Capítulo 12

Evelyn…

Nunca havia sentido tanto medo em minha vida, como senti na noite passada. Medo de morrer ou de perder a minha irmã. Foi desesperador, o pior de tudo isso foi saber que a partir de agora a nossa vida já não será mais a mesma.

Vamos morar em outro país, deixar todos a quem amamos aqui e embarcar para um lugar onde não conhecemos ninguém, longe do nosso emprego, amigos, família.

Eu e Alyssa, brigamos…, sei que tive uma porcentagem de culpa em tudo o que aconteceu, mas eu quis ir embora, Matt quem nos levou para aquele lugar e depois sumiu, nos deixando lá. Ele não me engana, tenho certeza que está envolvido nisso tudo.

Após a nossa briga, nosso avô explicou que seu amigo Andrei Carter, nos levaria para um lugar seguro. Não nos acompanharia até o aeroporto, por imaginar que a partir de agora, estaria sendo vigiado pelos meliantes. Agora seríamos dadas como desaparecidas, até a missão deles ser completada. O que me deixa aliviada, é que não estarei sozinha, eu e Alyssa estaremos juntas.

Andrei chega, nos despedimos de nosso avô Luis e somos encaminhadas para o aeroporto. Colocamos roupas diferentes, boné, óculos para não sermos reconhecidas. Saímos pelas portas dos fundos e seguimos para a pista de voo particular do FBI.

A viagem foi muito longa, dormi, acordei, comi e dormi de novo. Já estava super entediada, olhava para Alyssa e ainda estava de cara feia para mim. Após dezesseis horas de viagem, chegamos no lugar, fiquei extasiada como a cidade era linda. Nunca havia vindo na Austrália, no carro admirávamos tudo, porém um longo tempo de viagem, entramos numa cidade bem simples e logo numa estrada de terra que nos levou para uma enorme fazenda.

Ele estaciona na porta principal e uma mulher muito bonita saí do lado de fora, ao seu lado um homem também saí. É tão lindo que cheguei a ficar sem ar, olhos claros, pele clara, roupas apertadas moldando cada músculo de seu corpo másculo, porém seu semblante dizia muito sobre ele.

Não dava para nos ver, pois o vidro do carro era escuro.

— Fiquem aqui, vou falar com eles e já volto!

— Eles sabiam sobre estarmos vindo para cá?

— Samira, sim, mas meu filho não! Mas não se preocupem ele tem um gênio forte, mas tem bom coração! Já volto!

Andrei sobe as escadas, ele e a mulher se olham, em seguida se cumprimentam com um abraço apertado, quando vai cumprimentar o rapaz, o mesmo vira as costas entrando na casa. Pelo visto, o que tem de lindo tem de grosseiro.

— Alyssa, me desculpe… eu não quis te chatear, sei que também foi tudo culpa minha! — digo quebrando o silêncio.

— Me desculpe também, Evelyn! Fiquei irritada com tudo isso, mas tem razão no que disse, não foi só culpa sua! Decidiu ir embora, mas Matt nos levou para aquele lugar…, estou com medo do tipo de pessoa que deixei entrar na minha vida, após ter escolhido tanto! Ele tem acesso a nossa casa e...

— Não se preocupe, vô Luis não vai deixar nada de ruim acontecer!

— Tomará!

— Alyssa…

— O quê?

— Também estou com medo! Medo do que vamos enfrentar daqui para frente, medo disso tudo demorar mais do que possamos imaginar!

— O importante é que estamos juntas!

Nos abraçamos e então descemos do carro, Alyssa fecha os olhos sentindo a leve brisa tocar seu rosto e inala aquele cheiro do campo.

— Por favor, Alyssa, nem pense em se acostumar com isso aqui!

— Gostei desse cheiro, do lugar… parece calmo!

— Calmo demais para o meu gosto!

Ficamos encostadas no carro, aguardando eles voltarem.

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Luis Henrique…

Estava no escritório organizando algumas contas, quando escuto barulho de carro, minha mãe já estava do lado de fora, e quando meu pais desce não sei explicar o que sinto. O que não posso negar, é que ele e minha mãe ainda se amam, o olhar deles diz muito, porém não consigo perdoá-lo.

