LEANDRO

Naquela manhã eu estava abarrotado de compromissos. Contratos em cima da minha mesa para assinar, obra para visitar e bater o martelo, reunião com cliente, com engenheiro e chatice de representante municipal para me aporrinhar. Liguei para o Humberto com o intuito de o chamar para que me acompanhasse em pelo menos dois desses compromissos, mas parei tudo quando recebi o telefonema dele de volta, mas em seu lugar, escutei uma voz feminina do outro lado da linha.

Era ela. A mulher de que tanto o Humberto me falava, elogiava. Manuela.

Que merda, acho que eu estava ficando maluco. Senti uma onda de calor me pinicar todo, me sacudir, parecia

que a energia dela tinha atravessado todo o espaço entre nós e me envolvido como uma cortina de fumaça, me deixou aceso.

A conversa foi totalmente impessoal, mas me deu uma curiosidade do caralho de conhecer a dona daquela voz. Humberto era novo de casa, só tinha duas semanas, mas sempre que podia falava dela, de como era cheia de vida, de qualidades, de coisas simples que ela fazia mas que ele amava.

Manuela... nem se eu quisesse esqueceria um nome tão bonito desse. Só fingi que não sabia porque se não ia

dar muito na cara, ia soar estranho demais, nem havíamos sido apresentados. Mas seu rostinho eu já conhecia, já tinha visto no Instagram dele, toda meiguinha, sorrisinho tímido, roupa sempre comportada...

Devia ser uma puta na cama.

- Com licença? – A vozinha tímida me atingiu de novo\, me interrompendo dos meus pensamentos cretinos.

- Pois não? – Ajeitei a gravata e escorri a mão numa onda do cabelo\, aprumei a postura de pé\, detrás da minha

mesa.

- É Leandro? – Ela chegou só o rosto de traços delicados por trás da porta dupla entreaberta.

- Manuela? Pode entrar\, Manuela. Fica à vontade.

- Com licença.

Toda tímida, ela fechou a porta e veio devagarinho na minha direção, desviando o olhar do meu. O corpo cheio de

curvas, não era alta, os cabelos escuros e escovados até os ombros, rosto limpo, sobrancelhas bem-feitas, boca brilhando. Linda.

- Vim trazer o celular do Humberto. – Falou\, abrindo a bolsa.

Vi que logo iria embora, e eu queria que ficasse. Queria ouvir mais da voz mais doce e sexy que eu já tinha

escutado.

– Aqui está. – Estendeu o aparelho na minha direção.

Quando fui para pegar, esfreguei o polegar pelo pulso fino, e não segurei um meio sorriso quando senti o quanto a

pele era macia. Manuela abriu os lábios e logo recuou, deve ter sentido o mesmo tesão proibido que eu.

- Prazer\, Manuela. Sou Leandro. É muito bom ter o seu marido no meu time. - Estendi a mão para ela que\, sem jeito\, retribuiu\, mas ao invés de cumprimentá-la com um aperto\, levei até minha boca e dei um beijo mais demorado que o necessário. Seus olhos pousaram direto nos meus lábios. Ela suspirou.

– Senta um pouco, Manu. Vou mandar chamarem o Humberto para buscar o celular pessoalmente, não gosto e nem posso ficar com objeto pessoal de empregado.

- Ah\, tudo bem. – Ela respondeu sem graça\, fingindo olhar a decoração da sala.

- Gosta?

- Ahn? – Respondeu distraída\, enquanto eu discava o ramal da sala dos corretores. Era lá que ele costumava

ficar, enquanto sua sala definitiva estava em reforma.

Fiz um gesto com o dedo, mostrando a ela o nosso redor, explicando que a pergunta se referia à decoração.

- Ah\, sim. Muito bonita. – Deu um sorrisinho meigo.

Adoro mulher dengosa.

- Valeu\, Manu. Só um instante. Alô? Marta? O Humberto está por aí? Peça a ele para subir aqui na minha sala antes de sair\, diga que o celular dele está aqui comigo\, por favor. Obrigado.

Desliguei o telefone e me levantei, tirei o paletó do terno e o encaixei no encosto da minha poltrona. Manuela

tinha seus olhos observadores em cima de mim. Gostei disso.

- Manuela\, me acompanha num café?

- Ah.... é que... – Engoliu em seco.

- Faço questão.

Ela se levantou e ajeitou o vestido, tentando esconder as coxas grossas moldadas perfeitamente pelo tecido.

Depois me seguiu, cautelosa, caladinha. Ao telefone não parecia tão tímida e desconfortável.

Não me importava. Ela ia se acostumar comigo. Fazia tempo que eu não acertava tanto numa contratação.

Humberto era bom no que fazia.

 Fui até a copa e pedi para que se sentasse, com a sua permissão servi café para nós dois, com biscoitos de nata com goiabada que a minha mãe fazia e mandava especialmente para o filho caçula mimado dela. Isso era uma das coisas que me desestressavam quando eu estava pilhado. Melhor que isso, só sexo.

