Capítulo 04 O Prazer É Meu!

 🌺° Isabella °🌺

Senti um arrepio na espinha, se espalhando por todo o meu corpo. Ao senti a presença dele por de trás de mim. Sua respiração era quente e forte.

Kevin 22 anos(Filho mais velho de Fernanda, arruaceiro, não leva a vida muito a sério, e ao que parece tem estranhos sentimentos por mim)

Kevin: Me perdoe! Mas, não consigo mais resistir! Isabella...

_ Não... Kevin! Pôr favor! Não...

Kevin: É tão linda Isabella, estou louco por você. Estou completamente apaixonado por você...

Disse ele, e sinto quando encostou seu nariz, em meus cabelos úmidos, descem lavados.

_ Pôr favor! Kevin, somos como irmãos. Me deixa ir...

Suplico-lhe, tomada em medo.

Kevin: Hunff! ... Merda!...

Fala, e ouço o barulho da porta se abrir. Ele, pega-me pelo braço.

Vai longo. Antes que... Sai daqui!

Grita ele, me empurrando para fora do banheiro. Ele bate a porta a fechando em seguida.

Caminho em passos apressados em direção a escada, enquanto ouço o que deva ser um ataque de fúria dele no banheiro.

Já chegando a escada que dá no sótão, subo rapidamente, ao entrar fecho a porta, mas não a tranco, pois a chave fica com a Fernanda. Me encosto nela e enfim deixo o meu corpo cair pesadamente ao chão. As lágrimas caem incessante, em grande gotas.

Sótão.(Meu Quarto)

_ Queria tanto você de volta mãe...

Digo, sentindo uma grande dor se formar no meu peito. Ouço barulho da porta, e logo sou arrastada por ela ao ser aberta. Levanto-me o mais rápido que consigo, com medo que fosse novamente Kevin.

Fernanda 42 Anos(Madrasta)

Uma mulher fria, arrogante, que faz da minha vida um inferno.

Fernanda: Sua maldita Cega!

Grita ela, sinto a sua raiva.

Não... Já era para mim ter descido, e meu pai não está em casa, foi em uma viagem de trabalho hoje. Isso quer dizer que ela vai querer me deixar trancada.

_ Me desculpa Fernanda, eu já vou descer para fazer as tarefas. Só vou me vestir.

Falo, e tento chegar a pequena caixa que guardo as minhas roupas, mas logo sinto sua mão segurar forte o meu pulso esquerdo.

Fernanda: Você é muito sínica, uma dissimulada... Se fazendo de uma boa moça, ingênua. Sendo que quando viro as costas. Se enfia no banheiro com o meu filho!

Disse ela, com sua voz alterada, parecendo está furiosa.

_ Não, eu não fiz isso... Foi ele que entrou no banheiro e...

Falo, mas logo sinto uma grande ardência crescendo no lado esquerdo do meu rosto, após o tapa que me deu.

Fernanda: Tsck, tsck, tsck! Nada de pôr a culpa no meu Kevin, porque ele é homem, se você está se oferecendo é lógico que ele não vai dizer não. Mas, escuta bem garota!

Disse ela, e sinto a sua mão apertar forte o meu pescoço, quase me deixando sem ar.

Se eu ver, você de novo ciscando perto do meu filho, eu te coloco na rua! E, lá vai ver só o que farão com uma ceguinha!

Fala, em tom de desprezo, e após tira sua mão, respiro fundo me trazendo o ar novamente.

_ Hmmmmf! Conf!... Conf!

Respiro profundamente recuperando o fôlego perdido.

Fernanda: Espero ter sido clara! Não sei onde estava com a cabeça que deixei o Roberto trazer você para essa casa. Deveria ter posto num orfanato... Sua cega maldita!

Disse ela, e me empurra me faz cair sentada ao chão. Em seguida ouço os seus passos se afastando, e logo me assusto ao ouvir o barulho após ela ter batido a porta, e passa a chave me trancando aqui dentro.

_ ... Porquê? Porquê sempre faz isso comigo... Eu não fiz nada! Ahh! ...

Digo, em meio choro, que estava preso em minha garganta.

Choro por muito tempo, deitada no chão frio, e questiono a mim mesma, se ainda vale a pena viver assim, não seria melhor morrer de uma vez... Então adormeço...

Algum tempo depois, ouço batidas leves na porta. Que me faz despertar, pelo jeito que bate deve ser ele.

