CAPÍTULO 12 - LADOS OPOSTOS

Izabela se levantou, deixando-me sobre a cama enquanto pegava o celular. Assim que atendeu, seu semblante endureceu.

Desligou após poucos segundos e me olhou, séria:

— Mário foi pego em flagrante. Oito quilos de cocaína no porta-malas. Ele está sob custódia... E nós fomos chamadas para depor. — Ela respirou fundo, sentando-se ao meu lado. — Prisões em flagrante são rápidas, Samantha. A defesa não tem muito o que argumentar. Ele pode pegar até quinze anos... Mas isso não significa que estamos livres. Ele ainda tem aliados por aí. Precisamos estar preparadas.

Por mais que a situação exigisse cautela, eu não conseguia conter o sorriso. O simples fato de saber que ele estava atrás das grades era um alívio.

— Fala sério! Ele foi preso mesmo? — Minha voz saiu animada, quase sem acreditar.

— Falo muito sério. — Ela sorriu, mas não escondia a tensão em seus olhos.

Olhei para Izabela, sentindo algo mais forte do que simples alívio. Seu olhar, sua postura, o jeito como cuidava de mim... Tudo me atraía.

— Eu fico feliz... — murmurei, me aproximando com um sorriso. — Mas confesso que adoraria continuar de onde paramos. — Depositei um beijo suave em seu pescoço.

Ela sorriu, claramente tentada, mas afastou-se com gentileza.

— Nem pensar, Samantha.

— Mas o quê? — perguntei, confusa e levemente frustrada.

— Não quero isso agora. — Seus olhos encontraram os meus com firmeza, mas também com desejo. — Eu quero fazer as coisas do jeito certo. Quero te levar para jantar, te conhecer fora dessa confusão. Não mais como a garota que entrou na sua vida por motivos errados, mas como alguém que realmente se importa.

Meu corpo clamava por ela, e ouvir aquilo só aumentava a frustração.

— Você não precisa de muito para me derrubar naquela cama — ela continuou, com um sorriso malicioso —, mas vou esperar. Quer você queira, quer não.

Eu revirei os olhos, irritada com o controle que ela tinha sobre si mesma.

— Filha da puta... — resmunguei, derrotada.

Izabela inclinou-se, segurando minha nuca com firmeza, e sussurrou no meu ouvido:

—Eu sou ? — A respiração dela era quente, e suas palavras enviaram arrepios por todo o meu corpo. — Você não perde por esperar, Samantha.

Minha boca ficou seca, e tudo o que consegui fazer foi mordiscar o lábio inferior enquanto a observava sair do quarto.

— Vou buscar o almoço. Aproveita para tomar um banho... Gelado, de preferência. Vai ajudar. — Ela piscou antes de fechar a porta, deixando-me ainda mais perdida.

Suspirei, tentando controlar o calor que ainda percorria meu corpo, e segui para o banho. A água fria foi um alívio necessário, mas minha mente não parava de voltar para Izabela.

Depois de me arrumar, sentei-me à janela, distraída, cantando baixinho enquanto olhava o movimento lá embaixo.

— Você tem uma voz linda.

Virei-me ao ouvir a voz dela bem próxima, surpresa por não tê-la escutado entrar.

— Bobagem. — Sorri, sem jeito. — Nem ouvi você chegar.

— Sei ser silenciosa. — Ela piscou, segurando uma sacola. — Está com fome?

— Faminta. — Meu olhar foi direto para o que ela trazia. Assim que vi o conteúdo, quase pulei de alegria. — Você trouxe hambúrguer!?

Izabela riu, entregando-me a sacola.

— Ninguém em sã consciência recusa um hambúrguer.

Mordi o lanche com entusiasmo, e soltei um gemido exagerado de prazer:

— Céus, que delícia! Como sabia que eu queria isso?

— Tenho meus métodos. — Ela sorriu, mas logo ficou mais séria. — Vou sair por algumas horas. Passei seu endereço para sua mãe e sua amiga. Elas devem vir te ver.

— Você vai me deixar sozinha? — perguntei, decepcionada.

— Volto amanhã cedo, prometo. — Ela trocou de camisa e pegou sua mochila, preparando-se para sair.

Antes que pudesse passar pela porta, segurei sua mão, puxando-a de volta para mim. Beijei-a suavemente, nossas testas encostadas.

— Tchau, Iza.

Ela sorriu, o olhar carregado de algo que eu ainda não conseguia decifrar.

— Tchau, Samantha.

Assim que ela saiu, trancando a porta, respirei fundo. Izabela me deixava tão confusa quanto fascinada. E, pela primeira vez em muito tempo, senti que algo bom — algo real — estava prestes a acontecer.

Continua...

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