Capítulo Oito

Kaity já havia embarcado para Porto Seguro no final da tarde. Em duas horas havia pousado em terras nordestinas.

Ela tomou um carro de aplicativo e chegou em casa em 20 minutos. Ela estava muito irritada. Queria entender com Jean o que poderia ter acontecido com o projeto.

Quando ela abriu a porta viu Adam sentado no sofá jogando vídeo game.

Adam — Mamãe!

O garoto correu e deu um abraço na mãe. Ela se derreteu.

Kaity — Meu amor. Que saudade. Esta tudo bem por aqui?

Adam — Sim, mãe. Não tive aula hoje. Os professores estão em conselho.

Kaity — Onde está o Jean?

Adam — No quarto. Parece que algo aconteceu com o pai dele. Eu vi ele chorando.

Kaity não sabia o que poderia ter acontecido ao monstro Joel.

Kaity — Amor, vai brincar lá fora. Eu tenho que falar com ele sozinha.

Adam então saiu levando sua bola para o quintal. Kaity colocou sua bolsa na mesa de centro na sala e foi até o quarto do casal falar com Jean.

Quando abriu a porta viu Jean sentado na cama chorando. O homem parecia abalado com alguma notícia triste.

Kaity — Amor? O que aconteceu?

Jean — Ah, você já voltou. Deveria ter me ligado. Eu iria te buscar.

Kaity — Peguei um carro de aplicativo. O que aconteceu?

Jean então olhou para Kaity. Os olhos do rapaz estavam inchados de chorar.

Jean — Meu pai... Ele faleceu.

Kaity não estava triste. Ao contrário. Estava aliviada, mas não poderia demonstrar isso para Jean. Afinal de contas, Joel era pai dele.

Kaity — Como?

Jean — Enforcado. Disseram que ele cometeu suicídio. Mas não acredito nisso.

Kaity — Sinto muito por você. Vai para São Paulo cuidar do velório?

Jean suspirou. Parecia abatido.

Jean — Não. Não quero saber disso. Nem queria que me visse desse jeito. Acho desrespeitoso com você.

Kaity — Não tem problema você estar triste. Era seu pai. Mesmo sendo quem era. É um bom homem.

Jean — Meu tio vai vir até aqui. Falar comigo sobre o Private Bank. Ele está chegando.

Kaity — O que tem o Private Bank?

Jean — São as ações... Quando ele chegar vai me explicar.

Kaity ficou preocupada. Jean havia vendido as ações dele no Private. Mas provavelmente seria herdeiro das ações do pai e avô.

Kaity não pôde falar com o marido sobre o projeto que ambos estavam desenvolvendo. Não hoje. Talvez amanha.

Na manhã seguinte o dia amanheceu chuvoso. Era incomum em Porto Seguro. Jean estava se fazendo de forte e Kaity estava ansiosa sobre a chegada do tio avô de Jean.

As dez horas a campainha tocou. Jean foi até a porta. Kaity estava na cozinha com Adam. De lá ela ouviu Jean falando com um homem. A voz era grave e parecia imponente.

Logo Jean chegou até a cozinha acompanhado de um senhor. Ela aparentava ter uns setenta anos. Era grisalho e trajava um terno simples cor de areia com uma camisa branca básica por baixo. O sapato social marrom brilhava. Seus olhos azuis eram como os de um felino.

Jean — Tio, essa é a minha esposa, Kaity. Esse è nosso filho Adam.

O homem era Leônidas Schneider. Irmão mais novo de Leonel.

Leônidas — Eu sei quem ela é. Prazer te conhecer pessoalmente, garota.

Kaity não gostou nada de Leônidas. Ele parecia muito com Leonel, exceto na maneira de falar.

Jean — Tio... Ela se chama Kaity.

Leônidas — Isso faz dela uma garota, não?

Kaity — Muito prazer, senhor.

Leônidas — Me chamo Leônidas.

Kaity — Isso faz de você um senhor, não?

Leônidas — Touché!

Jean estava meio perdido entre essas farpas soltas. Não se sentia confortável.

Jean — Bom tio, sente. Me conte o que houve com o meu pai.

Leônidas então sentou na mesa.

Kaity — Adam, vai brincar filho.

Adam então saiu da sozinha e foi até o quintal brincar.

Leônidas — Bom, a versão oficial que será divulgada para a mídia é suicídio. A versão real é queima de arquivo. Sou pai foi assassinado.

Jean — Já sabem por quem?

