Capítulo 11

Ravi

Estou preocupado com meu filho Dylan, essa pequena ladra parece não cuidar muito bem da alimentação dele. Só essa tigela de cereal que ele está comendo tem tanto açúcar que pode causar diabetes em uma criança da idade dele.

E depois que ela disse que ele está acostumado a comer isso já faz alguns anos me deixou preocupado. Me despedi do meu filho e fui para a empresa, não contei para ninguém que hoje terei uma reunião com o investigador, o detetive que contratei, o mesmo que me ajudou a encontrar Dylan.

Nós ainda temos muito o que conversar, ele continuou investigando para descobrir como meu filho foi parar nas mãos da pequena ladra e se o que ela falou é verdade. Após assinar alguns documentos e de uma reunião tensa com novos investidores, Arthur, o investigador chega.

Assim que ele entra em minha sala já tranco a porta pois não quero que escutem nossa conversa, percebi que a polícia fez vista grossa para o sumiço do meu filho e por isso agi por conta própria.

— Olá, senhor Sault. Tenho muito o que conversar com o senhor, porém, prefiro iniciar inocentando aquela jovem que cuidou do seu filho nos últimos cinco anos.

— Tem provas? — pergunto com uma certa ansiedade.

— Tudo o que ela disse na delegacia é verdade, os policiais mentiram ao dizer que todas as câmeras daquela rua estavam com defeito. Consegui comprar com o bom valor que me forneceu essa gravação.

Ele me passa um tablet com um vídeo na tela, olha para a tela e clico no play. Vejo a babá entrar em um beco e deixar o carrinho de Dylan sozinho na rua, começa a chover e alguns minutos depois a pequena ladra encontra Dylan chorando.

Ela olha para a chuva e depois para o meu filho ali exposto, o pega no colo e ele parece agitado, chorando, ela o coloca por dentro de sua roupa para aquecê-lo. Olho para ela em pé embaixo de uma varanda de uma loja aparentemente fechada.

Dá para ver que ela olha para os lados procurando por alguém, ela fica ali por um longo tempo se cansa e vai embora com Dylan. Um tempo depois Letícia passa e nem sequer olha para o carrinho de Dylan, nesse momento entendo que tudo o que ela me disse não passou de uma enorme mentira.

— O que mais descobriu sobre toda essa jogada suja? — pergunto ainda olhando para o vídeo repetidas vezes.

— Que essa jovem era uma ladra, mas fez isso apenas para alimentar seu pai deficiente e depois Dylan. Ela não foi até a polícia de imediato entregar seu filho por medo de ir presa novamente, depois ela pegou amor pelo menino e o resto dessa história o senhor já sabe. Agora, vamos ao outro lado da história.

— Ao ver esse vídeo tantas vezes realmente tem um outro lado da história, Arthur!

— Sim, Letícia Barbosa, é uma viciada! Naquele dia ela estava com o traficante dela e deixou seu filho ali para a pessoa que a contratou pegá-lo, mas a jovem Eugênia chegou antes da pessoa que iria pegar seu filho e vendê-lo clandestinamente. Ainda estou investigando essa parte mais a fundo para trazer outras provas concretas, mas sugiro que encontre Letícia, ela é a chave para tudo.

Depois de uma longa conversa com o Arthur nós decidimos que por enquanto vamos deixar essas provas longe da polícia e só entregar quando estivermos realmente com tudo em mãos para incriminar quem tentou sequestrar meu filho. Enquanto isso vou tentar encontrar Letícia que desapareceu desde que meu filho foi tirado de mim.

Depois da consulta com o pediatra voltamos para casa, não dá, essa pequena ladra... Eugênia, me critica por tudo. Posso não saber como lidar com uma criança, mas Dylan é meu filho. Depois de alguns minutos em silêncio no carro ela diz algo que me deixa espantado:

— Des... Aaaahhh — ela respira fundo e continua — Desculpa! Não estou acostumada a dividir meu filho com ninguém, mas não posso ser injusta sei que vocês tem o mesmo sangue... Que você é o pai dele. A única coisa que te peço é para não tirá-lo de mim, foi com ele que descobri o amor mais puro que alguém pode sentir na vida. O amo mais que a mim mesma.

Ela fala e olha para Dylan, dá para sentir que o amor de mãe a consumiu até o último fio de cabelo. Ela não se vê sem o meu filho... Melhor começar a me acostumar a dizer nosso filho, ela cuidou bem de Dylan.

— Então, essa briga toda é por ciúmes do meu... Do nosso filho?

Ela me olha com o mesmo espanto que a olhei minutos atrás e balança a cabeça afirmando. Seguimos o resto do caminho em silêncio, ao chegar na mansão pedi Edilene para cuidar de Dylan e ela responde:

— Claro, amo meu raio de sol, mas vocês não vão brigar mais né?

— Não, vamos apenas conversar!

Após dizer isso levo a pequena... Levo Eugênia para o escritório. Ela se senta no sofá e eu puxo uma cadeira para me sentar de frente para ela e digo:

— Nós precisamos ser adultos e conversar, mas quero que saiba que as perguntas que irei fazer não são para te ofender ou magoar. São perguntas que eu deveria ter feito antes e por pensar que você era uma pessoa ruim levantei um muro a minha volta e tampei meus ouvidos... Me desculpe por isso.

Nós ficamos ali olhando um para o outro, nos encarando parece que essa conversa será um divisor de águas para nós dois. Será que vai ser possível finalmente nós dois conseguirmos chegar a um nível em que não iremos mais discutir por causa de Dylan?

Já que agora eu sei que ela realmente ama meu filho e cuidou dele esse tempo todo. Eu decido pegar uma dose dupla de conhaque para mim e ofereço para ela que segura e olha para o copo, eu me sento e bebo o conhaque quase todo e somente agora tive coragem para fazer a primeira pergunta:

— Por que você ficou com Dylan?

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