Uma Reunião Surpreendente, uma Reunião Predestinada e uma Reunião Não Intenciona

As negociações entre Kiritaka e Emilia ocorreram de forma inesperadamente tranquila, sem nenhum problema para nenhum dos lados.

Kiritaka, como um empresário, provavelmente queria se mostrar imparcial quanto as candidatas da seleção real. No entanto, Emilia o abordou diretamente, o que significa que esse encontro foi um evento muito importante para ele.

Obviamente, Emilia, enquanto tomava goles de chá oferecidos por cortesia, não enxergava a situação da mesma forma. Garfiel, que estava ficando cada vez mais viciado nas sobremesas oferecidas, também não havia considerado a importância e as consequências políticas daquele encontro.

Pode ser dizer que, na sala de recepção da Companhia Muse, o único que estava ciente da situação e poderia conversar com Kiritaka era Otto.

Kiritaka: Eu entendo que vocês percorreram um longo caminho. Por favor desculpe-me por não poder encontrá-los em um lugar conveniente para vocês. Embora eu entenda que fui desrespeitoso, devido a minha posição, é inviável para mim viajar livremente… além disso, eu também fiquei bastante apegado a este lugar. – Diria o rapaz, Kiritaka Muse.

Otto: De forma alguma, esta é uma maneira muito razoável de se pensar. Nos que deveríamos nos desculpar por interferir em sua agenda lotada. – Otto lhe respondia, de maneira compreensível.

Kiritaka: Tratarei tudo o que você precisar de mim com a maior prioridade e cuidado.

Enquanto trocavam cumprimentos educados, Otto examinou o homem a sua frente. O famoso Kiritaka Muse era muito conhecido, mesmo fora de Pristella. Seu comportamento exibia uma imagem imponente e elegante.

Ele ainda era bem jovem, provavelmente algo entre os 25 e 30 anos. Seu corpo alto e magro estava vestido com roupas finas, seu cabelo dourado claro estava meticulosamente penteado na parte de trás de sua cabeça. Seus ornamentos de aparência exótica mostravam seu bom gosto, sua natureza introvertida e concisa mostra que ele provavelmente foi muito bem educado.

Otto, como ministro de assuntos internos da facção da Emília, havia, sem perceber, acumulado uma grande experiencia em negociações. Graças a isto, ele foi capaz de julgar a atitude de Kirtaka como quase perfeita.

Falando francamente, Emilia tinha uma sorte incrível de ter Otto junto com ela.

Se Emilia tivesse que confrontar Kiritaka sem Otto, ela certamente teria sido persuadida por sua retórica habilidosa e acabaria gastando demais em coisas caras, e inúteis no fim das contas.

Desde o ano passado, essa era a impressão que Otto tinha sobre Emilia.

Kiritaka: Posso perguntar o que vocês precisam de mim? De acordo com o mensageiro da senhorita Anastasia, o que vocês querem é algo fornecido pela minha empresa.

Otto: Talvez seja cedo demais para dizer. Na verdade…

Interrompendo Kiritaka, que começou a tratar do assunto principal, Otto olhou para Emilia.

Emilia se contentou em deixar as negociações para Otto. Garfiel, da mesma forma, manteve seu comportamento de sempre, comendo as sobremesas enquanto fixava seu olhar em um canto da sala, observando uma figura calma, vestido de branco da cabeça aos pés.

Nas palavras de Kiritaka, o homem de branco estava apenas para a proteção contra visitantes excessivamente assertivos.

Kiritaka: Recentemente, o mundo não tem estado em um estado de paz, por isso, eu gostaria que ele estivesse presente. Ainda mais com as notícias daquele criminoso dos cabelos brancos, por precaução, quero garantir a presença deste homem para me proteger.

Otto conhecia o homem vestido de branco.

Dizia-se que a Companhia Muse de Pristella possuía uma força mercenária conhecida como “Escamas do Dragão Branco” um grupo bastante conhecido até mesmo em Lugnica. Aquele homem provavelmente era um dos seus membros.

Os rumores diziam que o grupo apenas operava localmente, mas, há alguns anos, eles se aliaram a Companhia Muse. Se esses rumores forem verdade, então, possivelmente Kiritaka foi o responsável por formar a aliança.

Otto: Nós temos um pedido especial. Estamos procurando por um tipo raro de pedra, até mesmo para os padrões da Companhia Muse. Procuramos por um minério mágico incolor com um alto nível de pureza. Espero que seja algo que possamos comprar com você.

Tendo em mente que Kiritaka não era alguém com que Otto pudesse se dar ao luxo de ser descuidado, Otto fez seu pedido. Enrolar e falar de forma vaga não faria sentido. Afinal, Kiritaka provavelmente já havia descoberto o propósito daquela visita mesmo antes que ela fosse agendada. Ele também não poderia recusar um pedido direto de Emilia.

Kiritaka: Entendo… Realmente nós temos minérios mágicos em estoque… de fato também temos minerais mágicos da mais alta qualidade, superior aos demais comerciantes. Dona Emilia, não importa quantos minerais incolores você queira, também estamos dispostos a prepar…

Otto: Senhor Kiritaka. Por favor, seja direto conosco. Nós fizemos nosso pedido: um mineral mágico incolor do mais alto nível de pureza. Isso é tudo que precisamos.

Kiritaka: Isso é muito rude…

Kiritaka não estava simplesmente não sendo objetivo. Ele estava usando uma técnica de negócios. Apesar de compreender perfeitamente as intenções de Otto, ele casualmente citou o nome de outros produtos que possivelmente chamariam a atenção de Emilia. Para ele, a mercadoria já estava marcada como vendida mesmo antes da negociação ter começado. A única questão pendente era o preço.

Otto: Eu entendo que estamos pedindo algo que realmente possa ser problemático para você, então, para atender o preço, nos preparamos que certamente será benéfico para você. Direitos de mineração de minerais mágicos na Floresta Elior, que faz parte dos territórios de Mathers, que apoia a dona Emilia na seleção real.

Kiritaka: Por favor, não transforme essa negociação em um tipo de fraude que confunde os preços. Nós somos a única empresa formal que comercializa minérios mágicos brutos, não podemos considerar essa proposta. Na área em que atuamos, o credito é tudo para nós. Tenho certeza que você entende, senhor Otto?

Otto suspirou silenciosamente. Kiritaka parecia conhecer suas origens.

Os negócios da família Suwen não eram nem de longe tão famosos quanto os da família Muse, mesmo assim, não significava que eles eram desconhecidos. Aqueles que apoiavam cada uma das candidatas da seleção real eram minuciosamente investigados junto com as próprias candidatas.

Apesar das investigações, muitas perguntas ainda permaneciam sem resposta, como por exemplo, a origem de Emilia. Seu passado misterioso definitivamente não lhe favorecia.

Garfiel viveu toda a sua vida no Santuário, e Emilia passou um século congelada na Floresta Elior. Tanto o Lolimancer (Subaru) quanto seu espirito contratado, e o "vento branco" tinham suas origens desconhecidas. Portanto, a identidade de Otto que facilmente tinha sido descoberta, certamente era utilizada frequentemente contra ele.

Kiritaka: Senhor Otto? Sua aparência parece ter mudado subitamente. Você está bem?

Otto: Claro, por favor não se preocupe comigo. Eu apenas pensei em algo desconcertante que me deixou meio desconfortável, só isso.

Balançando a cabeça paras as palavras de Kiritaka, Otto decidiu abandonar temporariamente aquela linha improdutiva de pensamentos. Mais uma vez, ele pediu que Kiritaka desse uma resposta direta a sua pergunta. Kiritaka assumiu uma atitude meditativa:

Kiritaka: É claro que não deixaremos de abrir mão de oferecer nossas mercadorias, não importa o quanto você discuta, e é claro também seguiremos o pedido da dona Emilia.

Otto: Então…?

Kiritaka: Entretanto, o minério magico que vocês estão solicitando é especial. Na verdade, quando eu fui enviado pela primeira vez para a Companhia Muse em Pristella, o presidente, ou seja, meu pai, me deu esse minério como um presente. Em vez de tratá-lo como uma mercadoria, eu prefiro pensar no valor sentimental.

Otto se manteve calado, independente da história ser verdadeira ou falsa, Kiritaka fez um movimento astuto. Enquanto ouvia suas palavras, Otto mordeu o lábio.

Como Kiritaka havia dito, o minério mágico extremamente raro que eles solicitavam era mais que um produto comercial. Levando em conta a magnitude das transações da Companhia Muse, esta era uma oportunidade muito boa para se buscar um lucro extra. Então, como o valor adicional poderia ser compensado? Não com mercadorias, mas com sentimentos. Uma vez que o minério era algo importante, isso significava que ele precisava ser trocado por algo igualmente importante.

Emilia: Entendo… Eu não sabia que era algo tão importante para você.

A expressão de Emilia mostrava que a história de Kiritaka parecia ter a tocado profundamente. Otto poderia apenas concluir que Kiritaka não estava atuando e forjando aquela história, considerando o quão culpado ele parecia.

