Capítulo Quatro

Kaity se empenhou muito em seu projeto conjunto com Jean. Ele finalmente estava pronto. A empresa era pequena, mas tinha futuro. O governo federal havia demonstrado interesse em patentear o sistema de proteção ambiental. Isso renderia bons retornos para Kaity e Jean.

Ela marcou reunião com o representante do governo, o analista Kauê Bráz. Ele iria avaliar os dados do projeto e direcionar o ministério do meio ambiente, responsável para liberação de verba.

Na manhã da reunião, Kaity não estava se sentindo muito bem. Ela teve pesadelos onde Brian sequestrava Adam e quando ela iria salvá-lo, o seu filho morria na sua frente.

Ela foi até a cozinha e Jean já estava sentado na mesa tomando café com Adam. Os dois estavam falando sobre os resultados do campeonato brasileiro de futebol.

Kaity lembrou Jean que hoje era o dia que eles tinham a tal reunião. Jean afirmou haver conversado com Kauê que desmarcou a reunião, pois tinha outro compromisso. Kaity não ficou feliz com a informação.

Ela estava empenhada no projeto e gostaria de resolver logo essa situação. Era sufocante ficar a sombra de Jean financeiramente. Ela não tinha recursos financeiros e essa era uma forma de se sentir independente.

Jean disse que levaria Adam para um evento de surf para ele poder observar e se preparar para o que enfrentaria daqui há alguns meses. Kaity apenas concordou. Disse que iria ficar em casa e fazer ajustes no seu projeto.

Quando ambos saíram ela foi até o jardim. Molhou as suas plantas. Ela adorava orquídeas. Eram lindas. Um degrade de branco com lilás. Ela também tinha uma linda Roseira. As flores ainda não tinham desabrochado, mas ela cuidava diariamente.

Kaity também cultivara ervas culinárias. Ela levou algumas sementes que Flora tinha-lhe dado e as plantou. A terra era boa. Em pouco tempo ela teve salsinha, cebolinha, tomilho e manjericão. Estava esperando a pimenta brotar e o alecrim.

Ela se lembrou do tempo que passou na casa de Flora e sentiu uma saudade da sua amiga, mas com a saudade um aperto no peito. Flora era uma mulher forte, mas havia passado por maus bocados há alguns dias e isso estava prejudicando Kaity.

A vida em Porto Seguro era monótona e não havia muito sobre o que se pensar. Kaity não tinha amigos. Apenas vizinhos conhecidos de vista. Ficou bastante receosa de fazer amizade e expor a sua intimidade com estranhos.

Ela terminou de regar as suas plantas e entrou. O sol era muito forte, independente horário. Não gostava de se queimar.

Kaity leu o seu projeto e fez algumas correções bobas apenas para justificar o seu tempo de leitura. Não havia mais nada para se corrigir. Estava pronto e precisava ser entregue urgente.

Ela decidiu parar de mexer naquilo que já estava pronto e foi até a cozinha. Lavou as louças do café e começou a preparar o almoço.

Ela adorava peixes. Tirou um filé de pescada que tinha na sua geladeira e fez uma marinada com limão e algumas especiarias. Lavou três conchas de arroz e fez uma farofa de limão que combinava perfeitamente com o peixe.

Ainda estava cedo para fritar o peixe e fazer o arroz, então decidiu lavar um pouco de roupas. Não tinha muita. Lavara há dois dias. Ela logo percebeu que a sua vida era tediosa e pensou novamente no projeto.

Kaity estudara tantos anos e não queria ter que ficar apenas em casa, cuidando do filho e marido sem perspectiva de crescimento profissional. Não se sentia importante. Não como um dia se sentiu enquanto se sentou na cadeira de gerente na Red Tower.

O telefone de Kaity tocou e a tirou desse pensamento estranho. Quando ela atendeu o homem do outro lado identificou-se como um policial militar do estado de São Paulo chamado Paulo Rubens.

Kaity pensou ter alguma relação com o seu processo contra Brian Ashford, mas ele explicou que se tratava de um acidente de trânsito envolvendo Flora Mattos.

Sargento Paulo — Senhorita Kaity. O seu telefone estava no celular da senhora Flora Mattos.

Kaity — Sim, mas o que aconteceu?

Sargento Paulo — A senhora Flora se envolveu num acidente na Marginal Pinheiros.

Kaity — Mas ela está bem?

Sargento Paulo — Senhorita, infelizmente ela não sobreviveu.

Kaity — Como assim? Que palhaçada é essa?

Sargento Paulo — Infelizmente Senhorita. O IML irá transportar o corpo até a sede do Sapopemba. Se a Senhorita puder comparecer para reconhecer o corpo será importante.

Kaity desligou. Não conseguia entender. Sua amiga Flora também havia morrido. Perdera Sueli há alguns meses e agora que tinha uma nova parceira também a perdera.

Kaity sentiu um vazio no estômago. O mundo ali também havia parado. Toda a beleza da praia que abrigava a sua casa sumirá. Tudo se tornou cinza.

Ela não poderia reconhecer o corpo. Estava há centenas de quilômetros. Por que Flora havia a deixado? Por que não parou de dirigir quando descobriu estar doente?

Kaity foi para o seu quarto e fechou a porta. Deitou-se na cama e gritou. Gritou tão alto quanto poderia gritar. Sentia o mundo desabando sob os seus pés. Aquela família perfeita na casa perfeita parecia um sonho distante.

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Comments

ARMINDA

ARMINDA

NOSSA KAITY FICOU MAL COM ESTÁ NOTÍCIA DE FLORA TER MORRIDO.😮‍💨😮‍💨😮‍💨😮‍💨🤒🤒🤒🤒🤒

2024-01-04

1

Y. N. Alencar

Y. N. Alencar

Atualizarei em breve

2023-11-15

1

Cleusa Ribeiro

Cleusa Ribeiro

estou esperando mais capítulos!

2023-11-14

1

Ver todos

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