Baratas com mel (Rice)

Meu uniforme de cozinheira era marrom, comprido e cheio de bolsos.

    Feio.

    Era de manhã, e após um banho para relaxar, me senti quase preparada para começar meu trabalho em Lafesen. Os gêmeos ainda não haviam falado nada conosco. Eu estava ansiosa, afinal. E confusa com as coisas que encontrei nos bolsos do meu uniforme: uma vela e um isqueiro. Eu sabia o que era cada coisa, mas não tinha ideia da relação entres elas.

    Mare disse que é para nos localizar na Casa e que eu entenderia melhor depois.

    Sai com Marelen para onde quer que fosse.

    De acordo com ela, os quartos de dormir eram uma espécie de hospedaria para os Mortais que serviam na Casa de Lafesen. Haviam pelo menos três dessas, todas com sete andares e doze quartos em cada andar.

    Não entendi bem como ela explicou, apenas fui compreender quando vi o mapa que ficava na área de alimentação. Lafesen era uma terra cercada com uma construção na forma de um grande quadrado em volta, como se fosse um muro. No meio, e por fora, havia casas menores, instalações essenciais, criadouros. E no centro, uma grande residência, ligada ao muro por fileiras de torres baixas em quatro direções.

    Depois de cinco minutos analisando o mapa do lugar, conclui que ficaria perdida se andasse por ali sozinha.

    Um sino ecoou alto, e todos os mortais começaram a correr.

    Mare me puxou para fora da hospedaria, onde haviam carroças que nos levaram diretamente para os fundos da residência, em um tempo de quase trinta minutos.

    Durante o percurso vi melhor a cidade. Espíritos mágicos corriam para lá e cá, mortais andavam tranquilos, indiferentes com as carroças. No mapa, as construções pareciam bem perto umas das outras, mas na realidade eram afastadas. Não me surpreendia precisarem de tantos mortais para cuidar daquele lugar.

    — Escute, Rice. — começou Marelen — As carroças saem outra vez às sete horas da noite. Me encontre exatamente aqui para irmos embora juntas. — me deu um beijo na testa e se afastou — Não esquece do nosso plano.

    Apenas assenti.

    Ela parecia tão à vontade aqui, eu não iria me acostumar tão cedo.

    — É uma bela Casa, não é? — perguntou alguém sútil atrás de mim. Me virei depressa e para o meu alívio era só uma das cozinheiras. Uma moça bonita, com os olhos grandes e queixo pontudo — Foi você quem vomitou nos espíritos?

    — Ah, sim.

    Seus olhos brilharam.

    — Por favor, me conte como foi!? Tipo, quero detalhes.

    — Acho que precisamos trabalhar agora...

    — Você pode me contar no caminho. Temos quase quinze minutos de caminhada até a cozinha.

    — Não tenho muito que contar. Eu estava em pânico, passei mal e vomitei.

    — Quero detalhes! — colocou a mão no peito como se implorasse por isto.

    Enquanto seguíamos as outras mulheres e homens em direção a uma porta dos fundos, contei à moça como aconteceu. Ela ouvia tão atentamente, tão entretida, que me senti na obrigação de acrescentar detalhes que eu nem tinha certeza se realmente aconteceram.

    As pessoas em nossa volta nos olhavam de soslaio, me esforcei muito para não prestar atenção nisso.

    Ao final, respirou bem fundo com um sorriso satisfeito.

    — Que demais. — deu um gritinho — Teria vendido três dentes só para ter visto você agredindo Crescida. Seria um sonho realizado.

    — Você não parece gostar muito dos espíritos mágicos.

    — Eu os odeio. — deu de ombros — A maioria dos Mortais infelizmente gostam deles, mas eu não me sinto muito à vontade com eles por toda esta terra. — estendeu a mão para mim — Prazer, sou Genevive.

    — Me chamo Rice. — peguei em sua mão — E eu também odeio eles. Até três dias atrás nem acreditava que eram reais.

    — Infelizmente são. É seu primeiro dia aqui, certo? Espero que trouxe a vela.

    — Eu trouxe, para que serve exatamente? — neste momento, começamos a andar por um corredor comprido e fechado com uma porta grande no final dele. Eu já podia sentir o cheiro que exalava do lugar e não estava muito bom.

    — É quase o seu mapa pessoal. Às vezes precisamos sair da cozinha para servir em algum outro cômodo, então, acendemos a vela e ela nos mostra o caminho.

    — É uma vela mágica então?

    — Bem, eu não acho muito. Ela só mostra o caminho para encontrar lugares ou pessoas, mágica seria se me levasse a um tesouro perdido. 一 fez uma pausa 一 Sabe, você já deve ter notado que os espíritos mágicos que servem a Grande Casa pensam que são maiores que nós, e por isto, fazem algumas coisas desagradáveis às vezes. — ela levantou a manga do vestido, me mostrando uma cicatriz horrível de queimadura — Ganhei esta marca apenas por ter passado na frente de um. Tudo para eles se justifica com “estou seguindo o regulamento”. Todo cuidado é pouco.