Ação e esforço são necessários para se obter o resultado desejado. Otto refletiu isso consigo mesmo enquanto limpava sua garganta.

Otto: Agradeço pela sua gentileza. – Diria Otto para Kiritaka. – Ainda assim, nós esperamos conseguir aquilo que viemos buscar.

Kiritaka: Eu entendo. Eu sou um comerciante que vende minérios mágicos e sei que é melhor que esse minério brilhe nas mãos de quem precisa ao invés de servir apenas como decoração em minha casa. Estou disposto a dar a vocês. Existem apenas algumas condições.

Otto: Condições… Deixe-me ouvi-las.

Tendo estabelecido que haveria um preço adicional, Kiritaka começou a real negociação. Depois que Otto concordou em ouvir as condições, Kiritaka levantou três dedos.

Quais seriam as condições irracionais? Apenas pensar sobre isso causava em Otto uma leve dor no estomago.

Kiritaka: Primeiro de tudo, a Companhia Muse sabia que a dona Emilia estava procurando por este minério mágico. Entretanto, com o objetivo de mantê-lo afastado de pessoas mal intencionadas, nos ocultamos a informação que tínhamos tal minério. Espero que você entenda.

Otto: Isto é natural. Dizer isso de forma tão aberta, sem tentar esconder nada, remove as minhas suspeitas.

Inicialmente, Kiritaka havia negado possuir qualquer conhecimento sobre os assuntos da facção de Emilia. Mas, com o intuito de garantir o sucesso dessa negociação, ele decidiu não omitir mais esse conhecimento.

Kiritaka: Então, vamos a segunda condição. Após a assinatura do contrato, quero informar a Companhia Hoshin sobre a nossa transação e confirmar sua legitimidade.

Otto: Compreendo… sem problemas.

Aparentemente, havia algum tipo de acordo entre a Companhia Muse e a Companhia Hoshin. Ele parecia querer revelar semi-publicamente que Emilia tinha uma dívida com Anastasia.

Embora fosse algo meio incômodo, era um pedido legitimo, Otto não poderia recusar.

Até agora, nenhuma das condições era um problema, nenhuma seria o suficiente para que o acordo fosse comprometido. Então… a terceira condição, assim que ele dissesse suas intenções verdadeiras ficariam claras.

Kiritaka: Terceira condição—Evite qualquer contato com a cantora Liliana que atualmente reside nesta cidade.

Otto: Huh?

Ao ouvir aquele nome aparecendo do nada, Otto congelou.

Emilia e Garfiel que o acompanhavam, tiveram aquela mesma reação—não, na verdade, aqueles dois permaneceram inalterados desde o início da negociação. Emilia apenas tomava goles do chá e Garfiel apenas encarava a figura vestida de branco. Apesar de eles terem deixado as negociações na mão de Otto, a completa ausência de Garfiel e Emilia irritou levemente Otto.

Otto: Me desculpe, mas eu acho que eu não escutei direito. Você disse apenas para eu evitar contato com uma cantora…?

Kiritaka: Não, não houve nenhum mal-entendido, você não escutou errado. Estas condições são tudo oque pedimos. Se você tiver alguma dúvida, pergunte, e por favor, trate este negócio com cautela…

Otto: Se você não se importar, posso perguntar o motivo? Não me lembro de nosso acordo ter alguma coisa a ver com uma cantora.

Kiritaka: Não é algo que precisa ser dito… Você aceita essa condição?

Seu tom de voz diminui, pela primeira vez expondo o lado emocional de Kiritaka. Otto não era capaz de compreender aquela condição, ele não sabia o que fazer.

A terceira condição havia ultrapassado os limites de sua imaginação. Aceitar não representaria nenhum obstáculo futuro para Emilia, embora ela pudesse se arrepender de não poder conhecer a cantora que Anastasia havia mencionado, não era algo que fosse importante o suficiente para se desistir da negociação. O fato deles terem chegado a um acordo tão facilmente foi surpreendente.

Otto não esperava que as negociações fossem ocorrer tão bem, embora Kiritaka ainda poderia mudar de ideia. Subaru, que estava perdido no meio do caminho, chegaria em breve, tornando aquela situação tranquila em algo problemático. Antes que ele chegasse, Otto queria acabar logo com a negociação.

Otto: Dona Emilia, tudo bem para você, você concorda?

Emilia: Mm. Estou um pouco desapontada, mas acho que não tem jeito.

Ouvindo a confirmação de Emilia, Otto aceitou a terceira condição e fechou o negócio. Kiritaka estava satisfeito com o resultado e a parte mais estressante da negociação havia terminado. Agora, eles discutiriam o preço real, em dinheiro, e talvez comprar algumas outras coisas.

Kiritaka: Existem alguns outros produtos de qualidade que talvez os interessem… gostariam de vê-los?

Kiritaka se levantou e pegou um baú de madeira de sua prateleira. Ao abrir, o baú emitiu um brilho forte, deslumbrando Otto e Emilia.

Dentro dele, haviam os mais diversos tipos de pedras mágicas, todas dispostas em almofadas, sendo a mais radiante a pedra incolor e transparente.

Esta era a pedra que Emilia estava buscando.

Kiritaka: Gostaria de vê-la?

Ao ouvir as palavras de Kiritaka, Emilia levantou a cabeça. Ela acenou com a cabeça e esticou os dedos nervosamente em direção a pedra. Mas, naquele momento…

Garfiel: Dona Emilia…

Homem de branco: Jovem mestre…

Simultaneamente, os dois guardas chamaram os respectivos mestres. Eles se encararam e depois direcionaram o olhar para seus mestres, que estavam surpresos.

Garfiel: Duas coisas barulhentas estão se aproximando.

Homem de Branco: Parece o som de passos vindo do andar de baixo. Permita-me investigar.

Ele caminhou silenciosamente em direção a porta enquanto Garfiel tensionava seu corpo. O som do barulho estava se aproximando cada vez mais, até que parecia estar bem na frente da porta—

???: Vocês duas são tão rudes, sempre brigando desse jeito! Shush! Emilia-tan está negociando lá dentro…

Aquela voz era familiar para três pessoas da sala. O homem de branco abriu a porta da sala de recepção, revelando um rosto familiar assustado. Com duas garotas pequenas ao seu lado, aquele homem, Subaru, era definitivamente digno do título de Lolimancer.

Emilia: Subaru?

Ouvindo Emilia chamar, Subaru, pálido, finalmente se deu conta da presença de todos. Naquele momento, Otto queria reclamar, mas se conteve e decidiu apenas observar como os outros iriam reagir.

E então, Subaru ergueu as mãos e deu um sorriso fraco.

Subaru: A-ah… Emilia-tan. Que coincidência…

Emilia: Coincidência? Por que você estava fazendo tanto barulho…? Uh, senhor Kiritaka?

Ouvindo a surpresa de Emilia, Otto demorou a reagir.

Kiritaka enfiou sua mão no baú de pedras magicas, enquanto encarava Subaru com um olhar frenético. Ele pegou uma pedra mágica pura de cor azul, e…

Kiritaka: Na, na, na, na, na, na, NÃO TOQUE NA MINHA LILIANA!!

Junto de seus gritos frenéticos, uma pedra mágica foi lançada em direção a Subaru. Sem ninguém para impedi-lo, a pedra voou em direção a Subaru, derrubando seu corpo com uma explosão azul.

Homem de Branco: Minhas desculpas por esse espetáculo constrangedor. O Jovem Mestre geralmente é calmo, mas quando se trata da senhorita Liliana, ele fica furioso… Tentarei acalma-lo, mas, por hoje, vamos terminar as negociações por aqui.

Após o termino da comoção, o homem de meia-idade vestido de branco atuou como mediador, acalmando os dois lados. Ele curvou a cabeça em pedido de desculpas.

A voz frenética de Kiritaka ainda podia ser ouvida, mesmo através da porta fechada. Aquela cena não deveria ser vista por estranhos, então, os membros da facção da Emilia foram conduzidos para fora da sala.

Liliana: o SenhorKiritaka é realmente problemático, até mesmo tirou minha chance de falar com a dona Emilia e Subaru-sama! Ugh, estou tão chateada, ugh!

Por outro lado, a raiva de Liliana também era sem fim. Enquanto resmungava, ela anunciou que havia criado uma nova música, fazendo Beatrice franzir a testa, a música se chamava “O Mestre da Vanguarda da Vida e a Morte”.

Homem de Branco: Senhorita Liliana, por favor perdoe o Jovem Mestre.

Liliana:…Eu entendo.

Embora tenha levado muito tempo para que ela entendesse, Liliana finalmente se acalmou. A presença de Subaru transformou aquela negociação tranquila totalmente infrutífera.

Subaru: Em outras palavras, Liliana é uma fã raivosa, completamente obcecada por nos. Kiritaka sabia disso e queria nos impedir de rouba-la. Essa era o propósito da 3° condição?

Otto: E apenas quando eu estava prestes a terminar a negociação, o senhor Natsuki tinha que chegar e arruinar tudo. Eu finalmente entendo agora. Ter você por perto traz algum benefício?!

