— Tome banho de roupa, Rice. — Mare me avisou assim que entrei no banheiro.
— Por quê?
— Se lembra que aquela Crescida ficou invisível? Eu fiquei pensando, e se existirem espíritos invisíveis por todo esse quarto e no banheiro?
Pisquei uma vez para minha irmã.
O dia passou mais rápido do que eu previra, afinal, a cozinha era agitada. Depois da conversa sobre o manto de Anton e sobre o jantar com Torien, Genevive começou a dar ordens a todos, gritar e matar muitos insetos, nervosa com a questão. Minha função no restante do dia foi cortar legumes. O almoço foi lá mesmo. Comemos uma espécie de macarrão com gosto de ervas. Horrível.
Quando deu sete horas da noite, me despedi de todos e corri até as carroças para me encontrar com Mare e desabafar tudo o que descobri sobre Chrowe.
Ela parecia cansada, mas satisfeita com o que ouviu.
— Um jantar com Torien significa visita de pessoas ricas. — dissera, encontrando um jeito de pôr seu plano doido em prática.
Quando chegamos nos quartos de dormir, ela me guiou para uma área de alimentação, onde jantamos uma gororoba azul que fez meu estômago se revirar. Se olhasse demais, podia ver aquela geléia azul sorrindo para mim.
Assim que chegamos em nosso quarto, contei a ela como era a cozinha, a mágica nos alimentos e como usei a vela. Por sua vez, Mare reclamou de tudo no seu serviço de limpadora, dizendo estar sendo confrontada por uma outra empregada invejosa.
— Aquelas merdas mágicas são sólidas, benzinho. — falei desabotoando o vestido, observando minha irmã quase adormecendo em sua cama — É só averiguar muito bem o banheiro.
Ela deu de ombros.
Toquei cada canto do banheiro três vezes, me certificando de estar mesmo sozinha. Então terminei de me despir e tomar um banho morno e relaxante, sentindo com prazer a água descer por cada pedaço cansado do meu corpo.
Involuntariamente, me lembrei de Iscos. Das risadas que dávamos juntos, dos nossos momentos íntimos, das promessas que ainda tínhamos que cumprir. Passei a mão pelo meu ventre. Ele estava por aí, talvez até procurando por mim. E eu aqui desejosa por ele.
Fiquei pensando nele até o restante do banho, pensando em um plano.
— Eu tive uma ideia, Marelen. — falei, saindo enrolada na toalha.
— Diga. — murmurou sonolenta.
— Sei exatamente como encontrar Iscos. — peguei uma das camisolas simples do armário e a vesti. Os olhos da minha irmã estavam fitos nos meus seios — O que foi?
— Seus peitos estão maiores. — semicerrou os olhos — Me conta o segredo.
— Bom, talvez eu esteja grávida. — ela sacudiu a cabeça incrédula — Agora tire sua atenção das minhas batatinhas e foque no meu plano. — ela assentiu, concentrada no meu rosto — Eu não quero me casar com nenhum rico para sair de Lafesen. Hoje eu vi Anton e me lembrei do manto mágico dele. Posso pedi-lo para procurar Iscos.
— E se ele disser não?
— Então eu vou roubar o manto dele.
Sua risada ecoou pelo quarto.
— Rice, o meu plano é bem mais simples e menos perigoso. De bônus vem com uma boa vida garantida.
— Não vou conseguir me apaixonar por ninguém aqui.
— Mas eu vou. — ela me olhou firme — Você disse que Torien virá discutir o preço dos Mortais, nosso preço pelo que entendi. Ele dever vir acompanhado, além da família, possíveis guardas e príncipes. Pessoas importantes de Lafesen também devem aparecer. Precisamos estar presentes neste jantar e precisamos estar lindas.
— Acho que todos os Mortais resgatados de Chrowe devem estar presentes para Torien dar o... Preço. — fiz uma careta. Era tão estranho falar assim, não me senti uma pessoa, me senti mais um objeto.
Ela sorriu satisfeita.
— Isso vai ser fantástico, sua bruxa.
— Assim espero, benzinho.
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Atualizado até capítulo 59
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