Capítulo 19

Eugênia

Dylan está sendo medicado, fico pensando no tanto de vezes que precisei ir para o hospital com ele e não teve o mesmo tratamento que está tendo aqui… O dinheiro realmente traz uma certa segurança e estabilidade na vida das pessoas. Mas eu tinha um pai que apenas conseguia mover a cabeça e um bebê pequeno para cuidar e alimentar, não podia ficar fora por tantas horas já era difícil para mim sair e deixar Dylan aos cuidados do meu pai que não podia fazer nada pelos dois imagine ficar fora por quase nove horas todos os dias.

— Eugênia? — olho para Ravi que está com a mão em meu ombro — Estou te chamando já faz alguns minutos, pequena ladra. Preciso ir até o escritório para assinar alguns documentos importantes e falar com dois novos sócios. Dylan está dormindo, vou ficar fora por no máximo uma hora. Edilene foi em casa, parece que alguém de lá ligou para ela.

— Ah, tudo bem, pode ir, vou cuidar dele e depois ligar para a Edilene e saber o que está acontecendo por lá. — me sinto estranha quando Ravi beija minha testa antes de sair.

Poucos minutos depois que Ravi sai decido tomar um banho para acalmar meu corpo, uso a toalha extra que Edilene trouxe. Assim que saio do banho me deparo com um homem em pé próximo a Dylan e aquilo me causa arrepios na espinha.

— Me dê apenas um motivo para não fazer um escândalo e chamar a segurança do hospital! Você não é um enfermeiro, muito menos um pediatra para estar tão perto do meu filho ao julgar pelo jeito que está vestido, saia de perto dele agora… Quem é você e por que está aqui? — ele se vira e tudo aqui fica em câmera lenta enquanto escuto o som de uma voz que nunca pensei em ouvir novamente.

— Seu filho, ursinha? Então pode me dizer por que não vejo semelhança entre vocês? — algo dentro de mim estala alto ao ouvir a voz do meu marido novamente.

—Lau… — limpo a garganta e tento manter minha postura — Laurent? Como tem a cara de pau de aparecer vivo na minha frente? No mínimo eu esperava que estivesse morto!

— Pensei que ficaria feliz em me ver, ursinha, senti saudades. Deveria me beijar para matar a saudade.

— Primeiro, eca! Segundo, não me chame assim… Não tem esse direito, não mais. Laurent, é melhor ir embora, agora.

— Não pode me mandar embora, precisamos conversar, somos casados e… — começo a gargalhar alto ao ouvir tamanha idiotice e falo:

— Somos casados? Nós? E você ainda lembra desse erro ridículo? Não foi eu que desapareci sem dar nenhuma explicação anos atrás, fiquei morando no mesmo lugar esse tempo todo e você nunca usou a merda de um telefone pelo menos para dizer adeus!

— Eu queria, queria muito… Mas sua mãe e seu irmão nos separaram. Acha mesmo que eu queria ir embora? Eu sempre amei você!

— Não suje a memória deles com suas mentiras, é muito fácil acusar quem não está mais vivo! Eu te proíbo de profanar a memória deles!

— Sei que eles morreram assim como sei que você ainda tem seu pai… Pergunte para ele o que aconteceu na última noite em que trabalhei com minha sogra e meu cunhado. Provavelmente ele vai dizer que eu merecia e vai inventar uma mentira para que você não o odeie por esconder algo tão importante.

— Quem é esse homem e por que ele está perto do meu filho? — droga, Ravi voltou antes do que deveria.

— Eu sou o mari… — não deixo Laurent terminar de falar e respondo:

— Alguém que errou a porta mais uma vez e entrou no lugar errado. Peço que saia e não volte mais!

— Está cometendo um erro, ursinha… Mas sei que vai descobrir logo.

— Ursinha? — Ravi olha para mim e vejo suas mãos se fecharem.

— Ravi, por que voltou mais cedo? E você aí, estranho, se não for embora por bem vai ir com o meu tênis enfiado em lugar que não conseguirá tirar nem com cirurgia!

Laurent saiu do quarto andando devagar e encarando Ravi, o mesmo também o encara de volta com os olhos semicerrados sem piscar. Somente quando Laurent sai que volto a respirar normalmente. Ravi ainda está olhando para a porta e para distraí-lo pergunto:

— Vai deixar de ser ceo para ser porteiro? Se apaixonou pela porta? — ele me olha visivelmente irritado.

— Ursinha? Que intimidade toda é essa?

— Intimidade? Eu passei uma noite com você e vem falar de intimidade por causa de uma palavra ridícula? Melhor mudar de assunto.

Ravi vai até Dylan e passa a mão no rosto do nosso filho, depois sem olhar para mim ele diz:

— Precisa voltar para casa, seu pai não está bem. Edilene tentou te ligar até descobrir que seu celular está na sua casa, se for preciso diga para trazerem ele para cá… No primeiro andar eles atendem alguns casos de adultos.

Droga, preciso voltar para casa, por um momento esqueci que meu pai também não estava bem. Sou uma filha horrível, não podia ter esquecido do meu pai assim. E agora ainda tenho que lidar com o Laurent, vou dar um jeito de entrar logo com o pedido do divorcio não quero continuar casada com ele por mais tempo.

Foi legal o Ravi pedir para o motorista vir me buscar, mas não consigo lidar com o Laurent e ao mesmo tempo contar parte da minha vida para o Ravi. Aquele canalha ainda disse que meu pai sabe o motivo do sumiço dele como se o meu paizinho fosse esconder algo de mim, isso nunca aconteceria.

Assim que chego na mansão vou direto para a minha casa, chegando no quarto do meu pai vejo que Saxa já deixou tudo pronto para levá-lo ao hospital. Vou até ele e coloco minha mão em seu rosto que está realmente quente.

— Seu pai precisa de um médico agora! — Saxa fala ao se aproximar de mim.

— Claro, vamos! — falo enquanto limpo as lágrimas que descem pelo meu rosto sem o meu consentimento.

E como mais uma surpresa de Ravi, me deparo com um carro adaptado para levar meu pai para o hospital. Com tudo o que anda acontecendo comigo nas últimas vinte e quatro horas preciso de uma bebida forte porque não está fácil.

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