    — Ninguém fez nada? — questionei, sentindo um nó na barriga ao ver aquela cicatriz tão vermelha e enrugada. Era uma maldade feita.

    Ela negou.

    — A prata é o pesadelo das coisas mágicas, Rice. Lordes, Imortais, espíritos mágicos... dizem que todos perecem diante da prata. — suspirou — Quem me dera ter uma espada de prata.

    Comecei a sentir um leve incômodo com Genevive.

    Seus cabelos eram escuros, presos em um coque sem graça como de todas as outras mulheres. Seu sorriso era até caloroso, mas eu sentia a raiva por trás de toda sua postura de animação. O ódio pelos seres mágicos ia além de uma queimadura, disto eu não tinha dúvida. Talvez pudesse perguntar depois sem magoá-la.

    — Como é a cozinha? — questionei sentindo o cheiro piorar.

    — Um caos.

    Demos mais alguns passos, indo em direção à porta.

    Um rapaz que estava mais à frente a abriu e todos entraram rápido.

    Quando vi o suposto caos, o vômito subiu depressa pela minha garganta. Me virei, vomitando em um balde vazio que estava por perto.

    — Fica tranquila, Rice. Eu também já tive a mesma reação. — comentou Genevive pegando nos meus ombros — Megan, traz o chá! A novata vomitou! — atrás de mim ouvi mais um som de refluxo — Droga, Keli. Pegue a jarra, Megan!

    — Eu pensei que a cozinha era um lugar para preparar a comida das pessoas. — comentei assustada, ainda tentando me recompor.

    — Esta ai é a seção 13A. Estamos na 20F, cozinhamos para os animais da residência. — me entregou uma xícara com um líquido roxo — Pode tomar à vontade, o enjoo vai passar rápido e vai se sentir muito melhor.

    Tomei em uma golada só.

    A “cozinha” era assustadora.

    Panelas grandes e sujas de algo estranhamente vermelho jogadas em um canto, vidros grandes e largos repletos de larvas, todo tipo de inseto presos em potes do tamanho de pessoas! Havia armários fechados por todos os lados, os quais eu não tive a mínima vontade de abrir. Pelo menos quinze bancadas compridas estavam distribuídas por todo o centro do lugar, com alguns desses bichos andando por ali. Ou eu estava mal da cabeça ou vomitei muito forte, mas havia pedaços de membros humanos dentro de vasilhas grandes.

    — Que tipo de animais comem isto? — perguntei.

    — Todo o tipo carnívoro. — Genevive disse — Espere só até ver o congelador.

    — Não quero. — falei depressa.

    — Parece assustador no começo, mas não melhora depois. — advertiu a garota segurando a jarra — Prazer, sou Megan.

    — Rice. — murmurei.

    — Não se preocupe, você não precisa se preocupar com o que melhora ou piora. — falou Genevive — Só temos que preparar a comida dos animais, levar até eles e pronto. O maior desafio é sobreviver às picadas. Agora lave bem as mãos, passe o creme em todo o lugar visível, que eu vou te ensinar a preparar as baratas para a Paty.

    — Quem é Paty?

    — O bichinho favorito de Anton Conghansed. Ela é uma gracinha.

    — Deixa de ser mentirosa, Geny. — interveio Megan — Aquela coisa é assustadora, da última vez que fui alimentá-la quase perdi a mão. Para sua sorte, você vai no meu lugar hoje, Rice.

    — Não vou coisa nenhuma. É o meu primeiro dia, eu não devia conhecer tudo primeiro antes de arriscar a minha vida?

    — Você não vai morrer. Em Lafesen é mais fácil morrer de velhice do que comido por algum animal. — esclareceu Megan.

    — Rice, de qualquer jeito, todo mundo aqui tem medo da Paty. Você será a primeira novata de hoje a conhecê-la, então se apronte muito bem que eu vou ensiná-la a preparar as baratas.

    Fiquei imóvel, enquanto eles me encaravam aflitos.

    Depois de um segundo, risadas irromperam por todo o cômodo.

    Estavam rindo de mim?

    — Rice, você é incrível. Caiu direitinho. — falou Genevive entre as risadas.

    — Como é? Qual é a graça? O que...?

    — A graça é que você acreditou em tudo que eu disse! É óbvio que cozinhamos para as pessoas, os animais ficam nos criadouros fora da residência.

    — Então as pessoas comem…?!