Rafael o meu meio-irmão, de quase 10 anos. É um menino doce e amorosa, apesar dos pais que tem, é único se importa comigo nessa casa.

Rafael: Bel... Tá acordada?

Pergunta ele, em num tom de voz baixo quase sussurrando.

_ Sim, o quê foi?

Pergunto, enquanto me levanto do chão frio.

Rafael: Chega aqui na porta...

Fala, parecendo está com medo.

Ainda enrolada na toalha, dou passos curtos até a porta, a alcançando encosto o meu ouvido.

_ Estou aqui, pode falar...

Rafael: O Kevin, está lá no quarto da mamãe, eu ouvi ele dizer que vai embora. Porque quase te machucou.

_ Ele contou pra sua mãe...?!

Falo, com surpresa. Talvez o Kevin não seja tão ruim assim. Penso.

Rafael: Sim, e ela tá muito brava. Falou que se ele for embora, ela nunca mais vai deixar você sair daí, vai te bater todo dia até ele voltar.

_ Não, eu não quero ficar trancada aqui. Rafa, você consegue pegar a chave?

Rafael: Eu tenho que ir. Acho que o Kevin saiu do quarto dela.

Disse ele, e ouço os seus passos se afastando da porta.

_ Não, Rafa...

Falo, sentindo um imenso pavor. Essa mulher quase me mata toda a vez que me bate, me deixa trancada nesse lugar com fome, e sede por horas isso quando não é por um ou dois dias... Eu não aguento mais essa vida! Não sei porque até o meu pai a deixa fazer isso comigo, como ele não enxerga que essa mulher vai acabar matando a sua própria filha?...

.........

Pego uma blusinha, calça que parece ser jeans, um conjunto de calcinha e sutiã, e me arrumo.

Ando de um lado a outro inquieta pensando no que vou fazer para sair desse maldito tormento. Até que ouço o destrancar da porta, anunciando a minha carrasca chegando.

Fernanda: Tá feliz, sua putinha. Meu filho saiu dessa casa por sua culpa!

Gritou ela, e ouço passos bruscos ao chão, vir em minha direção. E, o estalar da fivela do cinto ao chão, já me diz o que ela pretende.

_ Não foi culpa minha! Foi por isso que o Kevin foi embora...

Falo, tentando desviar dos golpes do cinto, até que acerta o meu rosto, o seguro e o tiro das mãos dela.

Fernanda: Ah! Não me diga que deu agora para bancar a menina revoltada! Vou te mostrar o seu lugar, sua cega imunda!

Fala, e puxa o meu cabelo.

Me viro rapidamente e a empurro, ela cai ao chão, tento encontrar a porta, até que escuto a voz dele.

Rafael: Bel...

Me chama, me atraindo até a porta, ao sair ele passa a chave, trancando a sua própria lá dentro. Desço a escada, assim que chego no segundo andar, vou em direção a escada que dá a sala... Ouço os gritos de Fernanda, enquanto Rafa permanece lá em cima.

Fernanda: Rafael, Volta agora mesmo aqui! Abre Essa Porta! E, você, sua cega imunda, é melhor sair dessa casa, porque se não, vai se arrepender...

Gritou ela furiosa.

Vou em direção a porta da sala, e por alguns segundos fico com a minha mão sobre a maçaneta. Para onde eu vou agora? Será ainda pior lá fora do que é aqui dentro dessa minha prisão?

Penso, e sinto as lágrimas caírem molhando meu rosto.

Rafael: Corre Isa, minha mãe tá vindo... Disse ele, ofegante após ter descido correndo as escadas.

Fernanda: Sua maldita Cega! Eu Vou Acabar Com Você!

Ouço ela gritar, lá de cima, vindo em direção a sala.

Sem pensar mais, abro a porta e corro para fora, se rumo nenhum até que ouço uma freada brusca de algum carro, me dando conta então que estou no meio da rua.

Penso se Fernanda me seguiu, se não devo correr, mas tenho medo de ser atropelada agora.

Meu coração bate rapidamente... Respiro ofegante e assustada. Enquanto ouço a porta do carro bater, ao ser fechada. Ouço passos, alguém se aproxima de mim.

- Se machucou?

Disse ele, em um tom de voz apreensivo. Logo percebo, que conheço essa voz, é aquele homem de hoje cedo... Me sinto ainda mais apavorada. O quê será que vai fazer comigo agora?

_ Não, eu sinto muito...

Digo, e logo sinto a sua mão segurar a minha.

