Capítulo Dez

Na manha seguinte Brian acordou muito irritado. Ele tentou sair do quarto mesmo sem autorização do seu pai, mas foi impedido por dois enormes seguranças.

Brian estava se sentindo humilhado como um adolescente que leva uma bronca sendo colocado de castigo. O seu café foi entregue no quarto. Apenas pão e leite. Nada mais.

Mais tarde naquele dia, antes do almoço sua mãe, Analisee foi até o seu quarto.

Analisee — Ô meu bebê! Eu sinto muito. Conversei com o seu pai e ele entendeu que exagerou.

Brian — Eu não acredito. Ele colocou seguranças para me vigiar. Isso é um absurdo.

Analisee — Filho, seja flexível. O seu pai tem passado por muito. Não fez por mal.

Brian — A senhora defende o meu pai com unhas e dentes. Ele é um monstro. Um péssimo pai. A segurança é uma estilista renomada. Nem o sobrenome dele carrega. Não deveria tolerar isso.

Analisee tapou a boca de Brian com a sua e com a outra usou dedo mindinho para fazer o gesto de silêncio na sua própria boca.

Analisee — Não fale essas besteiras. Ainda mais aqui. As paredes ouvem. Em primeiro lugar o meu casamento é excelente. Ele é um ótimo marido e completa-me. Não seja leviano.

Brian tirou a mão da sua mãe da sua boca.

Brian — Eu irei embora. Não fico mais aqui um dia. O meu pai vai saber que não sou um moleque.

Analisee — Fugir só vai ressaltar as desconfianças dele, meu amor. Fique. Cumpra o seu dever e dê o que ele deseja. Vera que as coisas vão mudar.

Brian — Não sei como fazer isso, caramba!

Analisee — Sabe sim. Pense, Brian. Pense... Bom, eu tenho que sair. Uma reunião de moda. Volto apenas amanha. Se cuide meu amor.

Ela então beijou o filho na testa e saiu apressada.

Brian passou o dia inteiro sozinho. Trancado no seu próprio quarto como um prisioneiro.

No começo da noite Francesco veio até o quarto muito elegante.

Francesco — Senhor, Brian. Lorde Abraham exige a sua presença na sala de jantar.

Brian — Diga ao meu pai que eu não vou.

Francesco suspirou com um jeito de desapontamento.

Francesco — Meu senhor, ele não lhe deu essa opção. Vira comigo por bem, ou com os seguranças por mal. Arrastado. A escolha é sua.

Brian então vestiu um suéter e acompanhou o leal funcionário do seu pai. Quando chegou na sala de jantar Abraham se sentava na cabeceira da mesa e ao seu lado um homem muito gordo. Ele era calvo e fumava um charuto. O seu terno era verde musgo e as dobras do seu pescoço estavam suadas.

Abraham — Ora, meu filho. Sente-se ao lado do Tony.

Brian então se sentou. Tony estava desconfortável. Parecia estar lá contra a sua vontade.

Abraham — Tony, esse é meu filho, Brian. Filho, esse é Tony. Na verdade, António De Lazari. Mas para nós seus íntimos, Tony.

Tony — É um prazer.

Brian — O prazer o meu.

Abraham — Agora que deixamos as formalidades de lado, quero dizer o motivo desse jantar.

A mesa estava repleta de comida. Havia carneiro assado, batatas crocantes, macarrão ao molho sugo e branco, saladas, queijos e frutas. Muitos vinhos e champagnes. As taças eram de cristais e os talhes de ouro.

Abraham — Tudo isso aqui é em sua homenagem, Tony.

Tony pareceu ter levado um choque. Estava atônito com a informação.

Tony — O-o-o que? Para mim?

Abraham — Qual a surpresa meu amigo?

Tony — Bom, o senhor sempre deixou claro que não teríamos reconhecimento pelo nosso trabalho. Achei que isso nunca aconteceria.

Abraham — Ah, Tony. Bobagem. Quero dizer algumas palavras antes de comermos esse banquete. Em primeiro lugar reconheço sua inteligência. Você é excepcional.

Tony ficou púrpura. Poderia assar um ovo no seu rosto.

Tony — Bem... É... Obrigado, senhor.

Abraham levantou a sua taça como se reconhecesse o rapaz.

Abraham — A inteligência é uma dádiva. Ser inteligente é incrível. Geralmente os homens inteligentes são teóricos. Pensem sempre à frente do seu tempo. Mas há um problema. Não são espertos.

Tony pareceu congelar. Observou o chefe de um jeito infantil.

