Capítulo 3

Ravi

A procura pelo meu filho tornou-se uma tortura física e emocional. Fui em muitos lugares onde disseram terem visto um bebê igual a ele, mas eram apenas pessoas que queriam ganhar um dinheiro fácil.

Letícia continua mantendo seu álibi, diz que virou-se para falar com uma amiga e quando olhou para o carrinho meu filho já não estava mais lá. Esses malditos dias passam lentos e eu já não suporto mais não saber se meu está sendo bem cuidado, se estão o alimentando, se não estão o agredindo fisicamente ou algo até pior.

Ao pensar nisso meus joelhos enfraquecem e se dobram me fazendo ir ao chão, o choro é livre assim como a dor que me atormenta. Eu queria não ter confiado nessa maldita babá.

— Ravi? O que está fazendo consigo mesmo? Meu irmão, levante desse chão agora mesmo!

Rubi entra na minha sala e vê meu estado deplorável, não tem como ficar mentalmente saudável com tudo o que está acontecendo comigo e com meu filho indefeso.

— A culpa é toda minha, Ruby! Se eu tivesse colocado um berço aqui em minha sala e cuidado do meu filho pessoalmente não iria estar passando por tudo isso!

— Nisso você tem razão! Seu pai nunca iria permitir que uma estranha saísse com vocês dois sozinha por aí! — o que eu não queria aconteceu, meus pais estão aqui.

Para ambos Ruby e eu devemos ser responsáveis nível hard, eles nunca admitiram nenhum tipo de falha de nenhum de nós dois. Agora estão aqui para me torturar por causa do sequestro do meu filho.

— Como vocês podem ser gêmeos? Sua irmã tem filhos e não os perdeu! Você sendo dois minutos mais velho deveria ser mais responsável pela segurança do nosso neto! — o tom de indignação na voz do meu pai me irrita, mas Ruby como sempre me defende:

— Quem vocês pensam que são para chegar aqui pisando, chutando e humilhando um homem que perdeu a esposa de forma trágica no dia que recebeu seu maior presente dado por Deus, em seguida teve que colocar seu luto no bolso para cuidar do filho e de três empresas sozinho? Que tipo de pai e mãe chega cobrando algo de um filho quando ele está literalmente no chão destruído e amargurado? Queria poder voltar no tempo e nascer em uma família com pais que amam seus filhos de verdade, porque vocês nem empatia conseguem ter!

— Sua insolente! Não deve falar assim com seus pais, colocamos vocês no mundo? — minha mãe quase grita indignada.

— Pode ter certeza que não foi por escolha nossa! — falo irritado enquanto minha paciência está por um fio — Se quiserem ficar e ajudar por mim tudo bem, mas se for para ficar dando palpites que eu sinceramente não quero acho melhor que vocês voltem para onde estavam... Tenho certeza que estavam muito felizes viajando gastando o dinheiro que eu ralo muito para conquistar!

Depois do que eu disse eles se calaram. As coisas só desandaram depois disso, a polícia não conseguiu me ajudar com nada porque até então o lugar que a Letícia disse que estava não foi encontrado nenhuma pista sobre o que aconteceu com meu filho.

E assim as semanas começaram a virar meses e os meses começaram a virar anos, depois de três anos procurando pelo meu filho eu comecei a desanimar. Minha mente começou a pensar em coisas que eu não queria, coisas que doeram em minha alma de um jeito que parece que a pulverizou, como se não existisse mais alma dentro de mim.

Os sentimentos que um dia eu tive pela minha esposa e meu filho ficaram guardados em um lugar bem escuro e quieto dentro do meu coração, lá no fundo, impossível de qualquer um chegar.

Eu mudei com as pessoas a minha volta, não conseguia ser mais o homem que eu era antes. Até que quando completou quatro anos do sumiço do meu filho decidi contratar um investigador. Um dos melhores que me indicaram e foi assim que reacendeu a chama dentro de mim pela procura do meu filho, quando o investigador Doug virou para mim e disse que tinha uma pista e que o meu filho.

— Senhor Sault, encontrei algumas pistas, mas terá que ter paciência pois não posso incriminar alguém sem provas concretas. Já consegui um fio de cabelo da criança ao fingir ser zelador da escola em que ele estuda. Toma, faça o exame e mande o resultado para o meu escritório... A única coisa que posso dizer é que se for mesmo seu filho sempre esteve perto.

Levou um ano para ele vir com essa notícia e não acredito que Dylan não estava muito longe de mim, mas sei que ele precisaria investigar mais e isso duraria um tempo. Não importa para mim quanto tempo isso vai levar eu só quero meu filho de volta comigo. Vou encaminhar o material para um laboratório de confiança.

Com sete dias o exame já estava pronto, foi encaminhado direto para o escritório do investigador que logo me ligou dizendo que aquele menino era o meu filho. Finalmente eu encontrei o meu Dylan.

Vou atrás dele hoje mesmo, eu não aceito ficar nem mais um segundo longe do meu filho. Logo pego o meu carro e começo a dirigir, o investigador ficou de encontrar comigo na via principal e quando eu entro na via principal o carro dele está logo a minha frente.

Eu ainda não sei como ele conseguiu o endereço... Mas provavelmente foi na mesma escola em que ele conseguiu o fio de cabelo. Começamos a dirigir até que eu percebo que entramos na área mais pobre da cidade onde ele está vivendo e começo a pensar alto:

— Meu filho viveu aqui esse tempo todo?

Até que Doug entra em um bairro que realmente tudo por aqui é muito humilde, paramos na frente de uma casa e logo eu vejo um menino parecido com minha falecida esposa brincando de bicicleta bem na frente da casa. Eu não resisti, sai do meu carro correndo tirei ele da bicicleta e o abracei chorando, mas fomos interrompidos por uma mulher que veio gritando:

— Solte o meu filho ou chamo a polícia!

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