Capítulo 20

Alyssa...

Desde que tudo aconteceu e com a minha quase morte, tenho repensado muito em minha vida, tenho tentado me adptar com essa nova fase que estamos vivendo aqui.

Tenho certeza que não será nada fácil, não sei por qual motivo, mas Luis Henrique parece nos odiar. Tento ser educada, mas confesso que até eu já estava perdendo a paciência com ele, até que Evelyn resolveu o enfrentar, sabia que ela não aguentaria muito tempo.

Quando vi Evelyn agarrada a ele com medo, e o jeito que ele ficou, pude perceber que está rolando algo muito mais forte do que imaginam, inclusive notei o volume em suas calças quando ela se afastou, não que eu seja pervertida, mas era impossível não notar usando aquela calça apertada e pelo visto é bem grande.

Após o almoço, fomos para a cidade fazer compras, nos surpreendemos com a forma que Bruna tratou aquela mulher na loja. A tal da Chloe é muito linda, mas antes de irmos embora comentou sobre o pai de Zoe e notamos o quanto isso a perturbou, não quis dizer nada e respeitamos seu silêncio.

Logo que chegamos nos deixou na nossa casa e foi com Zoe para a casa grande.

— O que será que aconteceu entre ela e o pai da Zoe? — pergunta Evelyn retirando as roupas da sacola.

— Não faço ideia, mas deve ser algo sério para deixar ela tão abalada!

— Eu acho que vou tentar falar com ela, fiquei preocupada!

— Melhor dar um tempo pra ela! Quando quiser conversar, sabe onde nos encontrar! Apesar que nem nos conhece direito para desabafar sobre algo pessoal!

— Verdade, mas sinto que seremos grandes amigas! Bruna é muito legal!

Fomos preparar o jantar, fizemos um arroz de forno.

Quando nos sentamos para comer, ouvimos batidas na porta, ao atender é Bruna com uma garrafa de vinho e um fardo de cervejas de garrafa.

— Vim me desculpar por mais cedo! — diz sem jeito, mostrando as coisas que trouxe.

— Não precisava de nada disso!

— Precisava sim! Posso entrar?

— Claro! Entra!

— Janta conosco?

— Não estou com fome! — diz olhando para a comida de forma estaranha.

— Pode comer, não cozinhamos tão mal assim! — diz Evelyn divertida, e Bruna força um sorriso.

Nos sentamos e jantamos tomando o vinho que ela trouxe. Para quem não estava com fome, até que Bruna comeu bastante.

Durante o jantar, conversamos assuntos aleatórios. Depois nos acomodamos na sala, com nossas taças de vinho. Eu me sentei no sofá ao lado de Bruna e Evelyn sentou-se no tapete.

— Eu relmente queria pedir desculpas, por mais cedo! Só de saber que Danilo está de volta, me sinto mal! Toda vez que vem, Zoe fica rebelde com sua partida, ela me cobra e joga coisas na minha cara... não sei o que fazer!

— Ainda gosta dele?

— Infelizmente sim, sou tão idiota!

— Desculpe a indiscrição, mas o que rolou entre vocês? — pergunta Evelyn.

Bruna nos conta tudo o que passou, era muito jovem e teve que enfrentar uma gravidez com apenas dezesseis anos e ser rejeitada e humilhada constantemente por esse idiota.

— Ele não te merece, nem nunca irá merecer! Talvez não goste de verdade dele, apenas se sinta conectada com ele por terem tido uma filha juntos! E tem toda uma história, foi seu primeiro amor, sua primeira vez, não tem como lutar contra isso, mas deve deixar outras pessoas se aproximarem, Bruna! Conhecer pessoas diferentes, ter novas experiências e só assim vai saber se realmente ainda o ama! — diz Evelyn.

— Pode ser, mas é tão difícil!

— Sei como se sente! Minha história é diferente, mas partilhamos de um mesmo sentimento: medo do novo, medo de que as experiências ruins se repitam!

— Qual é a sua história, Aly?

A essas alturas, o alcool já havia subido. Começamos a tomar as cervejas que ela havia trazido, essa mistura de bebidas não vai prestar, não sou acostumada a beber.

— Eu sempre fui o oposto de Evelyn, introvertida, estudiosa, não sou fácil de fazer amizades e acabei adquirindo certos medos, por também ser insegura! Para ter uma noção do meu fracasso, nem andar de bicicleta eu sei! Na primeira vez que fui andar caí e fiquei traumatizada, depois foram uma sequência de fracassos! Minha primeira vez doeu muito, segunda vez doeu de novo e foi muito rápido! Ao aprender a dirigir, bati o carro e quase matei nosso pai, depois disso percebi que muitas coisas nessa vida não são para mim!

— Foram apenas coincidências, Aly! — diz Evelyn.

— Tantos assim, Eve? Melhor nem tentar de novo!

— Mas e você Eve? Diz algo sobre você! Não é possível que seja perfeita! — diz divertida.

— Estou bem longe de ser perfeita!

— Ah, fala sério, Eve! A sua vida é perfeita, tudo dá certo, mesmo quando mete os pés pelas mãos!

— Isso não é verdade! Se fosse não estaríamos nessa enrascada! Eu sou o oposto da Aly, gosto de me divertir, sou irresponsável porque, gosto de rachas e adrenalinas e também não tenho experiências boas com sexo!

— Isso eu não acredito! Cara, você já ficou com os caras mais gatos da escola, faculdade...

— Não significa que tenha sido bom, tá legal?! Eu nunca alcancei o orgasmo com nenhum cara, sempre é muito rápido e eles gozam dizendo que sou deliciosa, que não conseguem se controlar com um mulherão como eu e blá-blá-blá...

— Nunca me disse isso!

— Pra quê? Pra você ficar pior em suas inseguranças?

Fiquei mal, por reclamar tanto da minha vida e nunca ter notado que minha irmã também não é perfeita. Acabei me esquecendo de que ninguém é perfeito e de que a vida não é apenas estudar, trabalhar, mas também os momentos com os amigos, familia e com a minha irmã. Já fazia anos que não ficavamos tanto tempo juntas, conversado sobre as nossas vidas no presente.

Passamos de todos os limites misturando as bebidas, Bruna dormiu no sofá, e nós nas nossas respectivas camas.

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