Capítulo 14

Los Angeles…

Anthony Gabriel…

Após perder a consciência com aquela visão linda de uma anja ruiva, entrei numa escuridão absurda que parecia me engolir cada vez mais, até que me vi na fazenda da minha família. Eu, Luís Henrique e Dimas éramos crianças, meus pais estavam sentados na escada da varanda, com Bruna em seus braços. Parecia reviver aquele sentimento bom de criança, eu e meu irmão éramos melhores amigos. Jogávamos bola e ríamos como sempre fomos perna de pau.

Confesso que não queria acordar, vários sonhos, na verdade, lembranças surgiam e eu apenas assitia a tudo, uma vontade de estar em casa surge.

Acordo num quarto todo branco e logo percebo que se trata de um quarto de hospital, do meu lado, Dimas dormia sentado numa poltrona.

— Bom dia, belo adormecido! — digo o fazendo acordar assustado.

— Que susto, cara! — diz esfregando os olhos.

— Belo acompanhante, você, hein! — digo divertido.

— Vai se ferrar! Como está?

— Dolorido, como se tivesse sido atropelado!

— Muito engraçadinho você, com certeza já está melhor!

— Sou duro na queda! E você, se machucou?

— Não, apenas alguns arranhões…, não devia ter feito isso! Era para eu estar aí no seu lugar!

— Somos irmãos, cara! Jamais deixaria nada acontecer com você! Agora proponho pararmos de sentimentalismo, quero sair daqui!

Ao tentar me levantar, sinto uma dor forte de lado.

— Vai com calma aí! Quebrou duas costelas, tem que ficar de repouso!

— Claro que não e o rodeio?

— Que rodeio, Anthony?! Tem que agradecer por estar vivo!

— Disse que seria o campeão e serei!

— Não nesse! Fraturou duas costelas e como bateu a cabeça com força, terá que ficar aqui por mais algumas horas em observação! Não brinque, cara… agradeça pelo simples fato de estar respirando novamente! Terá muitos rodeios ainda pela frente! Na vinda pra cá, teve uma parada respiratória, por favor tem que se cuidar!

— Tem razão! — digo me dando por vencido. — Avisou alguém da minha família?

— Tentei ligar para o seu pai, mas não consegui! E como disseram que ficaria bem, deixei para você mesmo ligar!

— Estou bem, não vou ligar para ninguém! Minha mãe ficará muito preocupada, vai querer pegar o primeiro avião para estar aqui e não quero isso! Cara, mudando de assunto…, e aquela mulher que prestou os primeiros socorros. Ela é médica?

— Não sei, ela fez os primeiros socorros e depois não há vi mais!

— Como não pega o nome, telefone?

— Eu lá estava com cabeça para isso?! Vai dizer que foi amor há primeira vista? — pergunta divertido.

— Não fala bobagem! Só achei ela uma mulher muito linda, uma noite com ela não seria nada mal!

— É um cafajeste, mesmo! Não muda nunca!

— Mudar para que? Mulher só serve para nos fazer sofrer, nos quer aos seus pés para fazer de nós, gato e sapato! Por esse motivo, nenhuma nunca irá deitar mais de uma vez em minha cama!

— Nem todas as mulheres são como a...

— Nem fale o nome daquela mulher, não quero estragar o meu dia!

Ele gargalha, então mudo de assunto.

Ficamos um tempo ali, trouxeram meu café, depois o médico passou para ver como eu estava, ainda terei que ficar até o entardecer nesse lugar. Odeio hospital, me traz péssimas recordações, pareço reviver o tormento de anos atrás.

No meio do dia, tive que ficar sozinho, pois Dimas foi tomar um banho, almoçar e descansar um pouco, claro que tive que obrigá-lo, mas sei o quanto é cansativo pernoitar numa poltrona, ainda mais nesse lugar, onde vemos de tudo. Adormeci um pouco e sonhei com aquela mulher linda que me salvou, seus olhos, seus cabelos ruivos, não sei explicar, mas tive vontade de agradecer-lhe com um belo beijo.

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Dimas Stone…

Meu nome é Dimas Stone, tenho 30 anos, sou solteiro, peão e cowboy. Essa é a vida que escolhi para mim.

Sou um homem determinado, otimista, de bom coração, também me considero romântico, sonho em ter um amor e construir uma família. No entanto, com a vida que levo, só encontro relacionamentos momentâneos, nada que me faça querer permanecer no lugar. Obviamente, quando encontrar esse tão sonhado amor, não medirei esforços para conquistá-la dia-a-dia e fazê-la a mulher mais feliz do mundo. Perdi meus pais muito cedo, tinha apenas dez anos, eram funcionários dos pais dos meus melhores amigos, Luis Henrique e Anthony. Morreram num trágico acidente de carro, desde então Andrei e Samira, me abrigaram em sua casa e me ajudaram até eu decidir acompanhar Anthony nessa aventura de rodeios. Nos juntamos a uma famosa comitiva da Austrália e faz anos que não voltamos para a nossa cidade natal.

Anthony e Danilo, são os melhores peões daqui. Eu sempre fico em terceiro ou quarto lugar, enquanto eles sempre disputam o primeiro e segundo lugar. Quando Danilo fica em terceiro lugar, ninguém suporta estar ao seu lado, por ser um homem egocêntrico, exibido e mulherengo, que não tem a menor humildade.

Ontem, quando vi meu amigo ser arremessado por aquele carro, fiquei em choque, salvou a minha vida e não tenho palavras para agradecê-lo, porém fiquei atordoado e amedrontado, de que algo sério acontecesse com ele.

Já perdemos muito nessa vida e qualquer possibilidade de perda já nos apavora, Anthony tenta ser forte, mas ele também é assim como eu.

Confesso, que estou com saudades de casa, de rever minha família de coração e também meu amigo, desde que tudo aconteceu nem por telefone consigo conversar com Rick.

Tio Andrei disse que Luis, se fechou completamente, gostaria de voltar para tentar ajudá-lo. Já estou preparado para voltar, quis me afastar por ainda sentir falta dos meus pais, mas chegou o momento de estar em casa novamente.

Vivemos muitas coisas nessa vida, acredito ser o momento de descansar, dar um rumo em minha vida. Parar de viajar como um adolescente, em busca de uma felicidade que não existe, se não estivermos perto daqueles que amamos.

Em algum momento, a vida trará um amor para mim, não importa onde eu esteja, creio que quando for o momento, encontrarei.

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