Tony — Mas existe diferença, senhor?

Abraham sorriu de forma maliciosa.

Abraham — Claro. Veja... Francesco, ali, é tão inteligente quanto esperto. Isso se chama equilíbrio. É essencial. A sua esperteza nos coloca em uma situação de vantagem sobre os inteligentes.

Enquanto Abraham falava, Francesco estava no canto da sala de costas como se estivesse a arrumar algo numa mesa. Não era possível enxergar o que ele fazia.

Abraham — Ele é tão esperto que descobriu o seu plano para me derrubar. Incrível, não é?

Tony afundou na cadeira, mas não assumiria essa bucha.

Tony — O quê? Eu não planejei absolutamente nada. Sou leal ao senhor.

Abraham — Eu fui sincero com você. O convidei para minha casa. Não me insulte mentindo para mim.

Brian estava pálido. Sabia quê aquilo não era um jantar comum, mas a cobrança de algo feito de forma suja

Tony — Eu não planejei...

Abraham — Pensou mesmo que poderia-me tirar de circulação e assumir o meu lugar? Ninguém pode fazer o que eu faço. Mas foi corajoso. Isso eu tenho que admitir.

Um silêncio pairou no ar. Tony estava a suar. Era como se tivessem lhe jogado água.

Tony — Senhor, eu não sei do que está a falar. Não tentei dar um golpe. Lamento senhor que tenha entendido dessa forma.

Abraham — A questão aqui é que a ordem não pode ter pessoas insatisfeitas com o seu líder. Isso é como uma peste. Se espalha rápido e torna-se uma pandemia.

Tony — Senhor eu posso sair da ordem se quiserem. Irei embora. Eu juro.

Abraham — Eu deixarei você ir embora. Com a condição de desaparecer do mapa. Está bem?

Tony — Obrigado o meu senhor.

Abraham — Antes de ir, Francesco vai-lhe dar um presente.

Nesse momento, Francesco virou-se nos calcanhares. Ele estava com uma luva preta e uma arma calibre 45 na mão. Brian não observara ainda, mas quando se deu conta do que iria acontecer já era tarde.

Houve um estampido alto forte. O corpo de Tony caiu sobre a mesa. O sangue do homem voou no rosto de Brian. O seu colo estava cheio de uma matéria pegajosa. Parecia miolo de boi. Mas obviamente não era.

Brian colocou as mãos nos ouvidos, pois havia ficado surdo com o barulho. Conseguia ouvir de longe a risada enlouquecida de Abraham. Teve que abrir e fechar a boca algumas vezes até a sensação de surdez passar.

Brian — Meu Deus! Mataram o homem…

Abraham — Ah, não me diga que ficou triste por ele? Pois saiba que ele morreu por sua culpa, Brian.

Brian não havia entendido. Como poderia ter sido sua culpa?

Brian — Eu não entendi...

Abraham — Pois bem! Tony estava criando um plano para desestruturar a ordem. Sabe o motivo? A sua prisão. Ele iria alegar na próxima reunião mensal que você foi preso no Brasil e isso faz-me um homem fraco.

Brian congelou. Esse era um dos seus maiores receios.

Brian — Mas pai...

Antes que ele pudesse completar a frase, Francesco bateu em seu rosto com o cano da arma. O sangue desceu do seu rosto após seu supercílio rasgar.

Abraham — Obrigado, Francesco.

O homem fez uma reverência e se afastou.

Abraham — Tony morreu por sua culpa. Se alguém descobrir, eu vou colocar esse crime nas suas costas. Será preso aqui na Itália onde a lei funciona. Se arrependerá de ter nascido.

Brian — Certo.

Brian tremia. Não sabia o que lhe aconteceria naquele momento.

Abraham — Ajude o Francesco a se livrar desse corpo gordo e nojento. Depois quero que resolva a questão das ações do Private Bank. Dou a você uma semana. Se não conseguir, será o seu fim.

Brian agora sabia com quem estava lidando. Abraham Ashford era cruel e impiedoso. Não havia qualquer possibilidade de driblar o poderoso mafioso.

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Comments

ARMINDA

ARMINDA

QUE FAMÍLIA É ESTÁ FORA DA CASINHA. 🤔🤔🤔🤔🤔

2024-01-04

1

ARMINDA

ARMINDA

BRIAN TA FERRADO COM O PAI E FRANCESCO NO SEU PÉ.

2024-01-04

1

Lindagomes

Lindagomes

Com um pai desse, pra quê inimigos?
E, como ser alguém que preste?

2023-12-28

1

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