— Onde quer ir? — Grita Waltério.
— Entendo as preocupações, mas sei o que estou fazendo. — Revido áspero.
— Quer ir na toca do lobo? Aquele dragão não tem coração, perdeu sua família e seus filhotes, tudo que restou foi o ódio pelos humanos. — Fala irritado berrando.
— Disse para confiar em você, pois confie em mim! — Revido batendo contra o peito.
— O que está pedindo é algo inaceitável. — Fala calmo ainda que trinca os dentes de ódio.
— Disse para lutar, se não quero ser uma vítima da minha própria história. — Falo decepcionada.
Waltério suspirou pesadamente, antes de puxar para um abraço caloroso.
— Só quero que seja feliz. — Diz da forma mais carinhosa que pude.
— Tenho que encontrá-lo se quero ser feliz. — Respondo amargamente.
Ele parece surpreso por minha resposta afrouxando o abraço, indo na direção oposta perto da Janela com a mão na testa, desanimado.
— Realmente precisa dele? Não sou suficiente? — Pergunta apertando as mãos.
Vi como está preocupado, sei que quer me proteger, porém conheço o final dessa história. Apertei as mãos com o peito latejando em sofrimento, pois sei que irei magoar seus sentimentos.
— Não é suficiente. — Disse de cabeça baixa, fechando os olhos.
Isso quebrou seu coração gesticulando com as mãos para sair. Dei uma última olhada antes de atravessar a porta para ir embora.
Waltério foi o único desde que cheguei que realmente se importa com o que sinto, está sempre me apoiando, além de ter me ajudado todo este tempo no treinamento.
Espero que um dia possa perdoar a mágoa que causei.
Juntei poucos objetos e uma espada, os magos anciões juntamente com meu parente distante tentaram me impedir, porém já tomei minha decisão.
Partindo pela manhã no primeiro raiar do dia, sem se despedir deixando pequenas lembranças com as criadas que cuidaram de mim. Entrei sorrateiramente no quarto de Waltério para me despedir, todavia não estava.
Lamento ter de ir embora sem lhe ver uma última vez, mas já perdi tempo demais.
— Realmente vai embora? — Antes de montar meu cavalo ouço sua voz atrás.
Nem sequer pude olhar sentindo suas enormes mãos em volta do meu pescoço, seu respirar pesado no meu ouvido e os latidos rápidos do seu coração batendo sem parar.
— Não vá. — Sussurrando. — Nem pude lhe dizer...
— Shiii! — O interrompi. — Agora não.
Ele se calou apertando o abraço com o coração quase explodindo de tanto bater.
— Deixe-me ir contigo?
— Quem vai cuidar deles? — Me viro tocando seu rosto molhado. — Precisa preparar todos para a grande guerra.
— Por favor...
— Desculpe.
Foi difícil ter que olhar seu rosto molhado como de um bebê pedindo para ficar, conhecendo o futuro como poderia ignorar o que vai acontecer?
Subi no cavalo cavalgando o mais rápido que poderia para escapar do meu próprio coração que está falhando em seguir.
Durante o caminho fiz pequenas pausas em vilarejos aos pés da montanha de fogo. Ouvi como o príncipe herdeiro havia pedido à minha irmã em casamento.
O Duque espalhou vários cartazes com recompensas enormes para quem me encontrar viva ou morta. Meu ex noivo e pai, continuavam na minha caçada.
O imperador planejava destruir as feras e bestas selvagens do mundo, assim como a torre dos magos.
Vendiam nos principais jornais imagens de monstros violentos para ter apoio da população. Mulheres com poderes curativos que não estivessem filiadas às igrejas passaram ser perseguidas como bruxas.
A população tinha medo por depender totalmente da Santa e do papa e seus sacerdotes, aceitando todo tipo de crueldade para obter salvação e proteção.
Regiões inteiras destruídas pela ganância dos nobres que usaram a desculpa perfeita. Descrito era das trevas , onde a santa junto com o papa e seu noivo foram em expedições para converter as pessoas.
Muitos foram subjugados diante de um tribunal injusto, logo descobriram a toca do dragão onde contém relíquias com poderes divinos.
Foi o primeiro indício da grande guerra, onde o dragão solitário foi perturbado por essas pessoas ambiciosas. O grande Duque das trevas foi o primeiro a enfrentar as leis do império.
Este ser sempre foi alvo dos cochichos da corte, queriam seu poder/controlar, entretanto nunca poderiam.
Notícias espalhadas dizem que nenhum mulher se compara com a beleza da Santa cheia de jóias preciosas no corpo num vestido de seda branco sem nenhum rastro de sujeira.
A imagem inocente, pura, foi vendida para o povo que acabou sendo enganado.
Heróis migrados de outros universos seguem finalmente sua mestra, disputando sua atenção para obter a benção. Não sou a única que entrou nesse mundo através da morte.
Talvez seja a única que quer seguir rumo diferente do livro. Por isso tenho tomado muito cuidado, lamentavelmente acabei numa situação inusitada.
No caminho do herói mais devoto da Santa lutando contra rebeldes, acabando ferido perdendo muito sangue encostado debaixo de uma árvore.
No princípio iria ignorar, sendo ele personagem importante, sei que alguém virá salvá-lo, porém ao dar as costas um dos rebeldes se levanta aproveitando o momento para atacar.
Tomei a atitude de lançar um feitiço salvando o herói caído.
— Oobrigado. — diz engasgando no próprio sangue.
— não me agradeça, estou me arrependendo de lhe salvar. — Falo enquanto tento parar o sangramento.
Não quero usar o poder sagrado, todo cuidado é pouco. A ferida está muito profunda, deixando claro que morrerá em questões de segundo.
— MERDA! — grito com as mãos na ferida que não para de sangrar.
— Fez o que pode, sou grato por morrer perto de alguém com essa expressão . — Sorri, ardendo a ferida.
— Idiota! Espero que se lembre desse favor, não me mate no futuro! — Grito invocando o poder sagrado curando sua ferida.
Por causa da dor ele acabou desmaiando, mas pelo menos está fora de perigo. Deixei seu corpo debaixo dos mortos indo embora com a esperança dele não se lembrar do ocorrido.
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Atualizado até capítulo 88
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