Eu caí de mal jeito no chão úmido e quente de alguma floresta.
O som dos insetos pequenos ao meu redor eram tranquilos e constantes.
Naquele momento, porém, me senti derrotada e tão triste... Nem perder mamãe doeu tanto como perder Iscos.
Eu o encontrei, o beijei, conversei com ele apenas para perdê-lo de novo.
E agora de verdade.
A fraqueza fazia parte dos meus ossos, literalmente. Meu corpo inteiro doía em diferentes pontos e ao mesmo tempo. Tanto fora quanto no meu interior. Não consegui nem levantar um dedo.
O que eu faria agora?
Achar Marelen, ser vendida de volta para a Casa de Torien e então... O que? Me apaixonar por um imbecil rico para que? Qual a razão de seguir esse plano agora? O que me resta de Chrowe agora além da minha irmã e um suposto bebê? Um bebê que nunca vai conhecer o amor do pai? Um bebê que veio em uma hora tão turbulenta?
As lágrimas inundaram meus olhos como nunca antes, me senti uma verdadeira queda d’água. As perdas não paravam de vir em minha memória, machucando outra vez meu coração estilhaçado. Era tão insuportável. Eu queria colocar para fora toda a dor. O lamento encontrou minha voz e gritei, berrei! O suficiente para que quem estivesse perto notasse meu luto, meu pedido de socorro, tivesse misericórdia!
Mas é claro que ninguém viria, assim como ninguém foi quando Chrowe foi atacada. Assim como nenhum homem rico iria olhar para mim ou Mare e nos dar uma vida melhor. Os gêmeos nos ajudaram uma vez e neste momento estavam em um jantar para se livrar de nós.
Ninguém iria olhar para nós.
Ninguém sequer sentiria nossa falta.
Ninguém…
Continuei gritando até sentir a dor na minha garganta piorar e minha voz falhar.
Eu precisava voltar para Mare.
Ela estava me esperando para o jantar de Torien e havia pedido para não estragar a sua noite. Por mais triste que estivesse, não podia e nem tinha coragem de destruir os objetivos dela só porque os meus não deram certo. Se ela achava que as coisas iriam melhorar, que ela mantivesse essa esperança e não sentisse a dor do fracasso e da quebra que sinto agora. Ela podia ser poupada. Eu tinha que protegê-la de qualquer jeito e sei que a partir do instante que eu disse sobre a gravidez, ela também faria o possível para cuidar de mim e do bebê.
Mare precisava de mim. Eu preciso dela também. E o bebê precisa de nós duas. Agora mais do que nunca em qualquer momento da nossa existência.
Mas eu ainda não conseguia me mexer.
Antes que eu fizesse qualquer pedido para o manto, o tecido se moveu, se ajustando em volta do meu corpo. Onde ele me tocava, doía, queimava. O capuz se pressionou forte contra minha cabeça, cobrindo todo o meu rosto. O botão do fecho se pressionou tanto contra meu pescoço que parecia querer atravessar minha pele.
Então fui engolida pelo manto.
Novamente aquela sensação de voar e cair, agora parecia mais perto do morrer.
Simplesmente senti que meu corpo não resistiria a mais um puxão repentino.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 59
Comments