Foi difícil pra caralho me concentrar o resto da tarde.
E o pior de tudo, era que às segunda-feiras era quando eu ficava até altas horas no escritório, minha mesa ficava abarrotada de contratos e atas de reunião, projetos acumulados para ler e aprovar. A construtora não parava, e eu é que me dava ao direito de duas vezes na semana, descansar. Para mim era lei!
Mas mesmo tendo uma equipe fenomenal e bem alinhada, lógico que a decisão final era minha, e por mais que o trabalho fosse orquestrado com maestria, eu precisava supervisionar e conferir tudo.
Aquela tarde eu já tinha estourado a cota do meu horário de almoço com a gostosa da Manu. Loucura. Puta que pariu.
Muitas vezes, eu comia só um sanduíche na minha mesa sem desligar da tela do notebook. Meus dias eram muito corridos.
Naquela segunda, ainda analisei propostas de acionistas, redigi e assinei documentos, tive uma reunião ferrada com o Maurinho que me deixou puto, depois tive que preparar apresentações para duas reuniões importantes que teria ao longo da semana.
Só parei quando o relógio marcou oito horas da noite e escutei uma batida na porta - era o Tiago, meu motorista, perguntando se dava tempo de ele fazer um lanche na cantina, já que o prédio estava fechando.
- Vai logo\, Tiago.
- Obrigado patrão\, vou num pé e volto n’outro.
Afrouxei a gravata e fui até a copa, saquei duas pedras de gelo e coloquei uma dose de uísque no copo. Virei de uma vez, sentindo a garganta queimar. Delícia.
- Ah\, Manuela... – pensei alto.
Tirei o celular do bolso e abri o WhatsApp, fiquei olhando a fotinho dela... porra, onde eu estava me metendo?
Àquela hora o Humberto já devia ter chegado em casa, ela devia estar preocupada lá dando atenção a ele e cuidando do jantar, cuidando de tudo, fazendo as vontades dele, sem tempo para realizar as suas.
Me peguei pensando nisso, e imaginei se ela fosse minha... Ah rapaz, se eu fosse o Humberto eu ia fazer das tripas coração para manter aquela princesa tão satisfeita na cama que ela não ia conseguir nem olhar para o lado! eu poderia morrer de trabalhar que nem um condenado, mas chegando em casa, eu ia ser só daquela mulher...
Não era a minha realidade, mas se fosse mal de grana que nem o Humberto, ao menos passaria no supermercado, compraria um vinho modesto, uma massa, um acompanhamento... e chamaria aquela gostosa para cozinhar comigo. A porra da louça eu já adiantava para não sobrar nada para ela. Enquanto comíamos a sobremesa a putaria ia rolar solta... veríamos um filme, sei lá, eu faria o que ela quisesse! Depois: cama. Ela não ia dormir sem levar umas estocadas bem gostosas, e muito menos sem gozar, mas de jeito nenhum!
Acorda, Humberto!
Senti vontade de ligar, dar qualquer desculpa esfarrapada só para ouvir a voz dela, combinar logo quando a
gente se encontraria, matar o que estava me matando. Eu já estava ficando louco, já tinha perdido a noção de tudo, o bom senso, aquilo parecia um feitiço!
Eu estava morrendo de vontade dela.
Fiquei não sei quanto tempo nem sei ali, viajando, de pau duro, dolorido. Tive que abrir a calça. Minha cabeça estava um turbilhão, muita coisa ao mesmo tempo, tesão, reflexão da vida, do que devia ser um casamento. Se fosse aquilo que o Humberto e ela viviam, eu preferiria ficar solteiro para o resto da vida. Era pouco demais para mim. Aquilo era uma grande perda de tempo!
A porta bateu de novo e eu tive um sobressalto, fechei a calça e mandei entrar. Era o Tiago, estava aflito para ir embora e com razão, já passava do horário dele, mulher e filho esperando para jantar, tudo que eu não tinha e que me fazia uma falta do caralho.
- Entra\, porra! – Engrossei a voz e me fingi de bravo\, dei uma risada idiota.
Mas não era o Tiago.
E quando vi o pezinho delicado na sandália que apareceu por detrás da porta, entrando devagarinho dentro da minha sala, eu quase pirei.
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Atualizado até capítulo 24
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