Capítulo Seis

Kaity não acreditava estar na sala do CEO da Red Tower, tomando café, juntos, como se fossem melhores amigos.

Brian — E então Kaity. Não vai me dizer?

Quando Kaity ia falar o seu celular tocou. Era o supervisor Otávio. Ela já estava 30 (minutos) atrasada.

Kaity — Desculpe, o meu supervisor está me ligando. Eu estou meia hora atrasada.

Brian — De qual setor é?

Kaity — Sou do On (Demand).

Brian — Evelyn Gallant é sua gerente, não é?

Kaity — Isso.

Brian — Quem é o seu supervisor, Kaity?

Kaity — É o Otávio, Otávio Leffon.

Brian estão discou um número no seu telefone e de repente já estava chamando no viva voz. Alguém havia atendido do outro lado.

Evelyn — Evelyn Gallant.

Brian — Evelyn, bom dia. Aqui é Ashford.

Evelyn — Senhor Ashford... Desculpe, não reconheci o número.

Brian — Tudo bem. Estou ligando do meu ramal. Peça por favor para o seu supervisor Otávio parar de ligar no celular da funcionária Kaity. Ela está comigo. Está atrapalhando o nosso bate-papo.

Evelyn — Claro, senhor.

Brian então desligou. E voltou a sua atenção para Kaity que estava na sua frente com uma aparência assustada.

Brian — Continue, por favor. Não haverá mais interrupções.

Kaity — Bom, S-s-sen... Brian... Desculpe é difícil... O meu filho tem dez anos. Se chama Adam. Ele foi diagnóstico com leucemia há alguns dias.

Brian — Sinto muito. O diagnóstico foi precoce?

Kaity — Sim. Ele tem boas chances de se curar.

Brian — Isso é ótimo. Mas você não me parece feliz. Ouvi você falar sobre finanças no elevador. O tratamento não é custeado pelo estado através do SUS?

Kaity — É, é sim. Mas está acabando com o meu filho. O médico me ofereceu um tratamento alternativo. Mas custa muito caro. Então estou tentando encontrar uma forma de arrecar essa quantia.

Brian — Entendo. E de quanto estamos falando?

Kaity — O tratamento custa R$300 mil. Eu já tenho R$14 mil.

Brian — Ainda falta um bom pedaço, não é mesmo? Mas me diga, quais as chances de cura desse procedimento alternativo e caríssimo? Soube que a quimioterapia tem quase 80% de eficácia.

Kaity — 98% de chance. É uma aplicação única. Por isso é tão cara. Mas eu vou conseguir essa quantia, mesmo que demore um pouco.

Brian — Incrível. Eu não conhecia esse procedimento. Faltam R$286 mil. Caso conseguisse, quando ele poderia fazer o tratamento?

Kaity — Amanhã mesmo.

Brian — Certo. Ligue para o seu médico. Agende o tratamento alternativo. Se possível ainda hoje. Eu irei custear 100%.

Kaity — Não, Brian, eu não posso aceitar.

Brian — Não entendi. Não quer salvar o seu filho?

Kaity — Claro que quero, mas...

Brian — Nem consegue formular uma justificativa para sua negativa, Kaity. Pense em mim como um doador. Se preferir pense nisso como um empréstimo. Me paga como e quando puder.

Kaity — Senhor Brian, eu não sei como lhe agradecer. Estou tão feliz... O senhor é um anjo.

Brian — Não me agradeça ainda. O Adam não foi curado. Ligue. Use o meu telefone.

Kaity então ligou para o consultório do doutor Juan Rueda e foi informada que ainda havia vaga para realizar o tratamento alternativo naquela data.

Kaity — Brian, eu tenho que ir então. Mas como eu faço isso... Digo, como será feito o pagamento... Eu não faço ideia.

Brian — Vá! Leve o Adam. Faça o tratamento e peça que me enviem a conta. Anote o meu telefone. Vamos nos falando. Irei pedir para meu motorista lhe levar em casa para buscar o Adam e depois te levar ao consultório.

Kaity — Brian, e-e-e-eu nem sei o que dizer.

Brian — Ande. Vá salvar o seu filho.

Kaity então desceu no elevador e se encontrou com o motorista do senhor Brian Ashford. Ele a levou para o carro do CEO, um Cadillac Escalade. O motorista acelerou e em questão de 45 minutos já havia chegado na casa de Kaity.

Ela subiu correndo, pulando a cada dois degraus e entrou na casa da Sueli sem ao menos bater na porta.

Sueli — Que susto! Não devia estar trabalhando Kaity?

Kaity — CONSEGUIMOS O DINHEIRO! ELE VAI FAZER O TRATAMENTO HOJE!

Sueli — Jesus de Nazaré! Mas como... Isso não... Foi Deus... Eu sabia que ele não ia desapontar.

Kaity então pegou o Adam, juntou algumas roupas dele em uma bolsa e desceram correndo. A sua amiga Sueli foi também. Os três entraram no Escalade e partiram rumo ao consultório que ficava na Mooca.

Rapidamente eles chegaram ao consultório sendo recebidos pelo próprio doutor Juan. O escritório do Brian Ashford já havia entrado em contato com a equipe médica e o pagamento do tratamento já havia sido realizado.

Dr. Juan — Olá Kaity e Adam! Os materiais serão ajustados e nos já vamos para o centro cirúrgico. Ele não vai precisar ficar internado. Algumas horas em observação e pronto.

Kaity — Obrigada doutor!

Adam — Mamãe eu vou ficar bem?

Kaity — Claro que vai meu amor. Claro que vai. Daqui a pouco você vai estar ótimo.

Adam então foi levado para o centro cirúrgico. O médico disse que o procedimento não levaria mais do que uma hora, mas o Adam precisaria ser sedado.

Conforme prometido. O procedimento terminou em 58 minutos. O Adam foi levado para um leito pós-cirúrgico. Kaity agora poderia acompanhar. O garoto ainda estava sonolento.

O doutor Juan veio no seu encontro para alinhar algumas informações importantes.

Dr. Juan — Senhorita, o procedimento foi um sucesso. O Adam aceitou super bem e em questão de 10 dias repetiremos o exame de miolograma para confirmar a extinção das celular cancerígenas.

Kaity — Muito obrigada doutor. Esse acompanhamento também é no SUS?

Dr. Juan — Não. Pagaram pelo plano completo. Irão receber acompanhamento total por 5 anos.

Kaity — Mas eu não paguei pelo plano total. Só pela aplicação.

Dr. Juan — O escritório do senhor Brian optou por este plano. Eu destaquei a diferença de preço, mas ainda assim foi o que eles escolheram.

Kaity — E qual o valor desse plano doutor?

Dr. Juan — R$800 mil. Mas agora o pequeno Adam será monitorado 24h por dia. Além de estabelecermos um canal de contato sempre que houver dúvidas. Também 24h.

Kaity não sabia o que dizer. Era muito para digerir em um só dia. Mas de uma coisa ela tinha certeza. Seu filho seria curado e logo estaria bem.

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