Cap_12

— PARE! PARE! POR FAVOR, PARE! DÓI MUITO! DÓI DEMAIS! PARE!

Por mais que gritasse, debatesse no altar, a dor continuou aumentando no ponto de perder a consciência.

Não sei por quanto tempo dormir, vagando num mundo de areia ouvindo uma criança chorar ao pé de uma árvore gigantesca.

— Por favor, deixe ficar no seu mundo. Não quero voltar, não quero... Por favor. — A criança chora prostrada no chão.

— Preciso me vingar deles. — Digo friamente.

— Se me vingar no seu lugar? Deixa comigo, sou a vilã e farei pagar por todas as suas lágrimas.

— Fugir do seu mundo não vai melhorar sua vida.

— Viu, o que fizeram conosco. Não tenho nenhuma chance contra eles, mas sei que você pode mudar o nosso destino.

Deitei na areia pensando com cuidado.

— Quer tanto viver? Minha vida não é diferente, do que se passa aqui.

— Ainda assim, quero tentar no seu mundo ser feliz.

Olhei para ela e a determinação em seus olhos me convenceram a passar o inferno no seu lugar.

— Está bem, serei Elizabeth.

Uma luz iluminou seu rosto brilhante, forte demais para manter aberto os olhos e tive de fechar. Abrindo com a claridade das cortinas abertas, ainda não consigo enxergar somente constato as almas das pessoas.

Tenho sede, mas a voz não sai da garganta.

— Sinto muito, Lady. — Chora Madeleine.

— Oh, minha pobre Lady! — Abraça forte outra serva.

Faço o sinal de sede e elas trazem água imediatamente. O médico aparece logo depois para dizer que minhas cordas vocais, precisava de tratamento urgente ou nunca mais conseguiria falar.

— Qual o tratamento? — Pergunta o general.

— A flor de lótus, meu senhor.

Houve um silêncio no quarto e muito choro.

A flor de lótus havia desaparecido do mundo, após várias guerras contra os demônios. Somente na área dominada pelas feras existem poucas réplicas, porém é impossível entrar e sair vivo.

O médico saiu do quarto balançando a cabeça, vejo que sua alma está sofrendo por mim, sei que tentou tudo que pode.

As empregadas também choram, menos uma, a que está em prantos, sua alma ri da situação.

— Se ainda quiser... — Para de falar. — O que quiser fazer... faça o que quiser. — Fala aflito.

Sua alma está agonizando em profundo desespero, o que fez desistir de culpar pelo meu sofrimento. Fiquei dias na cama sem vontade de comer ou tomar banho.

As criadas sempre vem verificar se preciso de algo, portanto tenho que levantar da cama mesmo não querendo. O pior foi numa dessas vezes que trocavam os lençóis, a criada que percebi de alma ruim me levou para a janela.

Ouvi risos da minha irmã, usando a minha magia sendo treinada pelo príncipe herdeiro. Os cavaleiros dele estavam ao redor elogiando a pequena guerreira com entusiasmo.

As lágrimas desceram do meu rosto.

— Lady Elizabeth? — Chama confusa uma criada. — Está tudo bem?

— Sim. — Digo limpando o rosto voltando para a cama.

Percebi que a empregada estava colocando veneno na bebida e na comida, entretanto fiquei calada a beber e comendo sem reclamar.

— ELTHIOR! ELTHIOR! Venha ver o que aprendi na aula hoje. — Passa correndo Angela atrás do segundo príncipe.

— Estou ocupado. — Responde seco na direção da porta do meu quarto.

— Ainda se culpa pelo ocorrido? Minha irmã é a única culpada, se tivesse obedecido não teria sofrido.

— Me deixe. — Ouço empurrão.

— ELTHIOR! — grita o príncipe herdeiro. — Por que maltrata a senhorita Angela? Ela só quer ser sua amiga.

— Agora que ela tem todo o poder da irmã, me pergunto : por que ainda estão no meu palácio? Leve-a para o santuário.

— Não seja rude!

— É melhor que saiam antes que tenha de repetir.

— ESTÁ SENDO INJUSTO COMIGO! SEMPRE TE ADMIREI, TENHO FEITO TUDO PARA QUE CONQUISTA A COROA, MAS ME TRATA COMO UM VERME! NÃO MERECE SER O IMPERADOR, O PRÍNCIPE HERDEIRO É MUITO MELHOR DO QUE VOCÊ.

— Tire-a daqui. — Fala indiferente.

— VOCÊ É TÃO SUJO QUANTO ELA! UMA GAROTA PORCA QUE TEVE O CORPO USADO POR VELHOS IMUNDOS!

Logo após a sua fala ouvi um grito de dor e tudo ficou silencioso.

As criadas saíram do quarto em silêncio, levantei da cama e comecei a trançar as cobertas para fazer uma corda, usei todos os panos que consegui achar. Amarrando na cama joguei pela janela para escapar desse lugar. Qualquer luz de almas que visse escondia imediatamente, conseguindo chegar na floresta.

Caminhei por um longo trajeto, caindo num pântano, quanto mais lutava para sair, mais senti os meus pés afundarem.

— Pegue o galho. — Ouço a voz do segundo príncipe.

Ao invés de pegar o galho, tentei correr para o outro lado de modo a não ser capturada.

— Se quer morrer, continue.— Fala observando com o galho na mão.

Ignorei o seu aviso afundando cada vez mais ficando a lama na minha cintura, afundando cada vez mais rápido.

— Pega o galho. — Ordena.

Continuei a me mover, afundando num piscar de olhos, puxada no mesmo instante que a minha cabeça afundou.

— Está bem?

— Não! — Acerto um tapa no seu rosto. — Não vou voltar! Não pode me obrigar! Não, vou! — Começo a chorar.

Ele senta do meu lado deixando que o choro saia da garganta sem dizer nada. Nem tentou me consolar, quando parecia mais calma me jogou no seu ombro levando para o palácio.

— Preparem um banho quente! — Ordenou as criadas.

Ele nem tentou se justificar, somente me trouxe de volta. Nos próximos dias, foi tentando escapar sendo trazida de volta no seu ombro, algumas vezes gritando, outras chutando, mordendo e desmaiada.

Nesse tempo não reparei que minha voz havia voltado, demorei a perceber que estava falando normalmente.

— Como está Lady Elizabeth? — Pergunta o médico.

— Não posso falar.

Ele riu gentilmente.

— Do que está rindo? — Digo ofendida.

— Parece que o remédio fez efeito e a Lady Elizabeth não percebeu. — Fala docemente.

Quando percebi fiquei surpresa e feliz ao mesmo tempo. Mas, sem saber como isso ocorreu, será que era o veneno que estavam me dando?

— Doutor! RÁPIDO!..VENHA! DOUTOR!

Grita as empregadas desesperadas pelo corredor.

— ELE ESTÁ VOMITANDO SANGUE! DOUTOR RÁPIDO, O DUQUE!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***