Felipe
O carnaval passou tão rápido que só percebi que o tempo passou dois dias antes de me mudar, estar de frente para minhas malas prontas, me dava algo embrulhar o estômago. Revisava todas as malas, levaria as que ganhei em um chá de casa organizado pela minha família, até um conjunto de cama de casal ganhei, apesar de achar que não ia caber naquela cama.
Mas ganhei bastante roupa nova, o que me ajudou a deixar a maioria das velhas em casa, claro que levei algumas surradas para caso de faxina na casa. Com certeza o que eu mais amei foi o pijama do Steven Universo que ganhei de meus irmãos, mesmo que papai pagou, com certeza usarei todas as noites.
Levaria em torno de cinco malas de roupas e uma mala de toalhas e roupas de cama, mesmo que dona Luana tenha falado para minha mãe não se preocupar com isso. No entanto, até cobertor estou levando para precaução, claro que escolhi os que eu tinha um apego emocional, como a manta de flores azuis que ganhei de meus pais a dois invernos.
Meu pai me ajudou a levar as malas para o carro, iria apenas eu e ele, mesmo que fosse uma sexta-feira, minha mãe preferiu ficar com os gêmeos já que trabalharia no sábado em uma faxina com minha tia numa casa de shows. Eu sabia que se ela fosse chorar mais do que passou esses últimos dias chorando, na noite passada ela adentrou em meu quarto e deitou comigo.
Hoje pela manhã percebi que não somente ela, mas todos eles estavam em meu quarto que agora será oficialmente de Kleber, ao acordar tomamos um café da manhã preparado por minha mãe. Ela até fez pão feito em casa para eu puder levar uns pedaços durante a viagem e o final de semana.
Íamos sair por volta de umas duas da tarde, para dar tempo de chegar de dia e me acomodar pela noite no apartamento. Isaac já estava no apartamento, pelo que entendi nem sequer voltou para Araranguá desde janeiro e como já tinha roupas lá não achou necessidade disso. Minha mãe também comentou que sua avó já tinha ido embora a pelo menos uma semana e uma senhora fez uma faxina na casa para me receber.
O almoço passou tão rápido, conversamos sobre tudo, minha mãe dando conselho para focar nas aulas, mas para eu sair e conhecer pessoas. Me deu sermão quando disse que não iria à festa, segundo ela, é importante para mim ir, já que era um momento único para minha vida, algo que devo viver como todos os jovens. Por fim, naquela mesa me fez prometer me cuidar e se tiver qualquer recaída, não importasse o horário ou dia, meu pai me buscaria para me trazer de volta para passar um tempo com eles.
Quando vi que chegou o horário de minha partida, peguei minha mochila no quarto, olhei pela última vez antes de dar um adeus sincero para meu passado e um olá feliz para meu futuro. Fechei a porta, fui até Kleber que já estava com os olhos cheios de lágrimas, entreguei a chave do meu quarto para ele e então recebi um abraço apertado e foi quando o garoto caiu no choro, logo em seguida Kleiton também chorou em meus braços.
– Vem aqui meu filho – disse minha mãe me puxando para um abraço apertado. – Sabe que eu amo você e que é um dos meus maiores orgulhos nessa vida, saiba que você sempre será bem-vindo aqui.
Abracei fortemente ela, não consegui segurar minhas lágrimas e chorei ali em seu abraço, com certeza a coisa mais dolorosa, mas como meu pai diz, grandes mudanças precisam de grandes atitudes e uma delas foi soltar minha mãe e entrar no carro.
– Eu te amo minha mãe – disse ainda choroso.
– Te amo mais do que tudo, meu filho.
– Amo vocês manos – digo sentido minhas lágrimas descerem quentes no meu rosto.
– Te amo também mano – falaram juntos.
Meu pai deu a partida e seguimos para a capital, meu pai colocou uma música e deixou eu chorar um pouco, quando passamos a ponte do rio Araranguá percebi que realmente iria para a capital. A viagem demoraria umas duas horas, chegamos perto das cinco horas em Florianópolis, diferente de janeiro não pegamos trânsito para entrar, mas já tinha uma fila de saída.
Mandei uma mensagem para Isaac informando que estava chegando, como orientou minha mãe. Quando chegamos perto do apartamento, Isaac já nos esperava lá embaixo, usava uma camisa azul-claro e uma bermuda de mesmo tom e seus olhos negros me focaram.
