Capítulo 16

Felipe

        Pela manhã acordei com duas batidas na minha porta, era Isaac informando que já eram oito horas e que iríamos sair por volta de umas nove horas da manhã. Levantei meio zonzo e fui para o banheiro, fiz minha higiene, também tomei um longo banho para me acordar, por fim vi as mensagens.

        Gabriela havia mandado uma figurinha de uma criança batendo com a mão na testa, então salvei para quem um dia poderia usar. Dei bom dia para minha família, informando que eu iria passear no centro hoje, então provavelmente não irei falar muito com eles e não se preocuparem comigo, mas ligaria quando tivesse tempo.

        Recebi um “ok” do meu pai, minha mãe me mandou eu me cuidar e meus irmãos apenas visualizaram e não responderam. Respondi Pedro, ele me perguntou o que faria hoje, mesmo pedindo para Gabriela dizendo que não deveria falar para ele, apenas disse que ia no centro sem dizer com quem, mas a noite quando voltasse contaria para ele como também o Luan.

        O café já estava servido a hora que fui para a sala já arrumado, escolhi uma roupa mais casual apesar de ir para o centro, parece que acertei já que Isaac vestia algo no mesmo estilo. Ele bebia seu café olhando para o tablet, não reparou que estava em sua frente, seu jeito era interessante.

        – Bom dia – chamei sua atenção.

        – Bom dia – lançou-me um sorriso. – Desculpa lhe acordar, mas se não irmos cedo não aproveitamos nada.

        – Não tem problema – digo devolvendo o sorriso.

        Tomamos o café em silêncio, não demoramos muito arrumando as coisas, já que Isaac tinha colocado só o básico para tomar café, saímos no horário que ele tinha marcado. O centro ficava perto da universidade, como fomos de uber, chegamos em menos de quinze minutos. Descemos em uma praça.

        – Aqui fica a praça quinze de novembro – me informou, olhei em volta, para um sábado de manhã estava bem movimentada. – Aquela árvore grande é uma figueira, ela já é centenária.

        Apontou para uma árvore grande, alguns galhos eram sustentados por algumas colunas de ferro, impedindo que caísse. Estava um pouco para baixo da praça, tinha alguns bancos em volta, algumas pessoas tiravam fotos na frente, assim como eu, estava turistando a cidade.

        Fomos mais perto da árvore e conseguia ver o quão grande realmente era, parecia extremamente assustadora de perto, mas, ao mesmo tempo, era tão linda e forte. Existia uma placa informando mais sobre a espécie da árvore e também quando foi plantada e a importância dela para a comunidade Florianópolis. Algumas luzes iluminavam seu tronco deixando ela com um ar místico e extremamente lindo.

         – Tira uma foto minha – peguei meu celular e entreguei a Isaac. Fiz algumas poses, algumas sérias e outras um tanto engraçadas. – Poderia tirar uma foto nossa? – Perguntei a uma senhora que estava no banco fumando um cigarro, ela deu um sorriso e concordou com a cabeça.

        Fizemos uma pose, era estranho tirar uma foto com ele, pois não sabia que pose fazia, ou se chegava muito perto dele. Sorrimos para a foto quando a senhora mandou e também chegamos mais perto como a mesma pediu, por fim a foto realmente ficou bonita.

        – Vocês formam um casal bonito – disse ela sorrindo.

        – Não somos um casal, apenas amigos – disse envergonhado.

        – Desculpe – eu apenas neguei com a cabeça rindo. – Bem, os dois moços sabem da lenda dessa árvore?

        Nós dois negamos com a cabeça e então a senhora voltou a sentar no banco nos olhando.

        – Se vocês derem três voltas com pensamento de trazer sorte, sendo a primeira no dinheiro, a segunda na saúde e a terceira no relacionamento, a figueira irá realizar o desejo – disse sorrindo para nós. – Vocês precisam estar com as mãos unidas para ela atender seus pedidos e também tem que ser sentido anti horário.

        Nós dois olhamos e como um consenso entendemos que precisávamos fazer aquilo, uma risada silenciosa saiu de nossos lábios quando nós dois juntamos as mãos ao mesmo tempo. A primeira volta pedi para nunca que me falte nada, a segunda volta pensei em ter toda saúde do mundo.

