MANUELA

Intercalei a semana entre lojas de roupas de departamento, cadastro de currículos e entrevistas on-line. Meu grau

de ansiedade estava em seu limite máximo, e eu não fazia ideia do que vestir, ao mesmo tempo em que queria arrumar logo um emprego, já não suportava mais limpar a casa e fazer as refeições para o Humberto e esperar que ele me desse algum dinheiro em troca para que eu pudesse satisfazer minhas necessidades femininas básicas, as mesmas de praticamente toda mulher que eu conhecia.

Eu tinha poucas amigas, e para piorar o Humberto implicava e não gostava que eu saísse, o que tornava meu

convívio social ainda mais difícil. Ele também nunca me cobrou trabalho, dizia que era complicado e que o melhor seria que eu ficasse em casa, onde exercia o meu papel “maravilhosamente bem”.

A sexta-feira seguinte foi a primeira em que o Humberto não saiu com os colegas para a sagrada happy hour deles. O Leandro havia cancelado, alegando que estava com visitas em casa e teria que acordar cedo no dia seguinte para receber o cerimonial.

 Acordamos bem cedo para não chegar lá com a “cara amassada”, de quem dormiu até tarde. Mas isso não impediu que saíssemos de casa atrasados, muito depois do horário em que a festa estava marcada para começar.

E confesso, essa manhã havia sido a gota d’água para mim.

Durante a semana eu acho que o meu marido havia passado dos limites do bom senso, isso beirava à camaradagem comigo, parecia que me via somente como amiga mesmo, pois por mais que eu amasse saber sobre o homem que tanto me despertava desejo, o que o Beto me contava era fofoca de mesa de bar, e certeza que rodeada só de homem.

Uma noite nós bebemos e ele disse que o seu chefe era safado, que estava solteiro por opção, porque mulher só

faltava pular no colo dele. Por um momento eu tive a ligeira impressão que o meu marido estava era com inveja do sucesso do outro lá com mulher.

- Ei Beto\, não se esqueça de que ele é um homem livre\, ao contrário de você.

- Mas às vezes chega a ser absurdo o que ele faz sabe\, Manu. O Leandro é um pervertido. Eu é que não lhe conto os detalhes. Mas chega a ser sacanagem.

- Tudo bem. Eu não quero saber\, tá legal? A vida é dele\, e se ele lhe conta é porque confia em você. E o senhor

não deveria ficar criticando, ele não é “o homem perfeito”?

- Sai fora\, Manu. Ele deve ser perfeito para as mulheres que vivem na cola dele. Pra mim\, essa parte dele aí... sei não... não concordo não...

- Então guarde sua opinião para você. A vida é dele\, e você também não foi nenhum santo.

- Está certo.

- Então vamos embora\, antes que eu decida trocar este vestido.

Ele riu, já me conhecia.

E assim nós pegamos o elevador e descemos até a garagem.

 Estávamos na rodovia que ligava a cidade ao condomínio dele, não era muito longe. Lembro-me de o Humberto ter ido até lá uma vez num churrasco da empresa só para os funcionários. Leandro gostava de celebrações, de reunir as pessoas “queridas”, segundo o Humberto falava.

Abri um pouco a janela para respirar ar puro enquanto passávamos por uma plantação de eucaliptos de um lado

e de outro da rodovia. Meu marido começou a rir enquanto dirigia e eu pensei que tivesse algo a ver com isso pois o ar-condicionado continuava ligado, mas ele começou a contar um caso que fez meu coração bater mais forte, seguido de todas as sensações deliciosas de uma mulher que fica com tesão.

- O que que foi\, Humberto?

Eu demonstrava interesse nos casos e botava pilha, arrancando tudo da boca dele. Fingia naturalidade e aí é que a

coisa ficava mais interessante. Meu marido era sem noção e acabava contando.

- Estou lembrando de um dia em que fomos a um bar meio boêmio...

- O que é que houve?

- Acontece que aquele homem parece que tem mel\, Manuela. Se é que você me entende.

- Por que está me dizendo isso\, Beto? Conta logo o caso que agora até eu fiquei curiosa!

- Você acredita que ele estava comigo\, o Maurinho e o Cláudio... ele levantou para ir ao banheiro e em seguida

chegou um garçom com um bilhetinho pra ele... quando olhamos pra outra mesa, uma morena bem boazuda levantou um brinde de chopp na direção dele...

