Capítulo 11

Elina

Apesar de muitas vezes ter afirmado estar bem, o grão-duque do império adiou nosso casamento por alguns dias, até me recuperar completamente do incidente. Até então, ninguém havia percebido que eu tinha despertado meus poderes. A partir de agora, eu precisaria ser muito cuidadosa. Ninguém, absolutamente ninguém, poderia descobrir que eu agora possuía um guia espiritual.

Amália — Afff! Pensei que o mundo humano seria divertido, mas só ficamos trancadas neste quarto, como um passarinho — reclamou enquanto se jogava no pequeno sofá do meu quarto, eu a observava da cama.

— Você está reclamando disso? Não é você que está deitada o dia inteiro — diverti-me com seu humor exagerado — Não sabia que guias espirituais poderiam reclamar tanto.

Amália — Se fosse você, eu me levantaria e procuraria o livro sagrado. E rápido!

— Livro sagrado? — comentei, tentando recordar se isso fora mencionado no livro.

Amália — Exato, o livro que os espíritos deixaram neste asqueroso mundo humano — ela soprou sua franja com desdém — Apesar de ser um guia de alto nível, nunca encontrei alguém com tanta mana acumulada como você — aproximou-se da cama.

— E por que eu tenho que encontrar esse livro tão urgentemente? — finjo desconhecimento, apesar de saber que o livro tinha sido mencionado uma única vez no romance, quando Elizabeth o queimou para que ninguém se tornasse mais poderoso do que ela.

Amália — Por ter passado dezoito anos com a mana selada, seu corpo acumulou uma demanda excessiva de energia. Se você não conseguir drená-la, seu poder ficará descontrolado e não conseguirá lidar com sua mana, podendo morrer — cutucou minha testa — Acho que você não quer morrer, certo?

— Claro que não — apesar de saber dos eventos do livro, percebo que algumas coisas mudaram. No entanto, isso não significa que estou livre de perigo.

Amália — Então, levante essa bunda da cama e vamos procurar o livro sagrado — arrancou o lençol da cama, deixando-me descoberta — Vamos começar procurando nas antigas bibliotecas.

— Não! Já sei onde podemos encontrá-lo — levantei da cama — No google!

Amália — O quê? — ela ficou confusa.

— Apenas confie em mim — afirmei.

Amália — Como se eu tivesse outra opção.

Na capital, havia um leilão secreto que seria basicamente o "google" deste mundo, onde qualquer coisa poderia ser encontrada. Foi lá que a protagonista do livro encontrou o artefato. A localização do leilão variava a cada noite, mas podia ser facilmente reconhecida pela presença de um lobo desenhado na porta. Já passava da meia-noite quando me arrumei sozinha e vesti uma roupa velha que encontrei na ala dos empregados, com um capuz negro que me camuflava na escuridão. Comecei a procurar pelo beco mais sinistro que pude encontrar, e Amália me seguia, embora apenas eu pudesse vê-la, já que aos olhos dos outros ela era invisível.

No final da rua, avistei um lobo branco desenhado na porta, o símbolo da máfia que controlava o local. Apressei-me em colocar uma máscara que havia trazido, entrei e percebi que o leilão já tinha começado. O leiloeiro anunciava diversas peças.

O leilão funcionava da seguinte forma: quem desejava dar um lance simplesmente levantava a mão, e assim por diante.

*** — Próxima peça: um par de brincos de jade, diretamente do reino vizinho. Ouvi dizer que pertenceram a uma antiga imperatriz — anunciou o leiloeiro, mascarado, exibindo a joia. Uma mulher ao meu lado levantou a mão e arrematou o objeto.

Amália — É disso que eu estava falando, um pouco de diversão misturada com aventura — sussurrou a guia em meu ouvido.

Leiloeiro — Agora, senhoras e senhores, vamos anunciar este livro de uma coleção de um colecionador de artefatos mágicos — exclamou o leiloeiro, erguendo o livro, com uma capa ilustrada com um desenho dourado de uma árvore. O espírito me cutucou, avisando que era o livro certo — Quem dará o primeiro lance?

— Mil moedas de ouro! — anunciei.

Leiloeiro — Mil moedas de ouro para o jovem do fundo. Alguém oferece mais?

*** — Dez mil moedas de ouro! — a mesma senhora que comprara os brincos de jade gritou. Coitada, nem sabia que eu estava preparada. Eu havia trazido cem mil moedas de ouro, eu estava apenas me aquecendo.

— Cinquenta mil moedas de ouro! — levantei a mão, não podia negar eu era muito competitiva.

*** — Oitenta mil moedas de ouro! — um homem loiro, semelhante a Edward, apareceu atrás de mim.

— CEM MIL MOEDAS DE OURO! — dei meu último lance. No enredo original, ninguém dera nada pelo livro, então trouxe pouco dinheiro, mas o olhar confiante do loiro, estava me fazendo pensar que o enredos do livro pode ter mudado um pouco.

Leiloeiro — Nossa, a jovem está com tudo esta noite. Alguém oferece mais, ou será dela?

— DUZENTAS MIL MOEDAS DE OURO! — o homem riu, e eu tive vontade de matá-lo.

Leiloeiro— Duzentas mil moedas de ouro, balcão. Uma, duas, três — O martelo bateu — Vendido para o jovem rapaz do fundo!

O livro foi entregue ao comprador, e eu fiquei sem ação. Mas não desistiria facilmente: bastava descobrir quem era esse homem, ir até a casa dele e recuperar o artefato. Queria fazê-lo engolir sua arrogância.

Amália — Pensei que, como você vai se casar com o grão-duque do império, teria muito ouro. Não sabia que você era pobre — provocou o espírito do ar.

— Não sou pobre. Apenas tive o azar de não trazer mais moedas comigo, mas tenho um plano em mente — saio do leilão.

Amália — Qual é esse plano, gênio? — ela virou para me encarar, questionando — Você pediu para confiar em você, mas ainda não vi resultados.

— Calma, a aventura acaba de começar. Meu plano é o seguinte: esperaremos o comprador sair, o seguiremos, e quando eu conseguir pegar o livro, você usará sua magia de teletransporte para nos levar para meu quarto, rápido e simples — expliquei — Você está dentro? — estendi minha mão.

— Sim, estou dentro — ela apertou minha mão.

Ficamos de tocaia, esperando o loiro sair. Sorrateiramente, o seguimos até uma praça, onde parou junto a uma fonte. Vi a oportunidade, movi-me em direção à bolsa dele, mas ele foi mais rápido e segurou minha mão.

Edward — Acho que te mandei descansar em seu quarto — disse, tirando o capuz para revelar-se ser meu noivo, mas loiro. Fiquei sem entender, mas sabia que estava muito encrencada.

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