Capítulo 15

—acredite Malu, a última coisa que eu faria seria te subestimar— ele deu dois passos para frente. Continuei imovél, não preciso recuar, não tenho medo dele.

—Estou vendo as câmeras de segurança da entrada da casa, cinco carros acabaram de chegar 25 homens ao total— a voz de Vivi ecoou pelo meu ouvido esquerdo.

A sala ficou em silêncio, mudei o peso do corpo de uma perna para outra.

E então gargalhei, ri a ponto das minhas bochechas doerem.

—sabe Marcus, o seu problema é que você sempre me subestima— brinquei com a arma em meus dedos, girando ela várias vezes, enquanto ele acompanhava o movimento com os olhos.

Observei Lucien, ele me encarava com uma expressão estática. Senti uma pontada gélida no peito. Traída, estava me sentindo traída, por algum motivo, sua traição doeu mais que a do Marcus. Empurrei o maldito sentimento para o fundo do peito e me concentrei no fato de que eles acham que me pegaram. Tão ingênuos.

—A primeira coisa que eu quero que você saiba é que, tudo que eu fiz e estou fazendo é pra te proteger— Marcus falou, enquanto os outros quatro continuavam calados, apenas me encarando.

—Ah que fofo— o deboche escorreu pela minha língua, me fazendo sorrir.

Escutei a risada de Vivi. Isso vai ser divertido.

—Tudo isso fui eu que planejei. O anúncio do emprego de babá, a sua mudança para essa casa, esse subsolo…É tudo pra um único intuito, te convencer a trabalhar para nós— ele falou, mostrando a sala ao redor.

—Ai Marcus, nós já passamos dessa fase— cruzei os braços.

Ele me ignorou, continuando seu discurso. Ele é idiota a ponto de fazer por querer ou apenas burro o suficiente para me deixar com raiva, odeio que me ignorem e ele sabe.

—Esses quadros são fotos de nossos inimigos.

—nossos não, seus— apontei o dedo indicador em sua direção.

—São membros da Máfia Russa.

Trinquei o maxilar, sentindo meus dentes rangerem. Só a menção do nome fez meus músculos enrijecerem.

—isso não é da minha conta— minha voz saiu fria e deixando claro que ele estava começando a passar do limite, poucos teriam essa coragem.

—é totalmente da sua conta, você cresceu como um deles.

—CALA A PORRA DA BOCA— minha voz ecoou por todo o comodo.

O único que fez algum tipo de movimento foi o Alex, que respirou fundo. Acho que ele estava prendendo a respiração por um bom tempo. Se eu o conhecesse bem, até diria que ele está incomodado.

Marcus deu mais dois passos.

—Mais um passo e eu meto uma bala na sua testa— minha voz saiu tranquila e calma, como se eu estivesse falando sobre o tempo.

Ele enrijeceu na hora, ele me conhece muito a ponto de saber quando estou blefando e quando estou sendo sincera.

—vamos fazer o seguinte, eu te dou um minuto para me convencer a não matar todos vocês…— fiz uma parada dramática —valendo— dei um sorriso.

—o cronômetro está rodando, tik tak— Vivi falou como uma melodia e meu sorriso aumentou.

—Malu, você não está entendendo a gravidade da situação. Do mesmo jeito que estamos caçando os Russos, eles também estão nos caçando. Nós temos o nosso território, já perdemos centenas de homens, mulheres e crianças— eu consegui sentir o desespero em sua voz. —você é a melhor, eu preciso da sua ajuda e da sua também Vivi, eu sei que você está escutando— engoli em seco, sentindo minha garganta arranhar.

—o tempo acabou— Vivi cantarolou.

—Eu te imploro— assim que escutei essa frase saindo de sua boca eu exitei, por longos 20 segundos eu exitei, Marcus nunca implora.

Mas a guerra entre as máfias não é da minha conta. Deixei de me importar com essa luta a muito tempo, quando meu pai morreu e eu finalmente fiquei livre.

—eu sinto muito— fiz uma cara de triste —mas seu tempo acabou.

Vi quando seu peito subia e descia em uma velocidade muito acima da normal. Ele precisava da minha ajuda e pela primeira vez na vida eu estava negando.

—Vivi você será meus olhos.

—Entendido— ela respondeu extasiada. É por isso que formamos uma dupla tão destrutiva, sempre nos entendemos.

Observei com bastante atenção o caminho que eu irei percorrer e olhei para Marcus

—essa luta deixou de ser minha há muito tempo.

Antes que ele abrisse a boca para me responder eu dei o sinal que Vivi precisava para o show começar.

—Apaga— e então tudo ficou escuro, Vivi conseguiu hackear a sala.

Então eu corri.

Escutei a voz de meu pai ecoando pela minha cabeça.

“Os seus sentidos são suas armas naturais, use-os ou morra”

—desvie, alvo à sua esquerda— Vivi fez exatamente o que eu tinha pedido, estava sendo meus olhos, os sensores da sala captavam a movimentação e qualquer fonte de calor.