- Bilhetinho? Hum\, e daí?

- O Leandro leu o bilhete e olhou para a mesa que o garçom apontou. Uma morena bem boazuda levantou a caneca de chopp e fez um brinde a ele.

- Nossa...

Engoli em seco. Vontade de falar para o Humberto parar por aí, mas ao mesmo tempo minha curiosidade estava no

limite.

- Daí ficamos só observando... o Leandro na mesma hora foi na direção dela e ela retribuiu\, foi igual cena de

filme, parecia que já se conheciam, e no meio do caminho ele a puxou pela nuca e tascou um beijo de língua daqueles! O bar todo ficou em silêncio, as amigas da mulher ficaram de queixo caído! O homem é furioso viu... parecia que ia engolir a morena, do jeito que se esfregava nela, no maior descaramento. O vestido dela subiu e a bunda ficou de fora, com um fio dental minúsculo.

Deu vontade de repreendê-lo, me queixar de que isso ele bem que reparava, mas eu desconfiava de que não havia

um homem nesse bar que não tivesse olhado. Me contive. Uma mistura de ciúme nem sei de qual deles, e de tesão. Imaginar a pegada dele, o beijo. E todo o resto que poderia vir depois disso.

- Que isso\, Beto... ele devia estar muito tonto para agir assim...

- Um pouco. Mas ele com mulher... você não imagina. O Leandro perde a cabeça\, o bom senso.

- E o que estava escrito no bilhete para ele tomar uma atitude dessa?

- Ele não mostrou pra ninguém\, amassou o papel.

- Hum.

- Ei\, não faz essa carinha\, calma que a história ainda não acabou!

- O que mais aconteceu?!

- Ele cochichou no ouvido dela e ela baixou as alças do vestido\, e ele anotou o telefone no meio dos peitos.

- Que safados!  – Falei com raiva. Raiva por não ser eu a sortuda. Eu jamais ousaria uma atitude dessas. Se dependesse só de mim\, ele jamais me enxergaria.

- Desse jeito\, Manu...

Sei que era ridículo pensar, mas me bateu ciúme, inveja. Eu nunca ganhei uma pegada assim do Humberto, ele nunca nem me beijou assim, com fome, com tesão.

E sem controlar meus pensamentos, me perguntei se eu fazia o tipo do chefe do meu marido.

 - Nossa, que vista...!

Humberto me distraiu do absurdo que povoava minha cabeça quando chegamos ao condomínio, me levando a compartilhar da sua admiração. Poxa vida, o lugar era realmente maravilhoso!

Comecei a sentir um frio na barriga, desconfortável por não conhecer ninguém que estaria naquele evento da

classe alta, nem um pouco familiar a mim.

Bom, pelo menos eu havia ignorado a informação sobre o traje de banho. Apesar da insistência do Humberto, eu não me atrevi a levar na bolsa, e muito menos a usar qualquer coisa que mostrasse grande parte dos meus seios volumosos ou da minha bunda que não era pequena. O máximo que coloquei foi um vestido claro de alcinha, ele tinha um leve decote e era solto nos quadris, um pouco acima do joelho. Estava bronzeada, os cabelos com uma escova lisa. Sentia vontade de ficar bonita para aquele homem, de ser notada por ele. O vestido modelava o meu corpo, valorizava partes dele que eu mais gostava.

Meu marido era “largado” igual a maioria dos homens, e já foi vestido com um calção de banho, uma camisa de

verão estampada e uma sandália de couro. Óculos escuros, um finalizador de cachos que ele gostava de usar, colônia suave, e pronto. Totalmente descontraído e animado.

Chegamos na portaria do condomínio e ele deu nossos nomes, e um segurança nos indicou a quadra da mansão.

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Comments

Rita Benedicto

Rita Benedicto

Marido lerdo essekkkk

2023-12-06

2

Fabilene Jones

Fabilene Jones

porra com um marido desses,a mulher trai nem que seja só por imaginação kkkk

2023-10-03

4

Takahashi HitomiLửa

Takahashi HitomiLửa

Fiquei extremamente inspirada para seguir meu coração depois de ler esta história.

2023-09-30

1

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