Kaity estava num quarto muito bem equipado. Era muito parecido com aquele onde Adam era mantido. Haviam roupas femininas no guarda roupas.
Ela não conseguia esquecer o assassinato de Jean. A cena ficou gravada na sua mente, assim como uma tatuagem fica gravada num corpo.
Jean era um bom homem. Kaity havia se entregado para ele. E mais rápido do que entrou na sua vida, ele também saiu.
Kaity estava sozinha. Adam havia sido tirado dos seus braços e arrastado para outro lugar. Isso tudo parecia um pesadelo. Já não sabia quanto tempo havia se passado. Apenas os alimentos eram deixados por um homem mascarado todos os dias, mas não houve nenhum contato com os donos da casa.
Kaity chorava muito. Acreditava que envolveu Jean nessa situação e por sua culpa o homem da sua vida morreu. Era terrível. Ela não tinha fome ou nenhum sentimento além de tristeza.
Em certo momento a porta de Kaity abriu. Não era possível saber se era dia ou noite. A luz se acendeu e uma mulher estava parada de pé na porta do quarto. Era Analisee.
A mulher estava vestida com um traje branco. Linho fino e um saldo dourado. Os cabelos soltos e loiros como uma cascata de ouro. O rosto sem expressão devido aos muitos procedimentos estéticos.
Analisee — Então enfim eu conheço a monstro que mandou trancar o meu filho numa prisão.
Kaity estava deitado de costas para a porta. Mas não acreditava naquilo que estava ouvindo. Era absurdo.
Analisee — Vire-se. Quero ver o seu rosto.
Kaity não se mexeu. Permaneceu parada.
Analisee — Além de tudo ainda é sem educação. Tudo bem, se não quer se virar é melhor eu ir visitar o seu filho.
Kaity levantou rapidamente em fúria.
Kaity — Não toque no meu filho.
Analisee — Olha ela aí... A garota ficou furiosa. Eu estou curiosa para saber o que veio fazer aqui.
Kaity — Pergunte ao seu filho.
Analisee sorriu discretamente. Era uma mulher fria e calculista.
Analisee — Trouxe o seu namorado apenas para morrer? Deve ser patético ser você, não é mesmo?
Kaity — O que a senhora quer?
Analisee — Já disse... Vim lhe conhecer. Difícil aceitar? Além do mais, meu filho tem um interesse especial em você.
Kaity — Seu filho é patético e covarde.
Analisee — Não fale assim do Brian. Se fizer isto outra vez, eu vou ir até o quarto ao lado e bater no seu filho. Ou posso mandar um segurança fazer isto.
Kaity sorriu. Um sorriso forçado e cruel. O seu sorriso causou arrepio na coluna de Analisee.
Kaity — Faça isso. Eu sou uma mulher que perdeu tudo. Tenho apenas o meu filho. Se tirarem isso de mim também, eu irei me tornar alguém sem nada a perder. Pessoas assim não são boas inimigas.
Analisee — Ameaças vazias de uma mulher vazia. Kaity, eu irei viajar. Ficar fora algum tempo. O seu olhar vazio e perdido é meu combustível para sair a sorrir. O seu sofrimento apenas começou.
Kaity — Cuidado, senhora. Eu falo sério...
A mulher virou as costas e saiu. Kaity caiu no choro. Um choro silencioso. Um choro de impotência e tristeza.
No dia seguinte Kaity acordou com um homem parado ao seu lado. Ele estava bem vestido e perfumado. Era Francesco.
Francesco — Bom dia, senhorita Brown. Tem um minuto?
Kaity não gostava de Francesco, mas algo nele a acalmava. Talvez fosse o jeito de falar. Ela então se levantou e sentou-se na poltrona.
Francesco — Bom, eu vim apenas lhe dizer que pode contar comigo. Se precisar de algo não hesite em me dizer.
Ele então trouxe uma bíblia. Ele a colocou na mesa de cabeceira da cama de Kaity.
Francesco — A sua vida aqui não será fácil. Mas essa bíblia pode-lhe trazer um refrigero em momentos de angústia. Quando estiver a passar por algum momento delicado, abra. Há ali algo que pode-te ajudar.
Kaity — Por que me ajudaria?
Francesco — Somos do mesmo lugar. Viemos do mesmo lugar. Ou nos ajudamos, ou morremos. Fique firme, Brown. Firme.
O homem então saiu, deixando Kaity sem entender muito bem o que tinha acontecido.
Kaity deitou novamente. Não queria saber de mais nada. Estava triste e desolada.
No final daquele mesmo dia a porta de abriu novamente. Kaity olhou e era ele... O maldito Brian Ashford.
Brian — Sentiu saudades, Kaity?
A garota não acreditava nisso. O que ele estava fazendo lá? Ela então se levantou e avançou sobre ele sem pensar duas vezes. Com a mão direita ela deu um tapa no rosto do rapaz.
Brian sentiu o corpo cambalear. O golpe foi forte e agressivo.
Brian — Ei... Dessa vez eu vou te perdoar. Não vai haver outra. Se me bater outra vez eu vou trazer o pintinho do seu filho em um colar para você.
Ela então se afastou do rapaz.
Kaity — O que você quer?
Brian — Vim visitar a minha velha amiga. Além disso, temos um assunto importante para tratar.
Kaity não respondeu nada. Ficou calada a fitar Brian.
Brian — Bom, tenho um amigo que sentiu muito a sua falta. Você se lembra do Dimitri? O Oligarca russo?
Kaity ficou em Pânico. Dimitri era o estuprador que havia abusado dela há algum tempo.
Kaity — Não... Não vou fazer nada com esse monstro.
Brian sorriu. O mesmo sorriso que tinha no rosto na ocasião em que a emprestou ao russo.
Brian — Ei, ei, ei... Não quero saber desse comportamento. Ele quer ver você. E vai ver você. Ou, eu vou trazer o seu pequeno filho aqui e bater nele, na sua frente.
Kaity — DEIXE O ADAM FORA DISSO!
Brian então assobiou e um homem grande, corpulento e careca entrou no quarto. Parecia um armário tão grande e forte.
Brian — John, traga o menino.
Kaity estava em pânico. Tinha medo do que o homem faria com a criança.
O homem logo voltou com Adam. O menino estava com grandes olheiras. Parece que não estava dormindo muito bem. Também parecia ter perdido peso.
Kaity — Filho, está tudo bem... Ninguém vai te fazer mal.
Brian — Bom, irei falar outra vez. Irá pernoitar com Dimitri ou não?
Kaity — Não.
Brian — Ótimo.
Brian agarrou Adam pela camisa e bateu no rosto dele com o cano de um revólver. O supercílio do garoto abriu imediatamente, encharcando sua roupa de sangue.
Kaity gritou. Pediu que não fizesse isso.
Brian — E então... Qual sua resposta mesmo, Kaity?
A garota estava chorando. Nao queria pernoitar com Dimitri, mas antes disso não queria ver seu filho ser espancado.
Kaity — Está bem. Está bem...
Brian — Ótimo. John, leve o garoto.
O homem então levou o garoto. Kaity ficou angustiada, mas sabia que eles cuidariam dele, pois Adam era um trunfo.
Brian — Irá se arrumar. Dimitri já chegou. Ele logo virá ao seu encontro. Vista-se e fique bonita. Ele vai aproveitar muito de sua companhia.
Brian então saiu do quarto sorrindo. Kaity deitou na cama e gritou entre as almofadas. Não acreditava que isso estava a acontecer.
A vida em Porto Seguro ao lado de Jean e Adam parecia um sonho distante. Infelizmente isso não voltaria.
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Atualizado até capítulo 20
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