Frente a frente

***Narrado por Chupim***

O dia clareava na comunidade e eu ainda nem tinha ido dormir, precisa levar logo esse frango do caralho e saber quem pagou ele nos trair. Depois dos moleques limpar aquela bagunça na quadra, vou para casa acalmar minha coroa e falar com aquele X9 do caralho.

— Filho, pelo amor de Deus que aconteceu, que sangue é esse?

— Não é mãe, relaxa, eu preciso tomar um banho para sair de novo.

Subi para tomar um banho, estava não nervoso por invadirem minha quebrada, que aquele infeliz não teria noção do que iria fazer com ele.

Eu entrei no banho e ficava com aquela mina na cabeça, porque ela estava aqui justo num dia que iam invadir a comunidade, sabia que não poderia executar aquele filho da puta antes de falar com ela e a mina do DG.

Terminei o banho, desci ainda vestindo apenas uma calça jeans, pedi que o DG levasse as duas na boca.

— Aí DG vai à casa da sua mina, pede para ela colar com a gringa, por favor, quero saber direito essa fita do Brandão.

— Pode deixar Patrão, estou indo lá agora.

***Narradora***

Na casa de Lúcia, ela levantava para cuidar dos seus afazeres e Mari dormia no sofá, estava com apenas um lençol tentando se adaptar ao calor e ao fuso horário. Ela passava o café quando Emily bate na porta, estava acompanhada por DG.

— Bom dia, dona Lúcia? Mari já acordou?

— Está sofrendo com o calor, isso sim rsrsrs, por que o que houve?

— O patrão quer ter um papo reto com ela, sobre o que aconteceu ontem.

— Aí, minha nossa, só me faltava acontecer alguma coisa com ela e a dona Beatriz vim me cobrar.

Lúcia acorda Mari que ao ver a pobre mulher parada percebe que estava muito preocupada, Mari se senta levando as mãos no rosto.

— Filha você precisa ir falar com o dono da boca.

— Eu já sabia, mas pensei que fosse mais tarde, estou morrendo de sono.

— Anda filha, melhor você ir logo.

Então ela se levantou rápido, foi até o banheiro, fez a higiene, vestiu uma calça e uma camiseta e saiu, no portão estava DG e Emily, eles entraram no carro e desceram até a boca que era uma casa quase no fim de uma viela.

***Narrado por Mari ***

Quando o carro parou na entrada de uma calçada bem estreita chia de casa tinha uns homens armados na calçada e outros na laje que ficaram nos olhando, caminhamos por ela e meu coração batia acelerado de medo.

O namorado de Emily abriu um portão e entramos, ele nos mandou ir até uma sala nos fundo, nos sentamos e ficamos esperando, logo senti um cheiro forte de perfume importado, quando olhei era o mesmo rapaz de ontem no baile.

— But this is…

— Na minha língua, gringa, quero saber o que rolou no camarote ontem.

Mas Emily levantou a mão e pediu para poder falar, ele parecia irritado, só então descobri quem ele era de verdade.

— Aí, Chupim eu estava lá, aquele cara atirou no cara, estava com ele, estava com a Marcela segurando pelos cabelos, ele ia matar o Marreco.

— Como é? Tem certeza?

— Senhor Chupim, eu só quis salvar a moça, foi um tiro de sorte.

— Quer mesmo que eu acredite nisso? Aquele vai morrer hoje, então pensem bem no que estão falando.

Chupim, se levantou, pegou sua pistola e colocou sobre a mesa, sentou na minha frente e ficou me encarando, eu não poderia demonstrar medo.

— Olha aqui, gringa.

— Meu nome é Mari.

— Foda-se seu nome, aqui na minha quebrada ninguém entra sem minha permissão entendeu? Se eu descobri que você está envolvida com esses paus no cu, eu mesmo te mato, ouviu?

— Não conheço ninguém daquele baile, a não ser Emily, sobre estar aqui sem permissão, eu preciso alugar uma casa.

— Eu vou dar uma prensa naquele infeliz, se você não tiver envolvida eu te libero um barraco.

Foi naquele momento que percebi que ali, por mais perigoso e arriscado que fosse, era o melhor lugar para eu ficar, pois sabia que minha tia não teria como ir até lá e minha desconfiança contra ela era cada vez maior.

Ele fez um sinal para um cara que estava na porta, nós levantamos e saímos dali, Emily estava tremendo mesmo sabendo que não tínhamos feito nada de errado.

— Calm (calma), Emily está tudo bem? Você não fez nada, eu peguei a arma, eu atirei.

***Narradora ***

Chupim espera as duas moças saírem, chama Marreco e conta para ele o que elas falaram dele ser o alvo, o que deixa o parceiro ainda mais irritado.

— Eu vou com você, se essa fita for real, eu mesmo passo esse filho da puta.

— Bora lá então, vamos encostar esse maluco na parede.

O grupo desce para o porão, onde o homem estava amarrado numa cadeira só de cueca, Chupim já entra dando um murro arrancando sangue da boca de Brandão.

— Pode começar a falar, quem mandou vocês aqui? Por que iam matar o Marreco?

O homem mal podia falar, ele ainda sangrava devido ao tiro que levou na mão, apesar de ter tido os dedos queimados para estancar o sangue.

— Anda seu porra, abre o bico.

— Nós perdemos nossa carga para os meganha, recebemos uma denúncia dizendo que foi seu braço direito.

— E é assim que agem, pelas costas, bando de cuzão.

Eles arrastam a cadeira com o homem até a mesa e amarram as mãos na mesa, em seguida Marreco pega um facão, o homem tenta se livrar, mas sem sucesso, ele tem os dedos cortados, pelo menos os que lhe restavam.

Até que o homem, vendo que sua morte era inevitável, ameaça Chupim, mas, ao mesmo tempo, ajuda Mari, sem saber.

— Aquela sua cadela, não vai durar muito, pode acreditar.

— Como é, está me ameaçando?

Chupim, pega sua pistola e atira na cabeça de Brandão, em seguida ele sai do local Marreco que vinha logo atrás lhe faz um lembrete.

— Pelo visto aquela mina não estava mentindo, certo? Acho que deve uma casa para ela rsrsrs

— Cala sua boca, babaca, rsrsrs.

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