Capítulo Nove

Palermo, Itália.

Brian não estava confortável na casa do pai. Ele ainda não aceitara o fato de Francesco ter mais importância do que ele nas decisões da organização.

No dia seguinte pela manhã ele foi acordado bem cedo. Francesco estava em pé diante da sua cama logo após abrir todas as cortinas e deixar a luz invadir o quarto.

Francesco — Bom dia, senhor. Sua presença está sendo requisitada na sala de jantar.

Brian estava irritado. Odiava ser acordado dessa forma.

Brian — Mas que inferno! Por que está aqui tão cedo? Meu pai já retornou?

Francesco não parecia dar importância para o nervosismo de Brian. Ele continuava arrumando as roupas que estavam jogadas no chão.

Francesco — Não se trata de lorde Abraham. Lady Analisee retornou essa madrugada. Quer muito vê-lo. Pediu que eu acordasse para que pudesse tomar café juntos.

Brian pulou da cama. Na Itália a única pessoa que era um poço de tranquilidade para o rapaz era sua mãe. Ela o tratava como uma criança mimada.

O rapaz se arrumou rapidamente e desceu para a sala de jantar. Uma mesa repleta de pães, doces, sucos, queijos, frutas, iogurtes e bolos estavam servidos.

Na cabeceira da mesa estava sentada uma mulher muito elegante, mas visivelmente alterada por procedimentos cirúrgicos. O rosto parecia afetado por botox e enxertos nos lábios para criar volume.

Os cabelos loiros estavam a brilhar parecendo uma cascata de ouro líquida. Ela usava um óculos de griffe e um terno branco com uma rosa no bolso. Correntes de ouro no pescoço e um relógio cravado de diamantes no pulso. As unhas grandes e bem pintadas. Uma perua.

Analisee — Meu bebê!

A mulher se levantou e abraçou Brian. Ela apertou sua bochecha e beijou seu rosto cinco vezes de cada lado.

Brian — Oi mãe!

Analisee — Está magro. Soube que foi preso meu amor. Quanta crueldade. Aquele país de terceiro mundo não trata bem os grandes nomes. Por isso não evoluem.

Brian — São bárbaros.

Analisee — Ora, sente-se. Coma. Precisa ficar forte.

Brian então se sentou e comeu de tudo um pouco. Sua mãe o admirava como se ele fosse um objeto valioso.

Analisee — Seu pai o tratou bem?

Brian suspirou.

Brian — Claro que não. Ele me odeia. Foi cruel comigo todos os dias que estive aqui.

Analisee — Ele é duro. Mas precisa agradar ele, Brian. Esse império aqui será todo o seu. Sabe disso não sabe?

Brian largou o pão que estava mordendo e soltou com força na mesa.

Brian — Como? Nada do que eu faça está do agrado dele. Ele adora Francesco. Mas eu... O próprio filho... Ele tem nojo de mim.

Analisee agarrou as mãos do filho com as suas com força.

Analisee — Não diga isso. Francesco é um braço direito, mas você... Ah, meu filho, é um Ashford. Carrega o nome dele.

Brian — Ele me pediu as ações do Private Bank.

Analisee — Eu soube. Como está fazendo isso acontecer?

Brian — Não sei... Ainda nem comecei. Isso me deixa preocupado. Se eu falhar...

Analisee — Não vai falhar. O ponto fraco do Jean é a garota... A vaca que colocou você na prisão. Ela tem um filho... Aquele que você curou do câncer... Ele é a chave.

Brian ficou surpreso com o conselho da mãe ser tão parecido com o de Francesco.

Brian — A senhora está parecendo o Francesco. Ele me deu o mesmo conselho.

Analisee — Talvez ele esteja parecido comigo... Mas a questão agora é outra. Precisa dar um jeito nisso Brian. Se o seu pai não conseguir isso... Não sei o que pode lhe acontecer.

Brian — Todos aqui tem medo dele... O que meu pai se tornou?

Analisee — O tempo fez dele um matador. Um tubarão. Assim como você bebê. Só precisa deixar o medo de lado. Ele volta hoje da viagem. Vai querer uma resposta. Seja rápido.

A mulher se levantou e pegou sua bolsa Prada que estava no aparador ao lado.

Brian — Onde a senhora vai?

Analisee — Tenho uma reunião. Eu volto a tempo de jantar em casa. Tire esse tempo para pensar no que vai fazer meu amor.

Brian então abraçou a sua mãe e a mulher saiu apressada. Na sequência Francesco entrou na sala de jantar com algumas empregadas e pediu que retirassem a mesa.

Brian — Eu ainda não comi.

Francesco — A mesa será retirada para limpeza da sala de jantar, senhor. Ordens do lorde Abraham.

Brian, irritado, saiu e foi para o seu quarto. Percebia que naquela casa, apenas sua mãe e seu pai tinham voz sobre os empregados.

Naquela noite Brian desceu para a sala de jantar. Quando entrou levou um susto ao encontrar o seu pai sentado na cabeceira da mesa. Lady Analisee estava ao seu lado.

Abraham — Viu um fantasma, garoto?

Brian — Não sabia que já retornara.

Abraham — Moro aqui. Lembra-se? Aliás... Soube que Francesco cumpriu uma missão.

Brian ficou púrpura. Odiava ser comparado a Francesco.

Brian — Eu soube. A missão dele obviamente era mais fácil.

Abraham — Bobagem. A questão é o seu desempenho. Ainda não conseguiu as ações da Private Bank?

Brian — Pai, não é algo simples. Estou planejando algo.

Analisee — Tenho certeza que o meu bebê vai ter muito sucesso nessa missão. Deveria confiar mais nele, Abe.

Abraham — Confia demais nesse garoto, Ana. Ele certamente vai te decepcionar. Soube das aventuras dele no Brasil? Ele é um exemplo.

Brian — Pai, será que consegue deixar isso de lado um momento e acreditar em mim? Eu sou o seu filho. É tão difícil assim confiar?

Abraham sorriu. Não parecia contente com a resposta do filho.

Abraham — Confiar? Espere um pouco... Eu dei a você o maior cargo dentro da Red Tower. Tinha apenas uma missão, mas sua lascívia o impediu. Não me venha com essa conversa fiada, moleque.

Brian — O senhor deveria experimentar fazer algo além de mandar os outros e ficar sentado nessa sala.

O silêncio tomou conta da sala.

Abraham olhou friamente para o filho. Analisee parecia que tinha visto um fantasma.

Abraham — Saia.

Brian — O que?

Abraham — Suba. Fique no seu quarto.

Brian — Eu não sou cria...

Antes de completar a frase Abraham bateu no rosto do filho com a mão fechada. O sangue escorreu da boca de Brian.

Abraham — Não vou pedir uma outra vez.

Brian então se levantou com a mão no rosto e subiu. Sofreu uma terrível humilhação.

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