    — O que? Não! Não. — ela secou uma lágrima de tanto rir — Isto tudo é magia. Os insetos, as larvas... Os nossos olhos Mortais estão cobertos, Rice, tudo o que vemos é o que os espíritos mágicos querem. Coisas asquerosas para não pegarmos a comida escondido. E quanto pior o cheiro do cozido, melhor é o tempero da receita.

    — Então a Paty não existe, não é? — os outros cozinheiros já haviam parado de rir e seguiam seus caminhos até as próprias bancadas, aos insetos, ao que fosse necessário para começar a cozinhar. Eu mesma acompanhei Genevive em direção a uma pia, onde lavei bem as mãos e passei um estranho creme nelas e no rosto.

    — Bem, ela existe. Mas não é um animal, é uma Lady. — a segui até sua bancada — E realmente é a favorita de Anton Conghansed.

    — É a noiva dele. — acrescentou Megan passando por nós.

    — O que ela tem de tão assustador?

    — Para começar, é uma das filhas do Lorde do Inverno. — pisquei sem entender quem era esse — Segundo, ela não sente apreço por mortais, nos odeia com toda a força de seu ser.

    — Mas a culpa foi nossa. — murmurou Megan passando de novo.

    — Terceiro, poxa, ela é noiva do Sr. Anton. Como alguém espera que a noiva dele seja boa?

    — Ele não é bom? — questionei com os braços cruzados. Pelo que eu pude perceber do pouco que fiquei perto, ele é frio. Apenas isto.

    Genevive riu.

    — Você é tão ingênua.

    — Ele me resgatou com o irmão quando minha vila foi queimada, como pode não ser bom?

    Imediatamente, todos que estavam perto pararam olhando para mim. Um arrepio percorreu toda a minha espinha, encolhi os ombros com vergonha da reação das pessoas. Isto me deixou bem confusa.

    — Foi muito bom conhecer você, Rice. — Genevive pegou em meus ombros com lamento. Uma súbita vontade de chorar inundou meu corpo. Ela percebeu — Não se preocupe. Como Megan disse, em Lafesen é mais fácil morrer de velhice.

    — O que ele tem de tão ruim?

    — Não é bem ruim... mas também não é bom. Os filhos das Casas nascem com alguns poderes, Ligações assim dizendo. E quando são gêmeos, Ligações opostas. Lohan nasceu com uma habilidade graciosa com a vida, e Anton, bem o oposto.

    — A morte. — murmurei.

    Ela assentiu.

    — Que inveja... Digo, que pena. Mas os dois são muito unidos, mal usam suas habilidades, não sabemos o que podem ou não fazer.

    — Ouvir dizer que Lohan consegue controlar qualquer pessoa viva. — disse um jovem magricela carregando um prato de vermes.

    — E eu já vi Anton matar um sapo usando o poder da mente. — acrescentou uma senhora rechonchuda.

    — Como eu disse, Rice, não sabemos. A nossa única teoria comprovada é que Lohan não consegue matar, e Anton não consegue trazer nada de volta à vida. — ela foi até um dos potes de insetos e pegou um prato cheio de baratas. Elas se mexiam inquietantes dentro da vasilha, mas não saíam para fora e nem voavam — Isto são amêndoas. Paty gosta delas torradas com mel. Vai parecer um ato cruel cortar essas coisinhas, mas tenha sempre em mente que não são seres vivos. — com uma certa prática, molhou-as com água fervente e as baratas pararam de se mexer — Depois de bem lavadas, corte-as em três pedaços. — me entregou a faca para que a imitasse no processo — Depois pegue uma panela rasa, elas ficam guardadas no armário direito. — foi até lá — Coloque um pouquinho de açúcar e deixe no fogo por alguns minutos. A Paty gosta de comer com uma colher média, então prepare o pires, deixe a colher perto do guardanapo. Quando sentir um cheiro horrível de batatas mofadas, significa que estará pronto. Então vai colocar no pires, pegar o pote de mel... — abriu o armário embaixo da própria bancada — E despejar à vontade.

    — Então, terei mesmo que servir para a Lady Paty? — questionei em um murmúrio.

    Os olhos grandes de Genevive se arregalaram.

    — Nunca a chame disto. Paty é um apelido que demos a ela, como um código. Quando vê-la, faça uma reverência exagerada e a chame de Lady Kris.