Subaru: Eu reconheço que foi minha culpa, mas quem imaginaria que depois que eu ficasse com enjoo as coisas acabariam assim… Não é como se fosse algo que eu pudesse ter controle.

Otto não conseguia esconder sua insatisfação com o resultado das negociações.

Subaru também estava insatisfeito, após ser explodido por uma pedra mágica de Kiritaka, além disso, as negociações de amanhã seriam feitas com Kiritaka ainda irritado.

Emilia: Por favor não se irrite tanto, Otto. Subaru não fez isso propositalmente, as vezes essas coisas acontecem…

Subaru: Exatamente. Continue Emilia-tan.

Emilia: Subaru, também tenho algo para lhe dizer. Você não deveria ter falado tão alto com a Liliana. Nos éramos os convidados lá, definitivamente causamos muitos problemas a eles.

Subaru: Sim, me desculpe

Subaru curvou a cabeça em sinal de desculpas a Emilia, ela apenas acenou com a cabeça, como se dissesse “muito bom”. Otto apenas deu um suspiro, impotente ao ver a discussão entre Subaru e Emilia.

Otto: De qualquer forma, as negociações de hoje acabaram, então devemos voltar ao Pavilhão Pluma d’Água. Entretanto, tenho algo que preciso fazer agora. Me encontrarei com todos mais tarde.

Subaru: Algo que precisa fazer agora?

Com essas palavras inesperadas, todos se voltaram a Otto, que apenas gesticulou na direção da sede da Companhia Muse.

Otto: Nos esforçamos muito para chegar aqui em Pristella, então eu gostaria de dedicar um tempo aqui para melhorar nossas relações. Embora, é necessário apenas que eu vá. Talvez chegue o dia em que a dona Emilia tenha que me acompanhar. Se isso acontecer, terei que incomoda-la para que vá, dona Emilia.

Emilia: Sim eu entendo. Mas por que eu não sou necessária hoje?

Otto: Se você aparecer sem avisar, eles podem não conseguir recebe-la apropriadamente. Precisamos ser atenciosos sobre aonde você vai.

Emilia: Sim, eu entendo. Levarei isto em conta.

Após ouvir a resposta de Emília, Otto respondeu com um “Por favor, vá logo para casa” como se estivesse falando com um grupo de crianças, depois, Otto desapareceu nas ruas do segundo Distrito. Quanto a Garfiel, ele queria acompanhar Otto, porem foi rejeitado com a resposta “Priorize a dona Emilia.”

Emilia: Então Subaru, sobre o que você estava falando com Liliana?

Subaru: Oh? Emilia-tan está preocupada sobre eu conversar com outras garotas? Fico feliz com essa mudança sutil.

Emilia: Não. Não se preocupe. Eu apenas queria saber que tipo de pessoa a Cantora era. Mas tudo bem, mesmo que você tenha entendido errado.

Subaru: É melhor para mim se eu entender errado?!

Emilia, como sempre, naturalmente e sem piedade cortou o coração de Subaru. Mas de qualquer forma, ela deu uma razão para Subaru conversar com ela, então, ele começou a falar sobre sua experiencia anterior.

Subaru: Inicialmente, quando a encontramos no parque, eu pensei que sua música fosse super poderosa. Foi uma performance surpreendente, até mesmo para a Cantora. Certo, Beako?

Beatrice: Eu não vou negar este ponto, de fato. Eu não nego, eu diria.

Emilia: Beatrice parece tão angustiada, o que aconteceu?

Subaru: Muito talento em uma área vem com um preço em outras áreas. Liliana é um exemplo perfeito disso.

Subaru podia entender perfeitamente a angustia de Beatrice. Liliana se dedicou seu coração e sua alma para a música, mas acabou se tornando uma garota lamentável.

Subaru: Resumindo, em vez de se esforçar para ser uma pessoa extremamente talentosa em uma área, você deve se esforçar para ser uma pessoa ligeiramente bem sucedida em todas as áreas.

Garfiel: Ooh, que negócio filosófico, chefe. Se a musica dela o fez pensar dessa forma, deve ter sido incrível.

Subaru: Não vou negar. Conhecer Liliana valeu apena apenas para chegar a esta conclusão.

Todos decidiram voltar a pé para o hotel. Se eles fossem pelos canais novamente Subaru ficaria enjoado, sendo mais uma vez deixado para trás.

Emilia: Como Otto disse, não foi fácil para chegarmos aqui, então quero apenas passear e apreciar estas ruas lindas.

Em vez de fazer Subaru se sentir culpado pois eles estavam indo a pé apenas por causa dele, Emilia formulou seu raciocínio como um pedido fofo. Subaru não tinha queixas e Beatrice e Garfiel também não se opuseram.

Subaru: Se eu não pudesse acompanhar Emilia-tan de volta para o hotel, eu teria enlouquecido de preocupação.

Beatrice: Voce não precisa se preocupar, de fato. Se nos metermos em problemas, Betty vai colocar a mão esquerda na parede, eu diria.

Subaru: Eu acho que eu já falei sobre os defeitos deste método.

Garfiel: Vocês dois não precisam se preocupar, afinal temos o meu nariz incrível. Seja o cheiro do hotel ou daquele anão diabólico, meu eu incrível se lembra.

Subaru: Heh, isso me fez lembrar do tempo que Akashi esteve conosco, ele vivia farejando o ar como se fosse um cachorro.

Se lembrando de seu amigos desaparecido, e percebendo que Garfiel usou o cheiro de Mimi como exemplo, Subaru deu uma risada maliciosa. A atitude de Mimi com Garfiel, embora fosse intrigante, provavelmente apenas se tratava da boa vontade de Mimi. Além disso, eles também eram da mesma idade. Subaru achava que eles combinavam bem. Assim como Akashi e Garfiel possuiam apenas alguns meses de diferença, e brigavam como irmãos e, eventualmente, rivais.

Garfiel ainda era o mesmo, se dedicando apenas para Ram. Ela no entanto, apenas o tratava como um irmão mais novo, nada mais.

Subaru: De qualquer forma Garfiel, você é meu irmãozinho caçula, como seu irmãozão mais velho, estou torcendo pelo seu sucesso no amor. Espere aí, o Akashi já me chamou de "irmãozão" uma vez... e ele tem interesse na Frederica, isso soa tão estranho.

Garfiel: Ahh? Por que cê disse algo tão meloso e estranho, chefe? Cê ta me deixando enjoado. Alías, nem pense que aquele cabelo de neve vai arranjar alguma coisa com a minha mana, eu acabo com ele, se tentar!

Subaru deu um tapinha no ombro de Garfiel, como se dissesse “Eu entendo”. Garfiel inclinou a cabeça e riu, expondo seus dentes extremamente afiados. Subaru esperava do fundo do coração que o amável e bem intencionado Garfiel encontrasse a felicidade.

Emilia: Esta cidade é realmente muito bonita e adorável. Tudo parece tão novo e as pessoas aqui parecem tão felizes. Não consigo não ficar animada.

Os arredores da cidade pareciam maravilhar Emilia, e, vendo sua expressão, Subaru também ficou feliz. A arquitetura da cidade provavelmente passou por um grande esforço para ser projetada, todas as coisas funcionais pareciam obras de arte. Emilia tinha um bom ponto para ficar encantada com a cidade. A cereja do bolo era, claro, os lindos canais de Pristella, que também serviam como meio de transporte.

Subaru: Embora a cidade tenha sido construída desta forma, as origens de seu projeto são desconhecidas.

Emilia: Aparentemente esta cidade desafiou os limites da tecnologia da época, uma vez que tinha o objetivo de manter majuus perigosos presos dentro da cidade. Mas ainda assim, não deixa de ser um lugar bonito, certo?

Emilia parou em uma ponte em frente a um canal e sorriu.

Subaru, apenas acenou com a cabeça, como se dissesse “Sim”.

Por alguma razão, Subaru tinha chegado tão longe, ate aquele ponto. Os resultados que ele conseguiu e os resultados que ele buscava, desde que pudesse ser alcançado, nada mais importava.

Por que o mais importante de tudo não era o começo, mas sim o fim.

Subaru: Foi o que você disse mãe… – Subaru se recordava de Naoko Natsuki, sua mãe, durante os eventos no Santuário. – Quer dizer, se os resultados forem bons, então está tudo bem?

Emilia: O que você acabou de dizer?

Subaru: Eu so lembrei das palavras mágicas que a mulher que eu mais respeito no mundo me disse.

Os dias daquelas memorias se foram, mas mesmo assim, Subaru ganhou muita coragem daqueles dias.

Seria impossível esquece-los, as lições que ele havia aprendido daquela época era algo que não poderia ser esquecido. Natsuki Subaru, hoje, viveu com aquelas memorias dentro dele.

Vendo Subaru e Emilia rindo juntos, Garfiel e Beatrice esperaram ao lado.

Aqueles dois estavam ocupados em seu próprio mundo, e ninguém poderia interrompe-los. Mesmo Beatrice reconheceu isso.