- Você tem que experimentar\, prova.

Não sei o porquê, mas muitas vezes eu me despia de CEO de uma das maiores construtoras do Brasil e bancava o

idiota cheio de gracinha com mulher. Ao longo dos meus vinte e nove anos, ainda me permitia esse tipo de criancice. E não é que elas adoravam esse meu lado?

- Ah\, obrigada. – Delicadamente\, ela enfiou a mão no pote e pegou o menor biscoito que tinha lá dentro.

- E aí\, “Manu”\, posso te chamar assim? Não gosto de formalidade quando não estou trabalhando.

Ela ficou vermelha, deu uma risadinha.

- Ah\, pode sim. Por favor. E você é muito novo para ser chamado de “senhor”\, não consegui nem dizer. Pode ser só

“Leandro”?

Você pode me chamar do que quiser, até porque, com as pernas enroscadas na minha cintura, não ia conseguir

nem terminar de pronunciar o meu nome.

- Fica à vontade\, Manu.

- Nossa Leandro\, que delícia esse biscoito!

- É da mama.

- Ahn?

- Minha mãe. É ela quem faz. É o meu preferido.

- Hum\, muito bom mesmo. Você tem bom gosto.

- Nem imagina o quanto.

Ela estremeceu seus olhos escuros, como se tentasse me decifrar.

Mas eu só conseguia reparar na boca gostosa, suja de goiabada no cantinho, se não fosse mulher do Humberto eu já tinha limpado há muito tempo... com a língua.

Hoje eu estava o diabo. Tesão até no talo, vontade fodida de comer uma buceta. E provocar não era pecado.

Passei o polegar aonde estava a goiabada e o lambi, sem tirar os olhos da reação dela.

- Com licença\, Leandro. Está aí?

Ela deu um suspiro, seus olhos pesaram sobre a minha boca, eu sabia que ficou excitada, mas a voz maldita

estragou nosso clima gostoso, ela levou um susto como se tivesse despertado de um transe e ajeitou a postura.

- Já vai! – Ela se assustou com a minha voz que saiu alta e grossa. Subitamente mal-humorado\, levantei e fui até

a porta para receber o Humberto.

- Fala meu chefe\, fiquei sabendo que está com algo que me pertence aí... – Na mesma hora a Manu saiu da copa\, e eu tive vontade de rir.

- Seu celular\, meu caro. – Peguei e entreguei a ele.

- Manuela? Não sabia que ainda estava aqui.

- O Leandro me convidou para um café... – Ela falou com cuidado e meiguice\, e vi como ele a reparou da cabeça

aos pés.

- Que bom que se conheceram\, então. O melhor líder do mundo\, Manu!

- Bondade sua\, Humberto. E não elogia muito não\, porque só tem duas semanas de casa. Vai que daqui a pouco eu viro um monstro!

Nós três rimos e o Humberto emendou:

- Mas eu tenho certeza que nada vai mudar. Conheço as pessoas\, Leandro. Gente igual a você hoje em dia é raridade.

- Eu agradeço\, de qualquer forma.

- Bom\, deixa eu ir\, vou mostrar a alguns investidores aquela casa espetacular no condomínio que vocês inauguraram no ano passado de frente para o mar.

- Sim. Do lado do meu.

- Isso.

- Vou nessa.

- Eu também já vou. – A vozinha doce emendou.

- Ah Manu\, eu peço um Uber pra você? – Ofereci.

- Não precisa.

Humberto saiu apressado e me deixou falando com ela.

- Obrigada pelo café e por me receber tão bem\, sei que é um homem muito ocupado\, Leandro. Foi um prazer te

conhecer.

Num ímpeto, me aproximei dela e segurei seu rosto, beijando o cantinho da boca. Meu pau reagiu na hora.

- Disponha\, Manuela. O prazer foi meu.

Ela fechou os olhos e puxou o ar com força. E eu achei melhor me afastar e virar de costas, porque não dava para

disfarçar o volume dentro da calça.

Ela saiu e eu fiquei um bom tempo na janela envidraçada, tomando expresso e olhando os arranha-céus espelhados refletindo aquele sol fraco da manhã.

Porra, o que eu havia feito?

Era a mulher do Humberto, caralho!

Decidi voltar ao trabalho e não chama-lo para mais nada hoje. Ver a cara do sujeito ia me fazer lembrar cada

detalhezinho dela, e eu não estava afim de escutar o nome da delicinha que com certeza ia virar assunto entre nós dois ao longo do dia todo.

Foi só uma fraqueza minha que não ia mais se repetir, eu estava fugindo de problemas!

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Comments

Rita Benedicto

Rita Benedicto

Não vai prestar...kkkkk

2023-12-05

1

Elaine Morari

Elaine Morari

será??

2023-10-31

2

Ver todos

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