Desviei, girando para a direita, criando o impulso que eu precisava para correr mais rápido.

—DROGA!!! NÃO DEIXEM QUE ELA ESCAPE— A voz rouca do Sr Mason ecoou pelo cômodo, junto com barulho de passos correndo atrás de mim.

Eles estão começando a me irritar.

—Desvie para a direita, agora você está na sala central. As portas do elevador serão abertas… agora!!!

A luz do elevador inundou o lugar quando as portas se abriram. Entrei me virando e atirando, apenas para espantá-los.

As portas se fecharam, a tempo da luz iluminar o rosto de Marcus e ali eu ver, medo. Nada além de medo.

—merda— sibilei.

—evite usar a arma, você não terá munição o suficiente.

—entendido— passei a mão pelo cabelo em um movimento nervoso —MAS QUE MERDA!!!— gritei, socando a parede do elevador, tentando expelir a raiva.

—surta depois, você ainda tem 25 motivos pra ficar no foco total.

—Eu sei— rosnei, tentando não descontar minha raiva na Vivi e mandá-la pra puta que pariu.

—Se prepara, as portas estarão abertas em 3 segundos.

Assim que as portas se abriram, me deparei com meia dúzia de homens, eles não estavam armados, mas estavam devidamente equipados com coletes a prova de balas, capacetes e óculos.

Sai do elevador e abri os braços, começando a colocar em prática uma das minhas grandes especialidades, a provocação.

—Marcus caprichou com vocês hem— dei uma risadinha debochada —podem vir, ou estão com medo?

Foi o incentivo necessário para que viessem para cima de mim.

Desviei de um soco, dei uma cotovelada na costela de um e um chute no abdômen de outro. Estamos envolvidos em um jogo de xadrez. Eu sou a rainha, acabei de entrar em ação e já tem vários piões caídos.

—dê golpes certeiros Malu e saia daí, eles estão subindo.

Fiz uma careta, desviando de um golpe e girando finalizando com um chute na cabeça de outro homem, que desmaiou na hora.

Puxei da minha jaqueta minhas facas de punho e comecei a acertar nos lugares onde eu sei que estariam desprotegidos. Um a um ia caindo, não mortos, mas muito feridos.

Assim que finalizei, não esperei. Corri bem a tempo de escutar o apito das portas do elevador se abrindo.

Passei a mão pelo meu lábio, sentindo uma pequena ardência. Um deles me acertou um soco bem na boca.

—Tem mais uma dúzia de homens do lado de fora, você precisa ser rápida.

—eles não estão armados— sussurrei pensando em uma estratégia —eles me querem viva.

Não precisei de pensar duas vezes, abri a porta principal e desci os degraus com um sorriso psicótico no rosto. Lutar para fugir ou matar traz um lado de mim que a maioria das vezes eu quero deixar bem guardado.

—vocês tem duas opções— destravei a arma —correr ou morrer— cantarolei apontando-a —e pode-se dizer que tenho uma mira excelente— lambi meus lábios, sentindo gosto de sangue. Os golpes que me acertaram devem ter cortado minha gengiva.

—para com isso Malu— a voz calma de Marcus, me fez virar e apontar a arma para sua cabeça.

—eu já recusei a sua proposta, agora eu vou embora. Do jeito limpo ou divertido, você escolhe.

—Vladimir Vassiliev Rurik.

Eu senti a bile subir pela garganta com a menção desse maldito nome, o nome do verdadeiro diabo.

—COMO VOCÊ OUSA— andei até ele, escorando o cano da arma em sua testa. Um deslize e seus miolos voam para todos os lados. —COMO VOCÊ OUSA DIZER O NOME DESSE MONSTRO?— gritei, sentindo raiva, muita raiva.

—Ele está vivo— Marcus sussurrou olhando dentro dos meus olhos.

Paralisei. Minha garganta fechou e o peso da arma começou a se tornar insuportável.

Ele está vivo. Ele está vivo. Ele está vivo. Ele está vivo.

Não, não, não, não.

—o que…— dei um passo pra trás, sentindo que minhas pernas enfraqueceram —como? Eu vi ele morrer— sussurrei, deixando a arma deslizar pela minha mão e cair com um baque no chão.

—Ele está vivo e pronto para ter sua vingança— ele disse e posso jurar que sua voz vacilou por um breve momento.

—Malu aguenta firme, eu estou indo pra aí, chego o mais rápido que eu puder— o próximo barulho é o bipe do ponto eletrônico de ouvido sendo desconectado.

Vivi está vindo.

Perco as forças e caio de joelhos no chão, ainda em choque. Sentindo meu coração disparar.

Marcus ajoelha na minha frente e me abraça. Eu continuo estática. Sem saber o que sentir, o que fazer.

Ele está vindo.

O diabo está vindo.

e com ele irá trazer o maldito inferno.

Mais populares

Comments

Istefane Santos

Istefane Santos

maravilhoso capítulo da de mas ansiedade da com 1000000 kkkk vc e de mas audoraAaa

2024-01-16

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!