capítulo 17

No outro dia, pela manhã, Robert levanta-se e faz sua higiene. Depois, vai ao quarto de Alice e bate na porta. Ela não responde, e ele pronuncia as palavras combinadas. Ela abre a porta, e ele sorri.

— Faça uma mala com roupas confortáveis; vamos viajar por uma semana, apenas nós dois.

— Por quê?

— Sem "porquês", apenas me obedeça.

— Não vale a pena; eu te conto o que está acontecendo, e você quer esconder coisas de mim. Assim, não vou mais contar nada que eu souber. Parceria não é assim.

— Quando estivermos saindo daqui, eu te conto. Agora, anda; precisamos sair logo.

Ela balança a cabeça concordando e levanta-se da cama para fazer sua mala. Nesse momento, o celular de Robert toca. Ele olha na tela, vê o nome de Ângela e atende.

— Fala logo, estou ocupado.

— A mãe da Alice veio procurar ela aqui. Eu disse que ela não estava mais comigo, que eu já tinha vendido ela para você. E ela falou que se eu não trouxer a menina hoje à noite, vai mandar a polícia aí na sua casa, dizendo que eu vendi ela, e vou para a cadeia. Estou desesperada, Senhor.

— E por que ela quer a Alice?

— Ela quer mais dinheiro pela menina. Parece que o pai veio aqui, e ela encontrou com ele. Ele quer a filha.

Robert coloca a mão na cabeça e respira fundo, irritado.

— Diga a ela que você não a encontrou. Ou dê uma parte do seu dinheiro para ela; Alice não vai sair da minha casa.

— Eu já não tenho mais nada aqui, estou pagando minhas contas. Pode ao menos vir falar com ela?

— Estou indo. Manda ela me esperar aí na sua casa.

Ela diz "ok", e ele desliga o celular. Para não deixar Alice triste por saber que sua mãe ainda está tentando vendê-la, Robert inventa uma história que precisa sair antes de irem. Manda ela trancar a porta novamente e seguir o mesmo procedimento de ontem.

Ela concorda com a cabeça, e Robert sai de casa, indo direto para a casa de Ângela. Assim que ele chega, toca a campainha, esperando ela sair. Ângela abre a porta e olha para Robert com um olhar de preocupação.

— Quer entrar? Aqui tem muitos curiosos. — Robert olha ao redor, e todos fixam o olhar nele. Afinal, ali está a casa do cafetão; era de se esperar que as pessoas comentassem, principalmente com a reputação que Ângela tem. — Ela disse que está chegando para falar com você.

— Por quanto ela te vendeu a Alice?

— Mil dólares.

— Você comprou a menina por mil dólares e me vendeu por quinhentos mil?

— Eu não tive culpa em nenhuma das situações; não fui eu quem escolheu os valores. A mãe dela me ofereceu, disse que estava vendendo ela por mil dólares, eu só comprei. E no seu caso, você me deu as características, e como eu já tinha ela aqui, eu só lhe entreguei; você que deu o preço.

Robert balança a cabeça negando, com uma expressão séria. Uma hora se passa, e Patrícia não chega; Ângela tenta ligar para ela, mas ela não atende. Já irritado pela demora, Robert se levanta e diz que vai embora.

— E se ela vier?

— Diga que voltarei em uma semana para falar com ela; até lá, que espere.

Robert abre a porta para sair, e nesse momento passam duas motos na frente da casa de Ângela, e os ocupantes sacam uma metralhadora. Robert pensa rápido, fecha a porta correndo e puxa Ângela para se deitarem no chão.

São muitos tiros, detonando todos os vidros da casa dela. Ângela grita em desespero, com as mãos nas orelhas. Já Robert espera que eles parem tranquilos. Os tiros cessam, e as motos se vão. Ele olha para Ângela, vendo que ela está apenas assustada, mas não ferida. Então, ele se levanta e diz que vai embora.

— E se eles voltarem, senhor? Se vierem e me pegarem?

— Você não é nada para eles. Não percebeu que isso foi uma emboscada? Alguém sabia que eu ia falar com você. Quem foi?

— Eu não sei, eu juro que a Patrícia veio falar comigo.

— Você sabe do que sou capaz, Ângela. Se souber que você está por trás desse atentado, vou te colocar no leilão e só vou permitir que te vendam quando for para um bordel, pois a morte será pouco para você.

— Eu juro que não tenho nada a ver com isso. Posso te passar o endereço da mãe da Alice, se quiser.

— Não precisa, ela virá até mim. Mas diga a ela que, se quiser a filha dela, terá que ir até minha casa buscar. Lá eu resolvo com ela.

Ela responde com um "sim, senhor", e Robert entra no carro, voltando para a mansão.

Uma hora antes, na mansão, Alice estava em seu quarto, mas esqueceu de encher a garrafa de água. Com cuidado, ela pega a garrafa, sai do quarto, desce as escadas e vai até a cozinha. Quando estava enchendo a água no filtro, Roberto aparece e chama seu nome. Ela dá um pulo, olhando para trás.

— Que susto.

— Desculpa, princesa, não foi minha intenção. — Ele fala com um tom manso, como se fosse uma ovelhinha ali. — Achei que você ia gostar.

Ele estende para Alice uma caixa de bombons e uma rosa vermelha em cima da caixa, gesto romântico que deixa Alice curiosa.

— Não gosta de chocolate?

— Gosto, mas não sei se eu...

— É uma coisa entre sogro e nora, meu filho vai se casar com você, e você será como minha filha, não é? Aceita, é só um presente.

Alice pega a caixa por educação, e sorri.

— Podemos conversar sobre o casamento, posso falar como foi o meu casamento, e você pode tirar algumas ideias.

— Acho melhor não, vou conversar sobre isso com o Robert. Não quero algo muito extravagante. Obrigada pelo presente; vou subir para o meu quarto.

Ele sorri e concorda com a cabeça, e Alice sai da presença dele com agilidade. Assim que entra no quarto, ela tranca a porta e solta o ar que estava preso em seu pulmão.

Ela olha para a caixa de chocolate e vai até a cama. Um docinho, faz tanto tempo que ela não come um, especialmente chocolate. Vê que a caixa está bem embalada, então, não terá problemas em comer alguns...

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