Beatrice: Ele tem uma expressão tão boba no rosto, de fato.

Garfiel: Quando um homem compartilha o bom humor com a mulher que ele gosta, é natural que ele haja dessa forma. Meu eu incrível está aliviado, parece que o chefe é um homem mesmo.

Beatrice: Eu me pergunto o que isso significa, eu diria.

Garfiel: Não, é só que o chefe fica perto de muitas garotas pequenas e muitos homens…. Se ele não fosse tão próximo da dona Emilia….

Beatrice: Subaru é realmente um homem masculino, de fato! Ele é tanto um homem quanto um pervertido, eu suponho! Ele está sempre disposto a tocar Betty e Petra aleatoriamente, eu diria!

Garfiel: Essa não é uma boa maneira de defender ele, é?

Os dois conversaram bastante sobre as preferências de Subaru e sobre sua reputação em tocar garotinhas mais novas que ele. Subaru e Emilia, satisfeitos com a bela vista da cidade das águas, nem ao menos escutaram a conversa irracional entre Garfiel e Beatrice.

Emilia: Bem, é hora de voltar. Além disso, eu também quero admirar o hotel novamente. Sua estrutura é tão estranha, mas ainda assim é um lugar bem interessante.

Subaru: Arquitetura Wafu…( um estilo japonês) Também quero vê-la novamente, embora seja por um motivo diferente, um motivo menos adorável do que os de Emilia-tan.

Emilia: Sério? Entao devemos nos apressar.

Emilia retirou a mão do corrimão, e deu alguns passos para trás, sorrindo entusiasmada. Ela estava um pouco impaciente, não confirmando que não havia ninguém atrás dela.

Emilia: Ah

???: Whoops

Emilia esbarrou em um homem encapuzado que estava passando por eles. Ela quase cambaleou ligeiramente, sendo segurada pelo homem.

Emilia: M-Me desculpe. Eu não prestei atenção no que tinha atrás…

Subaru: Me desculpe também. Esta criança… ela é problemática. Eu irei repreende-la.

Envergonhada, Emilia se desculpou com o homem encapuzado. Subaru, junto dela, também curvou a cabeça para o homem. Ele tomou o cuidado de não a chamar de Emilia, era uma precaução para evitar que as pessoas saibam dessa comoção causada por ela. Claro, o capuz que ela usava também impossibilitava que ela fosse reconhecida.

Então, desde que eles fizessem o mínimo de contato com alguém, não acarretariam em demais problemas.

???: Desta vez, eu que me descuidei. Afinal, eu me distraí um pouco com a garota.

Subaru: Se distraiu?

???: Essa garota que eu acabei de conhecer tem belos cabelos prateados, não é? Certa vez, quis me casar com uma mulher, esta mulher tinha este mesmo cabelo. Lembrar daquele cabelo fez com que eu não conseguisse desviar a tempo.

Seu comentário, em vez de parecer algo urgente, entretanto, sua voz soou bem lenta e intrigada.

Julgando pela sua voz, o homem, vestindo uma longa túnica, parecia bem jovem. Ao ouvir a palavra “casar”, Subaru congelou, e imediatamente julgou aquele homem como alguém que ele não queria perto de Emilia.

Subaru: Sim, nos podemos considerar isso como uma falha de ambos os lados. Uma vez que já nos desculpamos, podemos seguir em frente.

Emilia: Espere, Subaru. Este foi um pedido de desculpas um tanto insincero e apático.

Subaru: Tudo bem, não?

Subaru queria que Emilia saísse logo, ela por outro lado parecia estar sem palavras. Vendo seu comportamento, o homem lentamente balançou sua cabeça.

???: Eu não me importo. Eu não a culpo e nem guardo rancor, sinta-se livre para ir. Se nos encontrarmos novamente, o destino nos dará outra oportunidade.

Subaru: Ahh, isso é verdade. Talvez o destino nos guie para que nos encontremos novamente.

Aceitando a despedida poética do homem, Subaru respondeu da mesma maneira e finalmente saiu com Emilia em sua mão. Subaru olhou rapidamente para ela. Naquele momento, por razões desconhecidas para ele, Emilia estava com uma expressão significativa ao olhar por cima do ombro de Subaru para o homem que eles tinham acabado de deixar para trás.

Subaru: Claro, minha atitude não foi boa, mas eu queria proteger Emilia-tan e sair de perto daquele cara estranho.

Emilia: Hm? Ah, certo. Eu realmente não achei a atitude de Subaru muito boa, uma vez que eu que cometi o erro, mas, não era nisso que eu estava pensando…

Os olhos de Emilia estavam confusos. Entretanto, com uma expressão meditativa e lábios trêmulos, ela continuou…

Emilia: Aquela pessoa de agora… Sinto que eu já a conheci antes… pelo menos é o que eu senti, mas como sua cara estava escondida, não pude ter certeza…

Subaru: Alguem que Emilia-tan conhece? Bem, eu provavelmente deveria conhecer também.

Emilia: Mm… não sei… Quem era ele…?

Provavelmente por ainda estar lhe incomodando, Emilia virou-se, porém, ele já havia desaparecido, e ela não tinha ideia de onde ele poderia ter ido.

Garfiel: Por que você tá se borrando enquanto segura a mão da dona Emilia?  Tá com medo que aquele cara vai roubá-la de você?

Vendo Subaru e Emilia emergindo da ponte, Garfiel se aproximou deles e Subaru mostrou a língua para ele.

Subaru: Idiota, não é hora pra esse tipo de coisa. Se um cara estranho vem e se aproxima, você tem que vim ajudar. Se for um oponente que eu não consiga lidar, então Emilia-tan estaria em perigo.

Garfiel: Supondo que isso aconteça, então cê vai protegê-la com sua vida. Isso é o que faz o chefe um homem.

Subaru: Se eu agisse como um escudo, talvez eu aguentaria um golpe. Se o inimigo continuasse aí então certamente teríamos problemas. Eu não tenho confiança na minha resistência, tanto fisicamente quanto mentalmente.

Ouvindo a avalição humilde de Subaru sobre si mesmo, Garfiel riu. Ele sem duvidas acreditava que Subaru estava apenas sendo humilde, porém, para Subaru, aquela era uma avaliação adequada. Talvez fosse mais correto dizer que Garfiel superestimava Subaru.

Garfiel: Não se preocupe. Se meu eu incrível achar que algum miserável vai atacar, então ele será mandado pelos ares. Alem disso, o maluco lá se movia de forma normal, não é como se ele soubesse lutar ou coisa do tipo.

Subaru: Voce pode ter certeza disto?

Garfiel: Só olhando. Também digo que o Chefe não gosta de brandir espadas, por isso que tinhamos o idiota do cabelo branco como espadachim. Meu eu incrível poderia concluir apenas olhando para seus pulsos.

Subaru: Sério? Parece algum tipo de truque mágico.

Subaru nunca havia falado para Garfiel sobre sua experiencia com kendo no colégio. Ele já havia se dado conta que sua “habilidade” não teria utilidade naquele mundo. Mas aparentemente, pessoas experientes daquele mundo conseguiam perceber que Subaru já havia praticado.

Subaru: Dito isto, você ainda está preocupada, Emilia-tan?

Subaru deixou esses pensamentos de lado e falou com Emilia, que ainda estava olhando ao redor procurando pelo homem, ate que finalmente desistiu, balançando a cabeça.

Emilia: Mm, está tudo bem. Desculpe por causar problemas, vamos voltar.

Subaru: Bem, quando chegarmos, certifique-se de abraçar Mimi por um tempo, vai fazer você se sentir melhor. Oops, estarei abraçando você também Beako, não precisa se preocupar.

Beatrice: Betty não disse nada, eu suponho!

Ouvindo a reclamação de Beatrice e Subaru com uma expressão orgulhosa, Emilia riu. Então cobrindo a boca, ela respondeu…

Emilia: É verdade, abraçar Mimi deve ser muito reconfortante. Eu definitivamente vou abraça-la.

Enquanto Emilia falava, ela olhou ao redor uma última vez, e então mudou seu olhar inquieto para um sorriso.

???: Entendo…Agora eu compreendo o significado.

Um homem falou, cobrindo sua boca com a manga do casaco. Ao se lembrar da garota que ele acabou de encontrar, sua boca formou um sorriso, um sorriso que transmitia uma sensação horrível.

???: Me esforcei muito para vir aqui. Se minha viagem tivesse sido em vão, eu não poderia deixar passar como se nada tivesse acontecido. Uma vez que esta é uma recompensa especial, então é outra história….

As palavras eram suaves, mas a voz que as anunciou era estranhamente pegajosa. Era como se a sensação tivesse sido cozida em uma panela pegajosa e depois deixada de fora sobre o sol e a lua. A sensação era definitivamente desagradável.

???: Nunca abrirei mão de nada que eu possuo, e quero que aquilo que eu possuo seja perfeitamente adequado para mim. Uma vez que eu sou perfeito, devo sempre permanecer satisfeito. Portanto, sentir o vazio, seria, naturalmente, insatisfatório.

