A Cidade das Comportas, Priestella

Ao chegar, Subaru e os outros são recebidos por muros altos e imponentes.

- É... esse lugar parece exatamente como eu esperava, parece uma prisão.

Subaru murmurou enquanto enfiava sua cabeça para fora da janela da carruagem, enquanto Otto assumia as rédeas da carruagem. Beatrice ouviu o murmúrio de Subaru, sua cabeça também estava do lado de fora da carruagem, abaixo da cabeça de Subaru.

- Joshua disse que era um ponto turístico, mas Betty dúvida. Este lugar parece muito mais deprimente do que relaxante. - Beatrice pontua.

- Concordo. Tipo, eu acho que a ponte e os portões são até legais.

Subaru acenou a cabeça em concordância com Beatrice e olhou para baixo.

A carruagem em que eles estavam, estava atravessando a enorme ponte de pedra Tigracy, que leva até os portões de Pristella. Subaru estica seus braços e olha para o horizonte, onde a luz do sol podia ser vista brilhando na água. Para ele, parecia ser um oceano, mas considerando que oceanos não existiam naquele mundo, tinha de ser um lago ou um rio.

- Pristella é uma cidade construída sobre um lago. O terreno dentro desses muros é tão plano que forma uma bacia no centro. Se você imaginar a cidade como sendo uma velha armadilha, então é natural que o centro dela inundaria facilmente.

- Você ta falando da história de que essa cidade foi supostamente construída como armadilha para um majuu terrível. Emilia-tan também falou isso, é mesmo verdade?

- É a primeira vez que eu vejo este lugar, também não sei qual foi de fato o propósito de sua construção. Mas agora que posso vê-lo com meus próprios olhos, suspeito que seja verdade.

Os olhos azuis de Beatrice olharam diretamente para os portões da cidade, que estavam além da ponte que eles cruzavam.

As paredes a impediam de ver o que havia dentro, ela apenas poderia imaginar como seria a cidade por dentro. Não era claro o quão precisamente os livros da Biblioteca Proibida descreviam o mundo, mesmo assim, o conhecimento amplo de Beatrice já foi muito útil em diversas ocasiões.

- Por que você está acariciando a cabeça de Betty? eu diria?

- Por que ela tá ao meu alcance, e eu quero passar quanto tempo for possível acariciando-a.

- Um absurdo total, paternalismo absurdo, indesejado e sem sentido, de fato!

No entanto, Beatrice não afastou a mão de Subaru, que continuou a acaricia-la enquanto olhava para o lago que estava além da grande ponte. As águas do lago eram tão cristalinas que ele podia ver claramente o fundo. Não havia um único traço de lixo ou poluição.

Se todo o lago é assim, então se trata de um incrível exemplo de ética das pessoas que lá viviam.

- Na verdade, também não percebi nenhum lixo ou resíduos industriais jogados nas estradas. Provavelmente por que as pessoas não tem muitas coisas, mas ainda, é muito bom.

- Pristella é muito rigorosa quando se trata de lixo, eles realmente se importam em preservar sua paisagem. Assim que passarmos pelos portões passaremos por um controle de fronteira, não haja de maneira estranha e não recuse a papelada que eles vão dar.

Avisa Otto, tendo ouvido Subaru murmurando. Subaru inclina sua cabeça.

- Papelada?

- Quando você está indo para a Capital, basta que sua carruagem tenha um brasão para que você fique isento disso, mas no caso de Pristella todos devem obrigatoriamente preencher uma papelada caso queiram entrar. - Emilia explicou.

Subaru acenou com a cabeça, impressionado, ele buscou encarar aquela situação como se estivesse passando pela imigração e tivesse que mostrar seu passaporte. Porém, mais uma vez, as palavras "papelada obrigatória" o incomodavam

- Por acaso esses papeis funcionarão como um Geass*? Tipo como se afetasse diretamente o od da pessoa que assina, fazendo com que caso ela desrespeitasse os termos seu portal parasse de funcionar, ou coisa do tipo...

- Eek, isso seria muito assustador... não acho que deve ser algo tão autoritário. A papelada é apenas uma declaração de que você não fara nada de errado. O que significa que sua consciência sempre estará o observando de perto.

- Teríamos paz mundial se todo mundo fosse como você, Emilia-tan.

Subaru sorriu desconfortável do idealismo de Emilia, ciente de sua própria personalidade desprezível.

- Existem leis nacionais que devem ser cumpridas, embora o prefeito e o senhor que administram o local, tem uma ampla autoridade na cidade. Existem muitas coisas em Pristella que são diferentes da legislação nacional. Certamente, a papelada vai mencionar quais são essas coisas, então por favor, leia. - Otto explicava.

- Que chatice... - Garfiel reclamou. - Que tal você ler e depois nos contar quando acabar?

- Você nunca vai amadurecer se continuar agindo dessa forma. É necessário que você seja ao menos capaz de lidar com a papelada. Você não pode apenas ler os livros que você gosta e armazenar esse seu conhecimento estranho.

- Não é conhecimento estranho, é apenas o amor do homem pelo dramático. Certo chefe?

- É isso aí. - Subaru concordou, com um sorrisinho.

Garfiel se equilibrou precariamente no teto da carruagem enquanto enfiava sua cabeça para cima e para baixo. Subaru acenou com a cabeça firmemente em resposta, Otto suspirou, Emilia observava com felicidade aquela situação. Beatrice balançou a cabeça em sinal de desaprovação.

- Vocês dois agem como duas crianças, é impossível lidar com vocês, de fato.

- Eles são um pesadelo para se lidar.

Ninguém teria imaginado que as palavras de Beatrice ressoariam exatamente como as de Otto.

Infelizmente para ele, ela era a única que podia simpatizar com a sua dor e cansaço.

Patrasche rugiu e todos voltaram sua atenção para frente. Os portões de Pristella estavam bem na frente deles. O controle de fronteira ocorreu com uma extrema facilidade.

Emilia e Otto estavam certos. A papelada descrevia os termos necessários para que eles pudessem entrar na cidade, bem como as regras que eles deveriam cumprir uma vez que tivessem lá dentro.

Dito isso, todo termo era praticamente impossível de ser violado acidentalmente, então, não havia muita necessidade de se preocupar com eles.

Tudo que você precisava fazer para entrar na cidade era ler a papelada, assinar seu nome, e obter a aprovação do funcionário. Os funcionários entraram em choque quando Emilia se apresentou, mas considerando que Anastasia também havia passado por lá, eles provavelmente adivinharam que alguma coisa estava acontecendo.

- Imagino que seja uma grande noticia duas candidatas da seleção real em um só lugar. - Subaru diria.

- Não houve muita discussão, acho que Anastasia já havia os avisado de antemão. Ou talvez foi o Joshua ou a Mimi.

- Desconsiderando sua falta de jeito, Joshua ate que seria uma opção válida. Sobre Mimi eu duvido bastante.

Não parecia que Mimi teria aquele tipo de sensibilidade. Não era por que ela era egoísta ou coisa do tipo. Como descrever...?

- Por que ela é fofa.

Subaru afirmou, tendo uma resposta de Emilia na mesma hora.

- Sim, por que ela é muito fofa.

Foi algo tão misteriosamente persuasivo que fez Emilia acenar com a cabeça. Subaru cruzou seus braços, concluindo que nenhuma outra palavra se encaixaria. Além disso, por algum motivo, Beatrice pisou em seu pé.

Enquanto isso, Akashi se manteve flutuando de cima para baixo lentamente, por algum motivo, o rapaz não se sentia alarmado ou sequer pensava em sair esmurrando tudo o que estivesse no caminho... era uma sensação de calmaria e tranquilidade que ele nunca sentiu.

- Onde eu estou...? - Ele olhou os arredores, com uma visão levemente turva por ter acabado de acordar - Eu estava na carruagem há pouco tempo atrás...

Aquela voz imponente e que exalava superioridade como um todo lhe respondia na mesma hora, tão imediato que pareceu até ensaiado.

- Este evento ocorreu há dezesseis dias, em seu tempo fora deste plano. Neste momento, nos encontramos num espaço separado do espaço-tempo e, atualmente, está incapaz de retornar ao mundo de que veio.

Akashi pareceu um pouco lento para processar o que a voz lhe diria, arqueando sua sobrancelha, o jovem questionou...

- Dezesseis dias? Está dizendo que dormi por dezesseis dias seguidos em poucas horas?

- De fato, o "tempo" ainda existe neste plano, mas ainda funciona de um modo diferente, encurtando dias para meras horas, e eu assisti toda a sua história como se fossem alguns dias para mim.

- Assistiu? Espere, estava me vigiando? Por quê?

A voz misteriosamente se calou, deixando Akashi em dúvida, até que uma projeção surgiu diante dele. Era um momento crucial em sua vida: seu próprio nascimento.

No dia 5 de julho de 1999, Akashi veio ao mundo, sem saber das aventuras que o aguardavam. Seus olhos se encheram de lágrimas ao testemunhar a cena: sua mãe, uma bela mulher de cabelos negros, exalando tranquilidade após um momento de desespero no hospital.

- Ela é... ela é...--.- Akashi mal conseguia articular.

- Kyoko Taiga, a escolhida para carregar o "Guerreiro Escolhido" em seu ventre. Você é esse guerreiro. - explicou a voz.

O coração do jovem acelerou ao assistir tudo aquilo. Saber que sua mãe morreu logo após seu nascimento foi um choque e uma emoção ao mesmo tempo. Seu pai, Sakurai Taiga, chorava no chão, clamando pelo nome de Kyoko, enquanto os enfermeiros observavam com pesar pela perda da família e a chegada de um novo membro.

