CAPÍTULO 13

Anoiteceu rapidamente, e a atmosfera parecia densa. Uma parte de mim ainda estava presa ao confronto recente com Mário na porta de casa. Vê-lo novamente havia sido um pesadelo. As memórias do tempo em que namorávamos surgiram à tona: ele me manipulava com uma facilidade assustadora, um jogo de controle emocional que me deixou marcas profundas.

Meu celular toca repentinamente, cortando meus pensamentos. O número é desconhecido, e meu coração acelera ao atender.

— Alô? — Minha voz sai mais firme do que eu esperava.

Do outro lado, a voz de Izabela surge, carregada de urgência e cuidado.

— Já estava com saudades da sua voz — ela diz, sua voz baixa e direta. — Estou em um celular pré-pago. Não posso usar meu número real agora, é melhor tomarmos cuidado. Trabalhei tempo suficiente para Mário para saber que uma prisão não vai impedir os planos dele. Não abra a porta para ninguém, exceto sua mãe ou sua amiga. Caso elas venham, elas vão te ligar antes.

Sinto um calafrio percorrer meu corpo, mas respondo com um sorriso fraco:

— Obrigada por avisar, Iza. Onde você está?

Há um silêncio momentâneo do outro lado da linha.

— Estou resolvendo algumas coisas. — A voz dela tem um tom evasivo. — Fique bem. Não ligue no meu celular em hipótese alguma. Eles não podem saber que você está comigo. Espere que eu te ligue.

— Entendido. Até mais — desligo o telefone e jogo-me de volta à cama. Ficar trancada ali parecia uma tortura mental e emocional. Cada minuto parecia um peso a mais.

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Izabela | •

Eu saí do apartamento com o pensamento focado. O jogo não estava apenas entre mim e o Mário — agora, ele envolvia outras vidas, e eu precisava encontrar respostas antes que fosse tarde demais.

Eu tinha ouvido falar de meninas que desapareceram, garotas que o Mário usou e descartou como se fossem nada. Meu objetivo não era apenas escapar desse jogo, mas desmontar tudo aquilo, peça por peça. Precisava entender quem eram essas vítimas, onde estavam, e, principalmente, garantir que Samantha não se tornasse a próxima.

A primeira parada foi um barzinho no centro da cidade. Conhecia o lugar desde que Mário usava esse espaço para fazer negócios discretos. A atmosfera era pesada e o lugar estava quase vazio naquela noite. Abordei uma garçonete, alguém que parecia ter visto coisas demais.

— Estou procurando informações sobre algumas garotas. Garotas que foram associadas a Mário Carlos — falei em um tom baixo, entregando um nome e um olhar firme.

Ela hesitou por um segundo antes de olhar ao redor e se aproximar mais.

— Ele não gosta que isso saia à tona — murmurou, ajustando a colher que estava segurando. — A última que vi desapareceu perto do cais, dois quarteirões daqui. Dizem que ele sempre encontra formas de fazer as coisas desaparecerem.

Agradeci com um aceno silencioso e segui para o cais. As luzes fracas da cidade refletiam na água, criando sombras que dançavam de forma perturbadora. Meu coração acelerou, mas mantive a calma. A água e o silêncio eram apenas mais um cenário na minha busca por respostas.

Ali, entre os becos e os barcos abandonados, encontrei rastros — um relógio quebrado, um celular sem chip e roupas femininas deixadas para trás. Vestígios de uma vida interrompida.

Eu sabia que cada passo seria um teste, cada descoberta poderia me colocar em perigo.

Mas eu estava decidida. Não apenas por mim, mas por todas as garotas que ele tentou apagar. Samantha merecia ter uma vida longe disso. E eu, não ia deixar ele vencer.

Voltei às sombras das ruas, consciente de que a luta estava apenas começando. A cada informação que eu buscava, cada pista que encontrava, eu sentia que estava mais perto de derrubar aquele sistema, um segredo de cada vez.

— Vamos resolver isso do meu jeito — murmurei para a noite, com a certeza de que nada me faria recuar agora.

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Continua...

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