Leônidas olhou com severidade para Jean.

Leônidas — Óbvio que não. Nem vão. Seu pai estava preso. O estado não vai assumir a morte dele, mas enfim... Não há nada que possamos fazer.

Kaity — Esse é o destino dos estupradores. Não é?

Leônidas — Sei o que meu irmão e sobrinho eram. Foi direto seu denunciar. Ainda que eu ache burrice. Ganharia muito mais fazendo um acordo com ambos. Mas cada um com suas escolhas, não é?

Kaity — Nem tudo se resume a dinheiro, senhor. Sabia?

Leônidas — Soube disso no que em que optou por denunciar ambos. Coragem... Mas não houve inteligência.

Jean — Tio... Por favor. Me fale sobre o que veio falar.

Leônidas — Bom... As ações. Como deve imaginar você herdou todas que eles deixaram. 45%. Isso faz de você o acionista majoritário.

Jean — Eu não sou majoritário. Vendi minhas ações. Os 8%. Os acionistas possuem 55%.

Leônidas — Na verdade, não. O seu pai através de mim comprou as suas ações. Um laranja intermediou. Tem 53% Jean. Você decide o futuro do Private Bank.

Jean parecia atónito. Kaity estava calada e parecia irritada com a situação.

Jean — Como o senhor pôde?

Leônidas — Fiz por decisão do seu pai. Bom, a diretoria espera que assuma o lugar do Joseph como CEO. Ele foi bom enquanto o seu pai esteve preso, mas não pode continuar.

Kaity — Como assim assumir?

Leônidas — Ele é herdeiro. O que sugere? Que ele venda as ações? O banco quebraria. Ou Jean assume ou indica alguém. Precisamos ser rápidos. A mídia vai falar sobre o seu pai hoje, Jean, mais tarde. As ações vão despencar se não tivermos um nome.

Kaity — Ele não tem mais nenhuma relação com o Private Bank.

Leônidas — Errada. Ele é herdeiro desse império. O rei está morto e deve ser posto. Ordem natural das coisas, senhorita Brown.

Jean — Por favor, parem. Eu ainda não sei o que vou fazer.

Leônidas — Não está pensando em vender, não é? Seria absurdo. Caso não tenha interesse, posso ajudar nisso.

Jean — Tio... Eu vou pensar.

Leônidas — Jean, não seja irresponsável. A companhia precisa de você. O jurídico quer uma resposta hoje. É importante.

Kaity estava furiosa com a pressão que o tio avô de Jean estava fazendo nele.

Kaity — Ele já disse que vai pensar. O senhor sabe que ele não quer mais estar lá.

Leônidas olhou para Kaity como se ela fosse um inseto que ele estava prestes a pisar.

Leônidas — Garota, Jean é herdeiro do maior banco da América latina. O terceiro maior banco do mundo. Ele desistiria de tudo por você?

Kaity — Talvez sim. O amor de uma mulher é maior que isso.

Leônidas sorriu. Olhou friamente para ela e para Jean.

Leônidas — Escutem! As vezes as mulheres podem edificar um homem. Eu já vi acontecer. Mas também podem destruí-lo. Eu também já vi.

Jean — Tio eu preciso de um tempo. Amanhã, pode ser?

Leônidas — Caramba, Jean... Eu irei fazer uma ligação. Só um instante.

O homem então saiu da cozinha e foi até a sala. Eles ouviam sua voz ao telefone. Parecia irritado. Logo em seguida ele voltou.

Leônidas — Certo, Jean. Amanhã às 10 horas. É o prazo máximo que o jurídico permitiu para anunciarmos o novo CEO.

Jean — Está bem. Eu te ligo então?

Leônidas — Eu irei ficar na cidade até amanhã. Estarei aqui novamente às 9 horas. Tire a noite para colocar a cabeça no lugar.

Jean — Certo. Então eu irei pensar. O senhor ficar para jantar?

Leônidas — Não. Eu tenho que trabalhar. E francamente sua esposa não parece confortável com minha presença por aqui. Bom, até amanhã.

Leônidas então levantou, apertou a mão de Jean e saiu. O sobrinho o acompanhou até a porta. A decisão de Jean decidiria o futuro do Private Bank. Com certeza muito estava em jogo.

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Comments

ARMINDA

ARMINDA

EITAAAAA QUE SITUAÇÃO JEAN ESTÁ. ACEITA . NÃO ACEITA .🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔

2024-01-04

1

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