O homem falou enquanto levantava sua cabeça. Naquele momento, seu capuz caiu, revelando seus cabelos brancos. Com o vento soprando em seus cabelos, o homem ligeiramente infeliz, anunciou…

???: Devo torna-la minha 79° esposa, para preencher esse vazio.

Na cidade das águas, o demônio de cabelos brancos anunciou, com um ar de zombaria em sua voz.

Após se encontrarem com o estranho homem encapuzado, a jornada se procedeu sem mais nenhum incidente. Ocasionalmente Emilia olhava para a água e entrava em reflexão profunda, mas escondia seu desconforto com um sorriso antes que alguém conseguisse questioná-la.

A única característica distinta do homem que encontraram foi o seu capuz, mas parecia que havia uma conexão entre ele e Emilia. Da perspectiva de Emilia, sua atitude foi um tanto cortês. Ele pode ter sido um pouco extremo ao descrever seu cabelo, mas, o mais importante é que os cabelos prateados de Emilia raramente causavam um boa impressão nas pessoas, ao contrário do caso do homem.

Subaru: Falando nisso, a capa que inibe o reconhecimento…

Subaru repentinamente percebeu que os efeitos da capa mágica de Emilia, a qual ela sempre usava para esconder sua identidade, não afetou aquele homem. Se a capa estivesse funcionando normalmente, o homem teria sido capaz apenas de perceber a existência de Emilia. No entanto, ele aparentemente havia visto seus cabelos prateados.

O que quer dizer que o homem conseguiu resistir ao feitiço da capa.

Subaru: Beako.

Beatrice: Então você também percebeu. Emilia e Garfiel não notaram e estão andando por aí despreocupados, eu diria. Crianças descuidadas.

Beatrice, andando lado a lado com Subaru, sabia exatamente com o que ele estava preocupado.

Enquanto ela distanciava Subaru de Emilia, ele colocou sua mão no queixo e franziu as sobrancelhas.

Subaru: Eu não acho que ele usou algum truque, mas aquele homem é simplesmente suspeito. As capacidades da capa de impedir o reconhecimento não deveriam ser resistidas tão fácil assim.

Beatrice: Então, ou ele é proficiente em magia ou tem alguma bênção… seja como for, ele não é um homem qualquer, eu suponho. Mas que incômodo.

Subaru: Devemos dizer alguma coisa pra Emilia?

Beatrice: Não é necessário. Se ele tivesse agido com segundas intenções, Emilia provavelmente teria percebido, eu diria. Não precisamos nos preocupar tanto.

Ao ouvir a afirmação de Beatrice, Subaru respondeu com um “Entendo” e aceitou.

Beatrice disse aquilo que acreditava ser correto. Já que ela normalmente observava humanos como passatempo e estava prestando bastante atenção na atitude de Emilia, Subaru a ouviu. Não havia porque causar nervosismo desnecessário.

Ainda assim, Subaru e Beatrice precisam ao menos continuar alerta.

Nesta vasta cidade, se encontrar com o homem mais uma vez era improvável. Mas havia a chance de que ele estava buscando entrar em contato com eles, então é necessário ser cuidadoso.

Garfiel: Acelera aê, chefe. Se você for devagar tipo a Beatrice então a gente só vai chegar lá já ao pôr do sol.

Beatrice: Pare de dizer coisas desnecessárias, eu suponho. Sua criatura fedorenta e irritante.

Garfiel se virou para eles, rindo alegremente em resposta aos insultos de Beatrice.

Subitamente sua expressão mudou. Suas orelhas iam de um lado para o outro e seu nariz se contraiu levemente.

Subaru: Algo de errado?

Garfiel: É só que, perto do hotel… tô ouvindo uma discussão.

Assim que Garfiel terminou de falar, eles viraram a esquina e Subaru também escutou a comoção. Parecia de fato que alguém estava furioso.

Subaru: Parece que vai virar uma briga, mas que bagunça.

Garfiel: Já que o chefe fez uma bagunça e tanto lá nas negociações, você acha que tem moral pra chamar isso aqui de bagunça? Se eu não tivesse lá na Câmara de Comércio, você ia ser levado pelos guardas.

Subaru: Aquilo foi só o meu charme irresistível… Emilia-tan?

Subaru de repente avistou Emilia, que havia acabado de passar ao seu lado, e chamou seu nome, mas ela o ignorou.

Emilia: Essa voz, ela soa bem familiar… na verdade, eu acho que é do Joshua.

Garfiel: Ah, tem razão. Soa mesmo com a voz daquele desgraçado fracote.

Emilia: Seria preocupante se ele estivesse em perigo. Vamos lá.

Deixando o não tão tenso Garfiel para trás, Subaru correu atrás de Emilia. Ao virar outra esquina, ele finalmente pôde ver o Pavilhão Pluma d’Água, onde…

???: Tá bom, desgraçado, quantas vezes eu vou ter que falar isso!? Para de ser um peso morto e vai chamar logo tua mestra!

Joshua: Você é tão barbárico que nunca nem chamaria meu irmão aqui, imagina a minha mestra! Por favor, se retire enquanto ainda consigo dialogar calmamente!

???: Ei, não tá entendendo o que eu tô dizendo? Bora então, desgraçado!

Um homem jovem de cabelo roxo—Joshua estava parado na frente do hotel de braços abertos gritando com outro homem. Embora estivesse olhando para o outro lado, Subaru conseguia ver que ele era um tanto corpulento. Julgando pela atitude dele, uma briga entre os dois seria inevitável.

Emilia: Já chega!

No tempo que demorou para Subaru julgar as diferenças em suas capacidade de combate, Emilia havia corrido até eles e os separado. Ao ser empurrado, o rosto de Joshua demonstrou surpresa.

Joshua: D-Dona Emilia?

Emilia: Eu estava voltando da negociação quando ouvi vocês dois. Brigando na frente da pousada assim. Qual o motivo pela discussão de vocês? Se acalme e conte-me mais.

Ela falava como se fosse o mediador de uma briga entre duas crianças. Nesse momento as coisas começaram a se acalmar.

—Garfiel suspirou de decepção quando os alcançou, como se estivesse dizendo “Ahhh, cadê a porradaria?”.

Joshua: Todo mundo está chegando um atrás do outro… perdão pelo incômodo.

Emilia: Sem problemas. Agora nos conte mais sobre a discussão de vocês.

Joshua: Não posso incomodar a dona Emilia com algo tão bobo…

Joshua teimosamente recusou a intervenção de Emilia no assunto, como se estivesse preocupado que ela usaria esta oportunidade ao seu favor. Se era esse o caso, então ele só estava sendo paranoico. Nem mesmo em um século Emilia pensaria em algo assim tão astuto.

???: Não foi nada demais. Me mandaram aqui, mas esse cara aí não quer me deixar passar. Então eu já tava preparado pra dar uma surra nele.

Em meio àquele momento tenso, o homem que havia discutido com Joshua levantou a voz. Seu olhos afiados encararam Joshua com malícia, ele reclamou da recepção em um tom de voz ameaçador.

Joshua: Quantas vezes eu terei que dizer isso? Se vai esconder sua identidade, pelo menos faça direito. Mesmo usando essas roupas chiques, você não pode esconder sua índole. Mentiras têm seus limites!

???: Foi mal então! Também não gosto de ter que me vestir desse jeito. Tô fazendo isso em nome de outra pessoa! Ah, entende logo o que eu tô dizendo, porra!

O homem coçou sua cabeça, frustrado com Joshua, que se recusava a acreditar nele. Mesmo com a interferência de Emilia, eles continuaram brigando.

Emilia: Sério isso? Como que resolvemos isso? Subaru, como será que… Subaru?

Emilia, que estava preocupada com os dois homens teimosos brigando, virou-se para Subaru, que estava pensativo, franzindo as sobrancelhas e com uma de suas mãos no queixo. Estava de olho no homem discutindo com Joshua.

Emilia: O que foi, Subaru?

Subaru: Nada, talvez eu esteja enganado… mas acho que já vi ele antes…

???: Hã? Quê? Tá querendo comprar briga comigo tam… hk!?

Ao ouvir a conversa entre Subaru e Emilia, o homem virou-se na direção deles com seu olhar penetrante. Mas, assim que viu Subaru, seu corpo instantaneamente enrijeceu.

Com seus lábios tremendo, ele apontou para Subaru.

???: V-Você… aquela vez com o Reinhard…!

Subaru: Aquela vez com o Reinhard é meio específico… ah

Para Subaru, “Aquela vez com o Reinhard” era a única pista.

E então Subaru percebeu quem era. Ele está mais bem-vestido que antes, e sua atitude era um tanto diferente, mas seus olhos malignos não mudaram nada.

Subaru: Chin! Chin, certo?! Nossa, há quanto tempo. Por que você tá aqui?

Chin: Não fica agindo como se a gente se conhecesse! Quem é esse tal de Chin!? Meu nome é Rachins!

Subaru: Então é Chin afinal!

