Capítulo 14: Hugo Lavínia

Hugo…

Conhecer Lavínia, foi a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida, desde que acordei naquele hospital, seu beijo foi como me tirar da escuridão em que estava.

No entanto, um medo se instalou quando algo dentro de mim parecia se despertar, essa garota trouxe um novo sentimento que me assustou. Como me envolver com alguém, sem saber quem eu sou, quem eu fui, se tenho família, se tive alguém especial em minha vida, como namorada, esposa… eu não sei, são tantas perguntas.

Não queria magoá-la e no caminho de volta, percebo que ela está chateada comigo, ela é bem transparente, mas tento amenizar a situação, beijando a novamente.

Ao chegar no posto de gasolina, vou para a minha casa nos fundos, guardo a minha moto e quando vou entrar em casa, ouço uma discussão. Sigo a voz, até a entrada do posto de gasolina.

Me escondo atrás do escritório e consto ser, senhor Waldomiro, um policial e o rapaz que mexeu com Lavínia mais cedo.

— Exijo que tome providências contra esse tal rapaz que bateu em meu irmão!

— Não tomarei nenhuma providência, porque pelo que sei, foi seu irmão quem veio arrumar confusão em minha propriedade e se não quer que eu faça uma denúncia formal contra ele, é bom ficarem longe daqui! — diz Waldemar.

— Escuta aqui, seu velho, não pense que eu esqueci o que fez com meu pai! — diz o policial entre os dentes.

— Eu não fiz nada contra ninguém, se não acredita o problema é seu! E não se esqueça que ainda tem uma dívida alta comigo, Rubens! Não esqueci a quantia que me deve e tem um mês para pagar, não vou mais te dar prazo…

— Nem precisa desse dinheiro…

— Não interessa se não preciso, o dinheiro é meu, me pertence e não te dei, foi apenas um empréstimo, se dê por vencido, de eu não cobrar juros! — diz firmemente.

O homem parece se desestabilizar com a cobrança e passa as mãos por seu rosto, secando o suor.

— Não tenho como te pagar agora, minha esposa está grávida e...

— Pelo que sei, estão separados!

— Já estou cuidando disso, para voltar para mim, ela espera um filho meu e não podemos ficar separados!

— Tem um mês, mas nada que isso! Devia ter pensado em sua esposa e filho, antes de envolver com o tipo de pessoa que se envolveu! Agora saíam daqui, não quero que ninguém nos veja juntos!

— Vai deixar esse velho falar desse jeito com você irmão? — pergunta o rapaz.

— Cala boca! — diz o tal Rubens.

Pega no braço de seu irmão e o joga no carro, os dois vão embora.

Assim que se afastam, seu Waldemar também entra em seu carro e vai embora.

Achei muito estranho toda aquela conversa.

… O que o senhor Waldemar esconde? Quem será esse policial?Tenho a impressão de já ter ouvido esse nome…

Vou para a minha casa, tiro as minhas roupas, deito em minha cama e fico pensando na conversa daqueles três. Acabo ficando preocupado, pois esse policial, parece não ter medo de nada e ter sido ameaçado, pode querer fazer algo contra senhor Waldemar.

Adormeço pensando nisso.

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Lavínia…

Volto para casa preocupada, ainda tentando ligar para Olivia, se os pais dela descobrirem que dormiu fora de casa e ainda por cima que perdeu sua sagrada virgindade, eles surtam, é bem capaz até a expulsarem de casa.

Levo um susto com Augusto sentado no sofá, mexendo em seu celular.

— Que foi, mana? Preocupada com algo?

— Sim! Falou com o Téo? Sabe se está em casa?

— A última vez que o vi hoje, foi no hospital!

— Droga! — digo soltando meu corpo no sofá.

— Ele deve ter saído para refrescar a cabeça! Ele não gostou muito de saber que quero ir trabalhar em Canela!

— É, eu sei, ele me disse! Vai mesmo?

— Sim, mas não pretendo morar lá, posso ir e voltar todos os dias e quando estiver de folga, posso ajudar aqui também!

— Teodoro sabe disso, mas ele é um pouco dramático quando se trata do irmão, essa irmandade de vocês é muito forte e quer te proteger e nada melhor que estando sempre ao lado dele! Talvez ele tenha medo do que tem, acabar!

— Isso nunca vai acabar! Vou falar com ele!

— Nada melhor que uma conversa franca!

— Me diz o que está te afligindo, mana! Está aqui, mas seus pensamentos parecem estar longe!

— Acredito que o Téo, saiu com aquela minha amiga que te falei que os pais são neuróticos!

Arregala os olhos.

— Fomos num bar, comemorar o aniversário dela, conheci um gatinho e saímos para conversar, quando voltei, Olivia já não estava lá e as colegas disseram que saiu acompanhada de Teodoro!

— Ela é maior de idade, Lá!

— Eu sei, mas não é acostumada a beber, minha preocupação é que tenha bebido ainda mais depois que eu saí, tenha esbarrado em Teodoro, que só quer transar…

— Olha só, Lá! Teo é sim um mulherengo, mas jamais levaria sua amiga para cama, se percebesse que ela está bêbada, ele pode ser tudo, menos um canalha que abusa de mulheres, ele nem precisa disso, tem a mulher que quer na hora que quer!

— Tem razão! Vou tentar descansar um pouco e amanhã vou atrás daqueles dois!

— Os pais da sua amiga, sabem que…

— Ela saiu escondida deles, tenho que achar ela, para levá-la para casa, e caso seus pais saibam que fugiu, ser o álibi né!

Augusto sorri.

— Só você mana! Entra em cada enrascada!

— Sou a Lavínia, né! Enrascada devia ser o meu sobrenome!

Deixo um beijo no alto da cabeça do meu irmão e vou para o meu quarto. Tomo um banho, coloco meu pijama e fico recordando do beijo que rolou entre mim e Hugo, adormeço com tais lembranças.

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