O garoto então com o celular abriu o portão da garagem, estacionamos embaixo do prédio e fomos recebidos por aquele garoto, apertou nossas mãos e questionou sobre a viagem, por fim ajudou nós com as malas. Largamos tudo no elevador e subimos até o andar do nosso apartamento, a porta estava encostada, então entramos sem muito esforço.
Com ajuda de Isaac levei minhas coisas até meu novo quarto, ao entrar me assustei com as cores pretas e os móveis de mesma cor, diferente daquele quarto que vi no mês passado. Larguei minhas coisas no chão e então olhei tudo em volta e estava do jeito que tinha colocado no status do Instagram, olhei incrédulo para Isaac.
– Minha mãe quem fez isso, juro que não tem nada a ver com isso – falou rindo e colocando o resto das malas com o meu pai. – Sua mãe mostrou para ela um dia, sem intenção, dizendo que você tinha um bom gosto segundo minha mãe e para se sentir em casa ela pintou o quarto e mandou eu comprar móveis parecidos.
– Eu postei isso há quatro dias – disse ainda incrédulo.
– Foi pintado dois atrás e os móveis chegaram hoje e o montador montou hoje pela manhã – falou como se não fosse nada. – Não se preocupe com o dinheiro da pequena reforma, os custos vieram das vendas dos mobiliários que sobraram.
– Vocês já venderam os antigos?
– Sim, para uma loja de artigos usados.
Por fim, Isaac foi para seu quarto, a fim de deixar eu a vontade, meu pai me ajudou a colocar umas coisas no lugar, era por volta de uma sete horas que ele decidiu ir embora. Isso, porque insisti de ele ir, que terminaria durante o final de semana, foi outro momento de choradeira, meu pai até me deu um dos abraços mais fortes que tive na vida.
Ao voltar para o apartamento, voltei ao meu quarto, liguei para minha mãe informando que papai já tinha saído daqui e ele iria chegar umas dez horas. Ficamos conversando enquanto eu arrumava minhas coisas, percebi que eram tantas coisas que por volta de uma nove horas ainda faltava uma mala. Escutei duas partidas na porta.
– Mãe vou desligar, amanhã ligo para você – disse para ela e depois que escutei um tchau, levantei e abri a porta, encontrando Isaac meio sem jeito.
– Vou pedir pizza para nós – disse um tanto encabulado.
– Vai sair quanto para cada? – questionei pegando meu celular.
– Não precisa.
– Claro que precisa, me fala seu pix – digo abrindo o aplicativo do banco.
– Sério, não precisa.
– Não faça nós termos uma briga logo no primeiro dia – digo fingindo uma voz de bravo e ele apenas concordou. Me passou seu pix e falou quanto ficaria.
A pizza chegou quarenta minutos depois, foi quando parei para comer, permaneci em meu quarto, apenas saí depois para lavar meu prato. Isaac permanecia sentado na sala assistindo a um filme, era estranho estar ali e ainda mais ver Isaac tão confortável quanto estava ali sentado comendo um pedaço de sua pizza.
– Isaac – chamei sua atenção, seus olhos saíram da pizza e foram para os meus. – Quando vamos fazer as compras para a casa?
– Bem – ele me olhou um tanto sem graça – Já fiz ontem, já comprei todas as coisas que precisamos para esse mês, fica a vontade de pegar qualquer coisa e comer qualquer coisa na cozinha.
– Quanto ficou? – Digo lhe encarando. – Que irei pagar a metade.
– Não precisa.
– Nós vamos brigar então – digo ainda com aquela voz de bravo.
– Então pode brigar, pois tenho mais medo da minha mãe do que você e se ela souber que cobrei qualquer comida de você é capaz de ela vir aqui me matar – solto uma gargalhada com sua cara de desespero. – Não estou nem mentindo.
– Tudo bem, mas mês que vem vou ajudar e nem sua mãe vai me impedir – digo por fim. – Boa noite.
– Boa noite – diz e me olha novamente – E bem-vindo.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Rosimary Da Silva
Será que ele já deu um pé na bunda da Carla
2024-04-19
4
Luiza Paiva
fito do Isaac e , Felipe
2023-12-20
1