Rachins: Cala a boca!

Subaru colocou uma mão no ombro de Chin, e Chin — Rachins, rapidamente a afasta. Subaru franziu os lábios em resposta à sua atitude fria.

Emilia: Você conhece ele?

Subaru: Ah. Bem, ele é um rosto familiar que me lembra de quando eu me encontrei com a Emilia-tan pela primeira vez em um beco. Foi quando ela me salvou de um assalto.

Emilia: Eh, isso me… hã, assalto?

Subaru: A outra vez que eu vi ele foi quando você foi convocada para a Cerimônia da Seleção Real, fiquei preso em um beco com a Priscilla e ele atacou a gente com os seus amigos. É, ele é gente fina.

Beatrice: Para a Betty, parece mais que ele é lixo humano.

Ao ouvir o que Subaru disse, Emilia e Beatrice reagiram de forma apropriada. Garfiel, que estava um pouco atrás, estalou os dedos ruidosamente, e a expressão de Joshua ficou ainda mais séria. Assim que a situação se tornava mais sinistra, o rosto já pálido de Rachins ficou branco.

Subaru: Garfiel. O que você acha?

Garfiel: Meu incrível eu não vai pegar leve não, é?

Rachins: E-Espera, espera um segundo! Sério, espera! Espeeeeera!

Rachins sentiu a aura de Garfiel e imediatamente percebeu como não tinha chances de vencer. Pode-se dizer que ser capaz de perceber isso era uma habilidade que Rachins desenvolveu neste ano que se passou. Ele caiu de joelhos, implorando com suas mãos sobre a cabeça, logo em seguida apontando para o hotel.

Rachins: É a verdade! Fui convocado aqui… não, minha chefe que foi convocada! Mas ela disse que ia dar mais umas voltas pela cidade antes, então me mandou aqui pra pousada notificar vocês. Não tô mentindo!

Garfiel: Ahh, saquei, saquei… mas, que tal explicar mais devagar?

A atitude ameaçadora de Garfiel não mudou enquanto se aproximava de Rachins. Embora Subaru se sentisse mal por Rachins, não havia motivo para ter uma impressão melhor dele. Seu jeito de vestir pode até ter mudado, mas seu caráter não, então era praticamente impossível dar uma boa impressão. Era inevitável que Joshua barrasse a entrada dele no hotel. Sinceramente, Subaru podia simpatizar com ele.

Garfiel: Ei, mas que azarado, hein, desgraçado. Escolher bem o hotel em que o meu incrível eu tava é muita falta de s— kh!

Garfiel estava encurralando Rachins contra uma parede com o punho cerrado.

No entanto, seus movimentos foram abruptamente interrompidos quando ele rapidamente virou sua cabeça em outra direção. Seu olhos se arregalaram por um breve momento, logo em seguida se estreitando. Ele ficou de cabelos em pé, seus dentes, garras e músculos todos reagiram como se estivessem entrando em uma zona de guerra.

Uma reação súbita e imediata.

Os instintos de batalha de Garfiel despertaram, por isso Subaru e os outros foram infectados pela tensão. Ele seguiu o olhar de Garfiel e…

???: Rachins, eu estava preocupado que não voltaria. Houve algum problema?

Nesse momento, Subaru viu uma ilusão de ótica, como fogo em pé à sua frente.

As chamas eram de vermelho vivo, assumindo uma forma humana. Não, não era só uma forma humana—era humano. Cabelos vermelhos como uma labareda, olhos azuis como um céu cristalino. Seu fino corpo estava envolto em roupas brancas e seu rosto elegante era inesquecível.

Sua aura, que estava batendo com força naqueles por perto, era a mesma aura que alguém sentiria ao ver um herói. E era exatamente o caso aqui.

Sem sombra de dúvidas. O nome deste homem era…

Subaru: —Reinhard!

Ao ouvir a voz rouca de Subaru, o jovem homem em questão sorriu gentilmente. Era um sorriso reconfortante que visava acalmar as pessoas.

Apenas com este sorriso, Subaru sentiu como se tivesse sido tomado nos braços por um guardião da paz. Todos pareciam estar relaxando também.

Reinhard: Há quanto tempo, Subaru. Não esperava te ver aqui. Embora nossa reunião seja graças ao Julius, que me chamou aqui.

Subaru: O-Oh. Há quanto tempo. Espera, você tá dizendo que também foi chamado pelo Julius?

Reinhard: Tecnicamente, foi a dona Felt aceitando o convite da dona Anastasia. Estou aqui apenas como seu cavaleiro, e não esperava vê-lo aqui.

Como sempre, a presença de Reinhard ofuscava a de todos os outros. Embora Subaru já tivesse experienciado isso antes, ele nunca havia sido afetado tanto ao ponto de ter dificuldades em continuar uma conversa casual.

O fato de Subaru conseguir sentir a aura de Reinhard, a qual antes desconhecia, era uma prova de seu próprio desenvolvimento. Quanto mais Subaru treinava, mais ele percebia as diferenças entre os dois.

Reinhard: Entendo. Já faz um ano, não é? Você parece bem melhor do que na última vez que te vi. Isso me deixa feliz.

Subaru: Não diga isso desse jeito, faz parecer que você tá tirando uma com a minha cara. Eu tava um pouco orgulhoso do meu avanço, mas ver você me faz sentir como se não tivesse sido nada.

Reinhard: Não era minha intenção. Quando se trata do meu avanço. Estou um tanto decepcionado. Não mudei muito neste meio-tempo, sinceramente, é um pouco vergonhoso. Mas, em contrapartida, outra pessoa mudou bastante neste período.

Subaru: Hã? Quem? Se refere a Felt?

Reinhard: Bem, a dona Felt também passou por algumas mudanças, mas me refiro em uma outra pessoa em especial. O Akashi não te contou, quando chegou em casa? Eu o treinei durante dois meses, e ha alguns dias ele saiu do castelo da dona Felt.

Isso era provavelmente porque Reinhard já havia alcançado seu limite, como um jogador que alcançou o nível máximo em um jogo. Ao ver um homem que obviamente já era extremamente forte querendo ser mais forte, Subaru não tinha escolha a não ser se sentir intimidado. Porém, ao ouvir sobre Akashi...

Os olhos de Subaru e seus companheiros se arregalaram em espanto, seus queixos caíram desacreditados diante da notícia. Aquilo não apenas os surpreendeu, mas também trouxe um alívio, confirmando que a intuição de que Akashi ainda vivia estava correta.

Subaru: Calma aí, você o treinou também? Mas, e quanto ao Halibel?

Reinhard: Ele não lhes disse nada sobre o que ocorreu ha 7 meses atrás?

Subaru: Na verdade, ele ainda não retornou, não temos notícias dele desde que partiu. Tanto que acabamos de descobrir sobre seus últimos feitos durante uma conferência com os sábios e os cavaleiros através da Anastasia... diziam que você havia o matado.

Reinhard: Ele não retornou...? Que estranho, o cocheiro garantiu de ter o levado para casa. Tanto que eles passaram numa residência onde um mordomo de monóculo os atendeu.

Ouvindo aquilo, Emilia olhava para Subaru, preocupada. Ela diria em um baixo tom "A residência da senhorita Annerose", logo recebendo um aceno em afirmação por parte de Subaru.

Garfiel apenas se manteve calado, seus olhos focados em Reinhard, enquanto um suor gelado escorria de seu rosto.

Subaru: Não pode ser... será que o capturaram e agora ele está preso em algum lugar secreto?

Beatrice: A Betty acredita que é uma possibilidade, mas considerando de quem estamos falando, é impossível que o capturem tão facilmente, de fato. Se ele chegou na região do Mathers, deveriamos ter percebido qualquer movimentação suspeita nos últimos dias, eu diria.

Reinhard: Eu concordo com isso, afínal de contas, não acho que alguém consiga capturar o homem que conseguiu duelar contra Julius e eu, além de derrotar inúmeros cavaleiros por conta própria. Sei que não foi nenhum cavaleiro, guarda ou alguém do governo, caso o contrário, teria sido notificação antes.

Subaru: Eu espero que esteja tudo bem... eu confio na força dele, e do modo que você tá dizendo, ele provavelmente ficou ainda melhor do que antes. Mas eu me preocupo com o Akashi, se alguém tiver feito algum mal a ele...

Reinhard: Fique tranquilo, Subaru. Vamos acreditar que está tudo bem, acredito que, em breve, teremos notícias. Vamos nos manter otimistas.

Subaru suspirou em silêncio, enquanto Reinhard tentava apresentar um sorriso confiante. Logo, o cavaleiro ruivo prosseguia,

Reinhard: A propósito, Subaru.

Subaru: Oh, uh, o que foi?

Reinhard: Aquele que está me encarando já faz um tempo, é amigo seu? Se for o caso, agradeceria se o pedisse para se acalmar um pouco.

Reinhard sorriu na direção de Garfiel, que estava extremamente tenso, parecia que ele estava preparado para correr em frente com seus dentes e garras à mostra para caçar uma presa. Eram armas as quais Subaru confiou inúmeras vezes neste último ano. No entanto, Subaru não achava que Garfiel seria capaz de machucar o jovem Reinhard que estava em sua frente.