- Isabella!

Fala, em um tom de voz brando e suave, diferente de hoje cedo.

_ E, quem é você?

Pergunto apreensiva ao ouvi-lo dizer o meu nome, perco o sentido...

...........................

•Saimon•

...Já são 20h da noite....

E, ainda estou aqui na varanda, do quarto. Nem mesmo desci para o jantar. Mas se bem, que estou sem fome.

Não consigo parar de pensar no que Fábio me disse.

..."A solução Para toda essa dor que sente, é realmente se entregar, entrar de cabeça em um outro amor."...

Foi o que ele falou, e após isso, desliguei o meu celular.

Hunff! Um outro amor? Até parece! Penso e logo os meus olhos, acompanham uma cena incomum.

Minha mãe chegando ao jardim, com Luciano. Hunff! O quê esse homem ainda está fazendo aqui? Penso, e volto ao quarto, sigo apressadamente para fora. Desço a escada, e constato que não tem mais ninguém na sala. Vou para área externa, sigo rumo ao jardim.

Me aproximo devagar até que, ouço falarem o meu nome...

Luciano: Eu te falei, que dizer que estava doente seria a forma rápida de fazer o Saimon concordar em permanecer no Brasil.

Disse ele, enquanto passava suas mãos pelos braços dela.

Núbia: Sim, mas, eu não gosto de mentir para o meu filho... E, se ele descobrir ser tudo mentira, que não estou doente. Ele pode...

Fala, com aflição. Fecho o meu cenho em descrença que minha própria mãe mentiu para mim, simplesmente me enganou com um assunto tão grave, só para que eu ficasse?.

Luciano: Fique tranquila, ele não vai descobrir. E, se descobrir até lá já estará casado com a Denise.

Disse ele num tom de voz confiante. Hunf! Estou curioso para saber como farão eu aceitar.

Núbia: Não sei não... Saimon é teimoso como o pai. Viu como ele a rejeitou.

Fala andando com inquietação de um lado a outro.

Luciano: É só uma questão de tempo... Na verdade, em menos de um mês, ele estará casado com a Denise, e então eu...

Disse ele, e o Interrompo.

_ É mesmo?! E, o que te dá tanta certeza, disso?

Falo e os vejo-me encarar surpresos.

Núbia: Saimon, filho...

Disse ela, vindo em minha direção.

_ Não se preocupe mãe. Eu vou-me casar, assim como tanto deseja!

Falo e saio os deixando ali.

A minha própria mãe, mentiu pra mim! Tudo isso para que eu me casasse com Denise? Ou será que tem mais alguma coisa nessa história? Seja o que for eu vou descobrir. Hunf!

Sigo em direção a garagem, entro no meu carro e dou partida, dirijo sem rumo algum. Perdido nos meus pensamentos, não percebo que estou passando pelo Bairro Parque das hortências. Local próximo ao restaurante.

.........

Então querem que eu me case, pois, bem! Será com qualquer uma, menos com Denise...

Logo vejo uma moça correr para o asfalto. Piso no freio, parando o carro bruscamente já próximo a ela.

Passo a mão no meu rosto, enquanto respiro pesado, diante de um quase acidente...

Desço do carro, e vou na sua direção, parece está assustada.

_ Se machucou?

Pergunto, pois percebo que está chorando.

Isabella: Não, eu sinto muito...

Disse, ao virar o seu rosto percebo que é ela, e está com os seus olhos vermelhos e molhados. Sem me dar conta pego na sua mão, tentando a tranquilizar.

_ Isabella...

Seu nome escapa, dos meus lábios. Me indago, porque logo ela apareceu justo nesse momento? Será um sinal...?

Ela arregala os seus olhos, parecendo se assustar após eu ter dito o seu nome, ou porque reconheceu a voz do homem que foi rude com ela?.

Isabella: E, quem é você?

Pergunta, em seguida fecha os seus olhos e cai desacordada nos meus braços.

_ Isabella...!

A chamo, mas ela não reage, a levo até o meu carro, que ainda está no meio da rua. A coloco no banco do passageiro, e entro. Dirijo pouco mais a frente até uma praça, permaneço com meus olhos presos nela, e vejo que seu rosto está vermelho como se tivesse sido agredida, e ao lado direito do seu pescoço tem marcas de dedos.

Assim que estaciono, ela parece reagir, abrindo então os seus olhos, desço e abro a porta, a ajudo sair do carro. E, a conduzo até um banco.

