Capítulo 7: Olivia

Olivia…

Hoje estou completando 23 anos, meus pais não vão nem abrir o restaurante, por quererem fazer um almoço especial para comemorar essa data. Seria perfeito, se não tivessem convidado Daniel e a família dele.

Não é que não goste deles, são pessoas boas, mas esse namoro está acabando comigo, não suporto estar perto dele. Toda vez que nossas famílias se reúnem, só sabem dizer o quanto eu e Daniel, somos ótimos filhos, o quanto somos perfeitos.

Como não percebem que ninguém é perfeito nessa vida, estou cansada disso tudo. Queria viver algo novo, nesse dia, ter novas experiências.

Minha mãe passa pelo meu quarto e finjo que continuo dormindo.

Assim que fecha a porta, pego o meu celular e a primeira a me mandar mensagem é Lavínia.

" — Parabéns, meu amor, minha amiga querida! Que seu dia seja cheio de ricas bençãos, felicidades e muitos anos de vida! Te amo de montão!"

Lavinia é uma ótima amiga, a adoro muito, envio vários coraçãozinhos, respondendo sua mensagem.

Vou até o banheiro, faço a minha higiene pessoal e me arrumo.

Meu celular toca e é ela.

— Oi, meu amor! Bom dia, como está?

— Bem, mas estou sentindo que esse dia não será como imaginei!

— Por quê?

— Meus pais vão fazer um almoço, mas convidaram Daniel e sua família!

— Aí amiga, chuta o pé no balde, diz que não quer namorar ele!

— Se conhecesse os meus pais, entenderia a situação delicada que estou!

— Eles se acham no direito de mandar em você, porque permiti isso?! Respeitar é uma coisa, ser pau-mandado é outra! Até quando vai negligenciar a sua felicidade, seus sonhos, para fazer o que eles querem?

Ouço batidas na porta, me despeço de Lavínia e atendo.

É meu pai, ele me abraça e me parabeniza com um forte abraço, seguimos os dois até a sala de estar, minha mãe também me parabeniza. Tomamos café juntos e depois a ajudo a dar uma arrumada na casa, antes de descermos para o restaurante.

Terminamos já era hora do almoço, ela me manda ficar muito bonita para esse almoço por ser um dia muito especial.

Após me arrumar, descemos juntos até o restaurante, que fica do outro lado da rua, de onde moramos.

Logo que chegamos, Daniel e seus pais chegam de carro, descem, me cumprimentam e me parabenizam. Daniel se aproxima e deposita um selinho em meus lábios, mas rapidamente me afasto.

— Te darei seu presente depois!

Entramos com ele agarrado em minha cintura, reviro os olhos entediada com aquela situação.

Nos acomodamos na mesa e notei que Daniel está diferente, parecia mais feliz e mais conformado com esse namoro, só falta estar se apaixonando, aí estarei perdida.

Almoçamos, enquanto nossos pais como sempre só tecem elogios de como somos filhos maravilhosos. Meu pai levanta a taça de vinho, pedindo a nossa atenção.

— Hoje é um dia muito especial, além de ser o aniversário de nossa única filha, celebraremos algo muito importante! Por favor, Daniel…

O rapaz se levanta, retira uma caixa de alianças de seu bolso e ajoelha em minha frente. Na caixa havia uma aliança.

— Querida Olivia, hoje quero proporcionar o dia mais feliz de todas as nossas vidas, vamos juntos dar mais um passo com esse ciclo que se inicia para você no dia de hoje!

Fico perplexa, sem nenhuma reação, minha cabeça parecia ficar zonza.

— Eu… eu…

Olho para os meus pais e para todos que estão naquela mesa.

— Me desculpe, mas eu não posso! — digo levantando-me.

Todos olham com espanto para mim, como se mais uma cabeça houvesse nascido em meu pescoço. Daniel, levanta sem graça, não queria o constranger, mas estamos falando de casamento.

— Filha! Não faça tal desfeita! — diz minha mãe sem jeito.

— Não é desfeita, mãe! Casamento é algo muito sério, é um passo muito grande em nossas vidas, que deve ser pensado minuciosamente!

— Concordo e teremos tempo, teremos três meses para planejar, organizar tudo e...

— Três meses? Quer dizer que já marcaram a data sem me consultar?

— Minha filha só foi pega de surpresa, meu filho! — diz papai. — Pode colocar a aliança em seu dedo!

Ainda sem reação, ele coloca a aliança em meu dedo, mas não consigo permanecer naquele lugar. Saio em busca de ar, todas as casas daquela rua pareciam girar, até que sinto meu pai segurar meu braço com força e me arrasta para a nossa casa.

— Tem noção da vergonha que nos fez passar?!

— Teriam sido poupados, se tivesse perguntado o que eu achava disso tudo! Estou cansada de quererem mandar em minha vida! Eu já tenho vinte e três anos, posso muito bem tomar minhas próprias decisões e não vou me casar!

— Vai se casar sim e essa discussão está fora de cogitação! Vá para o seu quarto imediatamente! Já nos desrespeitou muito por hoje! — grita irritado.

Vou para o meu quarto e me tranco lá, deito em minha cama e choro copiosamente.

Precisava conversar com alguém, então ligo para Lavínia, conto-lhe tudo o que aconteceu e fica ainda mais perplexa.

— Vá para a minha casa, vou mandar o motorista te buscar!

— Não quero ir para lugar nenhum, estou arrasada!

— Hoje é seu aniversário e vamos fazer tudo o que quiser, passo para te pegar as sete! Vou te fazer esquecer esse dia e não aceito não como resposta!

Decido aceitar, realmente preciso refrescar a cabeça.

Batem na porta.

— Quem é?

— Sou eu o Daniel!

… O que esse cara quer aqui?...

— Entra!

Entra, mas deixa a porta aberta.

— Olha só, também fui pego de surpresa com esse casamento, mas é o que os nossos pais querem e devemos respeitar suas vontades, se quiser podemos prolongar por mais alguns meses para se preparar melhor!

— Não te incomoda, casar com alguém que não ama, que não conhece direito?

— Meus pais dizem que o amor vem com o tempo e morando juntos vamos nos conhecer melhor!

— Me desculpe, mas não vou aceitar isso…, não posso…

— Vamos fazer um trato! Esse um ano, enquanto nos preparamos para o casamento, vamos sair mais juntos, conversar, fazer de tudo para que dê certo e se nesse período teremos certeza de que não irá dar certo, juntos enfrentamos os nossos pais! O que acha?

— Vou pensar, pode ser?!

Ele sorri, se despede e vai embora.

Passo o restante do dia no meu quarto.

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