| O que nós vamos fazer?

...• Jade W. Evans...

— Eles não fizeram isso!

Dou risada, enquanto Serena revira os olhos, Lewis e William decidiram surpreende-la com uma faixa enorme a felicitando pela conclusão dos estudos, um semestre antes do esperado, isso tudo durante um jogo que estava acontecendo, a escola toda estava na arquibancada.

— Pode acreditar, eles fizeram, com direito a corneta e tudo.

— Já falou para o seu pai?

Perguntei, ela conseguiu aprovação para uma das mais conceituadas universidades de Londres, mas sabia que enfrentaria problemas com a mudança, já que havia uma super proteção exacerbada quando se tratava dela.

— Não, mas sinceramente? Não quero ficar aqui. Eu os amo, mas Jade, eu me sinto sufocada com tanto cuidado.

— Tem certeza que essa conversa não está sendo gravada?

— Ele não iria tão longe. Ao menos é o que espero, já não basta ter cada um dos meus passos rastreado por ele.

— Mas você sabe que precisa falar certo?

— Eu sei, mas é complicado, principalmente se tratando do senhor Lewis.

— De qualquer forma Serena, você tem apenas dois meses para se organizar. E só pode viajar depois da minha festa.

— Ele vai surtar, não vai? Eu preciso me preparar para isso.

Ela respira fundo.

— Quanto antes falar é melhor Serena, se você sabe o que quer e está decidida sobre isso é só falar, mesmo que ele se oponha no primeiro momento tenho certeza que no fim eles vão apoiar o que você decidir.

— Será? Bom... O baile é em alguns dias Jade, e ninguém me convidou. Ninguém é bom o suficiente para passar no teste de qualidade do Lewis e Will. Vou ser a garota sem par. Ei, preciso ir. Nos falamos depois.

Serena desliga o telegone e eu rolo pelo feed das redes sociais apenas para me decepcionar ao ver as fotos do fim de semana do Will.

Ele é aquele tipo de amor proíbido, o melhor amigo do meu pai. Mas quem manda no coração? E quanto mais você pensa em algo proibido, mas tendência você tem de se tornar obstinado por aquilo.

Will, nunca casou, sempre disse que ter uma família e estabilidade não era para ele, e o meu pai sempre diz a mesma coisa para mim: Fique longe de homens como o Will. O que ele faria se imaginasse que na verdade eu quero estar muito perto? Cada vez que eu o vejo desfilar com alguma mulher, cujo caso não passa de uma noite é como uma facada no peito.

Minha indignação é interrompida quando ouço um choro alto vindo da sala, levanto e fico surpresa ao ver Leah, ela estava com o rosto vermelho, encharcada da chuva e parecia estar desesperada, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que ela havia sido assaltada.

Ela recua quando me vê e diz que vai embora, jamais deixaríamos ela sair daquela forma. Gael pergunta novamente o que aconteceu e isso só faz ela ficar ainda mais agitada, eu abraço Leah, e mando que ele vá pegar água. Sento no sofá e não falo nada, deixo ela desabafar tudo, não permito que o Gael pergunte de novo o que aconteceu. Quando ela estiver pronta ela mesmo vai falar. No entanto, Leah apaga, abraçada a bolsa no meu colo, como se estivesse exausta demais.

— O que aconteceu com ela?

Perguntei colocando a cabeça da Leah no sofá e me sentando no sofá da frente.

— Deveríamos ligar para a Lua.

— Vamos esperar, talvez ela fale o que aconteceu quando acordar.

E levou horas para isso acontecer, já era noite, ela levantou em um pulo, como se estivesse muito assustada.

— Eu vou embora.

— Leah, sabe que você pode contar com a gente não sabe? Olha, se você não quiser falar nada, pelo menos agora, você não precisa. Mas não vai embora, você pode ficar aqui.

Gael disse, já se colocando entre ela e a porta, o mundo estava desabando lá fora, em uma chuva forte. Nem mesmo eu poderia ir embora, já tinha ligado para os meus pais e avisado que ficaria aqui com o Gael.

— Jade vai dormir aqui também.

— Tudo bem.

É a única coisa ela responde.

— Você pode ficar no meu quarto.

— Eu te empresto uma roupa, Leah. Você ainda está encharcada da chuva.

Levo ela para o quarto, deixo uma roupa em cima da cama.

— Você pode me entregar suas roupas, eu vou colocar elas na máquina, amanhã já estarão secas.

Ela balança cabeça e segue para o banheiro. Nunca vi a Leah desse jeito, e isso estava me preocupando demais. Ela demorou tanto no banho, e depois se recusou a comer, apenas deitou na cama com os olhos fechados.

— Ela não vem?

Gael pergunta, colocando mais um prato na mesa.

— Não, disse que está cansada.

— O que acha que aconteceu?

— Não faço ideia, mas ela está muito assustada.

No meio da noite começamos a ouvir gritos. Gael usa a chave reserva para conseguir entrar no quarto que estava trancado, Leah se revirava na cama, ardendo em febre, não acordou nem mesmo quando colocamos uma compressa fria na testa dela, para tentar amenizar a temperatura.

— Jade, eu vou ligar pada a Lua.

Teve um momento que ela começou a tremer tanto que não tinha ideia se era pelo pesadelo no qual parecia estar presa, ou se ela estava convulsionando.

— Também não sei mais o que fazer, não consigo acordar ela Gael.

Ele deixa o quarto e vai em busca do telefone. Foi a noite mais sinistra que já tive na vida. Eu não sai do lado dela por nada com medo de acontecer alguma coisa, as roupas que ela usava ficaram molhadas de suor.

Quando o dia começou a surgir Lua e Santini chegaram, apesar de não estarem tão longe, a chuva alagou vários pontos, para chegar aqui precisaram fazer vários desvios.

Lua entrou no quarto, e sentou ao lado da Leah que ainda estava tremendo.

— Meu Deus, ela esta ardendo em febre. O que aconteceu? Pensei que Leah estava na faculdade.

— Eu não sei tia, ela chegou aqui encharcada da chuva. Estava muito assustada. Ligamos para o médico que atende nossa familia, mas ele não ia conseguir sair de casa por que uma árvore caiu bem em frente a garagem dele. Ele foi nos orientando o que fazer.

— Lua? Como ela está?

Santini disse entrando no quarto.

— Ardendo em febre. Jade, pode encher a banheira de água fria?

Faço exatamente como ela me pediu, Santini trouxe Leah nos braços com roupa e tudo, ela se debate quando é colocada na banheira, demora a despertar, mas vai abrindo os olhos devagar, e quando vê os pais ali não é alívio o que vejo em seus olhos, pelo contrário ela me olha como se tivesse sido traída.

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