- Lamento se isso lhe causa dor, mas era uma forma de provar que, apesar da ausência de sua mãe e da falta de tempo de seu pai e irmã para você, Eu sempre estive presente, observando-o crescer, evoluir e, principalmente, fortalecer-se... como era destinado ao guerreiro que você é.

Ao ouvir as palavras da voz, Akashi arregalou os olhos, suas pupilas encolheram, e ele cobriu o rosto com as mãos antes de dizer:

- Você está me dizendo que... desde sempre, eu... antes mesmo de nascer, já fui planejado para lutar em batalhas que, se eu não tivesse vindo a este mundo, jamais enfrentaria? - Ele range os dentes. - Não posso acreditar que passei uma vida inteira treinando e me fortalecendo, apenas para seguir um roteiro do qual nem mesmo tinha conhecimento!

- Não diga dessa maneira, afínal, este era o desejo ardente de Kyoko Taiga... em ter uma filha gentil e amável, e um filho forte e de coração justo, dos quais ela e Sakurai Taiga pudessem se orgulhar.

Continuou a voz, penetrando os pensamentos de Akashi. Por um momento, ele se calou, encarando o rosto de sua mãe na projeção. Lentamente, ele levou a mão ao peito, apertando sua própria camisa enquanto as lembranças dolorosas o envolviam. Desde o momento em que foi invocado, Akashi sofreu inúmeras provações, e agora, a ideia de que sua mãe sacrificou sua própria vida para que ele pudesse nascer pesava como uma âncora em seu coração.

- Então... tudo isso... foi o desejo de minha mãe?

Murmurou Akashi, sua voz tremendo com emoção contida. Ele sentia um turbilhão de sentimentos se chocando dentro de si, um misto de gratidão e tristeza, enquanto contemplava a imagem de sua mãe, tão jovem e tão cheia de esperança.

Akashi, com a voz embargada pela emoção, expressou seu desejo com sinceridade:

- Se eu pudesse trocar minha vida e meu sofrimento por uma vida feliz e orgulhosa para minha mãe, eu o faria sem hesitar.

A voz, serena e inexorável, respondeu-lhe:

- Mesmo que você fizesse isso, Kyoko eventualmente teria um filho, mesmo que não fosse você, e ela ainda partiria da mesma maneira. Infelizmente, essa é a sua sina.

As palavras ecoaram na mente de Akashi, mergulhando-o em uma profunda reflexão. Ele questionou com angústia:

- Não há maneira de prolongar a vida dela? Não há cura? Ela sobreviveu quando Makoto, minha irmã, nasceu... Será que o problema está relacionado ao meu nascimento? Ou há algo interno que ela nunca revelou?

O tremor em sua voz revelava o medo e a culpa que o consumiam ao considerar as possíveis ramificações de sua própria existência na saúde de sua mãe.

Enquanto Akashi estava imerso em seus pensamentos angustiantes, uma voz suave e familiar ecoou por trás dele. Surpreso, ele se virou abruptamente, deparando-se com a figura etérea de sua mãe, Kyoko Taiga.

- Me alegra em ouvir tudo o que você disse que faria por mim, meu filho, sou mesmo uma mãe de sorte. - Disse ela, com ternura na voz.

Os olhos de Akashi se encheram de lágrimas ao vê-la. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, sua mãe o envolveu em um abraço caloroso e reconfortante, um sorriso sereno iluminando seu rosto.

Emocionado além das palavras, Akashi retribuiu o abraço, sentindo o amor e a segurança que só uma mãe pode proporcionar. Naquele momento, todo o peso de suas preocupações se dissipou, substituído pela certeza de que, apesar de tudo, o amor de sua mãe era eterno e incondicional.

- Seu rosto... sua voz... seu cabelo, é tudo igual aos vídeos das filmagens do papai... - Akashi apertou seu abraço, as lágrimas que caíam de seus olhos eram tantas que pareciam infinitas. - ... Mãe...! Mamãe! Eu queria tanto... queria muito mesmo que você estivesse lá com a Makoto e o papai! Eu realmente...!

Kyoko acariciou suavemente os cabelos de Akashi enquanto ele falava, suas próprias lágrimas misturando-se às dele.

- Meu querido Akashi... - sua voz era um sussurro reconfortante. - Eu sempre estive com vocês, de uma forma ou de outra. E agora, aqui estou, para lhe dizer que estou orgulhosa do homem forte e corajoso que você se tornou.

As palavras da mãe foram como um bálsamo para a alma de Akashi, trazendo conforto e paz a um coração dilacerado pela dor da perda.

- Mamãe... - Akashi soluçou, agarrando-se ainda mais a ela. - É culpa minha... não é? Pode falar... você só se foi porque eu tinha que nascer para cumprir um propósito que nem mesmo você deveria saber...

Kyoko segurou gentilmente o rosto de Akashi entre as mãos e olhou nos olhos dele com um amor infinito.

- Meu filho, não se culpe dessa maneira, não se torture mais... Eu sei que doeu para todos, mas eu não fui embora à toa. Eu deixei meus maiores tesouros para continuarem meu legado e me encherem de orgulho no futuro. Se eu tivesse que morrer mil vezes para dar à luz você ou sua irmã, certamente o faria, com ou sem propósito além do meu conhecimento. Nunca duvide disso.

Akashi sentiu um calor reconfortante envolvê-lo enquanto abraçava sua mãe. Ela havia demonstrado que seu amor era maior do que qualquer coisa, sacrificando-se para dar vida a seus filhos.

- Eu sempre desejei que meu menino fosse um homem forte, corajoso, justo e bondoso, que nunca tivesse medo de enfrentar ninguém para proteger quem ama. E parece que meus desejos foram ouvidos, já que você tem se tornado tudo isso e mais um pouco nesse novo mundo, não é? - Kyoko sorriu, um sorriso que aquecia o coração de qualquer um.

- S-Sim... - Akashi concordou, com lágrimas nos olhos. - Eu fiquei muito mais forte, mas... em troca disso, perdi pessoas, vidas... Decidi que nunca vou parar de treinar, para sempre estar forte e proteger meus amigos, para proteger tudo! É por isso que empunho minha espada.

Kyoko sorriu, afagando a cabeça de Akashi.

- Esse é o filho que sempre desejei. Mesmo estando poderoso assim, você ainda é o meu menino, meu bebê que nunca pude carregar nos braços... Que mesmo após a morte, sempre amei. Makoto e você me orgulham por terem crescido do jeitinho que eu desejei. Seu pai é um homem forte e de coração justo, como eu queria que você se tornasse. E relaxe, não tenho ciúmes da Moriko estando casada com seu pai, desde que ela os trate bem para sempre.

Kyoko cruzou os braços, empinando levemente o nariz enquanto mantinha um sorriso.

- Mãe...

- Hm? Sim, pode falar, meu bem.

Por um breve momento, Akashi voltou a ser apenas um garotinho. Ele abriu um largo sorriso e corou levemente ao dizer...

- Eu te amo!

Kyoko esteve calada por um momento, seus olhos brilhavam enquanto ela lentamente se abaixou à altura do pequeno Akashi. Mãe e filho se abraçaram novamente, ambos choravam enquanto sorrisos se formavam em seus rostos.

- Eu também, meu Akka, a mamãe te ama muito!

Enquanto ambos se abraçavam, a voz repentinamente começou...

- Akashi Taiga, qual sua opinião sobre sua vida e seu propósito agora? Pretende fazer o sacrifício de sua mãe valer a pena, ou seguirá relutante quanto ao fato de que nasceu apenas para a batalha e sua mãe se foi no processo?

Levou alguns segundos, mas Akashi suspirava, soltando-se do abraço de sua mãe e caminhando alguns passos a diante com um olhar sério e confiante.

- Eu não fico nada feliz que minha mãe tenha falecido para que eu nascesse, mas, agora eu compreendo que foi um ato de amor... meu nascimento, o fato de que cresci seguindo os desejos de minha mãe inconscientemente, os sacrifícios dos quais ela faria por mim... eu claramente não irei desmerecer isso, não vou negar o ato de amor que minha mãe fez por mim. A Moriko é uma boa madrasta, mas nunca superaria a minha mãe querida que deu sua vida por mim...

O garoto cerrou o punho e socou o ar, mantendo o braço erguido para frente, determinado.

- Então, eu vou honra-la enquanto eu ainda viver, vou lutar como o guerreiro forte que eu devo ser, vou fazer o que for preciso para orgulhar minha mãe...! Seja lá o por quê de eu ser "o escolhido" no meio de bilhões de pessoas, eu não ligo, vou encarar o que for! Por que eu sou Akashi Taiga, o cavaleiro das sombras, o vento branco de Lugnica e aquele que se tornará o homem mais forte do mundo! E não vou fraquejar para ninguém, sejam bruxas, deuses ou dragões!

Kyoko sorria, assistindo seu filho fazer a mesma pose de Tony Manero, cuja até mesmo Subaru Natsuki também costuma fazer. A mãe sorria satisfeita, enquanto seu corpo logo se desfez da forma física, Akashi não havia notado por estar de costas para ela, mas ele sorria orgulhoso acreditando que sua mãe o via progredir em sua vida como o homem que ela sempre desejou, e mesmo não estando lá, ele estava feliz e disposto a fazê-la feliz da mesma maneira.

