Capítulo 14

Isaac

Era sete horas da manhã quando meu celular começou a tocar, não queria levantar da cama, mas precisava me arrumar, tomar um café e ir para minha primeira aula de cálculo. Tomei um banho, mesmo que minha mãe dizia que era um desperdício tomar um antes de dormir e um quando acorda, contudo, se não fizesse isso eu não acordava.

Fui em direção à cozinha, hoje não senti o cheiro do café e me fez perceber que esqueci de programar a cafeteira, não que fosse demorar para se fazer o café, mas é mais prático quando já acorda e tem ele feito. Enquanto a cafeteira fazia o café, aproveitei e fui ao supermercado para comprar pão francês, quando voltei o apartamento estava silencioso ainda, então Felipe ainda dormia.

Arrumei a mesa com o pão, os frios e também coloquei o leite, suco e por fim algumas frutas para tomar café melhor. Fiz um pão com manteiga e queijo e presunto, além do café já está pronto para  me servir. Escutei a porta do quarto do Felipe abrindo e vejo o garoto vindo com sua camisa branca de algum desenho animado que não conhecia, porém, hoje usava uma bermuda bege clara e uns tênis brancos como a camisa, porém tinha algumas listras azuis na lateral.

– Bom dia – lancei um sorriso para ele.

– Bom dia – disse se sentando em minha frente. – Nossa, não sei como você tem o empenho de arrumar tudo isso. Só de imaginar em colocar o café na cafeteira já me dá preguiça, quem dirá colocar tudo aqui em cima.

– Bem, eu gosto, é um dos únicos momentos que eu tenho de poder ver meus pais em casa, então café é algo único para mim e eu gosto – digo tomando um pouco do meu café.

– Lá em casa é a janta, o único horário que comemos juntos – diz, percebi a tristeza no seu olhar.

– Podemos jantar todos os dias se preferir – olho em seus olhos. – Já que toma café comigo, nada mais justo eu jantar com você.

– Não sei fazer muita comida.

– Nem se preocupe com isso, eu sei cozinhar – agradeço por ter uma irmã chefe de cozinha. – Aprendi a cozinhar desde pequeno com minha irmã.

– Você tem uma irmã? – perguntou confuso.

– Sim, talvez você não a conheça, pois ela é quase vinte anos mais velha que eu e é só por parte de pai – lembrar da minha irmã dá uma paz no meu coração. – Fernanda foi embora quando eu tinha por volta de uns sete anos mais ou menos. Seu sonho era ser chefe de cozinha e bem ela realizou e está trabalhando na Itália.

– Que legal, você vai visitar ela?

– Não muito, só fui umas cinco vezes, foi nessas vezes que ela me ensinou a cozinhar alguns pratos famosos e também o básico para sobreviver – Suspirei lembrando das minhas visitas e da saudade que sentia.

– Nossa nunca saí do Brasil – me olhava impressionado Felipe. – Para dizer que nunca nem saí de Santa Catarina, na verdade, já fui para Torres com os meus pais, mas somente ali.

– É incrível os lugares que já fui – mordi meu pão e tomei outro gole de café. – Um dia você terá essa oportunidade e vai descobrir que tem muito lugar bonito por aí.

– Ainda tenho um sonho de ir pelo menos conhecer vários outros lugares – seus olhos brilhavam, talvez de sonhos ainda não realizados. – Mas quero primeiro explorar Florianópolis e entender melhor a cidade onde estou morando.

– Podemos combinar de ir um final de semana de irmos conhecer a cidade e algumas praias – o garoto concordou com a cabeça. – Não que eu conheça muita coisa aqui, fui só nas principais cidades, mas já é algo legal.

– Vou adorar conhecer.

Como qualquer dia desde que ele chegou, o silêncio predominou e não era ruim. Das praias que talvez ele gostasse seria Daniela, não gostava muito de Jurerê, tem o Campeche era uma praia bonita, principalmente a ilha do Campeche. O levaria para conhecer o centro, alguns museus que sempre ia com minha mãe. Levar ele na ponte Hercílio Luz, tem que ser em um final de semana que é fechado.

– Podemos começar no final de semana, que tal irmos no centro de manhã, almoçar lá e depois podemos ir na ponte tirar algumas fotos e você conhecer, por fim ir na beira-mar – digo quebrando o silêncio.

– Por mim, pode ser – disse sorrindo.

Tomamos o café da manhã, ele tinha aula antes de mim, então saiu primeiro que eu, foi uma briga convencer a ele que eu poderia lavar a louça. Claro que não me importava de limpar dois copos, algumas facas e colheres. Como tinha aula só às dez horas, aproveitei para mandar uma mensagem para minha mãe saber como ela estava.