Capítulos
1 A Chegada do Outono (Rice)
2 Esperanças (Rice)
3 Ventos da Mudança (Rice)
4 A Vila de Chrowe (Rice)
5 O que resta a fazer (Rice)
6 Na Grande Casa de Lafesen (Rice)
7 Os planos de agora (Rice)
8 Baratas com mel (Rice)
9 A vela mágica (Rice)
10 Cadernos e Livros (Rice)
11 Perguntas e perguntas (Rice)
12 Espere alguém rico ou não? (Rice)
13 Noite do Jantar (Rice)
14 O Manto de Anton Conghansed (Rice)
15 A Pessoa Desejada (Rice)
16 Lamento (Rice)
17 A Cor do Sangue (Lohan)
18 Feras em Lafesen (Lohan)
19 Os miolos no teto (Lohan)
20 O Salão dos Quadros (Lohan)
21 O Que Foi Decidido (Lohan)
22 O Que Fazer com as Feras (Lohan)
23 Em Uma Corda Bamba (Rice)
24 Ala Oeste (Rice)
25 Acordo Entre Irmãs (Rice)
26 3 Meses (Rice)
27 A Promessa de Um Jantar (Rice)
28 Expectativas de Um Bom Jantar (Rice)
29 Pintura da Morte (Lohan)
30 Jantar com a Fera (Lohan)
31 Conversa Após Jantar (Lohan)
32 Ventos Frios (Rice)
33 A Curta Vida De Uma Pessoa Maravilhosa (Lohan)
34 Uma Menina? (Rice)
35 Novos Planos (Lohan)
36 Quem Está no Fim do Corredor? (Lohan)
37 As Feras (Lohan)
38 Estão Atacando (Rice)
39 Surpresa na Ala Oeste (Rice)
40 Ataque no Salão dos Quadros (Lohan)
41 O Tempo Depois do Ocorrido (Lohan)
42 Lágrimas e Adeus (Rice)
43 Os Mantos (Lohan)
44 Uma Conversa Após o Caos (Rice)
45 Escolhas (Lohan)
46 O Vilarejo
47 A Fera no Vilarejo (Rice)
48 Graham (Rice)
49 Uma deliciosa torta (Rice)
50 Casual Reencontro (Rice)
51 Banheira (Rice)
52 Duas semanas de viagem (Lohan)
53 O túmulo de Tessa ( Lohan)
54 Nova face (Lohan)
55 Shie (Rice)
56 Rastros do Invasor (Lohan)
57 A Madrugada na Estalagem (Rice)
58 O Bebê - Parte 1 (Rice)
59 O Bebê - Parte 2 (Rice)
Capítulos

Atualizado até capítulo 59

1
A Chegada do Outono (Rice)
2
Esperanças (Rice)
3
Ventos da Mudança (Rice)
4
A Vila de Chrowe (Rice)
5
O que resta a fazer (Rice)
6
Na Grande Casa de Lafesen (Rice)
7
Os planos de agora (Rice)
8
Baratas com mel (Rice)
9
A vela mágica (Rice)
10
Cadernos e Livros (Rice)
11
Perguntas e perguntas (Rice)
12
Espere alguém rico ou não? (Rice)
13
Noite do Jantar (Rice)
14
O Manto de Anton Conghansed (Rice)
15
A Pessoa Desejada (Rice)
16
Lamento (Rice)
17
A Cor do Sangue (Lohan)
18
Feras em Lafesen (Lohan)
19
Os miolos no teto (Lohan)
20
O Salão dos Quadros (Lohan)
21
O Que Foi Decidido (Lohan)
22
O Que Fazer com as Feras (Lohan)
23
Em Uma Corda Bamba (Rice)
24
Ala Oeste (Rice)
25
Acordo Entre Irmãs (Rice)
26
3 Meses (Rice)
27
A Promessa de Um Jantar (Rice)
28
Expectativas de Um Bom Jantar (Rice)
29
Pintura da Morte (Lohan)
30
Jantar com a Fera (Lohan)
31
Conversa Após Jantar (Lohan)
32
Ventos Frios (Rice)
33
A Curta Vida De Uma Pessoa Maravilhosa (Lohan)
34
Uma Menina? (Rice)
35
Novos Planos (Lohan)
36
Quem Está no Fim do Corredor? (Lohan)
37
As Feras (Lohan)
38
Estão Atacando (Rice)
39
Surpresa na Ala Oeste (Rice)
40
Ataque no Salão dos Quadros (Lohan)
41
O Tempo Depois do Ocorrido (Lohan)
42
Lágrimas e Adeus (Rice)
43
Os Mantos (Lohan)
44
Uma Conversa Após o Caos (Rice)
45
Escolhas (Lohan)
46
O Vilarejo
47
A Fera no Vilarejo (Rice)
48
Graham (Rice)
49
Uma deliciosa torta (Rice)
50
Casual Reencontro (Rice)
51
Banheira (Rice)
52
Duas semanas de viagem (Lohan)
53
O túmulo de Tessa ( Lohan)
54
Nova face (Lohan)
55
Shie (Rice)
56
Rastros do Invasor (Lohan)
57
A Madrugada na Estalagem (Rice)
58
O Bebê - Parte 1 (Rice)
59
O Bebê - Parte 2 (Rice)

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