- Muito bem, Eu lhe contarei tudo, portanto fique atento e preparado para o que vai ouvir. Quando terminarmos por aqui, lhe enviarei para onde Subaru Natsuki e todos estão, mas quero que siga o planejamento que vou contar.

Ao ouvir a voz, Akashi acenou com a cabeça, afirmando ter entendido a ordem da voz. E enquanto isso, de volta a Priestella...

Subaru passava o tempo apaziguando uma Beatrice descontente, até que Otto e Garfiel finalmente passaram pela inspeção e se juntaram a eles após passar pelos portões.

- Ei pessoal. Por que demoraram tanto? - Subaru perguntava.

- Foi por causa de Garfiel. Tenho estado constantemente, constantemente dizendo a ele para praticar sua escrita, e ainda assim...

- Garfiel, você sabe escrever?

- Sim eu sei. - Garfiel respondia. - É só que... você consideraria minha escrita vagabunda, ou coisa parecida.

Sua escrita era tão horrível que os oficiais não conseguiam ler.

Possivelmente eles se ofereceram para escrever no lugar dele, mas o orgulho de Garfiel não permitiria isso.

- Não vou implicar com você, mas é melhor que você melhore essa sua escrita se não quiser que algo parecido aconteça novamente. Eu sei que você escreve cartas para Ryuzu, certamente elas devem ser legíveis.

- Ah, essa é boa chefe. Eu e a vovó estamos juntos há muito tempo. Ela consegue ler qualquer coisa que eu escreva, mesmo que seja eu escrevendo com a mão esquerda.

- Você realmente não está pensando em melhorar.

Disse Subaru, suspirando de exaustão, para um Garfiel orgulhoso.

Ryuzu, a avó de Garfiel, não estava vivendo na mansão do Roswaal. Ela e as vinte quatro copias foram encarregadas de cumprir tarefas em vários locais diferentes do território do Roswaal.

Emilia e Garfiel ainda tinham o direito de comandar as copias, suas ordens ainda as afetavam mesmo considerando a distancia entre ele. A ideia era utilizar as Ryuzus como intermédios para comunicação.

Foi Subaru que propôs a ideia e foi Ryuzu quem assumiu a responsabilidade para cumprir o trabalho. Garfiel se opôs de início, mas agora, ele parecia ter aceitado.

Ryuzu e seus clones viviam na vila de Arlam. O plano era ensinar a cada uma das Ryuzus tudo o que elas precisavam saber, e então, manda-las para diferentes vilas e cidades uma vez que elas estivessem prontas.

- É tipo como se fosse um grande plano de espionagem, embora isso pareça algo errado...

Mas ainda sim, Subaru simplesmente odiaria deixá-las ali, sem nenhum papel ou proposito. Talvez a culpa de Subaru por ter as descartado em um loop anterior foi o que motivou a ideia.

- Subaru? Eles acabaram de verificar a bagagem da carruagem, podemos ir?

Emilia chamou Subaru de seus pensamentos, fazendo ele erguer os olhos apressadamente. Ele deu um sorriso tenso, enquanto tomava as rédeas de Patrasche. Como se sentisse o desconforto de Subaru, o dragão negro inteligentemente acariciou sua nuca com o focinho. Subaru ficou surpreso que mesmo aquela sensação áspera ainda conseguia ser relaxante.

- Obrigado, obrigado por tudo.

Em resposta a compaixão silenciosa de Patrasche, Subaru acariciou suas escamas, enquanto o dragão apenas respondia mostrando o focinho. Subaru finalmente puxou as rédeas para adentrar Pristella.

Eles saem do portão e encontram um rio que corre entre os portões externos e atravessa por toda a cidade. Eles cruzaram a ponte de pedra sobre o rio, os portões se abriram e Pristella se revelou a eles.

- Uaaau...

Subaru suspirou admirado com aquilo que ele via a sua frente.

Ele não foi o único que reagiu desta forma, Emilia e Beatrice que estavam sentadas ao lado dele, também ficaram maravilhadas.

Ele deveria se desculpar por ter utilizado a palavra "prisão" para se referir a esta cidade das águas.

Quando Subaru ouviu falar de Pristella pela primeira vez, ele imaginou algo como se fosse Veneza do velho mundo. Ele estava correto.

Era uma cidade circular, completamente circulada por paredes circulares.

Seu formato era essencialmente o de uma arena esportiva, do tamanho de uma cidade, claro. As bordas da cidade eram a parte mais elevada, esta elevação diminuía a medida em que você se aproxima do centro da cidade.

Densas fileiras de edifícios de pedra alinhavam-se sobre os níveis da cidade, aquela era a arquitetura mais ocidental que Subaru já tinha visto até agora.

Longos canais atravessavam a cidade, alguns deles realmente enormes. Estes canais dividiam a cidade em quatro partes iguais. Subaru viu várias gôndolas remando na água, fazendo com que um arrepio percorresse até a sua espinha.

A Cidade Azul, Cidade da Água, A Cidade das Comportas. Cada um deles descrevia Pristella perfeitamente. Aquela vista não trouxe nada além de maravilhas.

- Incrivel...

Foi o que ele disse, e ninguém seria capaz de negar aquelas palavras.

Os guardas nos portões sorriram em satisfação com a surpresa do grupo. Certamente todos que passarem por aqueles portões desfrutariam da mesma sensação. Ver aquelas reações enchiam os guardas de satisfação, certamente aquela reação era algo recompensador para eles.

- Esse lugar é realmente impressionante. Pelo visto, Otto não estava apenas falando baboseira.

Garfiel foi o primeiro a se recuperar da surpresa. Mesmo assim, sua empolgação ainda não havia acabado, pois suas bochechas continuavam ligeiramente vermelhas.

Sua paixão masculina pelo dramático deve ter sido instigada por aquele lugar fascinante.

- Eu sempre quis visitar esse lugar apenas pela sua relação com o deus dos Mercadores, Hoshin, mas esse lugar é incrível. Era um lugar digno de ser visitado sem ser apenas por seu relacionamento com Hoshin.

Otto gesticulava com as mãos, parecendo incrivelmente emocionado.

A menção de Hoshin lembrou Subaru do seu nome: Hoshin da Planície.

- Hoshin é aquele cara. Aquele mercador de muito tempo atrás que fez muito dinheiro a partir de um deserto queimado.

- É uma descrição simples e um pouco incorreta, mas no geral você está certo. quatrocentos anos atrás Hoshin viajou pelas terras de Kararagi, que na época eram selvagens e desconhecidas. Ele transformou aquelas terras em uma infraestrutura econômica, desenvolvendo a economia do local e ficando rico no processo, tudo isso apenas com sua própria engenhosidade.

Apenas porque se tratava de um comerciante, os olhos de Otto brilhavam de paixão enquanto ele contava a história de Hoshin. Se ele realmente havia sido responsável pela fundação de um dos quatro grandes países, Kararagi, então Subaru poderia compreender o porquê sua lenda se mantém viva até os dias de hoje.

- Anastasia também chama a si mesma de Hoshin. - Subaru lembrava.

- É algo muito ousado da parte dela. É uma maneira muito clara da parte dela de expressar seus entusiasmos e seus objetivos. Pessoalmente, eu acho que ela já alcançou bastante coisa, ao ponto de justificar o nome.

- Se ela está realmente tentando justificar o nome, acho que assumir o trono de Lugnica certamente funcionária. Seria um grande passo em direção ao seu objetivo.

Subaru estava realmente impressionado com a paisagem, até que ele finalmente conseguiu se desvencilhar daquele lindo cenário.

Ele acariciou a cabeça de Beatrice e puxou Emilia pela manga para conduzi-la através daquela cidade fascinante.

- Então, Anastasia está nos esperando no Pavilhão Pluma d'Água. Não sei onde fica, mas considerando que se trata de Anastasia, com certeza não deve ser um lugar barato.

- Eu acho que ela falou sobre a nossa visita para os oficiais dos portões. Creio que vai ser um lugar legal. Talvez Otto tenha procurado saber mais sobre isso... - Emilia respondia Subaru, caminhando com o rapaz.

- Já tenho uma ideia da rota que devemos seguir, então, vou orientá-los. Não poderemos avançar muito uma vez que os barcos tem maior prioridade que as carruagens nesta cidade. O que eu levo em consideração, pois suspeito que o senhor Natsuki ainda tem problemas com passeios lentos de carruagem.

- Ah é? Se fosse só Patrasche, eu nem precisaria dizer nada, bastaria eu encara-la para que ela movesse a carruagem como eu quisesse, certo?

Subaru olhou corajosamente para Patrasche e piscou. O dragão desviou o olhar, de alguma forma, parecia que ela apenas estava suspirando para ele. Aquela reação inesperada desanimou Subaru, Emilia lhe deu uma tapinha nas costas, como se tivesse o consolando, enquanto Beatrice segurava sua mão e o conduzia para dentro da carruagem.

- Vamos embora!

Anunciou Garfiel do teto da carruagem. Otto sorriu ironicamente enquanto chicoteava as rédeas da carruagem, fazendo ela andar.

O ritmo deles era lento, tão lento que mesmo as quedas de velocidade que ocorriam nas subidas não eram perceptíveis.

- Mas vendo pela janela, tem bem poucas carruagens. - Subaru diria.

- De fato não há muitas. As estradas que são largas o suficiente para as carruagens passarem não são retas, elas são cheias de curvas, isso por que os canais tem mais prioridade que as estradas.

- Ah, você está certa.

Emilia estava certa. Todos os caminhos e estradas que eram destinadas as carruagens todos eram repletos de curvas sinuosas. Aquilo era inconveniente para Subaru, ele só parou de sentir dessa forma quando passou a observar os canais e as gôndolas passando sobre eles.

