disse brava.

— O que foi querida?

— Não era para você estar aqui tio.

Disse com os olhos marejados.

— Nem você e nem ele.

Disse apontando para o meu pai, à paisana. Como se não fosse possível ver um homem do tamanho dele.

— Isso é demais. Estão me sufocando, enquanto você fica ai com todas babando em cima de você, eu tenho que ficar passando números imaginários para todas que me perguntam sobre o número do meu padrinho gostoso. Seu terno já está até sujo de tanta baba, que nojo.

Will deu risada.

— Oh meu amor, só estamos cuidando de você.

Revirei os olhos, e fiquei olhando aquele circo em torno do Will enquanto ouvia piadinhas, a única da turma toda que veio acompanhada pelo padrinho, e cujo pai estava no salão. Mas o estopim foi quando o único garoto desavisado o suficiente se aproximou de mim, querendo apenas me tirar para uma dança já que todos estavam fazendo isso menos eu, meu pai o espantou, fazendo o garoto sair atordoado.

— Pai, você foi longe demais eu só queria dançar.

— Dança comigo princesa.

— Não. Não vou, pai é o meu baile. Era importante para mim, e você estragou isso. O que disse a mamãe? Ela sabe que está aqui? Por que não fica atrás do Landon?

Falo, sem conseguir mais conter as lágrimas, quando ele tentou me abraçar eu dei um passo para trás.

— Eu quero ir embora.

Disse enquanto cruzava os braços.

— Não, você fica eu vou. Desculpa mini mimadinha.

— Agora pai?! Nem era para estar aqui. Quer saber? Me deixa um pouco. Ok?

Peguei a bolsa e sai, dando de cara com outro segurança.

— Meu pai quer falar com você.

— Ele tem um rádio senhorita.

— Aaarggg! Que Droga!

Tirei o spray de pimenta da bolsa e joguei nos olhos dele, nem ao menos teve tempo de processar o que aconteceu, enquanto ele se contorcia com os olhos ardendo eu entrei em um dos táxis que havia parado ali.

— Times Square, por favor.

Alguns minutos depois estava na famosa Times Square, depois de mandar uma mensagem para minha mãe, so para avisar que estava bem e que precisava de um tempo eu desativei os dados, e qualquer outra coisa que o sr. segurança e o sr. investigador poderiam usar para me encontrar, acredite eles tentariam, nem ao menos duvido que minha foto poderia aparecer estampada em meio aos enormes painéis, eu só queria ficar um pouco sozinha depois do fiasco dessa noite.

Parei em frente a um mulher que estava cantando e tocando violão, algumas pessoas dançavam em volta, era como se estivesse vendo isso pela primeira vez. Meus pais sempre foram um tanto super protetores comigo, sempre fui tratada como princesa, eu também havia passado uma temporada no internato na Inglaterra, era uma tradição de familia, acho que o sonho do meu pai era que eu me tornasse uma freira e ficasse lá o resto da vida.

Fiquei tanto tempo ali, que perdi a noção do tempo, continuei andando, procurando algo para comer, decidi voltar para casa de metro, sem imaginar que aquilo seria uma má ideia. Entrei na estação, sentindo que estava sendo seguida, embarquei e continuei com a mesma sensação, três garotos no fundo do vagão, olhavam indiscretamente para mim, respirei aliviada quando os vi sair, mas eles só trocaram de vagão.

Deus o que eu faço? Me perguntava incansavelmente. Insegura para descer e ser seguida nas estações seguintes, decidi ir até o Brooklin.

A estação estava mais movimentada, a minha ideia era sair dali, e pegar o primeiro táxi que eu visse. Mas no nervosismo, sai no local errado, e se tornou tarde demais para tentar fugir, os dois encostaram um de cada lado, e o outro atrás.

— Calma lindinha.

— Aposto que cada um desses brincos valem uma fortuna.

— Tira tudo bebê.

Ok, um assalto, comecei a tirar os brincos, pulseiras e colar, e entregar para eles.

— Abre a bolsa linda.

O garoto alto disse. Contrariada abri a bolsa enquanto eles davam risada do spray de pimenta.

— Collins Miller? Hey J, Collins não é aquele império?

— Com certeza. A lindinha tem berço de ouro.

— Então por que nos contentar apenas com esses brincos?

Me empurraram para um beco escuro, quando um deles quis encostar em mim, eu o soquei com força, e mesmo sendo menor que ele, ele caiu com o impacto, chutei as bolas do outro, mas o terceiro tirou uma faca da cintura e pressionando no meu pescoço, senti quando um fio de sangue começou a escorrer.

— Quietinha linda, iamos só te roubar. Mas olha que você fez?! Porr*a. Precisa de uma lição.

Nesse momento a porta dos fundos do que deveria ser um bar se abriram e dois homens rolaram para fora, enquanto socavam um ao outro.

— Me Ajuda! Por favor!

Pedi enquanto ele pressionava a faca no meu pescoço, o homem estava tão cego de raiva que sequer notou aqueles três moleques em cima de mim.

Gritei novamente, fazendo um daqueles homens finalmente perceber que estava ali, o homem de jaqueta de couro olhou para mim enquanto desferia o último soco outro homem que ficou desacordado no chão, ele se levantou cuspindo sangue, enquanto andava na minha direção, quanto mais perto, mais estranhamente familiar ficava.

— Você?!

Eu respirei aliviada ao ver um rosto conhecido. Mesmo que a não visse ele a tempos.

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