Capítulo 6

Eugênia

Olhar para essa cela normalmente me traz um pouco de nostalgia já que vim parar aqui algumas vezes, mas graças a ajuda de alguns primos eu sempre consegui sair. Só que infelizmente dessa vez não estou aqui por causa de um furto.

Estou aqui porque um homem maluco pensa que eu roubei o filho dele sendo que eu encontrei a criança na chuva e chorando, ele nem ao menos se sentou para conversar comigo para procurar saber o que aconteceu e o porquê de eu ter ficado com o filho dele ou melhor dizendo meu filho.

Porque pai, mãe é quem cria e não quem coloca no mundo, só que agora eu estou aqui. A noite já caiu e o meu coração dói em pensar no meu filho chamando por mim. Parece que eu consigo ouvir a vozinha dele angustiada implorando para me ver.

Eu sinto um nó em minha garganta, uma vontade de chorar enlouquecidamente, tudo o que eu mais queria era conseguir abrir um buraco nessa parede de concreto e sair daqui para encontrar meu filho seja lá onde ele esteja.

Mas infelizmente isso se torna impossível, deve passar das 3:00 da manhã quando eu escuto um barulho na cela. Olho para a porta para ver quem está entrando. É aquele maldito policial abusador, só que dessa vez ele não vai conseguir o que quer porque eu estou com ódio dentro de mim.

Digamos que hoje o diabo sou eu e ele não vai sair daqui vivo, espero ele se aproximar e começar a passar a mão em mim como ele costuma fazer e assim que ele se abaixa eu dou uma joelhada na cabeça dele.

Em seguida seguro ele pelos cabelos e soco sua cabeça no chão, com a porta da sala aberta eu começo a gritar por socorro e é quando alguém vem para tirar ele lá de dentro.

Eu boba pensando que alguém iria me ajudar não foi o que aconteceu, disseram para mim que iriam atribuir o que aconteceu a minha ficha aumentando o meu tempo nesse lugar. Estou implorando para Deus que ele dê um jeito nisso e me tira daqui, dessa vez eu prometo que nunca mais eu irei roubar um centavo de quem quer que seja, mas eu vou atrás do meu filho.

— Você aqui de novo, Eugênia? — Teresa é a advogada que eles sempre colocam para cuidar de mim quando vou presa — Pelo que li aqui dessa vez é sequestro e agressão com agravante.

— Aquele policial filho da put4 tentou abusar de mim outra vez, eu só me defendi. Quanto ao sequestro, encontrei Dylan na chuva em seu carrinho largado por Deus! E por que veio até minha cela? Normalmente me levam para a sala de visitas para falar com você!

— Aconteceu um acidente lá, parece que um preso conseguiu pegar a arma do policial e deu fim nele mesmo por ter decepcionado a mãe... Estão limpando o local.

Explico para Teresa tudo o que aconteceu desde que encontrei Dylan na chuva em seu carrinho. Mas o que ela me diz faz meu coração gelar e minhas mãos soarem.

— Eugênia, eu sinto muito, mas a sua situação dessa vez está mais complicada... O pai da criança quer você em uma penitenciária para ontem. Dito isso, eles estarão enviando você depois do almoço. Eu sinto muito, mas as audiências que serão marcadas você terá que aguardar de lá.

Eu fico ali olhando para Teresa e a única coisa que me vem a mente é meu pai que está em casa provavelmente ninguém o alimentou, ninguém trocou a fralda dele ou se quer deu um banho nele e eu aqui esse tempo todo presa.

Tudo culpa daquele riquinho metido a besta que não soube cuidar do próprio filho e resolveu botar a culpa em mim, sendo que tudo que eu fiz por Dylan foi apenas dar amor, carinho e cuidar dele do melhor jeito possível.

E agora quem vai cuidar do meu pai? Teresa começa a bater em meu ombro já que eu estou chorando e olhando para o vazio porque a única coisa que passa em minha mente agora é meu filho e meu pai e eu presa nesse lugar sem poder fazer nada... Tiraram de mim as duas coisas mais importantes da minha vida além da minha liberdade.

— Eugênia, eu vou tentar a liberdade provisória... Mas não vou mentir, assim que cheguei falei com o Tenente que é meu ex marido e ele disse que sua situação dessa vez é complicada demais.

— Eu quero matar aquele riquinho desgraçado! Acho melhor ele não aparecer na minha frente hoje!

Teresa me deixa sozinha na cela, ela tem muito o que fazer e eu sei que não vai ser fácil ela conseguir me salvar dessa vez. As outras vezes foram só pequenos furtos para sustentar meu pai e meu filho.

Só que agora eu estou sendo acusada de duas coisas, uma que é o sequestro e outra que é a agressão sendo que no sequestro eu não sequestrei ninguém encontrei o meu filho no carrinho pegando chuva e chorando.

Porém, já a agressão aquele desgraçado mereceu, ele ia abusar de mim novamente eu não podia deixar isso acontecer e agora as coisas só se complicaram para mim, tudo que eu queria agora era ter um irmão ou uma irmã para poder me ajudar.

Mas eu só tenho o meu pai que provavelmente está sofrendo e chorando. Assim como Teresa disse para mim se passaram algumas horas e chamaram por mim, me algemaram e me puxaram para fora da cela.

Cada corredor pelo qual passei foi como uma viagem no passado até que percebi que dobraram para um lado e achei aquilo estranho. Eles não estavam me levando para o pátio aonde fica o ônibus que transporta os presos para penitenciária.

Pelo contrário, parece que estavam me levando para os fundos aonde fica o portão que é por onde saímos quando eles nos liberam daqui, mas por que estavam fazendo isso? Me colocaram de frente para o portão e tiraram minha algema, aos poucos o portão foi se abrindo.

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