- As carruagens tem a bênção da Evasão do Vento, os barcos possuem algo do tipo? Algo como uma bênção de não virar ou uma bênção da brisa do mar.

- Eu não sei, mas eu não acho que os barcos propriamente dito possam ter bênçãos. Mas talvez os barqueiros tenham uma bênção do lago, ou uma bênção da navegação.

- Embora esse conhecimento não seja bem difundido, dragões de água também possuem bênçãos, de fato. Um deles os protege dos efeitos da água, parecido com o que os dragões de terra têm, eu diria.

- Dragões de água... não me importaria de ver um.

- Tenho certeza de que deve ter nessa cidade, de fato.

Embora ela havia respondido à pergunta de Subaru, a resposta de Beatrice não tinha entusiasmo, pois ela não gostava de animais. Sua estranheza com eles não se limitava apenas a Patrasche, mas também se estendia aos dragões de água.

- Eu não acho que abraçar, digamos, um liger seria algo desagradável, ao menos o Akashi nunca reclamou do Izayoi pra nós, exceto que ele come bastante e facilmente espalha pelo pra todo lado se não cuidar.

^^^Nota: liger se refere aos cachorros utilizados como montaria por Akashi, Ricardo e os Presas de Ferro^^^

- Eu não vou morrer só de tocar em um animal, eu diria. Betty é mais fofa que todos eles, de fato.

- Duvido que competir com um animal para ver quem é mais fofo daria em algum lugar... Na verdade, acho que você poderia ate perder alguns pontos se competissem de forma igual...

Aos olhos de Subaru, até Patrasche era fofa. Obviamente um tipo de fofura diferente de Emilia, Rem e Beatrice, é claro.

Beatrice olhou com desconfiança, enquanto Emilia ficou animada ao escutar a palavra "liger"

- Eu também quero! Já faz tanto tempo desde que acariciei o Yoi, eu gostaria de tocar em um liger também.

- Você poderia ter perguntado enquanto Mimi estava na mansão, agora teremos que aguardar até o retorno de Izayoi e Akashi. Você é estranhamente atenciosa com esse tipo de coisa.

- São os seus cachorros de montaria, não posso fazer o que eu quiser com eles. Mas estou sentindo falta da sensação de pelo desde que Puck e Izayoi não estão mais conosco.

Parecia que até Emilia, que amava Puck como se ele fizesse parte de sua família, havia se apaixonado por sua pele, e a sensação de acariciar o Izayoi era quase tão boa quanto o Puck. Quando Subaru finalmente resolveu perguntar sobre isso, Emilia começou a cantarolar alegremente, embora ela fosse terrivelmente desafinada.

Ouvindo sua cantoria de má qualidade, Subaru levou suas mãos as bochechas e se apoiou nos cotovelos, enquanto observava a paisagem urbana.

Descansando sobre o parapeito da janela. Beatrice estava olhando pela vidraça da janela enquanto estava ajoelhada em seu assento. Subaru pensava se deveria ou não dizer a ela que o que ele havia dito foi rude, quando...

- Subaru! Essa é sua chance.

- Hm? U-Uou!

Subaru se virou apenas para ver um enorme jato de água no canal produzido por um peixe-não, não era um peixe. A criatura tinha um corpo longo em formato de serpente, com seus braços e pernas curtos. Era um dragão de água, sua pele azul e escorregadia se assemelhava a uma cobra, porém sua cabeça era claramente a de um dragão.

Sua boca tinha presas afiadas, e bigodes de bagre no focinho. Os dragões de terra se pareciam com lagartos bípedes, enquanto os dragões de água tinham um aspecto muito mais oriental. Subaru quase queria os chamar de Shenlong.

- Mas ele parece meio arrogante, ou hostil.

- É a forma como os humanos enxergam, eu suponho. Dragões de água são muito mais difíceis de se domar se comparado aos dragões de terra, de fato. Para que o dragão o reconheça como seu mestre, deve cria-lo desde o nascimento ate a fase adulta, eu diria.

- Então eles precisam de bastante tempo... Eu e Patrasche nos unimos no momento em que nossos olhos se encontraram.

- De fato, me intriga o quão ela é apegada a você.

Isso também intrigava Subaru.

Embora ela originalmente fosse da facção de Crusch, ela se tornou extremamente apegada a Subaru desde o momento que ele a escolheu como seu dragão terrestre na batalha contra a Baleia Branca.

Em muitas ocasiões, Subaru teria falhado se não fosse por Patrasche.

O mesmo vale para Izayoi, que era dos Presas de Ferro que haviam disponibilizado um liger para Akashi nesse mesmo tempo da batalha contra a Baleia Branca, e eles tinham uma relação parecida com a de um pai de pet do tipo Pokemon.

- Hmpf. O rosto de Patrasche é muito mais elegante que o daquela coisa.

- Subaru, por que você de repente está falando como Anne?

Enquanto o dragão de água dançava pelo canal, Subaru sentiu uma estranha revolta por ele. Mesmo o dragão não notando o olhar de Subaru, ele se virou para Subaru. O dragão enfiou sua cabeça para fora da água e rugiu. Era quase como se o dragão estivesse gritando "Ei! Pare de olhar para mim, intruso" para Subaru.

- Eu acho que esse idiota me insultou. O que significa que é hora de...

O dragão de água emitia um som de sua boca, parecendo estar falando com Subaru

Como vingança, Subaru decidiu imitar os rugidos do majuu gigantesco que ele viu quando a mansão estava pegando fogo. Entretanto, naquele momento um outro rugido agudo rasgou a água, era o rugido de Patrasche.

Patrasche havia percebido a agressividade do dragão de água para com seu mestre, e se vingou no lugar dele. Subaru não entendeu o que Patrasche queria fazer com aquele rugido, mesmo assim, foi o suficiente para assustar o dragão de água, fazendo-o voltar para a água. O barqueiro entrou em pânico com o aumento repentino da velocidade, enquanto Subaru assistia, atordoado.

- O-o-o que acabou de acontecer?

- Senhor Natsuki, por favor evite que Patrasche faça algo muito estranho de novo. Eu preferiria que não chamássemos atenção logo após entrar na cidade.

Otto o repreendeu do assento de motorista. Subaru zombou dele, e assobiou para que Patrasche pudesse ouvir. Não é que eles podiam se comunicar por assobios, Subaru apenas esperava que isso pudesse de alguma forma comunicar sua gratidão para Patrasche.

- Dragões de água são bem legais, mas nada supera Patrasche, ela é ainda mais legal.

- O nosso dragão é muito melhor que aquele dragão de água indigno, de fato.

Beatrice concordou relutantemente com Subaru, talvez pela forma tão alegre com que ele falou.

Enquanto eles atravessavam o canal pela ponte, Subaru pensou na vista panorâmica que viu da cidade quando entrou pelos portões.

- Parece que esses canais dividem a cidade em quatro partes, ou coisa do tipo.

- De fato. Os enormes canais de água no centro dividem Pristella em quatro distritos. Seguindo no sentido horário a partir dos portões principais temos: distrito um, distrito dois, distrito três e distrito quatro.

- Hmm... A forma como eles nomeia os distritos é bem sem criatividade. Eles poderiam ter optado por algo mais criativo, como Azul do Leste, não concorda?

- Isso mesmo, chefe.

- Ninguém liga para seus gostos, eu diria.

Disse Beatrice friamente para eles. Emilia sorriu, enquanto observava, ela ergueu um dedo, falando como se estivesse lendo de um livro.

- Todos os quatro distritos tem diferentes lojas e profissões, as áreas residenciais são principalmente nos distritos dois e três, que são os mais afastados dos portões principais. Muitos viajantes devem visitar o Pavilhão Pluma d'Água, então, provavelmente ele deve estar no distrito um.

- O que significa que devemos chegar em breve... ou agora.

A lenta carruagem parou subitamente durante a conversa. Aparentemente, eles haviam chegado ao hotel. Otto saiu do assento de motorista para dentro da carruagem.

- Chegamos. Falarei com os funcionários para que os dragões sejam transportados para o estabulo, então fique à vontade para... não, na verdade, apenas espere na entrada.

- Por que você mudou de ideia? É tão ruim assim nós entrarmos primeiro?

- Sim, não quero que você encontre a senhorita Anastasia apenas para quando eu voltar descobri que você se meteu em confusão.

Subaru ficou incomodado com a falta de confiança de Otto, mas ninguém poderia refuta-lo, considerando seu histórico. Eles pegaram a bagagem de mão e saíram da carruagem, enquanto um funcionário acompanhava Otto através do local.

Subaru os observa ir, se espreguiça, e finalmente observa o Pavilhão Pluma d'Água.

- Agora, que tipo de alojamento nos tere...

O queixo de Subaru caiu. Emilia colocou um dedo na bochecha, inclinando a cabeça.

- Esse prédio é muito interessante. Nunca vi nada parecido.

Garfiel e Beatrice compartilhavam os mesmos pensamentos de Emilia. Subaru no entanto, tinha uma impressão diferente daquele lugar. É claro que ele teria. Afinal...

- Esse hotel... é um ryokan?

^^^Nota: Ryokan é uma hospedaria típica japonesa. Os visitantes dormem em quartos com nomes de flores, em um futon, no tatami, vestidos com o yukata. As diárias incluem o desjejum e o jantar típicos, servidos no quarto. Alguns ryokans têm fontes termais, também chamadas de onsen.^^^

Feito de madeira lisa, com portas de vidro deslizantes, um caminho de cascalho da entrada até os portões, telhados ladrilhados, não havia dúvidas.