        Na terceira volta pedi um romance fiel, com bastante amor e também que me ame do mesmo jeito que irei lhe amar. Perto do final do percurso a imagem de Isaac se formou na minha imaginação, um arrepio percorreu pelo meu corpo. Paramos na frente da senhora que nos olhava encantada por fazer aquilo e então um sorriso brotou nos seus lábios.

        – Que lindo ver vocês dois fazerem isso, pois é difícil pessoas jovens fazerem isso hoje em dia – a senhora se levantou e deu um abraço em nós dois.

        Nos despedimos da senhora e seguimos para a catedral principal da cidade, entramos lá dentro, tiramos uma foto, por fim fomos no museu da história de Santa Catarina e para fechar a manhã fomos na de história de Florianópolis. Então decidimos almoçar num restaurante que servia sushi e comida normal, tudo por um único preço barato.

        Confesso que extrapolei um pouco na comida, pois comi bastante e com certeza Isaac comeu juntamente comigo e demos um pequeno prejuízo para aquele restaurante. Fomos até o mercado público para dar uma descansada antes de irmos para a ponte Hercílio Luz.

        A ponte estava bem cheia, muitas famílias estavam ali, muitas crianças andavam de bicicleta e a praça que tinha ao lado da ponte também era extremamente arborizada, o que dava um ambiente agradável. Sentamos em um banco que ficava bem ao lado da ponte, era uma estrutura que lembrava um mezanino, tinha uma visão da ponte, além também de uma estátua de Hercílio Luz.

        Liguei para meus pais nesse momento para mostrar a visão, não demoraram para me atender, percebi que estavam em casa e deitados no sofá. Ouvi minha mãe chamando meus irmãos que vieram dos seus quartos correndo.

        – Está sozinho aí, meu filho? – perguntou meu pai quando mostrava a vista do lugar.

        – Não, pai, o Isaac me trouxe – apontei a câmera para Isaac que estava ao meu lado olhando para a ponte, então deu um sorriso para câmera e acenou.

        – Oi meu filho, como você está? – Disse minha mãe.

        – Estou bem dona Juçara – disse chegando mais perto de mim para nós dois ficarmos na frente da câmera.

        – Ele não está incomodando você? – Perguntou minha mãe para ele.

        – Mãe?

        – Que foi? Conheço o filho chato que eu tenho – disse rindo, botei a mão no peito de uma forma ofensiva.

        – Não está não dona Juçara – disse rindo Isaac. – Quando vocês vierem, também serei o guia de vocês aqui na cidade para vocês conhecerem.

        – Vai me levar para conhecer tudo mesmo, pois acho isso tudo lindo – disse minha mãe, fazendo nós rimos.

        – Então tá, mãe, mais tarde ligo para a senhora, vamos caminhar na ponte agora – informei ela.

        – Está bom filho, amo você e se cuidem – disse antes de desligar a videochamada.

        Na ponte, preferimos ficar somente até a metade, tiramos algumas fotos, sendo separados e algumas um do lado do outro. Estamos tão bem um com o outro que as poses já estavam melhores do que na primeira foto. Aproveitamos e tomamos um café em uma cafeteria que tinha na beira da ponte antes de irmos para a beira-mar e fechar o dia.

        Na beira-mar, caminhamos um pouco, tiramos mais fotos e por fim decidimos ir no shopping Beira Mar, apenas para jantar antes de ir para casa. O meu colega até tentou pagar meu jantar, mas me recusei, isso tudo porque paguei seu café na ponte. Ainda dentro do shopping decidimos ver algum filme no cinema para depois irmos para casa.

        Quando voltamos para casa mandei uma mensagem para meus amigos, precisava ser transparente com eles e informei o que tinha feito o dia todo. Claro que recebi várias mensagens deles perguntando se Isaac não fez nada ou foi rude, disse que não. Achei que iam surtar mais, entretanto apenas disseram que achava estranho nós fazermos uma amizade.

        Aproveitei também para postar algumas fotos do dia no Instagram, sendo algumas sozinho e duas com Isaac, as que escolhi foi a primeira na praça, onde sorrimos para foto e a outra na ponte.

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