Subaru: Garfiel, pare. Esse é o Reinhard. É meu… amigo. Ele não vai te machucar, eu não permitiria.

Subaru hesitou levemente antes de dizer “amigo”.

Ele foi salvo pessoalmente pelo Santo da Espada e a última vez que viu Reinhard foi em sua humilhação na sala de treinamento dos cavaleiros. Quando Reinhard estendeu sua mão para ajudá-lo, Subaru a recusou.

No entanto, enquanto Subaru pensava nisso tudo, Reinhard acenava alegremente com a cabeça.

Reinhard: Bem, já fui apresentado pelo Subaru. Eu sou seu amigo, Reinhard van Astrea. Agradeceria se pudesse me dizer seu nome.

Garfiel: —É Garfiel Tinsel.

Reinhard: Um belo nome. Você é bem-treinado. É incrível para alguém tão jovem. Você e o Akashi devem ter a mesma idade, acredito que já se conheçam?

Subaru fica perplexo com a precisão das afirmações de Reinhard.

No ano seguinte da saída de Garfiel do Santuário, ele aprendeu muito sobre o mundo exterior e conseguiu um temperamento um pouco mais calmo. Se Garfiel tivesse que acalmar sua atitude e seu jeito de falar, então iria parecer que ele tinha vinte anos, quando na verdade ele tinha apenas quinze.

As palavras de Reinhard indicavam que Garfiel havia sido lido feito um livro.

Reinhard: Eu ouvi alguns boatos sobre os guardas da dona Emilia. Garfiel Tinsel, o Mais Forte dos Escudos, e Natsuki Subaru, o Cavaleiro da Meio-Elfa. Me orgulha chamá-lo de amigo.

Subaru: Tô feliz que finalmente alguém me chamou pelo título adequado. Inclusive, pode memorizar aí, que Akashi Taiga é, "O vento branco". Seria bom memorizar o título do nosso querido espadachim cabeça oca.

Reinhard: Heh, eu já tenho esse último título bem memorizado, mas eu gostaria de lembrar dele como o título de um espadachim, e não de um ex-criminoso procurado. Inclusive, Eu ouvi alguns outros títulos, mas digamos que não eram muito agradáveis. Falando nisso, o espírito do título “Cavaleiro Espiritualista” é aquela garotinha ali?

A atenção de Reinhard voltou-se para Beatrice, que se encolheu ao lado de Subaru, que segurou sua mão. Reinhard se ajoelhou para olhá-la nos olhos.

Reinhard: Consigo dizer que você é um grande e respeitado espírito. É uma honra poder falar com você assim.

Beatrice: …Betty é o espírito contratado com o Subaru, Beatrice. Até que aprecio sua admiração, eu diria. É só que, mantenha sua distância. Tenho certeza de que sabe o porquê, eu diria.

Reinhard: Entendo perfeitamente. Desculpe por incomodá-la.

Ao contrário de Garfiel, ela não demonstrou nenhuma cautela. No entanto, ela se agarrou à mão de Subaru com um pouco mais de força que o normal, e não conseguia esconder que estava tremendo levemente.

Mas não era porque estava com medo. Era outra coisa.

Então Reinhard, com suas palavras de respeito e humildade, virou-se para Emilia.

Reinhard: Dona Emilia, perdão por não cumprimentá-la anteriormente, há quanto tempo. Mesmo em meu território, ouvi sobre suas conquistas várias e várias vezes.

Emilia: É, há quanto tempo, Reinhard. Já faz um ano desde que nos vimos no palácio. Também ouvimos sobre suas conquistas.

Reinhard: As nossas nem se comparam às da dona Emilia. Não pude fazer muito para ajudar minha mestra. Visto o que Subaru fez, posso apenas ficar frustrado.

Emilia: Hahaha. É, o Subaru é incrível. Estou orgulhosa do meu cavaleiro.

O peito de Emilia se encheu de orgulho após ouvir os elogios de Reinhard. Embora ela obviamente não tenha percebido a retórica social, ouvir o que Emilia disse deixou Subaru feliz, mesmo que a situação fosse igualmente constrangedora.

De qualquer jeito…

Subaru: Parece que já nos cumprimentamos o suficiente, mas você que chamou o Rachins pelo nome mais cedo?

Emilia: Ah, verdade. Você o conhece, Reinhard?

Reinhard: Sim. Ele está trabalhando sob as ordens da dona Felt no momento. Embora seja difícil encontrar ocasiões nas quais ele seja útil, a dona Felt tem altas esperanças nele.

Subaru: A Felt contratou esse cara?!

Subaru ficou em choque ao ouvir esta informação. Reinhard virou-se para Subaru e franziu as sobrancelhas de forma a pedir desculpas.

Reinhard: Perdão por falhar em considerar seus sentimentos, especialmente quando eu estava presente no beco em que vocês se encontraram. Muitas coisas aconteceram depois disso… quando eu disse aquilo para dona Felt, ela exigiu que eu o levasse para lá.

Subaru: Pois bem, se é o que você diz então não tem do que duvidar, mas… sério, que tipo de coincidência é essa? Esse cara, se bem que… foi só ele?

Reinhard: A dona Felt contratou os três, incluindo ele. Estes três foram de fato os homens que tentaram assaltá-lo no beco. Pouco depois de terem sido atacados por um garoto vestido de mordomo na capital, ao que disseram, ele estava vestido exatamente como você, Subaru.

Subaru: Atacados por um garoto?... esse Akashi, desde cedo arrumando encrenc— Espere, o trio inteiro foi junto?!

Perante esse destino cruel e maquiavélico, Subaru não tinha escolha a não ser amaldiçoar os céus.

Logo depois de ser levado para esse outro mundo, Subaru foi atacado várias vezes pelo mesmo trio de pessoas. Ele não havia esquecido deles, mas também não esperava encontrá-los neste lugar.

Emilia: Bem, deixando a surpresa do Subaru de lado… Rachins está sob o seus cuidados e os da Felt, correto?

Reinhard: Correto. A dona Felt queria passear pela cidade antes e o enviou para notificar a pousada de sua chegada. Vim aqui pois ele ainda não havia retornado.

Reinhard repetiu o que Rachins havia dito, enquanto Rachins acenava rapidamente com a cabeça.

Rachins: I-Isso mesmo! Fiquei falando isso várias e várias vezes. Todo mundo duvidou de mim por nada. Exijo desculpas, ora!

Reinhard: Rachins. Já te disse isso muitas vezes, mas suas palavras como mensageiro não contêm autoconsciência. Embora as pessoas possam captar a situação em geral, acreditar em você é difícil.

Rachins: Desgraçado, tá do lado de quem aqui?

Reinhard: Estou do lado da justiça. E, neste caso, acho que um mal-entendido entre você e o irmão de meu amigo era inevitável.

Desviando o olhar do irritado Rachins para Joshua, Reinhard sorriu para ele, que retribuiu com um sorriso meio desajeitado.

Joshua: Há quanto tempo, senhor Reinhard. Desta vez, parece que meu engano fez com que seu mensageiro…

Reinhard: A culpa é nossa, Joshua. Outra, esse honorífico é um tanto irritante. Eu sei que já faz bastante tempo, mas agir assim tão distante me faz sentir um pouco solitário.

Joshua: Embora meu honorável irmão e o senhor Reinhard sejam amigos, no momentos eles são oponentes políticos.

Reinhard: Você não mudou nada. Não precisa imitar o Julius nesse quesito.

Reinhard soltou um sorriso descontente enquanto Joshua parecia cerrar os dentes.

—De qualquer forma, a confusão se acalmou sem ninguém sair ferido. Embora o problema temporário tenha passado, ele foi substituído pelo surgimento de outras perguntas.

Subaru: Ainda assim, se nós dois fomos chamados aqui, o que será que a Anastasia tá planejando?

Reinhard: O convite que foi enviado a nós dizia que ela queria trocar uma informação útil por algo. Embora tivéssemos cogitado que a dona Anastasia tinha outras coisas em mente, não esperávamos que a dona Emilia havia sido convidada também.

Subaru: Tá me dizendo que a gente deve se preparar pra algo ainda mais surpreendente?

Reinhard: É uma possibilidade. O que acha, Joshua?

Sendo um dos responsáveis pela cerimônia, o jovem homem arrumou seu monóculo e disse “É o que veremos.” para se desviar do assunto.

Com sua atitude normal e agradável, Reinhard virou-se para o hotel.

Reinhard: Essa é uma construção bem rara, o Pavilhão Pluma d’Água. Ouvi dizer que este tipo de arquitetura existe apenas em Kararagi.

Subaru: Sério? Isso é surpreendente. Você também nunca tinha visto esse tipo de coisa? Nunca foi pra Kararagi?

Reinhard: É, estou banido de sair do país por medo de que ocorra uma brecha no tratado entre os países. Até mesmo evito as fronteiras. Já estamos perto o suficiente de Kararagi, Pristella é praticamente o limite para mim.

