Capítulo 16

Robert percebe que falou demais; não era para propor casamento, apenas queria que Alice se sentisse segura. Ele tenta contornar a situação antes que ela pense que há algum sentimento da parte dele.

— Não precisa ser exatamente um casamento. É que, se nos casarmos, você recebe toda a proteção da máfia.

— Vão acabar as regras e punições?

— Não, em todas as situações, as regras são essenciais para uma boa convivência. As regras e punições permanecem.

— Então, minha resposta é não. Vou esperar você se cansar e me dar a minha liberdade. Não quero ficar presa a um casamento onde meu marido é um mafioso sádico.

— Engraçado, percebi que você é mais sádico do que eu, pois sente prazer em tudo que faço.

— Porque sou obrigada. Assinei um acordo com você, e tenho que cumprir para não ser mais castigada. Apesar de você ter mostrado essas coisas até agora, sinto que não fez o mais pesado, e sinceramente, não quero ver.

— Uhhh, cadê a mulher que não tem limite?

— A questão não é ter limite. Aquelas regras se aplicam a uma escrava, não a uma esposa. Então, não, não aceito me casar, não aceito viver minha vida assim.

— Então, vamos continuar do jeito que está, pois não vou retirar as regras. — Ela sorri para ele e passa por ele, caminhando na sua frente.

O dia passa rápido, e a noite chega. Robert vai até o escritório, senta-se em sua mesa, pega o notebook e lembra do que Alice disse sobre alguém ter batido na porta do seu quarto.

Ele invade o sistema de segurança do hotel, busca pelas imagens e vê seu pai entrando, falando com a balconista e depois indo para o elevador. Mostra cada detalhe que Roberto fez, até a hora em que ele bate na porta dela e, com o tempo, vai embora.

— Por que você foi lá, papai? O que está aprontando? — diz Robert sozinho. Ele quer tirar satisfações com o pai, mas sabe que provavelmente ele vai mentir ou inventar uma história.

Robert já sabe que seu pai foi lá e procurou por Alice, pois ele sabia que Robert estava na sede. No entanto, como ele soube que ela estava lá ainda permanece um mistério.

Mil coisas passam pela cabeça de Robert, mas ele não pode acreditar que seu pai desejava a noiva do próprio filho. Ele sai do escritório, indo direto para o quarto, onde encontra Alice na cama, com os olhos perdidos.

Robert se aproxima dela, senta ao seu lado e a observa ali, parada, como se estivesse em choque.

— Alice, você está bem? — ele fala, tocando no ombro dela, e ela desperta do transe.

— Não... quero dizer sim, estou.

— O que aconteceu?

— Não... Nada, não aconteceu nada. — Ela estava estranha, muito estranha, mas Robert não entendia o motivo.

Ele pega na mão dela, fazendo-a olhar em seus olhos, e puxa seu rosto pelo queixo.

— Me fala, o que aconteceu? Eu só posso te ajudar se você me contar.

Ele vê os olhos dela se encherem de lágrimas, e de repente, ela o abraça bem forte, como se estivesse se despedindo.

— Eu não posso falar, mas confia em mim. Não acredita em ninguém que inventar algo sobre mim, tá?

— Como assim? Me conta agora.

— Não posso. Vamos fazer assim...

— É uma ordem, me obedeça. — Alice se espanta com a autoridade.

— Eu estava subindo aqui para o quarto e ouvi seu pai no telefone. Fiquei escondida ouvindo ele falar.

— O que ele falou?

— Que logo vai conseguir o que quer, que só tem uma pedra no caminho dele, ele vai chutar essa pedra e ainda ganhar um prêmio junto com a máfia.

"Então é isso, ele quer pegar a máfia de volta, por isso voltou só agora, mas não entendo esse prêmio." Pensou Robert ao ficar olhando para Alice.

— Eu não sei o que ele quer dizer, mas parece que tem alguma coisa a ver com você.

— Escuta, você vai continuar fingindo que não sabe de nada, vou juntar todas as coisas que ele está fazendo, vou ficar no pé dele. Não comente nada, pois se ele souber que a gente já sabe que ele está planejando alguma coisa, ele vai fugir. Posso contar com você para me ajudar nisso?

Alice concorda balançando a cabeça. Ele manda ela trancar o quarto dela assim que ele sair, e não abrir a porta a menos que escute a voz dele.

— Vamos fazer uma senha. Qual é a palavra que você mais gosta? Já sei, quando você bater na porta, você vai falar: "Qual é o seu limite, Alice?" Assim, eu vou saber que é você.

Robert dá um sorriso de lado, sempre usa essa frase para testar os limites de alguém, não sabia que viraria um código de entrada. Alice concorda com a cabeça, e ele sai do quarto, mandando ela trancar.

Assim que escuta o trinco, ele vai até a porta do seu quarto, mas antes de entrar, olha para o quarto do pai. Vai até lá, puxa a maçaneta, vê que está vazio e começa a mexer em algumas coisas, procurando alguma lista que possa ajudá-lo agora.

Assim que ele vê uma gaveta trancada, tira a arma do cós da calça, mas nesse momento o pai entra e pergunta o que ele está fazendo ali.

— Nada, pai. Eu só queria falar com o senhor. Sabe, acho que vou viajar, vou conversar com o conselho para tirar pelo menos uma semana de férias. Isso tudo está me sufocando.

— E para onde vai? Vai levar a Alice?

Robert o olha desconfiado, pois ele mencionou Alice. O quebra-cabeça se junta em sua cabeça; esse deve ser o prêmio que ele falou, tomar a máfia e ganhar Alice como prêmio.

— Ela é minha noiva, vou levá-la junto comigo sim. Precisamos de uns dias a sós, pois parece que ela está querendo terminar comigo, eu não sei o que eu fiz.

Ao falar isso, ele percebe um sorriso de lado nos lábios do pai, dissipando todas as dúvidas. No entanto, se ele tentar tocar em Alice, vai esquecer que é filho desse homem e terá as mãos arrancadas do corpo.

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