Capítulo 12

Davi Blake

Não sei realmente o que pensar...

Em poucas horas descobri que tenho 2 filhos ao invés de um. Que minha ex, além de ardilosa e interesseira, pode ser também uma ladra de crianças, que tirou meu outro filho da possível mãe, além disso, meu filho até então desconhecido, precisa com urgência de um transplante de medula, e o Dani provavelmente seja o doador mais aconselhável, por ser gêmeo, mas eu não tenho certeza sobre autorizar a fazerem esse procedimento no meu pequeno.

E para piorar tudo, a Naomi me traiu, não sei o que aconteceu com o filho que ela gerava, se a criança era minha, e fechando com chave de ouro... como a Diana foi inseminada com o meu material se eu nunca doei?!

Meu pensamento dá voltas e mais voltas, mas volta sempre ao mesmo ponto... como a Diana pode ser mãe dos meus filhos? Será que não foi ela quem roubou o meu bebê, quando se deu conta de que o bebê dela tinha nascido morto?

Encaro a mulher a minha frente, sentada e com o Daniel no colo...

Eles realmente tem traços semelhantes, apesar de tanto o Daniel quanto o Leon serem muito parecidos comigo. E pensando bem, os meninos não tem nada a ver com a Naomi, mas isso não prova nada!

Respiro fundo, analisando pela milésima vez todos os exames, fotos, certidão de nascimento, enfim tudo o que a Diana e a dona Lourdes nos trouxeram.

As datas do nascimento e o local batem, isso prova que são realmente gêmeos. Também tem a foto da Diana com o Leon, no quarto, horas após o parto, e um documento da clínica que diz que a Diana teve um mal súbito durante o parto e precisou ser sedada, então acredito que, caso ela esteja falando a verdade, foi nessa hora que alguém pegou o Daniel... ou foi enquanto a Naiomi também passava mal, que alguém tirou o Leon dela e levou até a Diana.

Eu sei que não deveria duvidar da Diana, mas ainda que a Naomi seja essa pessoa horrível e capaz de vender o próprio filho, eu convivi com ela, já a Diana... bom, essa eu acabei de conhecer!

- Filho... - saio dos meus pensamentos com minha mãe tocando o meu braço, chamando a minha atenção. - O Daniel acordou e a Diana quer saber se pode levá-lo até o quarto para trocar a fralda.

Olho para a mulher a minha frente, que brinca com o meu filho. É nítida a conexão entre eles, o que me deixa ainda mais confuso, pois meu Dani nunca sorri tanto assim para estranhos, e agora, ele gargalha das caras engraçadas que a Diana faz.

O olhar carinhoso dela é realmente um olhar de amor, que uma mãe dedica a um filho. Dou um longo suspiro, me pondo de pé.

- Eu vou com você e troca a fralda dele, pode ser? - questiono.

- Claro. - ela meneia a cabeça e sorri levemente. - Imaginei que iria querer vir junto.

- Eu também vou! - o irmão da Diana fala, me olhando sério.

- Tudo bem, mas não reclame pelo cheiro, pois esse rapazinho aqui parece ter caprichado nas fraldas, não é meu gordinho?! Hem, meu amorzinho?!

Ela beija a barriguinha do Dani, que segura o rosto dela e dá uma risada gostosa.

- Eca! - o cara reclama. - Tô fora, irmãzinha! Se esse aí for igual ao irmão, melhor interditar o quarto, porque o Leon fazia cada bomba atômica! - faz careta.

Diana ergue mais o Dani e logo faz careta.

- Acredite, eles são gêmeos mesmo! - diz, fazendo todos rirem. - Vamos tomar um banho, meu porquinho, porque só lenço umedecido não dá jeito nisso não. - ela ri, divertida.

Saímos dali e subimos as escadas que ficavam nos fundos do restaurante.

Entramos em uma casa bonita, bem colorida e com vários vasos com flores em vários partes da casa.

- Fique a vontade! - diz, entrando num corredor e abrindo uma das portas. - Esse é o quartinho do Leon...

- Engraçado...- digo, olhando em volta. - O quarto do Daniel também é no mesmo tema. - sorrio.

- Eu pensei em cada detalhe desse quarto, ainda quando estava grávida. - ela suspira. - Cada coisinha foi comprada com muito carinho, pensando no meu pequeno, imaginando ele aqui, nesse quarto...

Vejo ela olhar o Daniel com carinho, e seus olhos marejam, mas ela respira fundo e disfarça.

- Vamos para o banho, rapazinho! - ela se vira e me olha. - Se importa se eu pegar umas roupas de Leon? É que esse rapazinho sujou a roupinha.

- Não me importo, afinal eles são irmãos, não é? - digo, olhando aqueles olhos cor de mel derretido, quente e intenso.

Ela suspira e assente, mas noto que não sustenta o meu olhar... interessante.

- Não gaste o seu poder de sedução comigo, Sr. Blake! - diz, de costas enquanto mexe no armário, pegando as roupas. - Eu não quero e nem vou misturar as coisas entre nós! - fico surpreso, mas ela logo passa por mim, com o Daniel no colo e itens de higiene de bebê nas mãos. - Se quiser, pode me acompanhar até o banheiro, já que tem tanta desconfiança de que eu fuja com o Dani.

Eu a encaro, desconfortável, e ela segue para um outro quarto, que provavelmente deve ser o dela, e entra num banheiro, e logo a vejo cuidar com muito carinho do Dani, lavando o seu corpinho, seus cabelinhos, toda cuidadosa com os ouvidos para não entrar água.

Depois ela seca meu pequeno e veste uma roupinha limpa, e o sem vergonha é só sorrisos para a moça bonita.

- Ele dificilmente sorri para estranhos, mas parece que com você ele se sente bem à vontade... - penso alto.

- Isso já deveria ser um sinal para você deixar de lado suas desconfianças a meu respeito e acreditar que, mesmo que pareça improvável e estranho, eu sou a verdadeira mãe dele, não acha?! - ela pega o Dani e cheira seu pescocinho. - Um bebê limpinho e cheiroso... que coisa fofa da mam... - ela respira fundo e sorri sem ânimo. - Coisa fofa da tia Diana...

Sinto as palavras saírem com uma certa dificuldade, e eu não entendo, mas também me incomoda vê-la falar assim.

Deus.... será que realmente estou sendo cego? Estou deixando a razão e a teimosia impedirem a Diana de desfrutar do contato verdadeiro com o nosso filho? Será que a Naomi seria capaz disso?

《••••》

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