Cap_14

No alto do palácio, no primeiro canto do galo, fui para aprender aulas de escrita e leituras. A sala tinha pilhas e pilhas de livros que acabei esbarrando .

Todos os livros aqui são para pessoas cegas lerem, antes de ensinar-lhe Sir. Hélio fez questão de apresentar a história do castelo.

— Pode sentir pelas pontas dos dedos a representação das escritas e das pinturas desse lugar.

— Estou surpresa que exista um lugar como este no palácio.

— Há muito mais do que se possa sentir nesse lugar. — Utiliza a magia para trazer um livro de longe.

Consigo sentir o uso da sua magia, como também sinto o poder guardado nesse lugar.

— Conhece a história do império, antes da união dos países todos viviam em guerra por territórios. Foi quando os filhos da cidade de luz se juntaram para unir as cidades e derrotar os demônios. Um deles se tornou o símbolo da paz, o outro se tornou guardião. Seu pai era o guardião, porém seu tio não aceitou que a mulher que amava estava completamente apaixonada por seu irmão.

— Por que está contando isso? Quero saber como ler e escrever cega, não a história da família.

— Impaciente. — Diz meio irritado. — Conhecimento é a base do sucesso, como quer lutar se nem sabe quem são seus inimigos? Você é cega não porque a luz deixou de brilhar, mas por causa de ataques desnecessários que só vão te causar danos.

— Bobagens.

— Bobagens? — Franze a testa. — Sabe, por que seu pai estava à beira da morte? Sabe, o que tem feito por você? Qual foi a ameaça do imperador? Pelo seu rosto dá para saber que não sabe de nada. Seu pai é o único que pode matar o imperador, seu poder é muito maior por ter se mesclado com sangue real puro da deusa Vertif. A deusa da prosperidade e da vida, que junto do irmão o Deus Zad construiu a vida humana.

Sempre odiei história, o que levou não prestar muita atenção enquanto contava sobre a linhagem da família imperial, porém agora sei que os príncipes, na verdade, são meus primos.

— O duque quer me casar com meu primo?! — Grito espantada.

— Há um boato que o segundo príncipe não seja sangue do imperador.

— Também falaram o mesmo de mim.

— O casamento não será real, poderá se divorciar depois. Não é isso que quero que preste atenção, seu poder foi extraído por ser algo único no mundo inteiro. Ninguém sabe qual é sua habilidade desde que nasceu, somente sangue da mesma origem pode ser recipiente, por isso sua irmã foi escolhida. Rafa é parente da antiga duquesa, dizem que foi ela que denunciou a localização da duquesa para o imperador. O Duque também a odeia, todavia está convencido que deve te manter fora da batalha.

— Para o meu próprio bem.— Digo cabisbaixa.

— Burrice deles. Você é mais capaz de todos nós, depois de sofrer tanto ainda continua de pé, vi que foi capaz de salvar a vida do seu pai.

— COMO...? — interrompido.

— Não contarei para os idiotas. Está certa de não confiar em nenhum deles, vou te ensinar a escrever para que possa ir para a torre dos magos que pertence ao Ducado de Willberton. De longe é o lugar mais perigoso do mundo, porém o Rei Eryx vai assegurar que seja livre.

— Por que está me ajudando?

— Porque ninguém deveria passar por aquela dor. Seus gritos me dão pesadelos todas as noites, não sei como continuaram até o final. Tentei parar a loucura, seu pai estava lutando para te livrar arrependimento do que fez, implorando para parar e interrompeu o processo utilizando sua aura para ser extraído no seu lugar. Mesmo que ele tenha quase morrido, prefiro que fique longe daquele covarde.

— Meu pai me salvou. — Recebe um peteleco na cabeça.

— Eu te salvei, idiota. Utilizei o antigo poder das fadas para recuperar seu corpo, consegui pegar a lótus e subornei uma de suas criadas para colocar a poção na sua comida e água. Sabia que não aceitaria o tratamento voluntariamente, fiz parecer ser veneno.

— VOCÊ ME ENGANOU! — grito.

— Faria de novo, idiota. Até conseguir te tirar daqui deve esconder melhor seu treinamento. Um dia vou lhe enviar para que meu amigo cuide de você. Até lá, fingi obedecer os príncipes e não demonstra sua força. Não sei que tipo de covardia poderiam fazer contigo.

— Ainda não entendo por que está me ajudando?! — Abaixo a cabeça.

— Precisa mesmo de razão para tudo? — Fala irritado. — Você não foi a única passar por aquele sofrimento, infelizmente para mim estou atado nessa mansão.

— Atado? — Pergunto confusa.

— Não pense muito nisso. — Voz triste.

Logo depois, comecei a estudar sobre a história da família imperial, como a humanidade adquiriu seu poder e todas as criaturas mortas para obter resultados. Os milhares de experimentos que os órfãs passaram, além dos filhos considerados inúteis do imperador mortos.

Como minha mãe escapou por tanto tempo, mantendo-me longe dos irmãos. A morte dela que preferiu beber veneno do que voltar pra vida miserável que teve.

Contou que ela era descendente do rei das fadas, oferecida como acordo de paz. Por isso, o imperador era tão obcecado por ela, pelo poder que jamais teria nas mãos.

O Duque pecou pior ainda quando ofereceu a esposa para acalmar a ira do irmão e acabar com o conflito. Ela descobriu estar grávida e fugiu para não ter outro homem em seu corpo. Vivendo como camponesa pode escapar por vários anos, mas logo foi encontrada pela guarda real que lhe deu duas opções.

Matar a filha ou beber veneno.

Quando o duque chegou a filha estava chorando sobre o corpo da mãe, empurrando-a , ignorando seu sofrimento, nem deixou a menina ver o enterro da mãe, cujo foi cremada. Logo após sua morte, seus vassalos, leais ao imperador, colocou toda a responsabilidade do ducado nas mãos da criança, pelo castigo de ter nascido de um pecado.

O Duque deixou o irmão fazer o que queria no seu castelo acreditando estar cumprindo com a promessa que fez para mulher que amava, mas somente ficou cego para as brutalidades que ocorriam com sua filha.

— Lady Elizabeth, se corre sangue élfico nas suas veias, pode ter certeza que a árvore da vida vai te encontrar, nunca poderiam tirar sua magia.

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