Capítulo Dezessete

Na manhã seguinte Kaity acordou disposta a resolver de uma vez por todas sobre denunciar Brian Ashford e a sua quadrilha.

Flora na noite anterior alinhou com Kaity que ligaria para um delegado de polícia civil chamado José Carlos. Ele já acompanhava a atuação dessa quadrilha nas não tinha prova alguma para ir em frente. Além disso, os envolvidos tinham muita intimidade com juízes, promotores e desembargadores.

O delegado chegou cedo por volta de 8h. Flora o recebeu com uma mesa de café da manhã cheia de delícias. Ele estava comendo quando Kaity apareceu na cozinha.

Kaity — Bom dia, Flora.

Flora — Bom dia, minha querida. Esse é o delegado José Carlos que eu lhe falei. Ele está aqui para nos orientar sobre os próximos passos da denúncia.

Delegado José — Bom dia, senhorita Kaity. A Flora me explicou um pouco sobre a sua situação. Eu terminei o meu café. Irei te esperar na sala para falarmos. Pode tomar o seu café com tranquilidade e sem pressa.

O delegado levantou e foi até a sala. Kaity tomou apenas um café preto com metade de um pão francês. Logo em seguida ela foi ao encontro do delegado para começarem a falar sobre o caso de Kaity Brown.

Kaity — Delegado, eu já terminei. Posso me sentar?

O delegado José Carlos era um homem de meia-idade. A sua feição era severa e ele parecia muito com algum que trabalhava de fato na polícia. Ele vestia um paletó cinza-claro com uma camisa preta básica. Usava um óculos Ray Ban.

Delegado José — Claro, senhorita Kaity. Sente-se, por favor.

Kaity se sentou no sofá de couro. Flora ficou ao lado dela.

Flora — Filha, ouça bem as orientações do delegado e diga tudo o que sabe e vivenciou.

Kaity — Claro. Falarei tudo.

Delegado José — Certo. Bom, eu usarei esse gravador. Tudo o que disser gravado para ser transcrito e incluído no processo. Eu vou ser sincero, é um caso difícil. São homens poderosos, mas iremos fazer o que estiver ao nosso alcance para atingir esses senhores. Combinado?

Kaity — Claro.

Delegado José — Então ok. O gravador está ligado. Quero que fale tudo desde o começo. Use datas e detalhes, por favor.

Kaity então começou. Iniciou desde o dia em que entrou na Red Tower, passou pela doença do Adam, seguiu adiante com a proposta de ajuda de Brian Ashford, a demissão do seu supervisor, a sua promoção para o cargo de gerente, as assinaturas dos papéis, o abuso sofrido pelo Dimitri Peskov, a sua captura pelo chefe e a sua estadia em cárcere privado, fechando o depoimento com o estupro realizando por Leonel e Joel Schneider.

O delegado não a interrompeu uma só vez. Permitiu que ela falasse abertamente. Foi duas horas de depoimento. Quando ela encerrou estava as lágrimas. Pensando em como foi idiota para cair na lábia de Brian.

Delegado José — Eu sinto muito por tudo o que passou. Sobre os papéis que você disse ter assinado. O que eram?

Kaity — Ele me disse serem fechamento de balanço anual. Depois me disse serem abertura de ‘offshores’ para desvio de recurso. Eu não sei ao certo, mas eu assinei.

Delegado José — Entendi. É, eu acredito na segunda opção. Essas contas em paraísos fiscais são comuns nesse meio. O dinheiro desses homens não fica aqui. Estão investidos nesses locais. De qualquer forma isso será investigado.

Kaity — Certo e agora o que acontece?

Delegado José — Bom, agora vem a parte mais delicada. Eu preciso de uma confissão do Ashford. óbvio que ele não fará isso comigo, mas com você... Com você sim. Ele se sente no controle.

Kaity — M-a-a-as como assim pra mim?

Flora — Kaity, querida, tenha calma, sim? O delegado vai te explicar.

Delegado José — Exatamente. Nos iremos até a sede da Red Tower. Lá você vai entrar com uma escuta e procurará por Brian. Fará ele confessar tudo provocando-o. Com certeza ele vai acabar soltando algo.

Kaity — Não sei doutor. Não sei...

Delegado José — Ele não esta nos vídeos, Kaity. E as ameaças que ele citou são reais. Se avançarmos sem provas, ele vai tentar te destruir e pode acabar prejudicando nosso caso.

Kaity — Certo e como isso vai funcionar?

Delegado José — É como eu disse, vai conosco. Te esperaremos lá fora com a nossa equipe gravando e ouvindo os áudios. Assim que ele realizar essa confissão, iremos entrar e leva-lo preso. Essa será nossa garantia.

Flora — Kaity, sei que parece algo cruel de se pedir, mas você vai precisar ser forte.

Delegado José — Exatamente. Além disso, quando você conseguir essa confissão, iremos te enviar para um local que abriga testemunhas. É um programa de proteção. Ninguém vai saber o seu paradeiro ou do seu filho. Nem mesmo eu, Flora ou alguém que a conheça.

Kaity — Isso é uma garantia, doutor?

Delegado José — Sim. Os outros dois, Leonel e Joel Schneider já podem ser indiciados. Farei todas as prisões no mesmo dia para que um não avise o outro e acabe prejudicando a nossa ação.

Kaity — Tudo bem, eu aceito.

Flora — Ai que bom. Eu vivi a minha vida toda a sombra desses criminosos e agora verei a justiça ser feita. Kaity, não sabe o quão poderosa será essa atitude.

Delegado José — Então está certo. Eu irei alinhar com a minha equipe. São as pessoas mais confiáveis. Faremos os preparos e quando estivermos com tudo pronto, iremos seguir o nosso plano. Te manterei informada.

O delegado se levantou desligou o gravador, olhou para Kaity e disse:

Delegado José — Kaity, a sua atitude é louvável. Saiba que esse é o caminho certo e eles vão pagar. Confie em mim e na justiça.

Kaity — Obrigado, doutor. Quando acha que faremos isso?

Delegado José — Em uma semana no máximo. Então se prepare e se fortaleça. Vai precisar ser firme. Bom, obrigado Flora. A gente se vê.

O delegado então foi embora. Kaity parecia aliviada e, ao mesmo tempo, preocupada. Não queria ter que ficar frente a frente com o CEO Brian. Mas se isso for necessário ela fará. Quer ver a cara dele quando for preso.

E certamente ele vai ser preso.

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