Bem ali, em meio a uma cidade com um aspecto tão ocidental, estava uma construção com uma arquitetura completamente diferente, que não parecia pertencer a aquele local. Este foi o dia em que Natsuki Subaru encontrou o Pavilhão Pluma d'Água, uma construção que por algum motivo tinha um aspecto bem japonês.

- Veja só como você está surpreso. Creio que foi uma boa escolha da minha parte escolher esse hotel a dedo.

Naquele momento, uma voz calma e alegre interrompeu sua surpresa.

Ainda surpreso, Subaru lentamente virou seu olhar para a pessoa que havia falado.

Ela vestia um vestido branco, e um cachecol feito de pele de raposa branca. O inverno já havia terminado, aquele vestido tinha um tecido especialmente fino, como se tivesse sido feito especialmente para aquela estação. O cachecol, no entanto, parecia ser algo mais importante, uma vez que continuava exatamente da mesma forma, sem qualquer mudança.

Ela tinha um corpo pequeno, longos cabelos violetas, e um sorriso agradável em seu rosto encantador, além de um brilho indecifrável em seus olhos turquesa.

Não havia dúvidas quanto a isso. Aquela era a pessoa que os havia convidado. Eles agora estavam sendo recepcionados cara a cara por Anastasia Hoshin.

- Faz um tempo desde a última vez que eu os vi. Muito obrigado por terem vindo. Me parece que vocês estão esgotados por causa da viagem. O que acha de entrarmos para relaxar e bater um papo?

Antes mesmo de Otto retornar, ela facilmente assume a liderança da conversa.

――Todos os presentes puderam ver.

Ao contrário das expectativas de todos, Anastasia parecia estar tomando uma medida preventiva. A atmosfera no Pavilhão Pluma d'Água ficou tensa.

– Obrigada por nos receber pessoalmente, isto me deixa muito à vontade. – Diria a garota meio elfa.

Sair ao encontro de Emilia foi algo certamente calculado. Enquanto Subaru estava perdido em pensamentos, Emilia, um pouco confusa, respondeu, chamando sua atenção.

Anastasia franziu a testa para Subaru, provavelmente pensando sobre as origens de Garfiel, que estava ao lado dele, e Beatrice que estava agarrada em sua manga. Subaru, tendo passado vários dias brincando com eles na mansão, ficou mais tranquilo na presença deles.

– A mesma cara de sempre. – Anastasia diria. Ela tem um dialeto kansai.

Ela então passou a olhar para Emilia, enquanto murmurava algo com si mesma, seus olhos verdes claros pareciam zombar de Emilia. Sua relação com Emilia pouco havia mudado no ano anterior, um pequeno desentendimento entre as duas não seria algo inesperado.

– Bem, ela continua tão bonita quanto ant... Não, ela está ainda mais bonita do que antes.

– Subaru, não brinque com uma cara tão séria.

Ao ouvir a resposta dela, Subaru esfregou o nariz com um ar de constrangimento, percebendo que Beatrice estava prestando atenção a tudo que estava acontecendo. Os cantos da boca de Anastasia se ergueram em um leve sorriso.

– Natsuki, eu ouvi que desde a subjugação da Baleia Branca as coisas ficaram um pouco complicadas. Os territórios da fronteira de Roswaal estão bem?

– Lamento que você tenha se deparado com notícias tão desagradáveis. Graças as suas tropas, sobrevivemos as consequências. Como parceiros, devemos apoiar uns aos outros, certo?

– Você acha? Estou feliz que pensa desta forma. Nós dois ficamos felizes por você ter vindo. Já faz um tempo que você não vê Julius, certo?

Anastasia bateu palmas, aproveitando a chance para provocar Subaru, que imediatamente percebeu e franziu a testa. Emilia e Anastasia riram ao mesmo tempo, enquanto Subaru se sentia desconfortável, pensando que nenhuma delas entenderia a sua complexa relação com Julius. Ele tentou explicar de novo e de novo para Emilia, porém, cada tentativa sempre acabava em falha.

– Ah, isso é estranho. A mulher aí por acaso seria uma das inimigas da dona Emilia?

Garfiel, que anteriormente estava em silêncio, nem ao menos tentou esconder o ar de hostilidade em sua pergunta. Subaru coçou a cabeça envergonhado, enquanto Anastasia arregalou os olhos, surpresa.

– Você não está errado Garfiel, mas você diz isso de uma forma bem extrema. Afinal, fomos convidados pra cá, certo? – Emilia respondia Garf.

– Ainda sim, vocês terão que se enfrentar algum dia certo? Vai ser estranho depois de agirmos como se fossemos amigos.

– Isto é verdade. Garfiel é uma pessoa gentil, isto me precup...

– HK! Quem é gentil?! Do que diabos você está falando, dona Emilia?

– Espere um pouco, você já não enfrentou o Akashi antes? Inclusive, você enfrentou todos nós antes, e agora somos todos amigos. – Subaru diria, dando um sorriso enquanto tentaria convencer Garfiel com seu pensamento.

– Eh?! Chefe, não coloque "amigos" e "Akashi" na mesma fala. – Garfiel respondeu. – Aquele idiota do cabelo branco é meu rival jurado, e certamente estou mais forte que ele, o chefe é o chefe e todos os outros são amigos do chefe, portanto eu aceito conviver com os amigos do chefe sem reclamar.

– Você pensou nessa fala confusa apenas pra negar meu ponto?

Conforme esperado dele, Garfiel tentou se esquivar das palavras de Emilia e Subaru. Anastasia o olhou com curiosidade, se perguntado por que ele parecia tão envergonhado, até que...

– Ah! Garf está aqui! Por que a senhora não me avisou?!

A porta de madeira daquele quarto se abriu. O barulho foi causado por Mimi, uma demi-humana metade homem metade gato, seu rosto brilhou intensamente quando ela viu todas aquelas pessoas reunidas. Ela rapidamente entrou na sala e surpreendeu a todos ao agarrar firmemente o braço de Garfiel.

– Bem-vindo! Você está muito cansado, exausto, Mimi então vai levá-lo até seu quarto! O lugar onde você vai ficar! Ei, vamos lá, mexa-se.

– Ei espere, espere! Meu eu incrível não concordou com is... Oqueeee?! Você é forte!

– Por aqui! Por aqui! Vamos logo!

A pequena Mimi agarrou-se ao braço de Garfiel e, embora ele fosse forte o suficiente para se libertar, ele não pode evitar que Mimi o arrastasse para outro lugar. Talvez ela tivesse usando alguma técnica secreta ou coisa do tipo, mas é mais provável que Garfiel apenas não quisesse utilizar força bruta para se libertar. Afinal, apesar das aparências, os dois tinham a mesma idade.

– Er... – Era tudo o que Anastasia podia dizer a uma situação daquelas, observando a cena.

Garfiel se permitiu ser levado oferecendo o mínimo de resistência, no entanto, nem Emilia nem Anastasia pareciam estar preocupadas.

– Hah, Mimi sempre foi bem agitada, mas mesmo assim, isto me surpreendeu bastante.

– Ah, eu concordo. Que bom! Pensei que isso poderia ser um problema para você sabe? Ela te deixou sozinha.

– Não, de forma alguma isto seria um problema, entretanto...

Após a conversa, o olhar de Anastasia mudou de um olhar calmo para um olhar frio. Subaru inconscientemente se moveu para frente de Emilia.

– Eu gostaria que você me falasse que tipo de criança ele é, aquele que atraiu a atenção de Mimi.

Aquela era uma pergunta perigosa, era uma pergunta carregada com a raiva silenciosa e ardente que uma mulher tinha acerca de possíveis más influencias que cercavam sua irmãzinha, ou mesmo sua pequena filha. Esta pergunta transmitiu de maneira sutil que Anastasia amava Mimi, e que não queria que ela estivesse rodeada de más influências. Apenas pensar em como lidar com aquela situação já deixava Subaru exausto.

– Senhor Natsuki, por que de repente você ficou com uma cara tão cansada?

Naquele momento Otto, que havia retornado de acomodar os dragões terrestres junto com a carruagem, encontrou Subaru exausto e se juntou a reunião.

O famoso hotel de Pristella, "O Pavilhão Pluma d'Água'' era revestido por um piso de madeira que se assemelhava a tapetes de tatame. Aquele lugar tinha sido claramente adaptado para pedestres cansados, como era o caso de Subaru, que imediatamente se sentou em uma almofada. Beatrice calmamente sentou ao lado dele, Emilia e os outros pareciam confusos com a ideia de se sentar diretamente no chão. A longa mesa de madeira e o corredor largo lembravam uma pousada de estilo japonês, exceto pela falta de um piso que de fato fosse de tatame.

Entretanto, um verdadeiro especialista como Subaru encontrou alguns aspectos que mereciam perder alguns pontos.

– Por exemplo, este lugar não possui uma porta corrediça e nem uma porta de papel, e, infelizmente, os funcionários não estão vestindo quimonos. É estranho este lugar lembrar um ryokan, especialmente quando algumas características principais estão ausentes.

No fim das contas, Subaru não conseguia se livrar da sensação incômoda que aquele lugar lhe causava, ele não conseguia aceitar que um local tão parecido com o Japão existia em um mundo paralelo.

– Então, a minha nota total é de setenta pontos. É difícil de aceitar esse lugar, porém ele possui seus pontos positivos, é assim que eu avaliaria este lugar. Eu espero que eles trabalhem duro para melhorar no futuro.

