Capítulo 19

—você realmente vai ir?— Lucien pergunta assim que entramos na sala de treino para ter mais privacidade.

—Sim, eu vou— simplesmente falei, com o semblante entediado.

—É muito perigoso Malu, isso não tem necessidade— ele cruzou os braços e seus bíceps apertaram a camisa, deixando-o ainda mais gostoso.

Mordi meu lábio inferior, deixando claro em meu olhar, o rumo que meus pensamentos estavam tomando.

Ele sorriu indignado.

—você não presta— ele praticamente rosnou e me puxou para um beijo.

Nossos lábios se encontraram e pela primeira vez senti as malditas borboletas no estômago. Eu nunca senti esse tipo de coisa. E percebi que estava esperando por esse momento a um tempo e de um jeito estranho, foi bom e assustador no mesmo instante.

Meu instinto foi empurrá-lo, não sei porque mas pra alguém que nunca sentiu nada do tipo e ficava com as pessoas só por desejo, sentir essas coisas é apavorante.

—o que foi?— ele me olhou confuso.

—não sei, eu… eu… — pela primeira vez eu não sabia o que falar e nem o que fazer.

Passei a mão pelo cabelo nervosa, eu não queria fazer contato visual com ele.

—você está bem?— ele se aproximou e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Prendi a respiração por um breve momento. Que merda está acontecendo comigo?

—Preciso ficar sozinha por um tempo— me afastei.

Ele franziu as sobrancelhas, confuso, mas respeitou meu pedido. Saiu sem dizer uma palavra.

Eu não sabia se eu gritava, arrancava meu cabelo ou dava um soco na parede.

—mas que merda— rosnei dando um chute no ar.

Esse não é o momento para me desconcentrar.

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—Então você teve borboletas no estômago?— Vivi gargalhou repetindo o que eu acabei de falar.

—fala baixo e para de rir— falei aborrecida, olhando para a porta para ver se ninguém tinha entrado.

—Eu vivi para te ver apaixonando— ela cantarolou.

Dei um soco de direita, mas ela desviou.

—Eu juro por deus que se você continuar me provocando, vou quebrar um de seus dentes.

Ela riu de forma exagerada.

—você está distraída demais pensando no seu primeiro amor— ela piscou os olhos repetidas vezes, de um jeito fofo e debochado.

Sem falar uma palavra, dei um golpe certeiro que a derrubou no chão. Pulei em cima dela e usei uma técnica para que ela ficasse presa e não conseguisse mexer os braços e nem a cabeça.

—ta bom, ta bom— ela bateu com a mão livre no chão, desistindo da luta —retiro o que eu disse— ela fez uma careta e se levantou, me mostrando língua.

—Vamos comer, estou morrendo de fome— ela passou a mão na barriga de forma excessiva.

—Vou ficar mais um pouco aqui, depois eu vou.

—pera ai— ela ficou frente a frente comigo e segurou meu rosto —você está fugindo dele? É sério?

—eu não estou fugindo— sibilei irritada. —Só não quero me aproximar muito.

Ela bufou, me olhando como se eu fosse uma desconhecida.

—no refeitório, agora, ou eu te busco pelos cabelos— ela mandou, sem espaço para discussão.

—você é uma péssima amiga— resmunguei.

—eu também te amoo— ela cantarolou saindo da sala de treinamento.

Não tem como esse dia piorar.

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Assim que eu estava descendo as escadas para chegar no refeitório, escutei uma voz que reconheço muito bem.

Desci ainda mais rápido, procurando a fonte.

As vozes estavam saindo de uma porta entreaberta e um pouco maior que as outras.

Escutei a risada dela e meu coração ficou quentinho, um sorriso nasceu em meus lábios.

Assim que abri a porta, meu queixo quase bateu no chão. É uma biblioteca, com um lustre enorme no meio, estante de livros em todas as paredes, do chão ao teto. Sofás e poltronas, com uma mesa de centro.

E lá estavam eles. Lucien e Briana rindo e conversando.

Me escorei em uma das estantes e apenas fiquei ali, observando a interação deles.

Não sei por quanto tempo eu fiquei ali parada, observando-os. Mas foi tempo o suficiente para eu saber que eu precisava me afastar de Lucien. Eu não sou a mulher certa para ele.

Ele é atencioso, carinhoso e muito compreensivo. Sou totalmente o oposto.

Eu sou como o fogo, queimo tudo ao meu redor e paro quando só restam cinzas.

Sou tóxica, impulsiva e descontrolada.

Não mereço alguém como ele.

Foi com esse pensamento que eu me virei e saí da biblioteca.

Indo para o refeitório sem olhar para trás.

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Assim que cheguei no refeitório, procurei por Vivi.

Que me viu antes e levantou o braço para que eu a localizasse.

Esse prédio é mais como uma enorme escola. Com muitos quartos, salas e um refeitório. Que agora está bem cheio, todos que trabalham nesse prédio parecem ter vindo para cá. Já está anoitecendo e essa provavelmente será nossa janta, espero com todo o meu coração que depois tenha um lanchinho da noite.

Me aproximei de Vivi e sentei ao seu lado.

—você demorou muito— ela me lançou um olhar acusatório.

—estava pensando um pouco— afirmei, olhando para as outras pessoas que estavam na mesa. Não encontrava Marcus e o Sr Mason em lugar nenhum. —Onde está o Marcus e o Sr Mason?

—alguém ligou para o Marcus, assim que ele atendeu ficou tenso na hora. Não falou nada com ninguém, apenas olhou para o Sr Mason e os dois saíram, quase correndo.

—e você não procurou saber o que está acontecendo?— Olhei pra ela indignada. Olivia não é do tipo que deixa as coisas para lá, além de ser fofoqueira pra caramba, ainda é uma hacker. O que facilita muito sua vida de Maria fifi.

—é óbvio que sim— seu sorriso transmitia puro orgulho de si mesma. —Parece que uma mafiosa russa foi capturada e pode nos trazer informações valiosas. Ainda não sei quem é, Alex e Blake também não sabem. Vamos ter que esperar Marcus entrar em contato. O que é um saco, odeio fofoca pela metade.

Uma mafiosa russa?

Seja quem for, não vai ter muito tempo de vida. Ela apenas terá que escolher, morrer pela mão dos italianos ou dos russos.

Eu escolheria morrer na mão dos italianos. Porque para os russos o castigo para um traidor é ainda pior que a morte.

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