Emilia e Subaru ficaram perplexos com as limitações de onde Reinhard podia ir. Talvez seja uma piada, mas Reinhard, rindo levemente, não deu a entender que era uma.

Perguntar seria um pouco constrangedor, então deixaram esse pensamento de lado.

Subaru: Já estamos aqui faz um tempo, e é meio cansativo ficar na entrada esse tempo todo. Que tal a gente entrar, já que a Felt ainda não tá aqui?

Reinhard: Claro, não estou supervisionando ela no momento. Às vezes ela sai por aí para brincar. É bom relaxar de vez em quando.

Rachins: …Às vezes? Brincar por aí não é o que ela faz o tempo todo?

Reinhard: Rachins, por acaso disse algo?

Rachins: Nadica de nada. Então, posso ir logo? É divertido e tal, mas vamos rápido com essa porra.

Rachins soltou um palavrão ao mesmo tempo que pedia permissão para sair. Reinhard não tinha escolha a não ser suspirar.

Reinhard: Volte a proteger a dona Felt junto com o Camberley e o Gaston. Embora não hajam muitos perigos, o Rom não está conosco, caso a dona Felt queira fazer algo perigoso, você que terá que pará-la.

Rachins: Saquei. O que você vai fazer?

Reinhard: Ficarei com a dona Emilia na pousada. Caso aconteça algo, sinalize para mim usando sua magia de fogo e estarei ao seu lado dentro de cinco segundos.

Rachins: Ei, você não tá de brincadeira quando diz isso, né?

Assim que terminou, Rachins passou por Subaru e companhia. No meio do caminho encarou Joshua, enquanto ainda tomava cuidado com Reinhard. Ele é realmente um exemplo perfeito de pequeno vilão.

Subaru: Bem, bora entrar. Vamos dar um oi pra Anastasia e dizer que o Reinhard tá aqui.

Reinhard: Creio eu que o Joshua seja o encarregado disto. Bem, vamos indo.

Joshua: …Sim, sou eu. Perdão pela inconveniência.

Joshua parecia levemente perdido. Será que foi por que a situação se desenrolou de forma estranha? Para confortá-lo, Subaru, Reinhard, Emilia, Garfiel e até Beatrice o seguiram obedientemente para dentro da pousada.

Subaru: Vou me sentir mal se jogar tudo pra cima dele.

Reinhard: Irei acompanhá-lo junto de você também, Subaru.

Emilia: Ah, vocês dois estão indo. Também vou.

Garfiel: Se o Chefe e a dona Emilia tão indo, então o meu incrível eu vai também.

Beatrice: Betty não quer ser a única excluída… mas não iria me incomodar muito se eu fosse, eu suponho.

Subaru/Emilia: Sim, você é adorável.”l

Ambos Subaru e Emilia, estando um de cada lado, a acariciaram gentilmente. Beatrice, irritada, afastou suas mãos e então obendientemente os segurou pela manga.

Joshua: Por aqui. A dona Anastasia está atendendo os convidados no momento.

Eles estavam em um cômodo diferente da sala de jantar. Subaru prestou atenção nas palavras de Joshua.

Subaru: Convidados? Ela chamou ainda mais gente?

Joshua: …Não importa se me encarar com esses olhos ameaçadores ou não, vai descobrir de qualquer forma.

Subaru: Qual é, meus olhos não são tão assustadores assim!

Joshua: Não precisa levantar sua voz feito um majuu, te entendo do mesmo jeito.

Subaru: Que severo, e de que tipo de majuu a gente tá falando? Cachorro, coelho ou baleia? Escolha um.

Esses eram os três majuus que ele mais detestava. Haviam bem mais, é claro, como aquele majuu negro com um rosto parecido com o de um leão, mas não deixaram uma grande impressão nele.

Enquanto Subaru estava forçando sua memória, Reinhard gentilmente sussurrou “Baleia…”, interrompendo seus pensamentos.

Reinhard: Baleia, você está falando da Baleia Branca, certo, Subaru?

Subaru: …É, essa mesmo. Essa é a pior baleia. Tiveram tantas vezes em que eu pensei que ela tava morrendo mas ela simplesmente se recusava a morrer. Parando pra pensar, aquilo foi basicamente um milagre.

De fato, o aumento no número de baleias brancas sinceramente fez a vitória deles parecer um milagre.

Aquele majuu era uma criatura tão incrível, e o desastre que causava era igualmente extraordinário. Tantas vidas haviam sido perdidas para ela que, até mesmo agora, o peito de Subaru se apertava de dor só de pensar.

Reinhard: A subjugação da Baleia Branca, se importaria de me contar sobre ela depois em mais detalhes? Aquele monstro é um tanto relevante para mim. Se bem que, seria uma longa história se fosse para eu contar.

Subaru: —Claro. Por mais que pudesse ter perguntado ao Akashi, enquanto ele estava com você. Ele até deu vários cascudos na Baleia Branca por vingança. Quanto à sua história, se for difícil pra você contar, então não precisa.

Subaru está apenas vagamente ciente das experiências que Reinhard teve com a Baleia Branca. Para Subaru, a batalha contra a Baleia Branca foi o fruto da obsessão duradoura com vingança de um certo espadachim. E Subaru também sabia das origens do Demônio da Espada e de seu relacionamento com o jovem de cabelos vermelhos. Já o que aconteceu entre os dois, isso era impossível que Subaru soubesse.

—Que não era um assunto que podia ser tocado simplesmente por causa de curiosidade, era assim que Subaru considerava.

Reinhard: Obrigado.

E então, Reinhard agradeceu pela consideração de Subaru.

Subaru buscava nada mais que aquilo.

Ao ver o olhar baixo de Reinhard, Subaru soltou um longo suspiro. Emilia e Beatrice olharam preocupadas para ele, que respondeu com um sorriso de “Tá tudo bem!”

Joshua: Chegamos. Por favor, aguardem neste recinto até que a reunião chegue a um fim.

Joshua, que os havia levado até lá, estava frente à uma porta de correr. Ela havia sido feita com o que parecia ser papel washi, Subaru, embora encantado, sentiu como se o seu espírito japonês tivesse ficado um pouco estranho.

No entanto, seus pensamentos otimistas não duraram muito.

Joshua: Com licença. Se importariam se mais convidados entrassem?

Ele direcionou a pergunta aos convidados que já estavam ocupando a sala de chá. Alguém lá dentro se mexeu levemente e respondeu…

???: —Claro. Não temos muito o que fazer por enquanto.

Subaru franziu as sobrancelhas ao ouvir a voz. Era estranhamente familiar. Não apenas isso, Subaru estava pensando na pessoa a qual a voz pertencia há pouco tempo.

Ninguém fora Subaru pareceu perceber, melhor dizendo, ninguém fora Subaru e Reinhard, cujo rosto se enrijeceu e seus olhos oscilavam com hesitação.

Joshua, sem perceber, abriu a porta. Houve um ruído baixo de madeira batendo contra madeira ao mesmo tempo em que os ocupantes do cômodo eram revelados.

Em seguida, os ocupantes, sentados em tapetes de pano, olharam para os novos convidados.

Reinhard: Honorável Avô.

Wilhelm: É você, Reinhard?

As vozes de vô e neto se sobrepuseram.

Esta era um reunião não intencional entre Reinhard van Astrea e Wilhelm van Astrea.

Enquanto isso, no segundo Distrito, Akashi permaneceu oculto, observando os pedestres lá embaixo. Seu olho azul celeste permaneceu atento enquanto ele examinava cada indivíduo com precisão.

O jovem rapaz estava escondido em uma das Torres do Tempo, construções geralmente feitas de pedra e de considerável altura, com uma torre imponente no topo. Lá em cima, um relógio mágico de cristal podia ser visto, funcionando de maneira semelhante aos relógios comuns da Terra. Na verdade, o propósito das Torres do Tempo era auxiliar as pessoas a controlar a passagem do tempo.

Akashi: Eu realmente esperava pela presença dos membros da Seita da Bruxa, que estariam afetados pelo tal "miasma" mas, até agora, não ví ninguém suspeito... será que "Ele" me enganou? Não... aquilo tudo não teria sentido, o que poderia alcançar me usando dessa forma? Será que, se por acaso o assunto da Seita da Bruxa for real, e eu arrancar aquele miasma de seus corpos... algo ruim vai acontecer? Totalmente oposto ao que me disseram?

Akashi desativava seu olho azul, retornando ao carmesim de sempre. Seu suspiro era pesado e o jovem apenas se sentava na varanda ao lado de fora da torre. Seus pensamentos surgiam com a dúvida de suas ações, acreditando que tudo isso era uma perda de tempo, ou uma manipulação que usaram sua mãe... mas a conexão e o sentimento de Akashi por aquela mulher que falou com ele, talvez sejam genuínos, não, com certeza eram reais.

Ainda sim, ele apenas se encolheu, abraçando suas pernas e murmurando...

Akashi: O que eu faço, mãe?

...Continua......

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