– Sobre o que você está falando? – Beatrice perguntou.

– É uma forma de diversão barata, otimista e alegre que alivia a minha frustação... Eu ficarei bem mesmo que você solte minha mão.

– Apenas para garantir, eu vou segura-la mais um pouco, eu diria.

O aperto na mão esquerda de Subaru se fortaleceu ligeiramente, ele não disse mais nada a respeito, ao invés disso, ele se virou para Emilia que estava à sua direita. Ela, que estava examinando os arredores, percebeu o olhar de Subaru.

– É tão incrível, não é? É apenas um pouco esquisito quando visto de fora, mas quando eu entrei eu achei muiiiiito estranho, sentar no chão e ter que tirar os sapatos...

– Eu não tinha uma cama no meu quarto, eu tinha um futon no chão. Me surpreenderia se este lugar não tivesse nenhum... Será que os funcionários deixariam eu usar um?

– Mas que proposta incomum e desnecessária... ou melhor, Senhor Natsuki está familiarizado com os costumes do estilo Kararagi.

Otto, sentado em frente a Beatrice, se juntou a expressão "estilo Kararagi'' chamou a atenção de Subaru.

– "Estilo Kararagi?" Por acaso este lugar segue este estilo?

– Sim, este estilo arquitetônico "Wafu" é baseado no design do estilo-Kararagi, entretanto, este estilo não é bem difundido por aqui. Em Kararagi, designs semelhantes ao do Pavilhão Pluma d'Água são considerados tradicionais.

– Então por que esse hotel segue este estilo? É uma questão diplomática ou coisa do tipo?

Este edifício era sem dúvidas de design japonês. Subaru queria confirmar suas suspeitas sobre o motivo disto.

Como se para complementar os pensamentos de Subaru, Otto ergueu um dedo e falou.

– Isto seria por causa da própria história de Pristella. Hoshin da Planície foi responsável por sua construção. Aposto que você já ouviu falar dele, não é?

– Claro, eu ouvi bastante sobre esse tal Hoshin da Planície.

– Mesmo tendo nascido em um período tão obscuro, ele realizou grandes feitos. Mesmo chamá-lo de Sábio não seria um exagero. Entretanto, ele era tão deslumbrante que disputas acabaram acontecendo.

A história que Otto contou ocorreu há cem anos, quando Pristella foi dividida pela cultura de Lugnica e pela cultura de Kararagi. Pristella geograficamente ficava em Lugnica, porém seu fundador se autoconsiderava e era considerado por todos como um cidadão de Kararagi.

Lugnica não gostou da influência cultural de Kararagi e tentou acabar com qualquer traço desta cultura, as pessoas que ali moravam protestaram contra isso, resultando em disputas territoriais entre Lugnica e Kararagi. Eventualmente, as relações diplomáticas se deterioraram ao ponto de que os dois países estavam quase para romper totalmente qualquer relação que eles tinham.

– Felizmente, isto não durou, Lugnica e Kararagi foram capazes de restabelecer sua relação gradualmente. Durante este período, a influência da cultura de Kararagi sobre Pristella diminuiu bastante. Possivelmente, foi devido a isso que Lugnica flexibilizou suas medidas de segurança e pode estabelecer relações com Kararagi.

– De qualquer maneira, é bom que o problema entre os dois países tenha sido resolvido. Então, os costumes de Kararagi podem nos levar até Hoshin?

– Creio que sim, Hoshin foi uma pessoa com ideias inovadoras desde o começo. Ele teve uma grande influência tanto em questões tecnológicas, legislativas e ideológicas.

– Entendo...

Subaru tinha recebido sua resposta. A história de Otto confirmou que, Hoshin da Planície, fundador de Kararagi, tinha a mesma identidade de Al, Akashi e Subaru. Uma pessoa que foi invocada de outro mundo.

Subaru agora conhecia quatro pessoas que haviam sido invocadas em períodos diferentes, Hoshin há 400 anos, Al há 20 anos, Akashi e Subaru há um ano, com um mês e meio de diferença.

Subaru não entendia o porquê do intervalo de tempo, ou por que foi escolhido, tentar especular sobre essas coisas era perda de tempo. Porém, ele e Akashi certamente não estavam sozinhos. Apenas saber disto deu ao coração de Subaru um pouco de salvação.

– Parece que todos estão gostando do Hotel.

Uma porta deslizante de madeira abriu-se silenciosamente, Anastasia, que havia entrado no momento perfeito, estava do outro lado com um sorriso.

E, parado ao lado dela...

– Faz tempo que eu não te vejo, dona Emilia. Peço minhas sinceras desculpas pelo atraso. Eu deveria ter sido o primeiro a recebê-la.

Era um homem com cara de culpado, sua voz era doce e suave ao mesmo tempo. Só de ouvi-la, muitas mulheres assumiriam como sendo a voz de um anjo. Aquela era a voz do Cavaleiro dos Cavaleiros, Julius Juukulius, uma pessoa que só servia para irritar. Ao menos esta era a forma como Subaru via Julius.

– Mm, já faz um tempo, Julius. Você parece estar se dando bem.

– Fico feliz pela sua consideração. A beleza e a bondade da dona Emilia estão ficando cada vez mais refinadas. É como se a sombra do seu olhar fortalecesse este reino, enquanto o resto do mundo sofre com a sua ausência.

Subaru como sempre achou seu discurso pretencioso e nojento. Julius direcionou seu olhar para ele.

– Faz muito tempo que não nos vemos cara a cara. Você parece animado como sempre, senhor Natsuki Subaru.

– Pare com esta atitude falsa, isto me dá arrepios na espinha. " senhor Subaru" é meu cu. Você é muito previsível.

– É de conhecimento geral que você foi reconhecido como cavaleiro da dona Emilia. Seu antigo desrespeito a posição de cavaleiro deve agora ser ignorado por nós dois. Em primeiro lugar, como um cavaleiro, você está tentando se comportar adequadamente?

Subaru franziu a testa ao ver a atitude virtuosa de Julius.

– Sim, eu sou o cavaleiro dela agora. Ninguém imaginou que eu conseguiria, mas cá estou eu.

– Entendo... Sua posição pode ter mudado, mas sua atitude continua a mesma. ――Nesse caso, falarei sem cortesia.

Julius abandonou sua atitude formal e sorriu um pouco antes de se aproximar e olhar para Subaru, que estava sentado no chão.

– Então, vamos tentar de novo... Faz muito tempo que não o vejo, Natsuki Subaru. Você tem trabalhado duro diariamente para ser um cavaleiro honrado?

– Você ainda precisa perguntar? Afinal, eu fui espancado por alguém que me considerou desonrado, ou coisa do tipo.

– Parece que minha reputação está sendo atacada. Eu reconheço que foi um duelo horroroso... porém, há poucos meses, me ocorreu uma punição da qual jamais esquecerei.

– Não simplifique desta forma, seu maldi... espere, punição?

Entretanto, Subaru era indiscutivelmente o culpado na situação, mesmo que ele tentasse contra-argumentar de algum modo, as coisas só piorariam para ele. Portanto, em vez de tentar se defender, Subaru optou por ofender Julius com uma leve troca de piadas. Vendo isto, Julius estreitou os olhos como se dissesse "hmm''

– Sim, mas é algo do qual eu prefiro evitar de me lembrar. De qualquer forma, parece que algumas de suas falhas foram corrigidas. Se você aprender a olhar as coisas da perspectiva de um cavaleiro, certamente você vai longe. Ao que parece, dona Emilia e o senhor Roswaal perceberam o seu potencial. Ainda sim...

– Ao invés de falar sobre coisas assim, poderia parar de frescura e me contar o que houve pra você receber uma "punição"! – Subaru reclamava.

Depois de avaliar Subaru, Julius olhou ao redor, até que seus olhos amarelos pararam em Beatrice, que o encarou de volta com seus olhos azul-claros.

– O que foi? Você não deveria encarar tão fixamente para uma senhorita, eu diria.

– Isto foi terrivelmente rude da minha parte. Eu não esperava que um espírito de alto nível estaria aqui.

– Como Betty é a parceira de Subaru, é natural que eu esteja aqui. Eu estou em um nível completamente diferente desses semi-espíritos que você trouxe. De fato, eu me pergunto se a minha presença não o assusta.

Beatrice ficou de pé, colocou seus braços sobre os ombros de Subaru e estufou o peito. Sua atitude rabugenta era semelhante à relação entre Julius e Subaru, que era inferior a Julius em todos os sentidos, exceto por um. Ambos eram cavaleiros espirituais, porém o espírito contratado de Subaru, além de mais poderoso, era de nível superior em relação aos semi-espíritos de Julius.

Julius estava junto de seus seis semi-espíritos, cada um deles correspondia a um dos seis atributos. Espíritos Superiores são mais fortes que os semi-espíritos, que são mais fortes que os espíritos inferiores. Levando apenas isto em consideração, era possível concluir que Subaru e Beatrice eram a equipe mais forte.

Contudo,

– Se tratando de habilidade, temos tantos defeitos ao ponto de sermos um desperdício de potencial, não podemos nos comparar com você e seus semi-espíritos.

– Hmph. Se ele não parar de desrespeitar o Subaru... Ele vai ver o que acontece com quem despreza o parceiro de Betty, mesmo que ele seja um homem bonito que faça o coração de Betty palpitar, eu diria!

– Um homem bonito que faz seu coração palpitar?!