Respondi também a Carla, perguntando quando eu voltaria para Araranguá, já que está com saudades de mim, apenas informei que talvez em abril para a semana santa. Pensava em terminar com ela quando estivesse nessa visita, não sentia mais como se tivesse namorando, não que sentia isso antes, mas não quero dar falsas esperanças para ela.

Saí de casa dez paras às dez, cheguei até cedo para aula, encontrei meus amigos, conversamos sobre ontem e perguntei se tinha acontecido algo depois que fui embora. Me contaram que César um dos nossos colegas tomou vodca em uma meia pegando fogo, fiquei indignado que perdi essa façanha.

No almoço pensei mandar mensagem para Felipe para tomar café com ele, no entanto, Luan foi mais rápido me convidado, como estava basicamente no mesmo prédio, fomos almoçar juntos. Luan estava no segundo período de Engenharia de Produção Elétrica e então se juntou com seus amigos para almoçar.

Dentro do restaurante universitário, encontrei Felipe com seus amigos, todos conversavam e riam de algumas coisas, provavelmente do dia anterior. Seus olhos se encontraram comigo e ele me cumprimentou com a cabeça e fiz o mesmo.

– Nem terminou o namoro e já está de papo com o ex da sua namorada – falou Luan.

– Quê?

– Não se faz – me olhava com cara desconfiado. – Não acha que não vi que foi embora depois que ele pegou o menino lá.

– Não foi por isso – disse com um desconforto. – E não estou de papo com ninguém, apenas quero ser amigo dele.

– Talvez namorado.

– Não viaja – digo irritado. – Não sinto nada por ele, apenas culpa e provavelmente ainda tem raiva de mim.

– Não sei se ele tem raiva de você – disse virando e olhando para Felipe. – Pois se sentisse não moraria com você, nem cumprimentaria você em público com os amigos do lado.

– Você está certo – digo fazendo essa observação. – Mas isso não significa que estamos interessados um no outro.

– Pode não estarem agora, mas cuidado para não se apaixonarem no futuro – Luan olhava dentro dos meus olhos. – Pois talvez você acabe gostando dele e ele não de você.

– Já falei que não tem essa possibilidade.

– Ok, vou acreditar em você – disse rindo.

Almoçamos e depois fomos para a aula, teríamos a mesma aula, pois ele tinha reprovado em representação gráfica no semestre passado. Escolheu fazer comigo, para dizer que teremos pelo menos uma matéria juntos, fomos até os prédios do centro tecnológico conversando sobre algumas festas.

Luan me explicou sobre cada curso tem sua festa, sendo para ajudar na formatura, nos centros acadêmicos e atléticas. Combinamos de ir em algumas, como a fantasiarq da arquitetura e também iriamos no trote integrado, eu era obrigado a ir, como todos os calouros das engenharias.

Me explicou também que tinha uma festa fora da universidade que a maioria dos alunos ia, que era a festa neon, basicamente uma festa que coloca algumas tintas que brilham em luz ultravioleta e segundo o que me explicou era a melhor festa fora da universidade.

Aquele dia até que passou rápido, minhas aulas acabaram eram perto das quatro e vinte da tarde, fui para casa e encontrei Felipe sentado no sofá. Estava comendo alguma bolacha focado na televisão, provavelmente via um filme, já que não viu eu chegar.

– Boa tarde – digo chamando sua atenção.

– Oi – sua voz saiu abafada com a boca cheia de bolacha. – Estou vendo filme na sua conta da netflix, não tem problema?

– Claro que não, fica à vontade – fui em direção ao meu quarto, largar minhas coisas e voltei para sala. – Suas aulas terminaram cedo hoje?

– Sim, era somente até às três horas – explicou.

Sentei-me ao seu lado, percebi que era shrek um dos meus filmes favoritos. Ainda estava no começo, então me ajeitei melhor, antes de me deitar abri o sofá, recebendo um olhar incrédulo que poderia ser feito aquilo. Felipe se levantou rápido e fez o mesmo que eu, e deitou também.

Assistimos em silêncio, quando finalizou o filme, fui fazer a janta, preparei um arroz com frango grelhado, Felipe me ajudou temperando o frango, quando eu cortava algumas verduras para grelhar junto. Conversamos sobre gostos e comidas, descobri que amava cebolo, respondi que era vida e não tinha como não gostar.

Jantamos em silêncio, dessa vez Felipe quem lavou a louça dizendo que era sua vez pela ajuda que lhe dei pela manhã. Até falei para ele colocar na lava-louça, mas o garoto disse que é um desperdício de energia e quis lavar por conta própria. Então para não ficar tudo para ele, ajudei secando as coisas, por fim demos boa noite antes de cada um ir para seu quarto.

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