Entramos na casa e nos acomodamos no sofá, meu pai começa a contar por qual motivo está ali e fico pasmo com seu descaramento.

— Nem pensar! Não vou aceitar essas patricinhas na minha fazenda!

— Eu e seu pai já conversamos, Rick! Vamos ajudar essas meninas sim! Essa fazenda também é minha!

— Depois do roubo, mandei muitos seguranças e policiais que trabalham aqui na fazenda para proteger vocês, não tem com o que se preocupar! O avô delas é meu amigo, devo muito a ele e vou ajudá-lo!

— O senhor deve, não nós! Não temos nenhuma obrigação…

— Tem sim! Esses policiais, foi ele quem cedeu, são de sua estrita confiança!

— Por favor, não vamos começar uma discussão!

Levanto-me e ando de um lado para outro.

— Elas são meninas boas, mas um pouco mimadas! Tenho certeza que será dificil se adaptarem, mas creio que será por pouco tempo!

— Pode deixar, vamos cuidar delas!

— Fale pela senhora!

— Por favor, Rick!

— Está bem, se querem ficar aqui, concordo apenas se trabalharem pelo menos para comerem! Todos aqui trabalham e são independentes, elas vão ter que se virar assim como todos!

— Não vejo problema nisso! — diz meu pai. — Trabalho nunca fez mal a ninguém, só te peço que não pegue pesado Rick!

Dou de ombros, ele vai do lado de fora buscar as garotas.

— Por favor, Rick, seja mais gentil com seu pai e com essas meninas, passaram por um trauma, não dificulte as coisas para elas!

— Ele nos abandonou quando mais precisávamos dele! Só veio até aqui pelo trabalho e não porque sentiu nossa falta!

— Isso não é verdade! Eu e seu pai nos separamos e sempre que pode vem nos visitar, você que está com esse coração endurecido demais para enxergar isso!

Meu pai entra e logo atrás entram duas moças muito bonitas, mas uma delas tinha algo no olhar que me chamou muita a atenção, não sei explicar. Seus cabelos ruivos abaixo do ombro, olhos claros, pele branca com sardas que davam um charme a mais e seus lábios contornados eram muito chamativos, engulo em seco. A que chamou a minha atenção, tinha uma pose afrontosa, desafiadora que me deixou intrigado.

Saio de meus devaneios, com meu pai fazendo as apresentações. Minha mãe por sua vez foi muito educada, as recebeu com um abraço.

— Esse é meu filho, Luis Henrique!

— Olá, prazer sou Alyssa! — cumprimenta-me com um aperto de mão.

Apenas faço sinal com a cabeça, correspondendo ao seu aperto de mão.

— Sou Evelyn!

Assim que nossas mãos se tocam, sinto um arrepio sobrenatural percorrer meu corpo acompanhado de um fogo que parecia consumir cada veia do meu corpo. Imediatamente solto a sua mão e ela franzi a testa, meus pais nos olham com curiosidade.

— Obrigada por nos deixar ficar aqui… — dizia Alyssa.

— Não pensem que aqui terão empregados para fazer o que as madames estão acostumadas, aqui todos trabalham duro e com vocês não será diferente! Terão que colocar a mão na massa…

— Pode deixar, não queremos incomodar e faremos o que for preciso para ajudar! — diz Alyssa.

A tal da Evelyn me olhava com afrontamento, não disse nada, mas seu olhar dizia muito. Pude perceber que sua vontade era me enfrentar, mas não podia, pois agora dependem da nossa ajuda.

— Vou cuidar dos meus afazeres, com licença!

Como ficarão por aqui, terão que seguir o que determinarmos e pode ter certeza, que não facilitarei as coisas. Passo pela cozinha e peço para uma das funcionárias arrumar a casinha que fica próxima à casa grande. Em seguida, vou para o haras cuidar dos cavalos e sinto um ódio, ensurdecedor quando o olhar daquela mulher vem a mente.

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