Aquilo não era oque Subaru queria ouvir, mas foi o próprio Julius, causador da discussão entre eles, que entendeu o motivo disto.

– Não entenda errado, seu espírito não vai lhe trair. Ele está apenas sendo influenciado pela minha proteção divina.

– Sua proteção divina...? Sério que você tem uma? Que tipo de proteção divina?

– Eu tenho a proteção divina da atração de espíritos. Simplificando, é uma benção que me garante afinidade com os espíritos. Só consigo manter meus seis semi-espíritos graças a minha proteção divina.

– Betty não vai ceder! Subaru é melhor que você... Eu diria!

– Obrigado! Não me machuque de novo daquela forma.

Embora o vínculo de confiança entre Subaru e Beatrice fosse inquebrável, ele ainda estava desapontado pela falta de uma resposta firme. Toda vez que Subaru confrontava Julius, ele sempre se lembraria de suas falhas. Este era o motivo principal de seu ódio por Julius.

– Como sempre, meu cavaleiro está de olho no Natsuki. – Anastasia diria, assistindo a cena.

– De forma alguma, como seu superior, eu apenas estava discutindo a atitude correta que um cavaleiro deveria ter. Os cavaleiros do reino de Lugnica podem ser julgados pelo seu comportamento... e escolhas.

– Bem, o Natsuki já tem uma reputação como cavaleiro, não é? Esse Julius é realmente desonesto...

Em resposta a provocação de Anastasia, Julius abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Discutir com Anastasia era inútil, no fim das contas ela provavelmente acabaria vencendo a discussão apenas para se gabar mais tarde.

Beatrice deu um tapinha no ombro esquerdo de Subaru, enquanto Emilia deu no ombro direito.

– Não se preocupe tanto com isso. Aparência não é tudo, eu diria. – Diria Beatrice, em tom amigável tentanto confortar Subaru.

– Estou tão feliz que Subaru e Julius estão se dando bem. Eu ficaria muito feliz se os dois se tornassem bons amigos. – Emilia faria o mesmo, do seu jeito.

Como as outras pessoas veriam aquilo? Tudo que Subaru poderia receber delas era um conforto inútil. Enquanto coçava suas bochechas, frustrado, Anastasia que até então estava de pé, sentou-se em frente a Subaru.

– Parando pra pensar, por que apenas vocês dois estão aqui? Mimi e Garfiel provavelmente estão em um encontro, mas...

– É como você disse, Mimi provavelmente deve estar agora com aquele menino loiro, Hetaro adora sua irmã, então ele provavelmente deve estar de olho neles, Tivey provavelmente deve estar de olho em Hetaro. É por isso que no momento eles não estão aqui.

–E Ricardo? Ele não veio? Eu sei que aqueles trigêmeos são bem fortes, mas ainda assim, não é reconfortante ter ele por perto?

Era estranho que Mimi, Hetaro e Tivey estivessem presentes, mas Ricardo não, especialmente porque ele cuidava das travessuras causadas pelos três. Também era estranho que Joshua, irmão de Julius, estivesse ausente.

– Infelizmente, não estamos em Pristella apenas para nos divertirmos. Ricardo e meu irmão Joshua estão tratando de negócios em outro lugar. A essa altura, você já conheceu Joshua certo?

– Sim... ele é bem parecido com você. Se ele não fosse tão magricela ele poderia te imitar perfeitamente. Na verdade, ele deveria fazer isso independente de sua condição física. Você pode se retirar agora.

– Vou lembrar desta sua opinião interessante, entretanto, isto seria difícil para Joshua. Ele fica desconfortável quando se trata de viajar excessivamente. Como seu irmão mais velho, eu me preocupo muito com ele.

Para o aborrecimento de Subaru, Julius levou seu comentário bobo a sério e começou a se preocupar com Joshua.

– Ehm-, eu não me importo com essa situação toda casual, mas agora que quase todo mundo está aqui, podemos fazer as apresentações? – Otto tentava cortar aquele clima.

– Eu também gostaria que nos apresentássemos, uma vez que as únicas pessoas que eu realmente conheço são Emilia e Natsuki. Eu gostaria de saber mais especialmente sobre este oficial que aparenta ser competente, e sobre o grande espirito.

– Uau! Não é comum que a dona Anastasia esteja sem informações. Algo de errado com seus informantes?

– Eu consigo imaginar o porquê você tem esta impressão, mas acho melhor não competirmos para ver quem tem as informações mais precisas.

Se esquivando da pergunta de Otto, Anastasia acenou com a cabeça na direção de Julius.

– Permitam-me me apresentar. Eu sou Julius Euclius, cavaleiro do reino de Lugnica, embora, atualmente sou apenas o cavaleiro da dona Anastasia.

Julius curvou-se ligeiramente para Otto, que assentiu em resposta ao elegante gesto do cavaleiro. Então, Julius começou a apresentar Anastasia.

– Esta é uma das candidatas da seleção real, Anastasia Hoshin, uma talentosa empresária que dirige a Companhia Hoshin de Kararagi.

– Certo... certo, Ok!

– É só uma apresentação! Não se deixe levar apenas por isso!

– Hk! Foi mal, é que foi uma apresentação simplesmente de tirar o fôlego.

Subaru deu um tapa nas costas de Otto, enquanto Anastasia o observava, satisfeita com a apresentação que Julius havia feito.

– Não se deixe intimidar apenas por títulos! Emilia-tan é uma candidata maravilhosa e ela não vai perder para Anastasia.

– Mm, isso mesmo. Eu também sou uma das candidatas da seleção real. Farei o meu melhor para ganhar.

– Ahhh, você é tão fofa. Eu não consigo deixar de falar, EMT!

– Me preocupa um pouco, o fato dessas suas brincadeiras me acalmarem de alguma forma...

Vendo suas brincadeiras típicas e sem sentido, Otto se recompôs e encarou a facção oposta.

– Obrigado pela sua apresentação detalhada. Reconheço que estou atrasado e que já deveria ter me apresentado. Meu nome é Otto Suwen, devido a certas circunstâncias causadas por um certo alguém, me tornei ministro da administração interna da dona Emilia.

– Parece que você se arrepende de ter tomado esta decisão.

– Originalmente, eu deveria ser apenas um simples comerciante, mas agora, veja só que rumo eu tomei...

Embora sua voz aparentasse tristeza, Subaru se manteve firme, não deixando Otto escapar.

Em seguida, todos se viraram para Beatrice. Vendo seus olhares, ela orgulhosamente estufou o peito e falou.

– Betty é o grande espirito, eu diria. Eu sou o espírito contratado de Subaru, eu diria. Como você pode ver, além de um grande espírito, eu também sou muito fofa, eu diria. Eu adoraria um chá delicioso junto com um lanche, eu diria.

– Mantenha sua dignidade até o fim.

Subaru a puxou para seu colo e começou a acariciar seus cabelos, enquanto ela olhava irritada.

– Bem, é por isso que ela tem um contrato comigo.

– Eu imaginei que você teria uma boa afinidade com o seu espírito, não foi algo que me surpreendeu, mas eu não imaginava que um contrato com um grande espírito como a dona Beatrice seria algo desse jeito.

– Não elogie muito a minha Beako, qualquer elogio apenas lhe subirá a cabeça.

– Humph. Estou declarando a minha insatisfação com este tratamento, eu diria.

Beatrice olhou para ele de uma forma como se não o suportasse, em resposta, Subaru apenas deu uma tapinha em suas bochechas. Agora que as coisas finalmente tinham se acalmado...

– Bem, agora que as apresentações acabaram, e a situação parece ter se acalmado, é hora de falarmos de negócios, ok?

Como ministro de administração interna da Emilia, era papel de Otto assumir liderança em conversas como aquela, garantindo que elas tomassem o rumo apropriado. Anastasia respondeu, enquanto brincava com seu lenço feito de pele de raposa branca.

– Eh...? Bem, nosso trabalho como anfitrião é entreter nossos convidados, se eles gostam disso...

– Em primeiro lugar, por que você nos convidou para Pristella?

– Não se preocupe, você não precisa ficar tão desconfiado, não estou tramando nada. Um ano se passou desde o início da seleção real, desde então, não tivemos nenhuma oportunidade para nos vermos, então eu pensei em nos reunirmos.

A maioria das pessoas seria facilmente enganada pelo seu comportamento gentil, mas Otto era um negociante experiente. Aquela conversa na verdade, era uma batalha entre dois comerciantes experientes.

– Levando em conta a nossa situação, nós estamos aqui basicamente por que você nos atraiu com uma isca. É natural que sejamos cautelosos em uma situação como essa.

– Bem, nós os convidamos por um motivo. Existem alguns artefatos em Pristella que vocês têm interesse, certo? Pense nisso como um presente.

– Como você sabia o que queríamos?"

– Isto é um segredo, um segredo de negócios, Natsuki. Vamos apenas dizer que eu sou uma garota muito curiosa e deixar por isso mesmo."

Anastasia cobriu sua boca enquanto dava risada. Era quase como se ela estivesse zombando da frustação de Subaru. Ciente de sua angústia, Beatrice não podia fazer nada, apenas suspirava enquanto observava Subaru, que se perguntava como Anastasia havia descoberto sobre sua situação.

– Não era como se eu tivesse tentando esconder a informação, então eventualmente ela iria vazar.

A confissão honesta de Emilia aliviou em partes as preocupações de Subaru. Anastasia piscou em direção a Emilia, que como resposta apenas inclinou sua cabeça para baixo.