Assim que se senta, ela leva as suas mãos a cabeça. E, começa a chorar, seu corpo está trêmulo...

_ Eu sinto muito! Me perdoe... Te trouxe para praça, não farei nada com você.

Digo aflito, e me sinto preocupado com o seu estado. Enfim percebo que até o seu pulso está marcado, assim como o seu rosto e o pescoço.

_ Me diga onde mora que te deixo em casa. Onde estão seus pais?

Ela ergue enfim a cabeça, com sua mão esquerda no rosto, ao lado que está vermelho.

Isabella: Casa? Eu não tenho casa! E, muito menos alguém que goste de mim... Minha mãe morreu, estou sozinha! Não tenho mais ninguém! Ninguém!

Disse ela em prantos... Os seus olhos verdes brilham agora com as lágrimas, que escorrem aos montes pelo rosto dela. É nítido o quanto sofre.

Tudo que disse doeu em mim. É evidente que alguém a maltrata... Será aquele rapaz que estava com ela? Penso, e a vejo abaixar a cabeça novamente.

_ Agora você tem a mim!

Falo, e ela ergue a sua cabeça, com o seu cenho franzido demonstra estar confusa.

Isabella: Você?!

Diz de forma pensativa.

_ Sim, Isabella, eu gostaria que se casasse comigo!

Falo e estendo a minha mão em frente a ela. Que tolo! Ela não pode ver. Me sento ao seu lado.

Olhando para ela vejo que parou de chorar. E, agora parece esta pensativa. Fecha seus olhos e puxa o ar em seus pulmões.

Isabella: Mas, eu nem te conheço!

Fala, e respira fundo fazendo biquinho, bem engraçadinho até. Hum!

_ É verdade... Vamos resolver isso agora mesmo. Me chamo Saimon Alencar tenho 28 anos, sou filho de Filipe Rizzo Alencar, e Núbia Alencar. Fiz faculdade de gastronomia , nasci e fui criado em gramado, viajei para o exterior por alguns anos e....

Isabella: É filho do senhor Filipe...

Disse ela, e abrindo um doce sorriso em seu rosto.

Lamento, ele era muito legal...

Fala, com pesar.

_ Sim, ele era o meu pai, obrigado!... Agora que sabe quem eu sou, que tal me dar uma resposta.

Falo, encarando seus olhos profundos e ainda molhados.

Isabella: A gente acabou de se conhecer. Como pode-me me pedir para casar com você? Você é louco!

_ Já ouviu falar em amor a primeira vista? Isabella...

Isabella: Está tirando uma com a minha cara, não é?!

Fala erguendo as sobrancelhas.

_ Perdão! Não estou tirando uma com a sua cara...

Mas, entendeu o que eu quis dizer.

Isabella: Quando me viu hoje cedo, parecia que iria soltar os cachorros atrás de mim. E, agora está pedindo para que eu me case com você? Deve ser louco...

Disse ela, de uma forma, até que engraçada.

_ Hahaha! Perdão, por aquilo, não estava tendo um bom dia. Mas, ainda assim não é desculpa para ser, rude. Então peço que me perdoe.

Falo, com sinceridade.

Isabella: Hum? Tudo bem! Aceito seu pedido de desculpas... Mas, preciso-te ver, para saber que é Saimon Alencar.

Disse ela, apertando os olhos.

_ Me ver? E, como será isso?

Pergunto, um tanto confuso.

Isabella: Posso tocar o seu rosto?

Disse ela, se levantando do banco. Fico de pé em sua frente.

_ Sim, pode!.

Falo e em seguida a vejo ergue a sua mão direita e a traz ao meu rosto, logo sinto o seu toque, que é gentil, a sua mão é quente e macia, porém as pontas dos seus dedos são ásperos, e com eles desenham todo o meu rosto.

Isabella: É um Prazer te conhecer, Saimon...

Disse ela, e da um sorriso doce e encantador. E, acabo por sorri junto.

_ Qual é a sensação? Quando...

Pergunto com certa curiosidade.

Isabella: Hum?! Que tal você mesmo descobrir. Assim entenderá melhor. Feche os seus olhos.

Disse ela, enquanto pega em minha mão direita e a ergue e a coloca no seu rosto. Fecho os meus olhos enquanto a minha mão acaricia sua pele macia e suave, sinto o calor que vem dela se irradiando nos meus dedos.

_ O Prazer é todo meu, Isabella...

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