A Última Proposta

A Última Proposta

Capítulo Um

São Paulo, 25 de março de 2023.

Kaity — Adam, acorda. Nós vamos nos atrasar outra vez.

Adam — Só mais cinco minutos, mãe.

Kaity — Nem mais um minuto, Adam. Levanta. Temos que correr. Não posso me atrasar.

Esse diálogo era comum nas manhãs de Kaity e Adam. Ela, mãe solteira. Vinte e cinco anos. Recém-formada no curso de Tecnologia da Informação. Kaity conseguiu emprego na maior empresa de tecnologia do país, a Red Tower. O Adam tinha apenas dez anos. Um menino inteligente, mas com péssima pontualidade.

Adam se levantou, vestiu a roupa da escola, escovou os dentes e foi até a cozinha onde a sua mãe estava esperando por ele.

Adam — Mãe, por que não posso estudar a tarde? Eu odeio estudar de manhã. Os meus amigos todos estudam a tarde. Só eu preciso acordar cedo. É um saco.

Kaity — Ei, olha a boca! E já falamos sobre isso. Só essa semana já lhe expliquei 4 vezes. Não posso te levar no período da tarde. Eu consegui um emprego e estarei fora de casa. A tia Sueli vai te buscar como combinados, entendido?

Adam — Não é justo!

Kaity — Tá bom, meu revolucionário! Agora toma o seu café e vamos.

Adam tomou o seu café e acompanhou a sua mãe. Os dois entraram no carro dela, um Fiat Uno 2007. Ela levou ele para a escola. Não era muito longe da casa deles que ficava na região de Itaquera, na zona leste da capital Paulista.

Kaity — Filho, chegamos. Boa aula. Não se esqueça que a sua tia Sueli vai vir te buscar, entendido? A mamãe te ama um montão.

Adam — Tá bom, mãe. Pode deixar. Eu também te amo um montão.

Kaity então partiu. Deixou o seu carro na rua próxima à estação de trem Dom Bosco. Não compensava ir de carro. Haveria muito trânsito esse horário e ela nunca chegaria até a Avenida Paulista a tempo de bater o ponto até as nove horas.

Ela conseguiu se apertar no trem que já estava parado na plataforma e seguiu viagem. Chegou na estação da Luz 30 minutos depois. Era o meio de transporte mais rápido que realizava esse translado entre a zona leste e o centro.

Ela realizou a baldeação para a linha azul do metrô e seguiu até a estação Paraíso. Depois seguiu pela linha verde e desceu na Consolação. Enfim chegou na sede da Red Tower. Subiu o elevador até o 38 andar. Ela realizou o registro do seu ponto exatamente às oito e vinte da manhã. Antes do horário.

O seu supervisor já estava no local. Era um homem corpulento com aproximadamente 50 anos. Não era um homem com muita paciência. O seu nome era Otávio Leffon. Ele detestava falta de pontualidade.

Otávio — Kaity Brown, venha até aqui por favor.

Kaity percebeu que o seu chefe não estava feliz. Sabia que ele tê-la chamado aquela hora não poderia significar boa coisa. Ela foi até a mesa do supervisor.

Kaity — Sim, senhor. Como posso ajudar?

Otávio — Que horas você registrou o seu ponto, posso saber?

Kaity — Bom, eu acabei de bater. Acredito que foi as oito e vinte.

Otávio — Exatamente. Oito e vinte. E me diga, senhorita Kaity Brown, para qual horário você foi contratada?

Kaity — Para as nove horas, senhor.

Otávio — Exatamente. Então por qual motivo fez a marcação no horário incorreto? Sabe, eu detesto que as pessoas não sejam pontuais. Nem mais, nem menos, mas no seu horário. É pedir muito, senhorita Kaity Brown?

Kaity — Me desculpe, senhor. É que eu moro longe e pensei que se chegasse antes poderia marcar o meu ponto.

Otávio — Eu prefiro pontualidade a desculpas. Foi contratada para executar as suas atividades dentro do seu horário. E antes de fazer algo assim, pergunte. Quero que bata o seu ponto de saída assim que o seu horário for cumprido. Não faça 1 minuto se quer em banco de horas.

Kaity — É claro, senhor. E novamente me desculpe.

O supervisor então fez um sinal com a mão para que a funcionária se retirasse. Kaity então foi para sua posição atender os seus chamados. Ela tinha diversas ocorrências para atender.

Por volta de onze horas ela recebeu uma ligação no seu celular. Ela precisava atender. O celular indicava que a ligação era da escola onde o seu filho estudava. Foi até o banheiro e atendeu.

Kaity — Alô?

Escola — Eu falo com a senhora Kaity Brown, responsável pelo aluno Adam Brown?

Kaity — Sim, é ela. Oque houve?

Escola — Sou o diretor Alan. O Adam precisa que alguém venha buscá-lo. Ele não está se sentindo muito bem.

Kaity — Como assim? Eu deixei ele aí há três horas. Ele estava ótimo. O que aconteceu?

Escola — Bem, ele passou mal. Parece que teve um sangramento grave no nariz. Sugiro que ele seja levado ao hospital para poder ser avaliado.

Kaity — Está bem. Eu estou longe. Trabalho aqui na Paulista, mas vou pedir que a minha vizinha busque ele para mim. Ela se chama Sueli.

Escola — Está bem. Ficamos aguardando. Ele parece bem agora, mas sua roupa sujou bastante.

Kaity encerrou o contato e ligou para sua vizinha Sueli. O telefone tocou cinco vezes antes que ela atendesse.

Sueli — Alô, Kaity, tudo bem?

Kaity — Su, consegue buscar o Adam na escola, por favor? Acabaram de me ligar e ele não parece bem. Teve sangramento nasal. Não sei direito. Eu vou pedir ao meu supervisor para ir embora.

Sueli — Claro, Kay. Estou indo. Assim que estiver com ele te ligo.

Kaity — Obrigada, Su.

Elas então desligaram. Kaity criou coragem para ir até o supervisor pedir para ir embora. Ele estava ainda mais mal-humorado do que de manhã.

Kaity — Senhor, a escola do meu filho me ligou. Ele não está passando muito bem. A minha colega vai buscá-lo, mas eu preciso levar ele ao médico. Eu poderia ir agora e compensar esse atraso amanhã, ou em outro dia?

Otávio — Mas era o que me faltava. Chegou fora de horário e agora quer ir embora. Esse é o seu primeiro strike senhorita Kaity Brown. Eu vou deixa-la ir, mas vai me compensar, entendeu? Mulheres…

Kaity — Obrigado, senhor.

Kaity estava furiosa com o comentário machista do supervisor, mas não poderia demonstrar. Era nova na empresa e não queria arriscar perder o emprego.

Ela então fez o caminho inverso que havia feito de manhã e foi embora. Cada minuto que passava ficava mais ansiosa para ver o pequeno Adam.

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Comments

Euza Lisboa

Euza Lisboa

Esse nasceu do ovo do pai dele.
FDP sem mãe 😡🤬😡🤬😡😤😤😤😤

2023-12-27

4

Lua Cheia

Lua Cheia

Nossa que situação.

2023-12-23

1

Rute Luiza

Rute Luiza

homens barbaridade.

2023-12-23

1

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