– A partir deste momento, creio que seria melhor termos um pouco de consideração pelo que Anastasia fez, e parar de desconfiar tanto dela.

– Respondendo seu inimigo de uma forma tão bem intencionada... Mas saiba, eu não estou ajudando você puramente para o seu benefício, Emilia.

– De qualquer forma, graças a você estou perto de encontrar o que procuro. Muito obrigada. Sinceramente, não sei como eu poderia lhe recompensar, mas eu lhe agradeço muito.

Os olhos de Anastasia se arregalaram com a resposta de Emilia, para sua surpresa, Julius, que estava sentado ao lado dela, suavizou seu olhar, ela então, olhou para Julius.

– Algo de errado, Julius?

– Não, é que... é muito raro eu ver sua expressão de surpresa. Sinceramente, acho que ela é tão bonita quanto a sua expressão normal.

– Tentando se safar me bajulando... Mesmo assim, eu agradeço suas belas palavras.

Com a ajuda das palavras de Julius, Anastasia pôde se recuperar de sua surpresa, voltando a seu estado normal. Então, ela fixou um olhar penetrante em Emilia, que estava curiosa.

– Emilia, já faz um ano desde o início da seleção real e existe um problema, uma desvantagem, que você ainda não contornou.

– Mm, eu sei, tenho dificuldade em várias áreas e estou causando muitos problemas para todos... mas estou tentando melhorar, e me recuperar assim que possiv...

– Permita-me corrigi-la, o seu maior problema não é esse. Sua maior desvantagem na seleção real é a sua semelhança com a bruxa das histórias.

Anastasia respirou profundamente e sorriu, deixando Emilia chocada com a sua repentina mudança de atitude. Ignorando Emilia, Anastasia se virou para Subaru e Otto.

– E quanto a vocês dois?? Vão continuar a apoiá-la? Estejam cientes de que isto pode prejudicar a reputação de vocês. Ainda mais se souberem... que Akashi Taiga, membro da chapa da Emilia, foi considerado um criminoso por invasão de propriedade, agressão contra indivíduos inocentes em vilarejos, espalhando medo com um manto negro e cabelos brancos, e claro, invadindo o espaço em que o conselho de sábios estaria se reunindo e, previamente ameaçando e atacando os cavaleiros imperiais presentes.

Subaru, Emilia e companhia arregalaram os olhos de pura surpresa e espanto, Emilia perguntava, desacreditada...

– C-Como assim? O Akashi, um criminoso? Isso é impossível, ele...

– Impossível? Esse assunto havia se tornado o mais falado há alguns meses atrás na região de Kararagi, claro que chegou aos ouvidos do povo de Lugnica, mas parece que nem todos receberam essa notícia. A julgar por seu espanto, creio que nenhum de vocês ouviram sobre "O Vento Branco", correto?

Subaru rangia os dentes, sua expressão esboçava preocupação e medo, ele fitava o chão em silêncio. Na mente do rapaz, perguntas "Isso é verdade?", "Por que o Akashi faria isso?", "O que houve com o Halibel e o Izayoi?", Subaru acreditava que aquilo não poderia ser atoa e certamente houve um gatilho que levaria Akashi a tomar a decisão de viver dessa maneira.

– O que pode ter o levado a isso, ninguém sabe, ao que me contaram, ele invadiu a reunião dos Sábios implorando por ajuda para irem até o Império de Vollachia matar alguém, esse mesmo alguém massacrou uma cidade inteira numa região da propriedade dos Barielle, e como ninguém optou a ajudar, iniciou-se uma batalha que gerou um problemão para as costas de Akashi, mas temo que esse assunto não precise ser tão falado e nem tocado.

– E por quê não?! O meu amigo está por aí fazendo besteiras e ninguém está lá pra ajudá-lo ou impedir que ele continue!

Os olhos de Anastasia se tornariam frios por um momento, escutando a reclamação de Subaru, ela diria com uma expressão séria enquanto Subaru e todos na sala ouviam atentamente.

– Por quê Akashi Taiga está morto. Ele foi completamente dizimado juntamente do Templo dos Sábios por Reinhard Van Astrea.

Emilia cobriu a boca com suas mãos, arregalando seus olhos em espanto, Subaru estremece de raiva e tristeza, Otto abaixou sua cabeça entristecido, e Beatrice parecia estar inexpressiva, mas com um sentimento ruim guardado em seu coração. Repetinamente, Akashi levou uma de suas mãos ao seu peito e suspirou...

– Não... – Ele diria. –... Algo me diz que Akashi não se foi, eu tenho certeza disso.

– Impossível, eu ví acontecendo, eu estava lá Subaru. – Julius respondeu, com uma voz firme. – Eu vi quando tudo o que havia alí foi reduzido a pó com aquela explosão, não tinha como Akashi fugir daquilo!

Julius acredita que Akashi teria morrido, mas algo lhe dizia que, assim como Subaru, Akashi Taiga está vivo em algum lugar... Julius viu e sentiu na pele o quão forte Akashi atualmente é, além de sua velocidade que foi o suficiente para tirar os cavaleiros e guardas desacordados do Templo a tempo do combate prosseguir, em segundos.

– Você perguntou se ainda apoiariamos a Emilia, mesmo ela sendo semelhante a bruxa, ou sabendo que Akashi pode ter manchado nossa reputação por suas decisões descuidadas. E eu respondo, que sim, eu vou. E farei meu melhor, sempre apoiarei ela não importa o que aconteça! Vou seguir acreditando que o Akashi ainda tá vivo, por aí, e que um dia nos encontraremos e colocaremos a cabeça dele no lugar...!

– Por causa disso, a maior parte do fardo recai sobre mim. Eu também não tenho outra opção...

Subaru ergue o polegar, seus olhos determinados, enquanto Otto o encarava com um olhar amargo. Vendo suas atitudes conflitantes, Anastasia reajustou seu lenço feito de pele de raposa branca.

– Ótimo... está tudo bem. A final de contas, vocês certamente entendem o valor da gratidão.

– Gratidão hein? A gratidão é incrível. Você não precisa mantê-la em estoque e ela também não tem prazo de validade. – Otto respondia.

– E o mais importante...

As palavras de Otto foram as mesmas de Anastasia, uma vez que ambos se tratavam de comerciantes experientes.

– Não há necessidade de colocar um preço...

Ambos falaram ao mesmo tempo, em uníssono.

Anastasia bateu palmas enquanto Otto abaixava seus ombros. Parecia que aquele era um ditado entre os comerciantes. Ambos tinham uma visão assustadoramente idêntica sobre "gratidão"

– Agora, falando sobre o que Emilia precisa... uma pedra mágica incolor com o maior nível de pureza possível.

– Sim, isso mesmo. Você pode me dizer o que você sabe sobre?

No caminho para Pristella, Emilia estava ciente de que ela estava agindo por egoísmo, ela sentiu-se culpada e não queria envolver Subaru, Otto e os outros em seus próprios problemas.

No entanto, a oportunidade estava bem na sua frente, ela naturalmente sentiu que deveria agir. Ela estava mais perto do que nunca de ver sua preciosa família novamente.

– A melhor fornecedora de minerais de alta densidade é a Companhia Muse. A pessoa responsável por ela, vive nesta cidade, Kiritaka Muse――Um homem que teve seu coração roubado por uma cantora.

E, enquanto isso.

Akashi Taiga ficava em pé sobre a grande construção no centro da cidade de Priestella, seu corpo envolto por um manto negro que ondulava ao sabor do vento. Seus olhos brilhavam com determinação enquanto ele contemplava a paisagem urbana abaixo, sua mente absorta em pensamentos profundos sobre seu destino.

De repente, a voz ressoou em sua mente, como uma memória de quando estava naquele espaço separado, trazendo consigo uma aura de mistério e urgência:

– Akashi Taiga, ouça-me atentamente. As Quatro Abominações, os Mensageiros do Caos, conhecidos como os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, surgirão neste mundo dentro de um ano. Seu dever é guardar consigo a arma que lhe foi confiada para exterminar aqueles que trarão o fim ao mundo que você conhece.

Akashi atentamente ouvia a voz, que logo finaliza...

– Você guarda um poder oculto que só se revelará na hora certa, e deve permanecer selado até que esse momento chegue. Até lá, mantenha o foco em sua misão atual, em breve, a Seita da Bruxa surgirá em Priestella portando em seus corpos o "miasma de Nazgaroth" o fundador dos Quatro Cavaleiros de um mundo totalmente diferente, esse miasma entrega forças obscuras para uso de seus portadores, você deve arrancar esse miasma de um por um, e purifica-lo para nunca mais ocorrer de afetar alguém.

– Espere, espere, então... agora, meu foco será a Seita da Bruxa que vai estar possuída por forças de lá pra onde Judas perdeu as botas, e vou ter que aguardar um ano pra enfrentar os culpados?

– Precisamente, eles surgirão em Kararagi, então é melhor que fique atento por lá... Hokori Kogarashi será uma grande ajuda, caso precise.

Akashi absorveu as palavras com seriedade, seu coração acelerando com a gravidade da situação. Ele sabia que seu destino estava entrelaçado com a batalha iminente contra as forças do caos. Com um aceno determinado, ele aceitou o fardo que lhe foi dado e jurou proteger seu mundo a todo custo.

– Tá bom, parece que meu rumo mudou mesmo...

Os olhos carmesim emitiam um leve brilho notável pela escuridão do capuz, enquanto aquela mesma voz ecoou em sua cabeça "Eu lhe entrego, o poder para ver através das mentiras ocultas desse mundo." E assim...

...Continua......

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